O
significado espiritual e correspondência dos Sacrifícios Mosaicos.
O
primeiro Homem, em seu estado de glória, é apresentado nas
Escrituras como sendo investido com total autoridade sobre a Natureza, particularmente
sobre os animais, já que lhe foi concedido o poder de aplicar a eles
seus nomes essenciais e constituintes; com a queda a Terra foi amaldiçoada,
e animosidade se colocou entre a mulher e a serpente; contudo dificilmente
vemos o homem sendo enviado para cultivar a terra, antes encontramos o uso
dos sacrifícios de animais em sua família, uma forte indicação
de que ele próprio os praticou, e que transmitiu esta prática
a seus filhos que a espalharam por toda a Terra.
É fácil verificar o quão vantajosa esta instituição
tão salutar em seu princípio e em seus objetivos, teria sido
para o Homem se ele a tivesse observado em seu verdadeiro espírito;
basta olharmos os sacrifícios restaurados na época de Moisés,
para reconhecer que, se o povo os tivessem observado sinceramente, nunca
teria sido abandonado, ao contrário lhe teria sido oferecido todas
as boas coisas que era capaz de receber, uma vez que a luz e o poder divino
os teria envolvido constantemente.
A primeira coisa a se notar, nas regras relacionadas a estes sacrifícios,
é que eram, de longe, mais numerosas e importantes na ocasião
dos três grandes festivais Hebraicos: a Páscoa, a Festa das
Semanas, e a Festa dos Tabernáculos.
Estas três épocas solenes, tão instrutivas pelos fatos
que relembram, os períodos fixos em que ocorriam, e a conecção
que possuíam com a história espiritual e a regeneração
do homem, mostra claramente como eram importantes os sacrifícios
então praticados, uma vez que é natural supor que aconteciam
para o desenvolvimento daqueles grandes objetivos.
A melhor coisa para se verificar a conecção destes três
principais festivais com a história espiritual da regeneração
do Homem é olhar continuamente a nossa própria natureza, e
observar que, como somos caracterizados espiritualmente por três reinos
ou eminentes faculdades constituintes, que requerem o máximo de desenvolvimento
em cada um dos três planos, terrestre, espiritual e divino, através
das quais passamos, é certo que todos os meios e leis que cooperem
com nossa regeneração, deva seguir um curso correspondente
a este número, e análogo ao tipo de assistência que
solicitamos, de acordo com nossos estados de desenvolvimento e o trabalho
de suas respectivas épocas.
Digressão
sobre os números.
A
fim de que a palavra número não alarme o leitor, irei parar
por um instante para mostrar-lhe que os números, embora fixos na
ordem natural, não são nada, e só servem para expressar
as propriedades das coisas, da mesma forma que em nossas línguas,
as palavras só servem para expressar idéias, e não
possuem, essencialmente, valor algum.
Contudo alguns pensaram que como os números expressavam as propriedades
das coisas, eles realmente continham em si estas propriedades: esta tem
sido a causa de tantas ilusões e descrédito com relação
à ciência dos números, na qual, assim como em milhares
de outros exemplos, a forma tem tragado a substância; enquanto que
os números não podem mais ter valor ou existência, sem
as propriedades que representam, assim como uma palavra não vale
nada sem a idéia da qual é o símbolo.
Mas, há aqui uma diferença, a saber, que nossas idéias,
sendo variáveis, as palavras que empregamos para expressá-las
também podem variar; enquanto que, sendo fixas as propriedades das
coisas, os números ou os algarismos que as representam não
pode ser suscetível a mudanças.
Os matemáticos, embora longe do reconhecimento e emprego destes números
fixos, dão uma idéia deles através dos números
arbitrários ou livres de que fazem uso; pois eles aplicam, continuamente,
estes números arbitrários à valores especulativos e
quando os números são desta forma aplicados, nada mais são
do que seus próprios representantes e símbolos, se separados
não são nada, e os matemáticos puro, separados de qualquer
aplicação, nada mais são do que uma invenção
de si próprios.
A Natureza nada sabe deste tipo de matemáticos. A Natureza é
a contínua união de leis geométricas, com fixos, embora
desconhecidos, números. O Homem pode, em sua mente, considerar estas
leis de forma independente de seus números fixos; mas a Natureza
é a execução efetiva destas leis e não conhece
abstração alguma.
Ora, os matemáticos se preocupam somente com os movimentos externos
e com as dimensões das coisas, e não com suas propriedades
internas, é certo que eles não precisam se preocupar com os
números fixos, que são unicamente os símbolos destas
propriedades. E, de fato, eles só tem haver com as dimensões
visíveis das coisas, ou no máximo, com seu peso aproximado,
velocidade e atração; fica claro que, para cumprir seus objetivos,
a numeração ordinária é suficiente.
O que acabo de dizer sobre os números basta para acabar com o preconceito
que geralmente resulta desta ordem de conhecimento, agora retorno ao nosso
assunto, o sacrifício.
O
Êxodo, uma correspondência da regeneração do Homem.
O
primeiro passo de nossa regeneração é a nossa evocação
fora da terra do esquecimento, do reino das trevas e da morte. Este primeiro
passo é tão indispensável, que depois dele podemos
caminhar na estrada da vida, já que ele é como um grão
que deve primeiramente fermentar na terra, para depois seguir seu curso
de vegetação e de produção de frutos. Da mesma
forma, vemos que a regeneração do povo Hebreu teve início
com o poderoso trabalho que o trouxe fora do Egito, e o colocou no caminho
da terra prometida. O mais notável é que, a própria
época traz seu tributo de correspondência a esta obra maravilhosa,
já que ocorreu no primeiro mês do ano santo hebraico, que tem
início na primavera, o que expressou, temporariamente, a passagem
em que a Natureza sai do langor e da morte do inverno, para a vida e a fertilidade.
É verdade que os Hebreus, naquela época, não ofereceram
sacrifícios; isto porque, assim como o homem, no primeiro ato de
sua libertação, eles ainda estavam em um estado de impotência,
e desconheciam a lei que atuava sobre eles, como ocorre a uma criança
quando é recém nascida no mundo.
No entanto, eles mataram um cordeiro em cada casa; e embora isto não
tenha sido feito de acordo com a forma de sacrifício instituída
mais na frente, houve nesta cerimônia uma virtude eficaz daquilo que
estava por vir; assim, naquela grande época, verificamos o surgimento
de quatro coisas importantes, ou seja, a evocação do Homem
pela vida terrestre, a libertação do povo escolhido, o nascimento
da natureza na primavera e o derramar do sangue de animais; e tudo isto
não podia ter ocorrido de forma mais notável sem que tivesse
uma correspondência íntima.
O
Cordeiro.
É
preciso observar que o abatimento de um cordeiro era o ato preparatório,
anterior à libertação dos Hebreus; disto podemos presumir
o quão puras e regulares eram as influências ligadas a esta
espécie de animal, quando liberadas através de seu abatimento,
uma vez que eram respeitadas pelo anjo da destruição, e haviam
se tornado o meio de proteção, ordenado por Deus, a fim de
preservar os Hebreus da espada da justiça. Isto nos leva, com suficiente
evidência, ao que dissemos anteriormente, que o sangue é o
sepulcro do homem, do qual ele precisa, necessariamente, ser liberado, para
dar o primeiro passo na grande senda da Vida. Isto mostra, da mesma forma,
que de todos os animais, o cordeiro tem a maior e mais útil harmonia
para a libertação e regeneração do homem, e
que o seu sacrifício gera a ele grandes vantagens, já que
dispõe ao homem, através das virtudes secretas do sacrifício,
o mais seguro e glorioso meio de sair de seu próprio sangue.
Podemos encontrar algumas evidências desta verdade, até mesmo
na ordem material, onde observamos que a espécie de rebanho a que
pertence os cordeiros é o mais útil aos nossos corpos, e é
suficiente a todas as nossas necessidades primárias, já que
nos provê de alimento, roupa e luz. E não será supérfluo
acrescentar, que esta espécie de rebanho, não obstante, só
provê nossas necessidades passivas, necessidades que podem ser comparadas
àquelas de nossa infância, ou do homem em privação;
ele não nos proporciona nenhum daqueles suprimentos ativos que necessitamos
numa idade mais avançada e que são fornecidas por outro tipo
de animais.
Verificamos aqui o porquê dos cordeiros terem sido sacrificados somente
na partida do Egito, que era o lugar em que, naquela época, o povo
escolhido tinha acabado de nascer e representava, temporariamente a infância
corporal e espiritual do homem, assim como a estação da primavera
representava o nascimento e a infância da Natureza.
A
Páscoa, seu caráter triplo: o primeiro período.
O
primeiro período da Páscoa apresentava três características
de uma só vez: a comemoração da chamada do primeiro
homem para a vida terrestre; a chamada atual do povo escolhido para a lei
espiritual, e um sinal profético de nosso futuro renascimento na
lei de Deus; este caráter triplo será encontrado nos outros
períodos que examinaremos a seguir, pois todas estão conectadas
pela realização de seus respectivos números, e assim
se tornam, sucessivamente, o primeiro, comemorativo; o segundo, atual ou
efetivo; o terceiro, figurativo ou profético.
A
Lei, sua correspondência espiritual: o segundo período.
Após
o primeiro período, segue-se o segundo, no qual os Hebreus receberam
a Lei no Monte Sinai. Todas as relações mencionadas acima
também serão encontradas neste período.
Após termos sido chamados para a vida terrestre, há um período
em que o espírito se junta a nós pela primeira vez, e nos
comunica seus primeiros raios. Depois que o primeiro homem foi retirado
do abismo em que o crime o havia mergulhado, e obteve através da
morte de Abel e do arrependimento, uma porta para os caminhos da justiça,
ele foi consolado, isto é comprovado pelo nascimento de seu filho
Seth, que lançou sobre sua família a primeira sedimentação
daqueles presentes, que a Misericórdia Suprema, ainda digna-se a
oferecer à humanidade.
Mesmo supondo que nada sabemos sobre o período em que o primeiro
homem, que nunca foi uma criança, recebeu, pela primeira vez, os
auxílios da graça, sabemos que para o homem individual os
primeiros gérmens do espírito se apresentam por volta de seus
sete anos, e os frutos destes gérmens serão naturalmente desenvolvidos
nas épocas correspondentes aos múltiplos deste número.
Sabemos que a Lei foi dada ao povo Hebreu quarenta e nove dias após
a passagem do mar vermelho; sabemos que este período coincide com
o tempo dos primeiros frutos, e que a festa instituída com referência
a este fato foi chamada de a Festa das Semanas e dos Primeiros Frutos.
Finalmente, sabemos que esta lei foi salpicada com o sangue dos sacrifícios
e das oferendas de paz, tirado do grande rebanho ou bezerros (Êxodo
XXIV.5). É fácil levar a cabo as comparações
que resultam de tudo isto, de acordo com os princípios que temos
delineado.
As
sete formas ou poderes espirituais: o segundo período continuou.
Recordando
aqui o campo universal das sete formas da Natureza Eterna, o número
sete contido no quarenta e nove mostrará a atuação
e operação dos sete poderes espirituais, abrindo o caminho
dos trabalhos ativos ao povo escolhido, uma vez que este processo é
também demonstrado nesta época, através da produção
dos primeiros frutos da terra; não se pode duvidar que esta lei atuou,
pelos poderes do mesmo número, no primeiro Homem, como ainda ocorre
no homem individual, e com certeza seria muito mais positivo e significativo
se não nos enchêssemos diariamente com falsas substâncias,
que nos mantém sob falsas proporções, e impedem aquelas
que são verdadeiras de atuarem sobre nós.
Neste período, o sangue dos bezerros foi derramado, enquanto que
no primeiro período só o sangue do cordeiro é que foi
derramado; isto porque este foi unicamente o período da libação,
e o sangue do cordeiro serviu como órgão na obra de misericórdia,
realizada sobre o povo, e indicada pela doçura, cujo cordeiro é
o símbolo; nas características aparentes dos animais, podemos
entrever suas influências predominantes, assim como das obras em que
tomam parte, nos desígnios da Sabedoria.
O segundo período, estando o povo na selvajaria, no caminho oposto
à sua terra, requereu mais energia para resistir a seus inimigos;
e tudo nos leva a crer que o sangue de um grande rebanho, foi derramado
nesta ocasião, o que indica que este era o objetivo do sacrifício
desta classe de vítimas.
No primeiro período, o povo não tinha nada a fazer; apenas
seguir o espírito que fez todas as coisas para ele, como uma mãe
ou uma babá faz por uma criança em sua tenra idade: logo,
não havia lei.
No segundo período, o povo é considerado capaz de agir por
si mesmo; assim, a lei lhe foi dada e os preceitos da lei lhe foram ensinados
a fim de que controlasse sua conduta através das árduas jornadas
que havia à frente.
Portanto era natural que a mesma sabedoria que ditou as leis, comunicasse
a força necessária para a sua observação, o
sacrifício dos rebanhos apontam para isto; sem falar da força
espiritual derivada do testemunho das maravilhas realizadas diante dele
na montanha, não aquelas que esperavam da ordenação
de seus sacerdotes, que foi subseqüente à promulgação
da lei, e da emancipação do povo, e que pode ser considerada
como o complemento e a consolidação deste segundo período:
Moisés foi ordenado diretamente, sem a intervenção
de qualquer ministério do Homem, pois ele era para ser como Deus
para o Faraó, e tomar Aaron como seu profeta.(Ex.VII).
É certo que este segundo período era ao mesmo tempo comemorativo,
real e figurativo, como o primeiro; mas devemos observar que cada uma destas
relações ascende um grau, já que o segundo período
tem início num grau mais elevado que o primeiro; é preciso
ter em mente, quando considerarmos os períodos seguintes, que eles
sempre avançam por graus e elevam suas operações continuamente,
sem perderem suas características.
A
Festa dos Tabernáculos: O Terceiro Período.
Este
terceiro período, no sentido restrito a que nos limitamos por enquanto,
não é marcado por nenhum evento histórico nas escrituras
sagradas. Foi indicado apenas pela solenidade do festival consagrado para
esta celebração, a festa dos tabernáculos. Esta festa,
não tendo qualquer evento atual a consagrar, aparece nas Escrituras
(Lev. XXII.43) somente como uma comemoração de um fato anterior,
ou seja, fazer com que o povo se lembre de que Deus o havia feito para habitar
em tendas, após Ele o ter libertado da escravidão Egípcia.
Não será importuno acrescentar que o processo de regeneração
não estava tão desenvolvido naquela época a ponto de
oferecer à mente do povo tudo aquilo que expressava, particularmente
com relação à via que o Homem é obrigado a construir
nas regiões intermediárias entre seu primeiro e seu atual
domicílio para que quando se despir de seu envoltório corporal,
de sua terra do Egito, o seu sangue faça com que um verdadeiro faraó
o domine.
A Festa dos Tabernáculos, presságio do futuro advento do Reino
Espiritual.
Ora, este festival, o mais importante de todos, pelo número de vítimas
oferecido, era a expressão figurativa e profética dos benefícios
que aguardam o povo em tempos vindouros, mas dos quais ele não poderia
ter idéia alguma, pois seu tempo ainda não havia chegado.
Podemos julgar quão enormes podiam ser estes benefícios, pela
época do ano em que ocorria o festival; era no sétimo mês,
após o recolhimento de todas as colheitas; era na renovação
do ano civil, embora na metade do ano santo.
Podemos, então, certamente, ver neste festival o fim do círculo
das coisas temporais, o advento do reino do Espírito e os inefáveis
presentes e riquezas que se seguem ao desenvolvimento de seus poderes através
de todos os períodos consecutivos e intermediários, desde
a primeira instituição do festival, ao complemento do grande
círculo.
Não preciso relembrar as propriedades características do setenário,
para confirmar esta visão; basta nos convencermos de que este festival
era mais profético do que comemorativo e se designava aos homens
iluminados daquela época; embora, para o povo, este festival possa
ter sido mais comemorativo do que profético. Iremos acrescentar apenas,
para informação daqueles que estão familiarizados com
os princípios dos quais os números são os símbolos,
que estes atos setenários, neste terceiro período, são
mais amplos do que no segundo período que era apenas uma iniciação
à lei, enquanto que aqui se trata do cumprimento da lei.
No segundo período, o setenário ainda agia somente, por assim
dizer, consigo mesmo e em seu próprio círculo; enquanto que
no terceiro ele penetrou todo o círculo das coisas, por intermédio
dos seis meses lunares através dos quais estendeu e desenvolveu seus
poderes; isto aponta para as seis operações primitivas da
criação, que terminou no sabath, e para a grande Época
sabática, pela qual o grande círculo da duração
do Universo chegará a seu fim e restaurará a liberdade a todas
as criaturas.
A
Lei dos Sacrifícios continuou.
Uma
segunda verdade fundamental, ligada ao que mencionamos acima, pode ser expressa
aqui: sob a lei dos sacrifícios, tudo foi feito através das
transposições, pois o Homem estava longe demais da verdade
para que esta se unisse a ele diretamente.
A serpente de bronze, as obrigações, os sacrifícios,
até mesmo as jornadas do povo Hebreu são evidências
suficientes de que tal era o caráter da lei; isto se manifestou quando
se percebeu que o Homem estando conectado, através do crime, com
influências (ações) divididas, embora análogas,
poderia ser liberado desta dolorosa divisão, somente através
da reunião destas analogias.
Mas esta lei, à medida em que se desenvolveu, se tornou cada vez
mais benéfica para o povo escolhido, que deve ser reconhecida como
o símbolo do Homem. Da mesma forma, como já observamos anteriormente,
vemos uma progressão de benefícios, atividade e graça
que se seguia à progressão festivais e períodos; o
sacrifício perpétuo, enquanto servia como comemoração
da libertação do Egito, mostrava, ao mesmo tempo, a contínua
vigilância do Amor Supremo sobre Seu povo, o qual Ele nunca irá
desamparar.
O extraordinário holocausto, adicionado aos três grandes festivais,
era para trazer ao povo aquelas virtudes ativas, de acordo com os planos
reservados a cada diferente período; pois podemos ver touros, carneiros
e sete cordeiros - independentemente de todas as outras oferendas que sempre
eram acrescentadas aos sacrifícios importantes.
Assim, os gérmens foram plantados no povo, eles começariam
a dar seus primeiros frutos no período seguinte; estes gérmens
não poderiam ter sido plantados no Egito, pois era necessário
que o povo fosse primeiramente purificado; a morada da morte não
é capaz de receber a semente da vida.
Os
nomes primitivos dos animais podiam revelar, nos Sacrifícios,
sua
natureza e influência.
Sem dúvida, se não havia nenhum véu estendido sobre
a Natureza e sobre as propriedades dos animais, vemos claramente o real
motivo pelo qual touros, carneiros e cordeiros eram preferencialmente empregados
com relação a outros animais, em todos estes sacrifícios.
Poderíamos justificar, com minuciosos detalhes, o princípio
geral e fundamental, já que estas vítimas sendo conectadas
às influências externas, e tendo seu sangue derramado, eram
forçadas a trazer ao povo as influências das quais eram, respectivamente,
os emblemas ou símbolos; se fazia com que os poderes se aproximassem
do Homem, embora fossem somente os representantes daquele de quem um dia
receberiam o espírito propriamente dito, e do qual ainda estavam
muito longe.
Contudo nós perdemos os nomes primitivos dos animais, e nada com
pouco conhecimento poderia verter uma luz viva e clara, nas diferentes espécies
de animais, incluídos na classe de vítimas, assim como nas
diferentes espécies de vegetais que serviam de oferendas nos sacrifícios;
pois, se os números verdadeiros expressam as propriedades das coisas,
seus nomes reais as expressam de forma ainda mais eficaz, pois são
seus órgãos ativos. Isto é o que uma vez caracterizou
a preeminência do primeiro Homem, e ainda deve caracterizar, de qualquer
forma, em parte, o verdadeiro sábio, e o real ministro das coisas
divinas, pois ele cumpre o Ministério do Senhor de forma útil
e eficiente.
Os nomes hebraicos não ajudam muito a esclarecer esta grande questão.
Estes nomes são ativos somente quando aplicados aos homens, às
gerações do povo escolhido e aos seus ministros, como vemos
pelos nomes característicos dos profetas e patriarcas, porque o homem
era o objetivo principal deste processo de eleição e restauração;
enquanto que, não tendo chegado ainda a grande época da restauração
da Natureza, os nomes das plantas e animais não vão mais além
em hebraico do que em outras línguas, e seus verdadeiros nomes ainda
estão ocultos no que Jacob Boehme chama de "a língua
da Natureza", até que os selos sejam abertos.
Podemos nos estender a respeito da idéia geral que expressamos acima,
ou seja, que na assustadora destruição da natureza, na ocasião
do lapso criminoso do Homem, algumas substâncias, minerais, vegetais
ou animais foram melhor preservadas do que outras; isto quer dizer, que
elas retiveram uma grande proporção das propriedades vivificantes
e poderosas de seu estado primitivo; e que, sem dúvida, estas tem
sido as preferencialmente usadas nos sacrifícios e em outras cerimônias
de veneração, como sendo mais capazes de prestarem serviço
ao Homem, uma vez que permaneceram mais próximas do pacto primitivo:
mas isto requer um conhecimento mais extenso de nossa parte, sobre o estado
primitivo das coisas, e nós apenas fizemos uma alusão a seu
respeito.
Circuncisão,
sua razão e efeito.
Vamos
considerar agora uma questão que pode ser considerada a chave para
a explicação dos sacrifícios.
Se os sacrifícios operados para o Homem, através de suas correspondências,
se o derramar do sangue das vítimas era o meio estabelecido para
efetivar este objetivo, podemos nos perguntar como que a circuncisão
não podia ocorrer no lugar dos sacrifício? Pois poderíamos
supor que sendo derramado o próprio sangue do Homem, ele poderia
operar com mais eficácia do que aquele de outras vítimas,
devido à superioridade de suas correspondências. A esta questão
responderíamos da forma que se segue.
A
virtude dos sacrifícios derivam da convicção.
Se
os sacrifícios de sangue atuavam através de suas correspondências,
eles derivavam suas virtudes, radicalmente, pelo desejo do ministro e do
desejo daquele que crê e que o acompanhava; desta forma, o desejo
divino propriamente dito se unia a eles. Ora, como este desejo, que é
a fé real ou convicção, não pode, sob circunstância
alguma, ocorrer sem uma base ou campo; o sangue dos animais servia para
auxiliar este desejo a alcançar um campo ainda maior, até
repousar em bases perfeitas, no Coração Divino, que governava,
em segredo, todos os sacrifícios, e que por fim os iria coroar.
A convicção; a diversidade das formas.
Podemos notar, que a necessidade de uma base para apoiar a verdadeira convicção
ou desejo é a chave para todas as diversidades de sacrifícios,
sejam de sangue ou não, assim como a adoração de ídolos
e qualquer outro tipo de adoração praticada sobre a Terra,
além de tudo aquilo em que as nações têm a mesma
fé, e erram somente em relação a esta base; a escolha
desta base é muito importante já que deveria ter correspondências
fixas com um verdadeiro centro, natural, espiritual ou divino, - e as nações
cometeram um enorme erro a este respeito, e não é de se surpreender
que suas trevas sejam tão universais.
A circuncisão, não como base da convicção, apenas
uma iniciação.
Ora, a circuncisão não poderia servir como base para a convicção
ou desejo, já que era praticada a poucos dias após o nascimento;
e se, em Abraão ela foi praticada na maturidade, foi somente porque
este patriarca não havia sido escolhido enquanto criança para
ser o chefe da raça eleita, e ele tinha que participar livremente
da aliança. Além do mais, ele representava somente os primeiros
degraus da reconciliação.
Contudo, embora uma criança não possa ter uma verdadeira convicção
ou desejo, o sangue do Homem, derramado durante a circuncisão das
crianças tem, sem dúvida, um efeito; contudo, tal efeito era
limitado, por assim dizer, a realizar uma espécie de purificação
religiosa, como se, de alguma forma, os apartassem deste sistema sangüíneo
em que o crime do Homem nos submeteu, e os iniciassem num trabalho ativo
e eficaz no qual a convicção ou desejo de cada um pudesse
algum dia os empregar voluntariamente. Este era, mais que nada, um efeito
figurativo da grande circuncisão e da libertação corporal,
do que a realização de algum poder regenerativo vivificante,
como o holocausto, quando a convicção tinha ao menos alguma
influência, uma vítima pura era sacrificada, e o completo desenvolvimento
de todas as correspondências das influências regulares atuavam
na restauração do Homem, ainda que parcialmente, aos seus
direitos e alegrias.
Além do mais, vimos que a morte do Homem foi o único sacrifício
de sangue capaz de restaurá-lo à plenitude de suas relações,
e ao perfeito caminho de retorno ao seu Princípio. Portanto, como
o princípio da vida animal não era eliminado através
da circuncisão, a observação desta lei não poderia,
por si mesma, atrair sobre ele nenhuma influência restauradora poderosa;
e se o sangue dos animais (sacrificados) não tivesse sido substituído
pelo do homem (na circuncisão) ele teria permanecido pela vida na
mesma privação e escravidão.
Ao mesmo tempo, como já dissemos, esta circuncisão não
era inútil, já que era uma espécie de iniciação
nas etapas que o Homem ainda não podia apreciar. Mas, precisamente
por ser uma iniciação, era necessário que o tornasse
capaz de receber seus frutos progressivos, e isto acontecia realmente, na
medida em que abria seu sangue a todas a influências regulares que
os sacrifícios dos animais pudesse lhe trazer.
Assim, quando a autoridade divina consagrava este princípio, que
talvez já fosse até usado entre outros povos (embora não
usado com este mesmo objetivo) e ordenado como uma das leis sagradas do
povo judeu, esta cerimônia era estritamente recomendada. Todos aqueles
que não eram circuncidado eram excluídos dos sacrifícios
porque as influencias regulares, que aqueles sacrifícios atraíam,
não encontrando nenhum caminho aberto para atingir seu princípio
de vida, poderia atuar forçadamente e com violência contra
aqueles que não cumpriam a lei e exterminá-los no meio do
povo.
Antes
e Depois do Dilúvio.
Como
a circuncisão parece ter sido praticada após o Dilúvio,
todos os sacrifícios, feitos anteriormente a este evento, devem ter
sido inúteis. Ora, se não temos provas que esta prática
estava em uso antes do Dilúvio, também não temos nenhuma
prova do contrário; admitindo que ela tenha tido início após
o Dilúvio, todas as dificuldades desaparecem quando refletimos sobre
as diferenças de estados em que a humanidade se encontrava nestas
diferentes épocas: reflexão que também se aplica aos
animais.
Antes do Dilúvio, o Homem desfrutava de todos os poderes de sua natureza
corporal animal; esta roupagem temporária que lhe foi dada como um
órgão para as influencias e virtudes superiores, que é
tão útil a ele, estava mais de acordo com o plano traçado
para a sua restauração, estando, conseqüentemente, mais
aberto as influências salutares, ele podia não recorrer a circuncisão
para que elas tivessem acesso ao Homem.
Por outro lado, como os animais desfrutavam de um tempo de vida maior do
que jamais haviam tido, seu sangue era mais eficaz, o que poderia fazer
com que a assistência da circuncisão fosse menos necessária
do que se tornou no segundo período, quando todas as coisas foram
mudadas. Toda a natureza tinha sido torturada e alterada pela calamidade
do Dilúvio. Os crimes da humanidade afundaram no Dilúvio e
está se tornou muito mais presa pelas correntes da matéria;
os próprios animais perderam suas virtualidades na renovação
de suas espécies, que vieram menores do que eram antes desta explosão
de vingança da Justiça Suprema. Em resumo, a que reflexões
não levariam aqueles enormes esqueletos?
Se a Sabedoria não tivesse provido ao homem meios de remediar este
fatal resultado da justiça, ele teria continuado sem caminho algum
de retorno ao seu Princípio, e o plano do Amor divino em favor da
humanidade teria sido irrealizável, já que a primeira iniciação
neste caminho não teria ocorrido. Ora, de tudo o que temos visto,
a circuncisão parece ter sido o meio que supriu, após o Dilúvio,
as vantagens que os homens e os animais desfrutavam antes daquela catástrofe.
Talvez mesmo se o povo tivesse sinceramente observado as leis e instrumentos
que Noé transmitiu a eles, na qualidade de eleito e escolhido de
Deus, ele tivesse continuado sob condições poderosas suficientes
para que este novo meio fosse desnecessário.
Mas, através da ofensa de Ham e Canaã, e pelas abominações
cometidas nas planícies do Shinar, eles acrescentaram mais correntes
àquela que o Dilúvio colocou sobre eles, e agravaram os obstáculos
que já os posicionaram contra a reunião com sua Fonte. Não
é de se admirar que o amor que os criaram os seguiu até ao
abismo em que afundaram, lhes oferecendo uma nova rota através da
qual poderiam retornar a Ele.
Vamos retomar os três períodos, e os veremos retratados em
menor escala, na importância dada à circuncisão entre
os Hebreus.
A
circuncisão Judaica: o primeiro período, durante a época
de Abraão.
É
durante a época de Abraão que pela primeira vez encontramos
algo sobre circuncisão nas Escrituras; o Senhor confirma ali sua
aliança com ele e sua posteridade. Sob quais circunstâncias
esta circuncisão foi ordenada pelo Senhor? Foi quando Ele deu um
novo nome a Abraão, e também à sua esposa, adicionando
a seus nomes antigos, uma única letra do nome sagrado através
da qual Ele se tornou conhecido a Moisés pela primeira vez. Foi quando
Abraão tinha noventa e nove anos, logo após Deus ter feito
um pacto com ele, prometendo-lhe a terra de Canaã; em resumo, foi
quando Deus escolheu para Si, pela primeira vez, um povo de quem todas as
gerações devem ser abençoadas.
Tudo isto mostra, mais uma vez, que a circuncisão tinha uma virtude
iniciatória, onde todas as virtudes que Deus preparou para seu povo
não teriam efeito algum se Ele não tivesse aberto este caminho
para que se cumprissem. Abraão havia recebido, contudo, auxílios
divino previamente a esta cerimônia; ele foi tirado de sua própria
terra, que havia sido invadida pela iniqüidade; ele havia erigido altares
ao Senhor em Bethel, e invocado seu nome; ele havia sido abençoado
por Melchizedeck e no sacrifício de sangue que ele ofereceu por ordem
de Deus, recebeu evidências da presença do Espírito;
mas isto contradiz os princípios que estabelecemos.
Abraão foi eleito do Senhor, embora tenha nascido entre os idólatras
e de alguns o acusarem de ter comerciado ídolos. Seu coração
pode ter permanecido puro, embora seu espírito possa ter sucumbido
as mesmas trevas que cubriam seus contemporâneos. Assim, os auxílios
divinos podem ter encontrado acesso a ele, sem os meios secundários
da circuncisão.
Além disso, é preciso fazer uma distinção essencial
entre os meios empregados por Deus para manifestar uma eleição,
e aqueles usados para fazer com que esta eleição se cumpra.
Veremos sempre estes diferentes meios formarem duas classes em todas as
eleições e épocas subseqüentes; temos uma prova
real disto na eleição de Abraão, já que, apesar
de todos os auxílios que ele havia recebido, antes de sua circuncisão,
foi somente após a sua obediência a esta lei, assim como a
de todos os seus familiares, que ele recebeu a visita de três anjos;
que a época para o nascimento de Isac foi claramente fixada; e que,
no final do ano recebeu seu Filho prometido, através de quem o pacto
iniciado com Abraão, deveria ser realizado e completado.
Nada mais é preciso para nos convencer de que, na época em
que se começou a falar sobre circuncisão, ela era entendida
como iniciação em todos os benefícios prometidos na
eleição, e assim sendo, tem uma sensível relação
com o que dissemos sobre a Páscoa, ou o primeiro período do
retorno dos Hebreus à terra prometida.
O
Segundo Período, durante a época de Moisés.
A
segunda vez em que a circuncisão é mencionada nas Escrituras
é em Moisés (Ex.IV.25), de onde se conclui que esta cerimônia
tinha sido negligenciada, sendo a causa da fúria do anjo, além
do mais a circuncisão é novamente recomendada assim como todas
as outras leis e decretos da montanha (LV.XII.3); isto nos leva a considerar
a lei da circuncisão, dada na montanha, e aquela realizada no filho
de Moisés, como um único e mesmo período.
O tempo em que esta lei reapareceu é notável pela sua conformidade
com aquilo que se passou no período de Abraão. Foi após
Moisés ter visto a sarça ardente e recebido a promessa de
Deus de que o povo seria libertado; foi após ele próprio ter
sido escolhido o instrumento desta libertação, e recebido
os mais extraordinários sinais de sua missão, que a vingança
divina, prestes a cair sobre seu filho, foi detida pela submissão
de Séfora; finalmente, foi no momento do retorno de Moisés
ao Egito para iniciar sua missão que esta cerimônia foi realizada
em seu filho.
Esta comparação mostra claramente que a cerimônia era
como uma iniciação dos frutos da libertação
prometida, da mesma forma que na época de Abraão era como
uma iniciação aos frutos de sua eleição; nenhuma
delas pode ser realizada sem o derramamento de sangue. Não se deve
dar importância ao fato de o sangue do filho, no caso de Moisés,
é que foi derramado e não o do próprio patriarca, pois
embora fossem dois indivíduos distintos, o sangue deles pode ser
considerado como um; além disso, há sob este véu inumeráveis
relações de outras verdades, que os olhos observadores irão
descobrir sem dificuldade.
Assim, sem minha interferência na exposição destas verdades,
se verificará, num período mediano, uma dupla circuncisão,
uma comemoração do sacrifício do filho de Abraão,
e a profecia de um outro sacrifício, sobre o qual ainda não
é hora de falar a respeito. Devemos ficar satisfeitos com a observação
de que a eleição de Moisés, e a circuncisão
ocorrida visavam os primeiros frutos vivificantes da promessa feita a Abraão,
conectá-los quase que naturalmente com o segundo período,
ou com o segundo festival Hebraico, no qual a terra ofereceu sua primeira
produção, e o povo recebeu os primeiros frutos do Espírito,
que era a Lei; pois, nestas comparações, nunca se deve esquecer
que todo ternário de épocas forma um círculo, e que
todo círculo precedente é um grau menos elevado do que seu
sucessor.
Circuncisão,
terceiro período, durante a época de Josué: suas correspondências.
Finalmente,
a terceira vez em que o ritual da circuncisão aparece nas Escrituras,
é durante a época de Josué, quando o povo esta prestes
a entrar na terra prometida (Js.V.2). Este ritual não havia sido
realizado durante os quarenta anos em que o povo viajou no deserto; e aqueles
que haviam sido circuncidado no Egito tinham todos perecido; assim, Deus
reviveu este ritual para todos aqueles que permaneceram não circuncidados,
a fim de que "todo o opróbrio do Egito pudesse ser extraído
do povo"; e todo o povo foi circuncidado em Guilgal.
Não se pode evitar de notar o momento em que esta circuncisão
apareceu novamente, e as numerosas maravilhas que se seguiram. Foi por ocasião
da entrada na terra prometida, assim como a circuncisão de Abraão
foi na ocasião de sua entrada no pacto da eleição e
aquela do filho de Moisés no momento de seu ingresso no caminho da
lei e do trabalho; e a este respeito, este período está conectado
com o terceiro dos festivais hebraicos, que foi aquele da abundância,
da festa celebrada após a colheita, a realização de
todos os seus trabalhos.
Este período está tão conectado com as comemorações
na ordem temporal e terrestre, porque representa o futuro repouso que o
povo deve desfrutar depois de destruir ou subjugar os habitantes de Canaã,
apenas profeticamente, pois sua entrada na terra da promessa os admitem
unicamente nas batalhas que devem travar ali; e as vitórias que eventualmente
possam se seguir tinham sido indicadas por aquelas conquistadas sobre o
povo do deserto.
Não é demais observar que foi no primeiro mês que ocorreu
esta entrada na terra prometida; assim como foi no primeiro mês que
o Êxodo do Egito, ou a libertação, ocorreu; isto porque
aqui os dois círculos retornam ao mesmo ponto, embora o segundo seja
relativo a uma ordem das coisas, muito maior e mais ativa que o primeiro.
Mas o que realmente indica o quão vantajosa era a circuncisão
naquela ocasião é que após a cerimônia, o maná
deixou de cair, e o povo começou a comer dos frutos da terra; que
Josué entrou sob a proteção direta do Príncipe
visível dos exércitos do Senhor; que as trombetas do Júbilo
se tornaram as principais armas do povo, e ao seu som, acompanhado por aquele
do Verbo, ou palavra (parole), os muros de Jerico foram derrubados, e cada
homem foi capaz de entrar na cidade seguindo a este som; tudo isto é
um modelo daquilo que está reservado ao Homem nos períodos
subseqüentes, e do que nos espera quando estivermos fora de nosso confuso
e terrestre círculo.
Eficácia
dos Sacrifícios ao longo da destruição de Jerusalém.
Verificamos
aqui o poder e eficácia dos sacrifícios, pois todas as maravilhas
que mencionamos foram precedidas não somente pela circuncisão
mas também pelos sacrifícios ígneos da Páscoa
que o povo celebrou em Guilgal, e provavelmente também aqueles que
Moisés e os anciãos recomendaram por ocasião em que
deveriam entrar na terra prometida (Dt. XXVII.), e sobre quais o livro de
Josué não menciona antes da conquista de Hai (VIII.30), mas
que se acredita terem sido oferecidos após a passagem do Jordão,
como Moisés havia ordenado.
Não iremos recapitular o que já dissemos a respeito da eficácia
destes sacrifícios, confirmada pelo sucesso maravilhoso que se seguiu
a eles; é suficiente já ter estabelecido uma vez os sacrifícios
como um princípio de relação que o sangue tem com influências
regulares (ações) e que estas possuem com influências
mais elevadas, para compreender as vantagens que o homem ou o povo escolhido
pode extrair destas cerimônias, com relação à
sua libertação e progresso com relação ao cumprimento
de sua verdadeira liberdade.
Deveríamos observar no mesmo espírito todos os sacrifícios
oferecidos pelos hebreus, desde sua entrada na terra prometida até
a destruição de seu último templo pelos Romanos; é
desnecessário seguir a linha histórica e as épocas,
pois todas derivam de um princípio reconhecido, precisamente o princípio
ou a chave universal com a qual devemos atuar; completamente convencidos
de que isto é derivado da verdade, irá então solucionar
nossas dificuldades.
Iremos, assim, passar a um outro tipo de observação com relação
a estes sacrifícios, a saber, como que a sua instituição
veio a ser estabelecida por todo o mundo, sob tão variadas formas
e, às vezes, de forma tão contrária à razão
e até mesmo de forma criminosa.