A 
      alma se tornou sujeita ao universo físico sua primeira lei segue 
      a este fato.
       
A 
      alma humana sabia, em sua glória, que não deveria ter nenhum 
      outro Deus senão o próprio Deus; e embora ela não pudesse 
      conhecer a plenitude de sua glória até que completasse sua 
      obra, ainda assim, por menos que tenha provado das maravilhas e bondade 
      divina, sabia perfeitamente bem que nada mais se comparava a elas.
      No entanto, esta alma sujeita a ser infectada pelo poder de um princípio 
      inferior, a saber, este mundo físico universal, onde o sol e as estrelas 
      exercem tão majestoso movimento, se tornou corporeamente sujeita 
      aos seus preceitos. Mas, embora ela tenha caído sob esta regra inferior, 
      que foi parte de sua degradação, a Fonte que produziu a alma 
      humana não permitiu, de forma alguma, perdê-la de vista, transmitindo-lhe, 
      nesta nova ordem das coisas, o preceito fundamental de sua primeira lei: 
      "Não terás outros deuses diante de mim".
      
O 
      Sol, um símbolo físico da Divindade.
       
O 
      sol, no mundo físico, é um órgão material daquela 
      revelação sublime, que foi muito anterior aos livros; o sol 
      professou esta revelação no princípio do mundo, e não 
      irá cessar de professá-la, diante de todos os povos, até 
      a consumação de todas as coisas.
      
      É na ausência do sol, durante a noite, que as estrelas se tornam 
      visíveis; é então que o reino daqueles deuses dos Gentios 
      se manifestam; neste período, apesar do brilho das estrelas, a Terra 
      está nas trevas, as flores perdem sua fragrância, a vegetação 
      está protelada, os gritos fúnebres dos animais e dos pássaros 
      da noite são ouvidos, os crimes e os vícios dos mau feitores 
      são propícios, os planos iníquos e os feitos da fraqueza 
      são perpetuados; em resumo, prevalecem aquelas regiões turbulentas 
      onde todas as pessoas da Terra têm oferecido sacrifícios, primeiro 
      por mero engano; mas que, rapidamente, se torna uma abominável fraqueza 
      através das infeções do príncipe das trevas, 
      como veremos daqui a pouco.
      
      Mas, com a aproximação do dia, as estrelas tornam-se opacas, 
      e desaparecem totalmente quando o dia se rompe em sua plenitude; o sol, 
      provocando com sua presença, o desaparecimento da inútil multiplicidade 
      destes falsos deuses, parece dizer ao universo, como foi dito a alma humana, 
      quando emanou de sua fonte gloriosa: "Não terás outros 
      Deuses diante de mim".
      
      A alma humana esqueceu sua lei, quando, de seu estado de esplendor, desencaminhou-se 
      por causa de uma falsa atração; mas esta lei, que não 
      pode ser abolida, a segue até mesmo no abismo terrestre; pois o Princípio 
      de todas as coisas nada pode produzir sem imprimir sua linguagem divina. 
      
      
A 
      idolatria do Sol
       
A 
      idolatria do fogo vem de uma fonte mais remota; ela só poderia ter 
      sido engendrada como uma conseqüência dos direitos primitivos 
      do Homem, por alguns mortais terem conhecido conscientemente a origem do 
      fogo (que não é um mero raio), pois é uma verdade fundamental 
      que todas as coisas devem revelar-se a si mesmas; e não há 
      nada feito no universo que não prove isto.
      
O 
      motivo para as calamidades naturais.
       
Quando 
      o Amor Supremo te viu perder-te ainda mais, através de inúmeros 
      meios providenciados para possibilitar que encontrastes novamente o teu 
      caminho; quando Ele te viu agravar tuas feridas com os objetos perceptíveis 
      que Ele dispôs diante de teus olhos para aliviar tuas dores, Ele não 
      poderia ajudar novamente senão proclamando este importante mandamento 
      em teus ouvidos: "Não terás outros Deuses diante de mim", 
      usando meios ainda mais potentes que antes.
      
      Como o espetáculo da Natureza em sua harmonia produziu em ti não 
      mais que um efeito contrário ao pretendido por Ele, então 
      foi permitido que os poderes da Natureza atuassem sobre ti em desarmonia, 
      para tentar te trazer, através da turbulência e do sofrimento, 
      para onde tua inteligência não foi o suficiente para te manter; 
      e esta é a chave para todas aquelas calamidades relatadas na história 
      de cada nação da Terra.
      
      Assim uma mãe age com relação a seu filho, um professor 
      com relação a seu aluno, deixando-os sentir por algum tempo 
      as conseqüências de suas fraquezas ou leviandades, para que possam 
      aprender a serem mais cuidadosos no futuro. 
      
Comunicações 
      Espirituais Diretas, os mandamentos divinos.
       
Mas 
      quando estas punições não ocorrem, quando o perigo 
      é ainda mais insistente, e aquele que é negligente, ao invés 
      de sair do perigo, afunda-se cada vez mais, a ponto de arriscar a perder 
      sua própria vida, então o professor, ou a mãe, vai 
      pessoalmente, com autoridade, reforçar os importantes preceitos que 
      havia apontado antes, afim de produzir pelo respeito, o que a bondade falhou 
      em efetuar; esta é uma explicação positiva e natural 
      de todos aquelas manifestações divinas e espirituais, das 
      quais a história religiosa do Homem escrita ou não está 
      repleta.
      
      Sim, Oh, alma humana! este foi seguramente o caminho do Amor Supremo em 
      direção a ti, quando viu que as grandes calamidades da natureza, 
      que teu descuido havia provocado, não te tornaram mais sábia. 
      Ele veio até a ti com afeições alteradas e assumindo 
      um tom assustador, te lembrou daqueles antigos mandamentos ou regulamentos, 
      onde tua própria origem e o convênio divino estavam baseados; 
      regulamentos que Ele anunciou diante de ti quando lhe deu existência; 
      regulamentos que Ele fez com que a Natureza proclamasse mais uma vez quando 
      te sujeitastes a seus preceitos figurativos; regulamentos que podem, a qualquer 
      momento, ressonar no mais íntimo de teu ser, pois tu ainda és, 
      desde tua origem, o órgão da divina Fonte Eterna, e aquilo 
      que o Eterno pronunciou uma vez, nunca pode deixar de ser pronunciado por 
      toda a eternidade.
      
      As tradições de todas as nações oferecem traços 
      deste visível procedimento do Amor Supremo em nós; desde o 
      princípio, Seu caminho tem sido o mesmo, tanto para com as nações 
      como para os indivíduos, todos os dias, movendo-se através 
      de movimentos secretos violentos, para despertá-los de sua letargia, 
      e tirá-los dos perigos aos quais a insensatez os tem exposto; em 
      resumo, foi neste e por este espírito que Moisés representa 
      a voz do Supremo, anunciando em meio a relâmpagos e trovões, 
      aos Hebreus, este imperativo e exclusivo mandamento divino, que as nações 
      têm se esquecido tanto: "Não terás outros Deuses 
      diante de mim".
      
Todas 
      as coisas devem fazer sua própria revelação.
       
Independentemente 
      de inúmeras outras lições instrutivas que a Natureza 
      está encarregada, pelo Amor Supremo, a transmitir diária e 
      fisicamente à alma humana, estamos intimamente convencidos de que 
      todas as coisas devem provocar sua própria revelação, 
      por nenhuma outra razão senão a de ter uma denominação 
      entre os homens. Assim, as práticas religiosas tão universais 
      entre os homens não permitem que nenhuma dúvida permaneça 
      de que um caminho foi aberto pelo Amor Supremo através delas, para 
      a cura da alma humana; embora estas águas curativas tenham se tornado 
      tão sufocadas pelos danos, a ponto de dificilmente serem reconhecidas.
      
Todas 
      as instituições humanas derivam de um modelo superior: o poder 
      do Homem.
       
Estando 
      completamente convencido da rigorosa verdade de que todas as coisas devem 
      revelar-se a si mesma sem o que nunca poderia ser conhecida, repetida ou 
      comunicada, é preciso perceber que não há nada, nem 
      mesmo nas políticas humanas e instituições civis, que 
      não seja um modelo que se encontre independente e acima de nós. 
      Se não houvesse legiões acima de nós, nenhuma diferença 
      com relação aos níveis de superioridade, chefes e governos, 
      nas alturas, não teríamos nenhuma destas instituições 
      aqui embaixo. O próprio homem, neste plano, caminha sob os olhos 
      e proteção dos poderes invisíveis, a quem ele deve 
      todas as coisas, embora raramente procura conhecê-los; mesmo quando 
      o homem fica intoxicado com seu próprio poder, isto mostra que ele 
      deve realmente ter poder; ele deve ter um império, além de 
      servos sinceros e obedientes.
      
      Quando um superior, por exemplo, ou um general, se vê rodeado por 
      seu exército, faz a revista e sente uma secreta satisfação 
      e glória de ter à sua frente tantos soldados fortemente equipados 
      e devotados as suas ordens; quando ele parece dizer a todos os espectadores: 
      "Estas forças que comando não só dependem de mim, 
      mas foram criadas para mim, e a mim devem tudo o que tem", ele meramente 
      repete, numa ordem aparentemente convencional, que o Homem primitivo deve 
      ter sido real, positivo e permanente.
      
A 
      autoridade primitiva do Homem; no que consiste sua glória.
       
Este 
      Homem primitivo teria tido também legiões, sobre as quais 
      teria tido autoridade absoluta, comunicando a elas o seu espírito, 
      como um general, por assim dizer, transmite sua vontade a milhares de homens 
      sob seu comando, tornando-os um consigo mesmo, e tirando deles, de certa 
      forma, suas próprias vontades, para dar-lhes somente a sua; de outra 
      forma, seu controle sobre os soldados seria impossível e inexplicável. 
      
      
      Este Homem primitivo teria, igualmente, contemplado a si mesmo em sua legião, 
      e assim teria obtido a verdadeira glória, porque poderia valer por 
      algo que possuía, a beleza de seus exércitos, sua coragem 
      ao defender a causa da justiça, ou seja, todas as maravilhas que 
      poderia, de fato, fazer brotar de si mesmo e florescer em todos os seus 
      subordinados à vontade. Ao invés disto, neste plano, suas 
      legiões aparecem diante dele já vestida, armada e treinada; 
      aqui, não é sempre ele próprio quem semeia aquilo que 
      colhe, já que a maioria nunca tenha visto, e nem ao menos saiba o 
      seu nome; uma espécie de conhecimento deveria ter constituído 
      a verdadeira força do Homem primitivo, assim como venerar suas cortes.
      
      Ora, o que dizemos aqui a respeito da ordem militar, pode ser dito de todas 
      as nossas outras instituições, políticas e sociais; 
      poderíamos dizer também em relação à 
      Natureza, pois o Homem poderia ter cooperado com toda região e com 
      todos os poderes, em cada ordem, para produzir aquelas imagens maravilhosas, 
      aqueles sinais arrebatadores, que teriam enchido seus olhos, por todos os 
      lugares, e preenchido seu coração com uma glória meritória 
      e justamente adquirida, enquanto que, sem seu presente e limitado estado, 
      o homem freqüentemente vale muito pouco em tudo aquilo que está 
      a sua volta, e em tudo o que ele escala.
      
      Mas se é do alto que o homem recebeu e ainda recebe tudo de melhor 
      para o governo de seus semelhantes, quanto mais ele decifrar as alturas, 
      mais boas coisas irá descobrir para seu próprio benefício, 
      e da natureza humana; já que é das alturas que vem o processo 
      de cura, enviado pelo Amor Supremo para a sua recuperação.
      "Mysterium Magnum", de Jacob Boehme: A respeito de uma membrana 
      religiosa aberta ao homem pelo Amor Supremo, convido o leitor a extrair, 
      se puder, algo apropriado da obra de Jacob Boehme, Mysterium Magnum, o "Grande 
      Mistério". 
      
      O leitor encontrará ali numerosas ramificações da árvore 
      do convênio que o Amor Supremo tem renovado com o Homem desde a sua 
      degradação. Verá ali a seiva desta árvore, manifestando-se, 
      antes de tudo nas raízes, e então desenvolvendo-se nos diferentes 
      brotos, na medida em que crescem e, finalmente, nas flores e frutos da árvore, 
      desenvolvendo todas as propriedades contidas em seus gérmens, e trazendo-as 
      à luz através de seus canais. Verá ali a verdadeira 
      linhagem sob o manto daquela que é simbólica e, mesmo assim, 
      uma só seiva corre através destas duas linhagens, simultaneamente 
      e de forma distinguível, apesar das diversidades de características 
      que possuem; assim, há uma harmonia entre todas as épocas 
      que ela abarca em seu curso. Mas, o leitor verá também, uma 
      seiva contrária, circulando da mesma forma pela terra, desde o momento 
      em que fomos aprisionados nela e apresentamos, desde aquela primeira época, 
      até os dias atuais, um santuário de abominações, 
      ao lado do santuário da santidade. As descrições que 
      encontrará neste autor, irão instruí-lo completamente, 
      sobre o curso daquelas diferentes instituições religiosas 
      que se espalharam pela terra; e fico satisfeito ao indicar tal obra, senão 
      deveria transcrevê-la ou traduzi-la quase que inteiramente.
      
Instituições 
      Religiosas: Sacrifícios.
       
Entre 
      as instituições religiosas de modo geral, já estabelecidas 
      sobre a terra, mas das quais nós quase perdemos os traços, 
      o sacrifício de animais e outras produções da natureza 
      tem um lugar proeminente, e merece ser considerado de forma detalhada, visto 
      que nenhuma tradição ou observação nos tem oferecido 
      qualquer coisa satisfatória, e mesmo Boehme é incompleto, 
      embora tenha levantado alguns aspectos muito interessante sobre este ponto. 
      
      
      Não, não se pode negar, os sacrifícios são praticados 
      de um modo geral, por todo o globo; eles devem, apesar do abuso, e talvez 
      mesmo através deste abuso, ser colocados entre os nossos privilégios, 
      e incluídos entre os auxílios concedidos a nós desde 
      a Queda, pela Sabedoria Divina, para a renovação, tanto quanto 
      possível, de nosso pacto divino; e, como tal, eles chegam com o consentimento 
      do Homem Espírito.
      
      Homem, um Rei subjugado pelos seus próprios súditos; a escravidão 
      da natureza animal, como meio de sua recuperação. O Espírito 
      de sacrifício.
      
      Apesar dos esforços incessantes da falsa filosofia para extinguir 
      a sublime natureza do homem, é tarde demais para questionar se ele 
      nasce ou não para um grande destino; e o inestimável valor 
      dos presentes que o homem ainda pode descobrir em si, mesmo em sua miséria, 
      é uma indicação daquilo que pode formalmente ter possuído 
      na liberdade e abundância.
      
      Não devemos temer o erro, se considerarmos o Homem, no seio do Universo, 
      como um Rei culpado, sujeito ao poder de seus próprios súditos, 
      os quais ele próprio levou a desordem e anarquia, através 
      da injustiça de seu governo; mas acima deste mar agitado, podemos 
      discernir a eterna razão das coisas, tendendo através do imutável 
      peso de sua sabedoria, fazer com que todas as nossas faculdades desarmonizadas 
      recuperem sua calma e equilíbrio.
      
      Talvez, possamos até mesmo reconhecer que, em seu estado primitivo, 
      antes da Queda, o homem possa ter tido também um ministério 
      de sacrifício a completar; não expiatório, pois ele 
      era puro, mas sacrifícios de glória a seu Princípio; 
      não sacrifícios sangrentos, mas sacrifícios de admirações 
      divinas que estão encerradas em todas as criaturas e as quais o homem 
      teria tido o poder de desenvolver diante de Deus, que o incumbiu deste ministério; 
      é o Homem sendo, por assim dizer, estabelecido no centro da criação 
      universal.
      
      Mas enquanto estamos ocupados com os sacrifícios em uso sobre a Terra 
      e seu significado particular, seja físico ou espiritual, veremos 
      o Homem fortemente preso ao sangue, que parece ser o órgão 
      e um recurso, ou domicílio, de todos os seus inimigos aqui embaixo, 
      o sepulcro da escravidão, no qual este Rei idolatro está sepultado 
      vivo por ter tentado contrapor os decretos da Providência, e cultivado 
      deuses estranhos.
      
      A lei que condena o homem à escravidão tem por objetivo mantê-lo 
      em privação, para que esta privação o leve ao 
      arrependimento e, do arrependimento à confissão de suas faltas; 
      esta confissão pode colocá-lo no caminho que leva ao perdão; 
      e, como o zeloso cuidado da Sabedoria Suprema, com este infeliz exílio, 
      é incansável, ela o provê de meios para curar os males 
      a que esta exposto diariamente pelas mãos de seus inimigos, e para 
      preservá-lo de seus ataques; finalmente, ela o provê de meios 
      de consolo em meio à sua miséria; e iremos nos esforçar 
      aqui para mostrar que este foi o espírito da instituição 
      dos sacrifícios, por mais absurda ou impiedosa que aquelas cerimônias 
      possam ter se tornado ao passarem pelas mãos dos homens, e ao caírem 
      sob o controle do mesmo inimigo que pretendiam expulsar.
      
Unidades 
      de ação no Universo e na Natureza.
       
Uma 
      positiva e bem conhecida lei, que retrato aqui aos amigos da sabedoria, 
      como uma das mais úteis luzes em sua senda, é que, apesar 
      das inumeráveis diversidades das criaturas e classes que compõem 
      o universo, há certas unidades de ação que abarcam 
      todas as classes, e agem sobre os indivíduos destas classes, por 
      uma analogia natural. 
      
      É por isso que, em todas as produções da natureza, 
      há gêneros, espécies, famílias, todas carregando 
      a marca desta unidade de ação, cada uma de acordo com sua 
      classe. 
      
      Os poderes e faculdades de nossas mentes, apresentam a mesma lei, mostrando 
      uma espécie de uniformidade nos movimentos dos pensamentos dos homens, 
      e reduzindo todo os seus sistemas a um número limitado de teoremas 
      e axiomas, e todas as suas instituições a fórmulas 
      fundamentais, que dificilmente variam uma das outras. A arte medicinal, 
      a moral, a política, assembléias científicas e deliberativas, 
      coisas pertencentes à ordem religiosa, e, se posso assim dizer, até 
      mesmo as coisas pertencentes à ordem infernal, tudo testemunha a 
      favor deste princípio.
      
      Através desta lei de unidade de ação, a mesma ação 
      física que rege o sangue do homem, rege também o sangue dos 
      animais, pois os corpos de ambos são da mesma ordem.
      
      Mas, se a mesma ação física governa o sangue dos homens 
      e dos animais, esta ação está, sem dúvida, exposta 
      as contradições e desordens a que os dois estão sujeitos; 
      e esta lei física, embora não esteja baseada na liberdade, 
      como estão as leis morais, pode contudo sofrer desordens, pelos obstáculos 
      e oposições que envolvem e ameaçam tudo o que existe 
      na Natureza.
      
      Se estes diferentes indivíduos, homens e animais, estão sujeitos 
      as mesmas leis, dentro das desordens a que estão expostos, por outro 
      lado, eles também participam nas perfeições da unidade 
      da ação regular que os governa; e, se a desordem é 
      comum a ambos, a restauração deve ser também, assim 
      tanto o espírito como o uso de sacrifícios podem ser compreendidos; 
      mas isto não seria suficiente, se não pudéssemos descobrir, 
      como estes sacrifícios operam neles próprio, e como seus resultados 
      podem afetar o homem.
      
A 
      operação espiritual e a causa dos sacrifícios.
      
A 
      lei hebraica nos diz que há animais puros e impuros. Jacob Boehme 
      nos dá um motivo real para isto, com as duas tinturas, que se encontravam 
      em harmonia antes do crime e que foram subdivididas com a grande alteração. 
      A Natureza não se opõe a isto, uma vez que reconhecemos uma 
      distinção entre os animais, alguns sendo úteis, outros 
      nocivos. Desta forma, até mesmo num mero sentido físico, o 
      significado das Escrituras pode ser confirmado. 
      
      Mas e se isto tivesse um significado espiritual? Na verdade, a matéria 
      possui uma vida unicamente de dependência e sua existência, 
      virtudes e propriedades só existem através das diferentes 
      ações ou influências espirituais, pelas quais são 
      engendradas, combinadas, constituídas e caracterizadas; a matéria 
      é, além do mais, o contínuo receptáculo dos 
      poderes opostos à ordem, que só tendem à estampar a 
      marca da irregularidade e da confusão em todo lugar; por este motivo, 
      não é de se surpreender que esta matéria apresente 
      todo tipo e atuações destas ações ou influências 
      diversas e opostas, das quais vemos melancólicas evidências 
      em nós mesmos.
      
      Assim, quando o homem caiu sob o domínio de algumas influências 
      desordenadas, o animal puro representou um meio de livrá-lo destas 
      influências; a ação desordenada seria atraída 
      pelo fundamento que ele representa e sobre o qual deve ter certos direitos 
      e poderes.
      
      Mas para esta atração não prolongar as conseqüências 
      e efeitos das influências desordenadas, é necessário, 
      em primeiro lugar, que o sangue do animal seja derramado; depois este animal, 
      embora limpo pela Natureza, deve receber algumas influências preservativas 
      extras, pois é composto de elementos mistos e exposto a influências 
      desorganizadoras do inimigo, como tudo o mais que seja matéria. Ora 
      a ação preservativa, neste caso, era representada, entre os 
      Hebreus, pela imposição das mãos do sacerdote, sobre 
      a cabeça da vítima, o sacerdote representa o Homem restabelecido 
      em seus direitos primitivos; e tal é o espírito destas duas 
      leis.
      
      Pelo derramamento do sangue do animal, a ação desordenada 
      unida a matéria do homem, é mais fortemente atraída 
      para fora do que pela simples presença corpórea do animal, 
      porque, quanto mais perto chegarmos do princípio, mais energética 
      e eficaz são todas as suas relações, em qualquer ordem 
      que seja.
      
      Pela preparação sacerdotal, ou da preparação 
      do Homem, que desfruta da virtualidade de seus direitos, este sangue, e 
      esta vítima, são colocados além do alcance desta ação 
      desordenada; que assim abandona a matéria do homem, sugada pela atração 
      dos sangue animal; mas sendo repelida pela poderosa virtude que o sacerdote 
      comunicou ao sangue, ela é forçada a banir a si mesma, para 
      ser mergulhada nas regiões da desordem, de onde veio.
      
      Ao que me parece, isto dá uma visão geral do espírito 
      da instituição dos sacrifícios. Esta visão sobre 
      o assunto pode nos ajudar a descobrir o espírito particular que ordenou 
      os detalhes de todos os sacrifícios hebreus; aqueles, por exemplo, 
      para o pecado e expiação; aqueles chamados oferendas de paz; 
      e até mesmo aqueles da redenção ou reconciliação 
      e da união do homem com Deus, confirmada pelos visíveis sinais 
      de sua aliança.
      Sacrifício para o pecado.
      
      Esta simples lei da transposição, da qual temos falado, é 
      suficiente para nos dar uma idéia do espírito de sacrifício 
      para o pecado, banir a profanação para as regiões da 
      desordem e sobre o inimigo que a causou. 
      
Oferenda 
      de paz.
       
O 
      objetivo do sacrifício para paz, seria o de dar forças ao 
      homem para resistir a este inimigo e até mesmo prevenir seus ataques. 
      A preparação da vítima, pela imposição 
      das mãos do sacerdote, torna isto inteligível, já que 
      coloca um sangue puro que está em conjunção com influências 
      regulares, em proximidade de um sangue cercado por influências destrutivas 
      e maleficente e é ainda assim capaz de recuperar a calma e o repouso.
      
      Um grande número de detalhes sobre cerimônia de sacrifícios 
      justificam nossa confiança nestas conjecturas. O sangue vertido ao 
      redor do altar e consagrado aos quatro cantos, os combatentes do sangue, 
      o consumir da vítima etc., tudo se refere estritamente a um trabalho 
      de paz e preservação. 
      
Os 
      sacrifícios perpétuos e aqueles de consagração.
       
As 
      Leis dos sacrifícios perpétuos, e daqueles ordenados para 
      a consagração dos sacerdotes (cujo objetivo espiritual era 
      unir o pontífice a Deus) nos levarão a seu próprio 
      significado; este tipo de sacrifício não foi instituído 
      a todos os homens, mas somente àqueles chamados por Deus, através 
      de uma eleição particular, a seu serviço.
      
      Tais homens, preparados, exatamente através da eleição 
      de cada um, estavam em conecção com as mais altas virtudes, 
      que, abarcando todas as coisas, estão sempre unidas àquelas 
      ações regulares que cuidam de afastar nosso sangue da desordem. 
      A vítima imolada, após estas preparações, apresenta 
      um sangue onde estas influências desenvolve seus poderes, e permitem 
      que as altas virtudes, por sua vez, também se desenvolvam, pois tudo 
      o que é harmonioso participa mais ou menos das propriedades do pacto 
      divino, mesmo que se encontre entre os animais. 
      
      Não é de se surpreender, então, que estas mesmas altas 
      virtudes devam agir sobre o homem escolhido, e produzam para ele todas aquelas 
      manifestações perceptíveis tão necessárias 
      para direcioná-lo em suas trevas; o homem só pode receber 
      as evidências da verdade através de um intermediário.
      
      Tudo isto ocorreu com Abraão, quando sacrificou os animais divididos 
      em dois; com Araão, nos oito dias de sua consagração; 
      com Davi, na eira de Ornan; o que ocorreu no templo, após os sacrifícios 
      dos altos sacerdotes, o que indica, de forma clara, o objetivo e o poder 
      que realmente possuíam os sacrifícios sagrados, quando executados 
      pelos eleitos do Senhor, que exerciam, de uma forma adequada à época, 
      o Ministério espiritual do Homem.
      
      Destas poucas observações sobre os sacrifícios de sangue 
      em geral, segue-se que seu objetivo era o de desenvolver certas influências 
      puras e regulares (ações) que unidas ao homem poderiam auxiliá-lo 
      a elevar-se de seu abismo, às regiões de ordem e regularidade. 
      
      
      As causas e operações das excomunhões e exterminações.
      
      Numa direção oposta, mas tendendo ao mesmo fim, a interdição 
      ou excomunhão operada é mencionada no último capítulo 
      dos Levitas. O que foi consignado por este tipo de consagração, 
      à justiça do Senhor, era, aparentemente, o domicílio 
      do mais irregular e abominável e portanto o que havia de mais fatal 
      aos escolhidos. Assim, todos aqueles sujeitos à excomunhão 
      haviam de ser exterminados, a fim de que a ação ou influência 
      irregular que estavam neles, não encontrando mais apoio, fosse obrigada 
      a partir e a se tornar incapaz de injuriar as pessoas. 
      
      Temos aqui a oportunidade de não apontar erro na punição 
      de Achan, na execução de Agag por Samuel e na rejeição 
      de Saul que desejou salvar este rei impiedoso e condenado; e até 
      mesmo em todos os massacres autorizados de cidades inteiras com seus habitantes, 
      relatados nas Escrituras, tão revoltante para aqueles que não 
      estão preparados, ou estão pouco familiarizados com as verdades 
      profundas, e especialmente para aqueles cujo o corpo material é tudo 
      enquanto Deus só pertence as almas.
      
Por 
      que o inocente cai com o culpado; a exterminação de animais.
       
Esta 
      classe de pessoas, a que nos referimos anteriormente, está longe 
      de suspeitar do grande segredo, comentado no "O Espírito das 
      Coisas", através do qual a Divindade permite, freqüentemente, 
      que o inocente caia com o culpado nas pragas ou catástrofes da Natureza, 
      para que possam, pela pureza que possuem, se preservarem de uma corrupção 
      maior, assim como cobrimos com sal as carnes que preservamos e que de outra 
      forma putrefariam.
      
      Em resumo, é com este intento, de remover os princípios fundamentais 
      do veneno, que encontramos a razão pela qual, na conquista da terra 
      Prometida, os judeus eram tão freqüentemente ordenados a exterminar, 
      mesmo entre os animais, porque, neste caso, a morte de animais infectados 
      com as influências impuras daquelas nações, preservavam 
      os escolhidos dos veneno; enquanto que, nos sacrifícios, a morte 
      de animais puros atraíam influências preservadoras e salutares.
      
      A destruição rápida daquelas nações teria 
      exposto as crianças de Israel às influências impuras 
      daquelas bestas da Terra, pois tais nações eram seus receptáculos 
      e bases de ação; é por isso que Moisés disse 
      ao povo: "Iahweh, teu Deus, pouco a pouco irá expulsando estas 
      nações da tua frente; não poderás exterminá-las 
      rapidamente: as feras do campo se multiplicariam contra ti." (Dt. VII,22).
      
O 
      sangue dos animais puros, a morada das boas influências na escravidão. 
      
       
Isto 
      não significa que as virtudes puras e regulares estejam encerradas 
      e sepultadas no sangue dos animais como pensam alguns, entre eles os Hindus 
      que acreditam que todos os tipos de espíritos habitam e se sustentam 
      ali; isto leva a crer simplesmente que aquelas influências puras e 
      regulares estão ligadas a certas classes e elementos distintos entre 
      os animais, e que, ao romper as bases nas quais estão fixadas, elas 
      podem se tornar úteis ao homem; é neste sentido que devemos 
      ler a passagem: "É o sangue que faz expiação pela 
      vida" (Lev.XVII.11); pois não devemos confundir a alma humana 
      e, portanto, a alma dos animais, com as ações regulares externas 
      que as governam.
      
      Desta espécie de escravidão ou confinamento, onde se encontra 
      este tipo de ação ou influência, surge uma outra conseqüência, 
      justificada anteriormente pelo doloroso estado ou espécie de reprovação 
      em que se encontra o homem e que o denuncia como um criminoso. Esta conseqüência 
      é que se o homem exige que todas estas ações sejam 
      liberadas, antes que possa dar início a recuperação 
      de sua própria liberdade, se, em resumo, ele é colocada em 
      operação, ele deve ter sido também o objetivo de algo 
      que as subjugou, durante a revolução. 
      
O 
      Homem causou a escravidão destas virtudes ou influências.
       
O 
      conhecimento que o leitor terá adquirido, a esta altura, irá 
      fazer com que isto pareça um tanto natural. Se o consideramos como 
      um Rei; se teve sua origem exatamente na Fonte de Luz; se o reconhecemos 
      como tendo sido feito à imagem e semelhança da Divindade e 
      sua finalidade era ser o seu representante no universo, ele deve ter sido 
      superior a todas estas ações que agora são empregadas 
      na preservação da Natureza.
      
      Ora, se estas ações diversas procuram o homem para mantê-las 
      em sua ordem e em seu emprego primitivo, ou seja, se ele deve ter desenvolvido 
      e manifestado nelas as maravilhas divinas das quais eram depositárias 
      e as quais deveriam servir como sacrifícios de glória, fica 
      claro que, quando o homem se perdeu, sua queda deve ter colocado estas ações 
      e poderes num estado de sujeição e violência, para o 
      qual não foram feitos e que representa para eles uma espécie 
      de morte.
      
      Assim, vemos nas tradições hebraicas, os judeus como sendo, 
      por assim dizer, os primogênitos de um povo; as prevaricações 
      do faraó e a dureza de coração induziu a Justiça 
      a atingir não só a ele, mas a todos os primogênitos 
      de seu reino, dos animais aos homens; do filho do escravo ao filho daquele 
      que sentou no trono. 
      
A 
      oferta do primogênito. 
       
Após 
      esta terrível vingança, aplicada sobre o Egito, verificamos 
      os hebreus ordenados a consagrar todos os seus primogênitos à 
      Deus, desde o primogênito do homem até aquele dos animais. 
      Esta coincidência é mais uma indicação do que 
      já adiantamos a respeito do objetivo e espírito dos sacrifícios; 
      pois a consagração do sacerdote, que parece reunir em si o 
      significado de todas as outras consagrações, não foi 
      feita sem o sacrifício de um carneiro.
      
      Se seguirmos estas comparações, verificaremos que, através 
      do crime do homem, todos os primogênitos, todos os princípios 
      produzidos de cada espécie, foram mergulhados com ele em seu abismo; 
      mas que através do amor perfeito da Sabedoria Suprema, o Homem recebe 
      o poder de restaurá-los sucessivamente às suas posições 
      e depois deles os seus semelhantes, por sua vez; e fazer com que as almas 
      desfrutem os seus sabath, assim como teve o poder de fazer a natureza desfrutar 
      dos seus.
      
      Veremos, em resumo, que os sacrifícios de sangue tendiam a dois objetivos, 
      seja para restaurar a liberdade original a todas as ações 
      puras e regulares, cujo pecado atacou nas diferentes classes de animais 
      e coisas criadas, seja para permitir que tragam alívio ao homem e 
      o liberte da servidão onde definha.
      
O 
      Êxodo, a dualidade fundamentada na natureza do Homem.
       
No 
      exemplo que acabamos de dar, devemos sempre considerar que seu objetivo 
      era o Homem, e que sua dualidade se aplica as duas nações 
      distintas, a Egípcia e a Hebraica, uma representa o Homem em sua 
      queda e estado de reprovação, e a outra sob sua lei de libertação 
      e retorno em direção ao posto sublime do qual descende.
      Nós, contudo, não tomamos as leis e os costumes hebraicos 
      como base e fundamento sobre o qual repousa esta teoria. 
      
      Ela repousa, em primeiro lugar, na natureza do Homem, na forma em que ele 
      estava, em sua origem, e como ele está no momento, ou seja, em nossa 
      grandeza e em nossa miséria; e quando, mais tarde, esta teoria encontra 
      sobre a terra testemunhos que a sustente e a confirme ela se utiliza deles, 
      não como provas, mas como confirmações.
      
      Portanto, não precisamos nos referir aos escritos sagrados para descobrir 
      a época em que os sacrifícios tiveram origem. Os sacrifícios 
      de glória datam de uma época anterior à queda do homem: 
      assim como os sacrifícios de sangue e expiação tiveram 
      início tão logo o homem começou a ver o caminho da 
      libertação diante de si, e isto ocorreu quando ele teve a 
      permissão de vir habitar a Terra; já que sendo, previamente, 
      tragado como uma criança num abismo, não teria matéria 
      alguma à sua disposição para sacrificar, não 
      tendo o uso de suas faculdades.
      
As 
      relações do Homem (conformidades) com a Natureza e os Animais.
       
O 
      destino primitivo do Homem era estar conectado com toda a Natureza, até 
      que a obra a qual tinha que realizar, se tivesse mantido seu posto, estivesse 
      acabada. Apesar de sua queda, ele ainda se encontrava conectado com esta 
      Natureza da qual não podia sair e cujo peso opressivo era ainda maior, 
      pelo domínio que o homem permitiu que seu inimigo adquirisse sobre 
      ela e sobre ele próprio. Assim, a conecção do homem 
      com a Natureza não era outra senão o sofrimento, e seu ser 
      propriamente dito estava identificado com o poder das trevas. Aos poucos, 
      quando o caminho de volta lhe foi aberto, estes meios salutares (sacrifícios) 
      podiam operar somente através do órgão ou canal que 
      é a natureza, lugar onde o Homem estava sepultado ao invés 
      de ser seu comandante. Desta forma, as relações (conformidades) 
      que o homem tem com os animais não terá fim até que 
      a Natureza tenha completado seu curso; contudo, estas relações 
      variam em suas características, de acordo com as diferentes épocas 
      em que o homem está situado. Em seu tempo de glória, ele reinava 
      como um soberano sobre os animais; e se supomos que haviam sacrifícios 
      naquela época, seu objetivo não podia ser a restauração 
      do Homem, já que não era culpado.
      
      Quando caiu, o Homem se tornou a vítima destes animais e de toda 
      a Natureza. Na ocasião de sua libertação, ele foi capaz 
      e teve a permissão de empregar tais animais para o seu desenvolvimento: 
      isto não pode ser duvidado, depois de tudo o que foi dito. Ora, sendo 
      estes fundamentos apoiados em bases firmes, nada mais satisfatório 
      do que encontrá-los plenamente confirmados nos escritos sagrados.