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Instrução
01: Da Emanação, Da Criação e dos Números.
Alegria, paz,
saúde àquele que me ouve:
Meus irmãos,
Com o auxílio do Eterno, vou procurar vos falar dos princípios
que são a base fundamental de nossa Ordem e que, reunidos em um corpo,
poderão constituir um curso de física temporal passiva e de
física espiritual eterna.
O primeiro princípio da ciência que cultivamos é o desejo.
Em nenhuma arte temporal, nenhum operário jamais venceu, sem uma
assiduidade, um trabalho e uma continuidade de esforços para chegar
a conhecer as diferentes partes da arte que se propõe a abraçar.
Seria, portanto, inútil pensar que se pode chegar à sabedoria
sem desejo, visto que a base fundamental dessa sabedoria não é
senão o desejo de conhecê-la, que faz vencer todos os obstáculos
que se apresentam para bloquear a saída, e não deve parecer
surpreendente que esse desejo seja necessário, uma vez que é
positivamente o pensamento contrário a esse desejo que afasta todos
aqueles que procuram entrar para esse conhecimento.
Ora, é necessário, para ali chegar, trilhar o caminho em razão
do afastamento de onde nos encontramos. Aquele que crê aí ter
chegado está ainda bem longe; e outro crê estar longe mas não
tem senão um passo a dar: o que deve fazer ver que o primeiro passo
que se deve dar, deve ser na senda da humildade, da paciência e da
caridade. As virtudes são tão necessárias em nossa
Ordem que não se pode nela fazer nenhum progresso senão quando
se avança nessas virtudes.
Mas poder-me-iam, talvez, perguntar que ligação existe entre
as virtudes e as ciências? Esta instrução será
empregada para demonstrar essa necessidade.
O Ser, existindo necessariamente por si próprio, Eterno criador e
conservador de todo ser, emana de sua imensidade Divina, antes do "tempo",
seres livres para sua grande glória. Ele lhes deu uma lei, um preceito
e um mandamento sobre os quais foi fundamentada sua emanação.
Esses espíritos eram livres e não se pode considerá-los
de outro modo sem destruir suas personalidades distintas.
Eles vieram a prevaricar. Qual foi a prevaricação? Sem entrar
em todos os detalhes, responderei que o primeiro crime foi a desobediência.
Sendo livres, conceberam por sua plena e inteira liberdade um pensamento
contrário à lei, ao preceito e ao mandamento do Eterno. Para
melhor dar uma idéia dessa desobediência, suponha uma sentinela
que se coloque de guarda, a quem se diz de observar os diferentes pontos
de sua caserna: esse sentinela é livre e não tem necessidade
para que ninguém venha lhe forçar a ficar ou a sair. Por sua
própria vontade, ela deixa seu posto e desampara todos os pontos
de sua caserna, mas a sentinela é tomada e lhe quebram a cabeça.
Eis uma idéia da prevaricação dos primeiros espíritos.
A prevaricação foi ter desobedecido à lei, ao preceito
e mandamento que lhes haviam sido dados desde a emanação,
e de ter concebido um pensamento contrário àquele do Eterno.
Desde então, a comunicação que tinham com o Eterno
foi rompida. Deus criara o espaço, no qual os precipitou. Mas de
que se serviu Ele para expulsá-los de sua corte Divina? Serviu-se
dos espíritos de sua natureza que haviam sido emanados no mesmo instante
que os outros, e que também conceberam bem o pensamento maldoso,
uma vez que receberam a mancha, mas que fizeram uso diferente de seu livre
arbítrio, ficando inviolavelmente presos às leis, preceitos
e mandamentos do Eterno. O que prova bem demonstrativamente que os primeiros
espíritos conceberam seu pensamento de prevaricação
por sua plena e inteira liberdade, e é a fidelidade desses últimos
que, sem ter nem mais nem menos faculdades que esses prevaricadores, fizeram
bom uso de seu livre arbítrio, rejeitando o mau pensamento que lhes
foi apresentado pelos prevaricadores e serviram-se de instrumentos da justiça
que Deus lançou sobre àqueles desde o instante de sua prevaricação.
É desse combate que fala a Escritura quando diz que Miguel, e seus
anjos combatiam contra os demônios e seus anjos, e que Miguel tendo
sido vencedor, os precipitou fora do paraíso Divino no espaço
que acabava de ser criado.
Não existia ainda o tempo, que não é senão a
sucessão ou a revolução dos diferentes corpos. Não
havia ali então matéria sutil ou grosseira, não existia
senão espíritos puros e simples: espíritos bons no
paraíso Divino e espíritos maus no espaço. Desde então,
Deus concebeu em sua imaginação pensante criar este universo
com formas materiais e passivo para servir de limites e de barreira às
operações maldosas dos demônios. Ele emancipou por essa
causa os espíritos ternários do eixo "fogo central",
que vieram fechar o círculo do espaço no qual os espíritos
perversos estavam encerrados, e concebeu em Sua imaginação
pensante Divina a criação do corpo principal do chefe deste
universo, tanto espiritual Divino como temporal passivo, da forma triangular
eqüilátera. Esse triângulo eqüilátero e considerado
entre todos os povos da terra como contendo em si a imagem aparente que
o Eterno havia concebido em sua imaginação para a criação
do chefe deste universo; esse triângulo, repito, nos é ainda
representado nas igrejas com quatro caracteres inefáveis dos quais
darei a explicação na seqüência.
Deus manifestou de seu pensamento criativo os espíritos do eixo fogo
central por esse mesmo triângulo eqüilátero, no centro
do qual estava contido seu verbo ternário criativo.
Esses espíritos tendo inato em si, desde seu princípio de
emanação, a faculdade de extrair de seu seio as três
essências espirituais que ali estavam. Saíram, então,
deles mesmos essas três essências para operar esse verbo do
Eterno. Perguntar-se-á o que era esse verbo? Direi que esse verbo
continha em si o plano, a execução e a operação
deste universo. Em conseqüência, esses espíritos do eixo
começaram a executá-lo, tirando de seu seio essas três
essências que ali estavam. Essas três essências eram,
em seu princípio, a matéria em sua indiferença, porque
não tinham ainda sido trabalhadas por esses mesmos espíritos,
mas eram distintas. Elas estavam, pois, segundo a linguagem da Escritura,
sem forma, ou em sua indiferença, e vazias porque a vida passiva
não havia podido ser inserida nas formas, visto que ela ainda não
existia. Esse vazio deve ser compreendido como a privação
do princípio de movimento necessário a todos os corpos deste
universo.
Antes de ir adiante, devo falar do princípio fundamental de toda
emanação e de toda criação, que é o número.
Os sábios de todos os tempos reconheceram que não poderia
haver nenhum conhecimento seguro, seja da parte espiritual Divina, seja
da parte universal geral terrestre, seja das particulares, sem a ciência
dos números, uma vez que é por esses números que o
Eterno fez todos os seus planos de emanação e de criação.
O número, sendo co-eterno à Divindade, já que, por
toda a eternidade, Deus é, o número, tem pois estado em toda
a eternidade nele, visto que Deus tem seu número. Porque, se Deus
havia podido criar o número, pareceria que ele havia podido criar
a si mesmo, o que é impossível, porque nada subsiste sem o
número. Ora, Deus sendo o Ser necessário, existindo por si
mesmo, conteve, pois, toda a eternidade, todo número. Ele dotou todos
os espíritos segundo sua infinita sabedoria e ação
eterna. Nenhuma de suas obras saiu de suas mãos sem ser marcada com
esse selo: tanto os espíritos emanados como a criação
deste universo, tudo tem seu número. Ora, segue-se demonstrativamente
que o conhecimento de todas as obras de Deus está oculto no conhecimento
dos números. Aí está, pois, meus irmãos, onde
devemos procurar admirar as obras do Eterno, não no sentido de nossa
forma aparente passiva, mas no sentido de nosso entendimento espiritual
Divino e eterno.
Por toda a eternidade, Deus foi um, ou I . Essa unidade nos faz ver a Divindade,
uma vez que ela é o princípio de toda a criação;
e o círculo que o fecha, contendo em si a unidade, contém
tudo o que dele precedeu. Os primeiros espíritos emanados tinham,
pois, seu número, os superiores 10, os maiores 8, os inferiores 7
e os menores 4. Seu número, antes de sua prevaricação,
era mais forte do que aqueles que damos vulgarmente aos querubins, serafins
e arcanjos, que não haviam ainda sido emanados.
Deter-me-ei um pouco a considerar o estado do universo dos espíritos
antes de sua prevaricação. Toda a corte da Divindade gozava
da mais perfeita paz, nenhuma suspeita de mal existia uma vez que a possibilidade
do mal jamais existiu na Divindade: todo ser saiu puro, santo e sem mancha
de Seu seio. De onde, pois, veio o mal? O mal não tomou seu princípio
senão no pensamento que o chefe demoníaco, que estava livre,
concebia dele mesmo, oposto à lei, ao preceito e ao mandamento do
Eterno; não que o demônio seja o próprio mal, visto
que, se ele mudar desde hoje seu pensamento mau, sua ação
mudará também e desde esse instante, não existirá
mais o mal em toda a extensão do universo. O mal, repito, não
teve seu nascimento senão no pensamento do demônio oposto àquele
da Divindade, pensamento que ele concebeu de seu puro livre-arbítrio
e pelo qual separou-se da Divindade; o que originou o binário, número
da confusão, como tendo desejado existir independentemente da Divindade
ou Criador todo-poderoso.
Deus manifestou sua justiça contra esse espírito perverso,
precipitando-o com seus aderentes da corte Divina no círculo do universo;
o espaço tendo sido primeiramente criado após sua prevaricação,
e tendo sido fechado pelos espíritos do eixo do fogo central, que
foram emancipados ao mesmo tempo. É o que quer dizer o salmo: "Non
accedet ad te malum" o mal não se aproximará de ti",
pela barreira que formam esses espíritos do eixo nas operações
maldosas dos demônios. Uma vez que os espíritos do eixo do
fogo central receberam o verbo do Eterno, saíram de seu seio as três
essências espirituais que ali estavam inatas desde a sua emancipação,
e eles modificaram essa matéria em sua indiferença, distinguindo
essas essências de maneira que pudessem reter a impressão.
Esse trabalho dos espíritos do eixo forma uma distinção
das três essências que, em seu lugar nas essências, tudo
teve forma, e os diferentes corpos foram criados; e desde que os corpos
tiveram forma, os espíritos do eixo inseriram em cada um deles um
veículo de seu fogo espiritual, que é o princípio da
vida de todos os corpos.
Perguntar-me-ão, talvez, onde residiam todas essas matérias
antes do ordenamento que se denomina vulgarmente o caos, e que denominamos
a matéria. Responderei que essa matéria sem forma e vazia
em sua indiferença, residia no matraz filosófico
O trabalho
de todos os diferentes espíritos do eixo do fogo central foi conduzido
pela sabedoria do Eterno que a Escritura santa nos representa movendo-se
sobre as águas. Ora, nada nos representa melhor a matéria
em sua indiferença que uma água sem curso e sem movimento.
Era sobre esse princípio das essências que o espírito
duplamente forte do Eterno conduzia, dirigia e fixava os limites a todos
os diferentes seres deste universo, e conduzia toda espécie de operação
de trabalho dos espíritos, fatores operantes ou fabricantes do eixo
do fogo central, ou fogo incriado. É essa sabedoria que caminhava
diante do Eterno e que aplaudia por santos transportes cada pensamento Divino
que o Eterno manifestava pela criação deste universo dizendo:
"Estou em ti e em tuas obras, Criador todo-poderoso, como tu estás
em mim e nas minhas obras. Aquele que virá após instruirá
tua criatura do culto do qual deves ser servido." O trabalho dos diferentes
espíritos do eixo se opera ainda sobre esta superfície e se
operará até o fim dos séculos, tal como operaram no
princípio para a criação de todos os corpos deste universo;
o que farei ver claramente na seqüência destas instruções.
No momento, contentar-me-ei em dar a explicação da figura
t representando a Divindade. Essa letra hebraica representa um nome inefável
da Divindade. É o motivo pelo qual os Judeus jamais pronunciaram,
por respeito, esse nome, essa letra; aleph, pronúncia que lhe deram,
não sendo a verdadeira. c, beth, segunda característica, representa
a ação direta da Divindade; d, guimel, representa o Espírito
Santo conduzindo a operação dos espíritos do eixo;
s, daleth, representa o verbo ternário do Eterno, pelo qual ele manifesta
aos espíritos do eixo seu imenso pensamento pela criação
deste universo.
Os três glóbulos que estão no matraz filosófico
representam o princípio das essências, ou a matéria
em sua indiferença. Ainda que se considere o Mercúrio como
sendo o princípio das três essências, não se deve
dar a ele, no entanto, uma unidade absoluta, uma vez que não pertencia
à Divindade, ou aos espíritos superiores 10, e a nenhuma essência.
Assim, essa unidade que se dá a Mercúrio é ternária,
e representa as três essências em sua indiferença, em
aspecto umas com as outras, sem movimento, sem formas; porque elas não
haviam sido trabalhadas, modificadas e operadas pela imensidade dos espíritos
agentes, fatores ou operantes do eixo fogo central. Denominamo-os eixo fogo
central porque eles são aderentes à corte da Divindade e eternos.
Poder-me-iam, talvez, perguntar porque Deus, tendo previsto o pensamento
maldoso dos demônios não os conteve nos limites que lhes estavam
prescritos? Responderei a essa objeção dizendo que Deus é
imutável em seus decretos, seja a respeito do que aprova ou condena
sua criatura e que ele não toma nenhuma parte nas causas segundas,
tendo fundamentado todo ser sobre leis invariáveis, e a primeira
dessas leis é a liberdade. Ora, Deus não pode destruir, em
qualquer espírito que seja, seu pensamento sem destruir sua liberdade;
se ele destruísse sua liberdade, destruiria a lei que deu a esse
espírito desde sua emanação. Ora, a imutabilidade de
Deus sendo irrevogável, ele não pode ter de maneira alguma
conhecimento do uso que fará de seu livre-arbítrio todo ser
livre. Porque, se a Divindade tivesse tido conhecimento pareceria que ela
teria permitido o mal, o que é impossível. Deus, sendo necessariamente
bom, não pode emanar senão seres como ele, mas distintos em
sua personalidade e livres.
Ora, Deus não teria podido destruir, mesmo quando tivesse tido conhecimento
desse pensamento nesses espíritos, sem destruir os atributos e a
manifestação de sua glória e de sua justiça:
de sua glória para com os espíritos fiéis, e de sua
justiça para com os espíritos perversos. Estejamos, pois,
bem convencidos, meus irmãos, de que o Eterno não previu jamais
o que não existia efetivamente no pensamento de um ser livre. Porque,
se ele pudesse prever o uso de seu livre arbítrio, esse espírito,
desde esse instante, cessaria de ser livre. Mas o que a Divindade concebe
perfeitamente, é o uso que faz qualquer espírito de seu livre
arbítrio. Desde o instante em que esse espírito concebe seu
pensamento, seja bom, seja ruim, ele é lido e julgado pela Divindade.
O que lhe dá o nome de Deus vingador e remunerador: vingador do ultraje
feito à sua lei, e remunerador do bom uso dessa lei para sua maior
glória.
Vejamos, portanto, bem, meus irmãos, que o princípio ou a
origem do mal veio do orgulho. Ora, por uma seqüência necessária,
o princípio de todo o bem deve ser a humildade, a paciência
e a caridade: a paciência pela necessidade de suportar as fadigas
de uma penosa viagem, e a caridade pela necessidade absoluta de suportarmos
os erros de nossos semelhantes e de procurarmos corrigi-los tornando-os
bons. Essa virtude é tão necessária que uma companhia
de perversos não subsistiria vinte e quatro horas se estivesse inteiramente
privada dessa virtude. Essa virtude em sua perfeição faz a
reunião de todas as outras, visto que é a que mais se aproxima
da Divindade. É, pois, meus irmãos, pela prática constante
dessas virtudes que nossa união será durável, e que
engendrará inúmeros frutos de inteligência, de conhecimento
e de sapiência. Estabelecendo uma correspondência mais estreita
entre os irmãos uns com os outros, ela tornará comuns os conhecimentos
particulares de cada um, e produzirá assim a unidade, que é
a base da Ordem.
Felicito-me, meus irmãos, pelo Eterno ter-me dado a graça
de vos falar. Estejais bem seguro de meu zelo, de minha afeição
e de meu desejo sincero para o bem geral deste oriente.
A graça que vos peço é de aqui colocar cada um o mesmo
zelo, e Deus secundará nossos propósitos.
Instrução
02: Da Extração das Essências e da Matéria na
Indiferença.
Meus irmãos,
Vimos no discurso precedente o motivo da criação deste universo,
ou do tempo, que não deve se compreender senão na duração
sucessiva dos diferentes corpos que o compõe, que por seu curso de
correspondência formam intervalos iguais cuja medida é o que
se denomina vulgarmente o tempo. (Mostrarei, na continuação,
como a alma está sujeita ao tempo enquanto está em sua prisão,
ou no corpo do homem.) Porque não é necessário pensar
que a Divindade possa ser encerrada por algum limite: sua imensidade sendo
infinita, nenhuma criação pode contê-la; nem restringi-la.
É, ao contrário, a Divindade que contém toda espécie
de emanação concernente ao espírito, à criação
e ao que diz respeito às formas aparentes. Isso é tão
verdadeiro que um espírito puro e simples não poderia estar
sujeito ao tempo, uma vez que estando sem corpo de matéria, nenhum
corpo dessa matéria aparente pode lhe servir de limite, pois sua
lei sendo superior à das formas, ele penetra através de todas
as diferentes leis que formam a aparência das formas e ele as comanda
e dirige segundo a vontade do Eterno. Eis porque nenhuma parte da criação
pode ter sua existência senão pela operação desses
mesmos espíritos; o que explicarei ainda melhor na seqüência
deste trabalho, quando falarei dos corpos planetários. Continuemos
a criação.
A matéria em sua indiferença residia no matraz filosófico,
assim como explica a figura precedente. O Nada não possuía
forma. As essências espirituais, sendo um aspecto umas das outras
sem movimento, estavam nesse estado que se denomina vulgarmente caos. O
que rompeu esse estado de indiferença e deu princípio à
formação dos diferentes corpos? Foi a operação
dos espíritos do eixo fogo central, ou fogo incriado, que haviam
emanado de seu seio essas mesmas essências. Qual foi sua operação?
Sua operação foi modificar as essências, de maneira
a reter a impressão e de formar distinção entre às
essências. É essa distinção que dá princípio
às formas, adaptando as diferentes divisões e subdivisões
do número ternário nas modificações que os espíritos
do eixo haviam feito nas essências, isto é, que sua operação
tornou a essência de mercúrio mais sólida que as do
enxofre e do sal, a do enxofre mais móvel que as do mercúrio
e do sal, e a do sal mais fluida que as do mercúrio e do enxofre.
Essa primeira distinção dá primeiramente nascimento
ao número senário, uma vez que no primeiro princípio
da matéria em sua indiferença, o misto ternário residindo
em sua indiferença no matraz filosófico não formava
nenhum corpo aparente, nem suscetível de reter nenhuma impressão.
Foram, pois os espíritos do eixo fogo central aqueles que, conforme
o pensamento do Eterno, que lhes havia sido anunciado por seu verbo ternário,
engendraram por sua operação o número senário,
dando a distinção às essências: mercúrio,
1; enxofre, sendo a segunda distinção, 2; o sal, sendo a terceira,
3. Ora, adicionando misteriosamente 1 e 2 fazem 3, e 3 mais 3 fazem 6. Eis,
pois, a manifestação dos seis pensamentos do Eterno; e não
dos seis dias que a Escritura atribui emblematicamente ao Eterno, uma vez
que, como já disse acima, o Eterno sendo infinito em sua imensidade
não pode ter nenhum limite de duração sucessiva, que
não é senão a mudança de sucessão ou
de relação, dos corpos uns com os outros. Mas o Eterno manifesta
pensamentos como os diferentes espíritos executam segundo o plano
que lhes é dado. Vemos, pois, que do número ternário
veio o senário, uma vez que o verbo ternário do Eterno, estando
toda eternidade nele, não pode ter princípio, visto que emanou
do Eterno, mas o número senário foi engendrado pela operação
dos espíritos do eixo; assim, provo por demonstração
a necessidade do fim deste universo uma vez que ele não existe em
princípio senão pela operação dos espíritos
do eixo, e que a operação de qualquer espírito qualquer
sendo finita, não pode durar senão todo o tempo que o Ser
infinito o comanda; o que faz cair por terra a objeção da
eternidade da matéria, visto que é impossível que tudo
o que teve um princípio possa durar sempre, diante de toda necessidade
ter fim.
Vemos, pois, o nascimento do número senário quanto às
formas. É necessário não confundir os números
com os corpos. O número, como já disse anteriormente, é
co-eterno, pois, de toda eternidade, o número tem estado em Deus.
Mas os corpos não sendo puramente senão aparentes, e não
subsistindo senão pela operação dos espíritos,
não podem se considerar senão como passivos. Desde que a operação
dos diferentes espíritos será infinita, eles cessarão,
e não será mais discutido sobre este universo como era antes
de sua formação. Denomino a divisão das essências
- mercúrio, 1, enxofre, 2 e sal 3 - o nascimento do número
senário, uma vez que a operação dos espíritos
do eixo que lhe deu nascimento. O princípio de todos os corpos foi,
pois, o número ternário; a formação desses mesmos
corpos o número senário, que realizou os seis pensamentos
que Deus havia tido para a criação deste universo, manifestados
aos espíritos agentes, fatores ou fabricantes do eixo fogo central.
A partir do momento em que o número senário teve sua realização,
as formas tiveram seu nascimento; e para melhor prová-lo, não
se tem senão que observar o que segue sobre os três números
3, 6 e 9. O número é a subdivisão das essências
em todos os corpos. O princípio de mercúrio é um misto
ternário que contém nele enxofre e sal, 3; o enxofre contém
sal e mercúrio, 3; o sal contém mercúrio e enxofre,
3. A subdivisão dá, pois, 9; porque a unidade propriamente
dita não poderia pertencer aos corpos, ela não pertence senão
à Divindade. A unidade atribuída na divisão simples
à mercúrio não é considerada senão relativamente
ao misto de mercúrio, que é a base das duas outras. O número
9 é, pois, a subdivisão das três essências, ou
dos diferentes corpos, assim como segue: 3 à mercúrio, 3 ao
enxofre e 3 ao sal fazem 9. Assim, 3 para as essências consideradas
em sua particularidade, 6 para a divisão e 9 para a subdivisão;
3, 6. 9/18/9. Eis a origem da matéria.
Resta-nos falar do triângulo, o que faremos na seqüência.
No momento, contentar-me-ei em considerá-lo por seu número
1 D 1: 1 a oeste, 1 ao sul e 1 ao norte dão o número 3, ou
ternário, de modo que, acrescentando-o ao produto acima, temos: 3,
6/18/9, 3/12/3. Obtém-se o produto de 3, que nos faz ver claramente
que o complemento da operação dos espíritos do eixo
nos dá o número ternário após ter passado pela
divisão e subdivisão, sempre para realizar a lei que o Eterno
havia manifestado aos espíritos do eixo. O verbo do Eterno era ternário,
e a operação dos espíritos do eixo também o
era. Adicionemos o verbo 3 à operação dos espíritos
do eixo, teremos o número 6. Ora, verbo ternário tendo vindo
de Deus, deve retornar a ele, mas o produto ternário dos espíritos
tendo vindo de Deus, deve retornar a ele, mas o produto ternário
dos espíritos do eixo tendo tido início é passivo,
ou deve terminar. Não havia ali senão o pensamento do Eterno,
que forma a lei do universo, e que sustenta toda a criação.
As leis de aparência dos diferentes corpos não podem durar
uma vez que esta lei subsistirá, pois é ela quem sustenta
essa mesma operação. O Homem de desejo que segue as leis do
Eterno não poderia mais conhecer privação, visto que,
unindo-se intimamente à lei eterna, a lei passiva das formas não
poderia ser um limite para ele.
Vede, pois meus irmãos, um princípio da necessidade que temos
todos de seguir essas santas leis, pois à medida que nos aproximamos
do Eterno, a Luz se aproxima de nós. Se nós nos separamos
dele, as trevas se apoderam de nós. Darei a explicação
seguinte às diferentes dimensões do triângulo; no momento,
continuarei ainda sobre a criação dos diferentes corpos.
Perguntar-me-ão, talvez, como os espíritos do eixo puderam
emanar de seu seio as 3 essências, e como puderam através delas
formar todos os corpos deste universo sem nenhuma matéria? Responderei
que, desde o princípio de sua emanação, esses seres
tinham inatos em seu seio essas três essências, que não
devem ser consideradas senão como um produto de sua operação.
É, pois, dessa operação única, segundo o pensamento
do Eterno, que todas as formas tiveram lugar. Ora, direi que a prova física
que esta operação dos diferentes espíritos é
a única coisa que dá existência às formas, é
que os espíritos que comandam os diferentes corpos deste universo
não poderiam ser limitados por esses mesmos corpos, assim como se
pode observar que existem homens que vêem no corpo de um homem a circulação
do sangue, outros no corpo geral da terra a circulação das
águas, outros que vêem, em um altar, ou em uma distância
prodigiosa, corpos que os outros homens não poderiam perceber. As
virtudes particulares a esses homens nos fazem ver bem que as leis da privação
não são as mesmas entre todos os homens, uma vez que a maior
parte dos outros homens estão privados de ver as coisas do qual acabo
de falar. Se a matéria fosse real, todos os homens veriam da mesma
maneira, não haveria para eles todos senão a mesma lei, assim
como se pode se convencer pelo pensamento, que é o mesmo entre todos
os homens nos objetos eternos como ele, tais como os números. O triângulo
D , apresentado a todos os homens do universo, dá o pensamento distinto
do número ternário, uma vez que um ângulo não
é o outro, ainda que as propriedades dessa figura sejam imensas.
Mas, no momento em que cada homem o considera, o pensamento que daí
resulta pelos números é o mesmo. A superioridade dos homens
vem pois, mais ou menos da pureza que lhes faz observar um maior número
de propriedades. Ora, a particularidade distinta de cada homem no que se
relaciona aos espíritos vem do pensamento, que é mais ou menos
variado em suas propriedades sempre relativas à operação
desses mesmos espíritos. A matéria não é, pois,
senão aparente, e não subsiste senão pelo trabalho
que os diferentes espíritos fazem para nós fazê-la parecer
tal como é; não há nenhum dos espíritos que
a operando não seja infinitamente superior a ela, uma vez que sua
operação sendo finita, e sendo todos eternos, comandam a todos
seus trabalhos, que não subsistem senão pela lei do Eterno
e que não terão fim senão quando essa lei for realizada.
É pois, meus irmãos, do número ternário que
toda produção de forma se fez, assim como segue: 1 à
Divindade, 2 ao demônio, e 3 às formas que vieram para conter
esses mesmos demônios.
Os espíritos do eixo fogo central tiveram toda espécie de
faculdade para a produção, a conservação e a
reintegração dos diferentes corpos. Não é surpreendente
que sua operação tenha produzido este universo, que foi criado
para conter os primeiros espíritos perversos, e para servir de barreira
a suas operações más, que não prevalecerão
jamais contra as leis inalteráveis que o Eterno destinou a cada parte
deste universo. O número ternário, como vimos, é a
operação que os diferentes espíritos realizaram para
conter a confusão. Igualmente, todos os esforços desses espíritos
jamais destruirão algum gênero ou alguma espécie dos
corpos que compõe essa criação, nem irão alterar
em nada sua durabilidade, uma vez que os sustentáculos desses mesmos
corpos são espíritos superiores a todos seus antagonistas
e tendo Deus em sua mente, enquanto os espíritos maus são
continuamente limitados em seus trabalhos de destruição, porque
a destruição não podendo ter senão uma força
limitada pela desunião que daí resulta, se encontra forçada
a ceder à união indissolúvel das partes constitutivas
do todo, operantes pelo apoio da Natureza, como se pode comprovar lançando
uma olhada sobre as reproduções da vegetação.
Se o semeador que semeia um campo semeasse trigo ou outro grão, e
a metade da produção da vegetação de sua semeadura
fosse boa e a outra estragada, não se poderia jamais tirar trigo
da terra, visto que a podridão sendo igual à boa vegetação
produziria uma mistura desigual que não daria jamais farinha. Ora,
está demonstrado que se retira das diferentes sementes que semeamos
sobre o corpo geral, ou a terra, mais bom grão do que grãos
ruins, pois todos os seres de forma aparente que estão sobre a superfície
da terra deles se alimentam. Essa indução pode nos levar a
observar que o mesmo acontece para todos os diferentes corpos que são
sem cessar atacados e que subsistem a todas as doenças. Entretanto,
após o início deste universo, nenhum gênero dos diferentes
corpos foi destruído. O que deve nos convencer da superioridade da
operação dos espíritos operando para o bem sobre àqueles
que operam para o mal: uma é benigna e pura, santa e durável;
e a outra é impura e passiva, pois desde que o universo tiver feito
sua reintegração, a operação dos maus espíritos
contra ele terminará, ou, ainda, que aquela de todos os espíritos
contra ele terminará, ou, ainda, que aquela de todos os espíritos
bons que contribuíram com sua produção, sua manutenção
e sua reintegração, começará um novo gênero
de ações seguindo as leis santíssimas que agradará
ao Eterno traçá-las. Eis, meus irmãos, pelo número
ternário.
No discurso seguinte falaremos das diferentes propriedades do triângulo
e da emanação do homem.
Convido a todos a uma união eterna e indissolúvel que nada
possa alterar. Vossa constância em vos unir será o selo de
vossa felicidade. Uni-vos a mim para rogar ao Eterno que nos dê a
todos a graça de caminhar cada vez mais na Luz. A Ordem que abraçastes
é a depositária da Luz que deve vos conduzir. Vossa exatidão,
vosso zelo e vossa perseverança em segui-lo serão amplamente
recompensados, e, enquanto tudo conspira para afastar o homem de seu princípio,
sereis o depositário do rumo que deve ali conduzir o homem para não
mais dele se afastar. Que a caridade esteja eternamente em todos nós.
Amém!
Instrução
03: Da Modificação das Essências e das Diversas Propriedades
do Triângulo.
Meus Irmãos,
Vimos pelos discursos precedentes a matéria em sua indiferença
residente no matraz filosófico; seguiremos agora os diferentes trabalhos
dos espíritos do eixo fogo central que darão forma a essa
quantidade informe de essências espirituais.
O Eterno tendo concebido criar este universo para ser o asilo dos primeiros
espíritos perversos e para conter a sua operação ruim
que não prevalecerá jamais contra suas santas leis, apareceu-lhes,
em sua imaginação pensante Divina, a forma do triângulo
eqüilátero, para ser a do regente deste universo, ou do homem,
e do corpo geral, ou da terra, e por ser a da operação de
todos os corpos imensos deste universo. Ora, como nenhum pensamento pode
ficar no Eterno sem ação, ele lançou fora de seu seio
seu verbo de criação que estava no centro do triângulo
eqüilátero, e o fez descer entre os espíritos do eixo
fogo central para que eles o executassem conforme seu conteúdo. A
seqüência deste discurso fará ver que o triângulo
eqüilátero contém não somente todos os números
de forma deste universo, mas ainda todos os números co-eternos.
Essa figura, famosa entre os antigos e considerada com muita veneração,
nos anuncia bem que ela encerra grandes coisas. Com efeito, é pelo
triângulo que nós elevamos a todos os conhecimentos, seja espirituais
Divinos, seja espirituais temporais. O triângulo eqüilátero
continha, em seu verbo ternário, a lei, o plano e a operação
de todos os corpos deste universo. Isto foi aos espíritos do eixo
fogo central o que representa o plano de um soberbo palácio aos maçons
que o executam: tendo inatos neles os materiais convenientes a essa execução,
não é surpreendente que eles o tenham executado com muita
regularidade, ordem e proporção, pois a própria sabedoria
do Pai dirigia a execução desse plano e presidia os diferentes
trabalhos necessários e fixava em todo ser o limite que deveria ter.
O aspecto da figura do triângulo inscrito no círculo nos dá
claramente a idéia de um número ternário por seus três
ângulos: damos a oeste ao ângulo saliente inferior, o sul ao
segundo e o norte ao terceiro. Esses três ângulos nos dão
a idéia da divisão que os espíritos do eixo deram à
matéria da universalidade das formas, modificando as essências
segundo a forma triangular, isto é, dando a parte sólida ao
oeste, que denominamos mercúrio, a parte fogosa ao sul dado ao enxofre,
e a parte salina ao norte dada ao sal, ou a parte aquática. É
positivamente essa distinção que dá forma a todo universo.
Mas, para melhor fazer sentir, darei uma imagem palpável na formação
de uma criança no seio de sua mãe.
Se observamos o seminal reprodutivo, não somente do corpo do homem,
mas da maior parte dos animais, ele nos representa a matéria em sua
indiferença. Não se dirá que ele dá os indícios
de um misto modificado, visto que não tem positivamente forma; do
mesmo modo foi a primeira essência que os espíritos do eixo
central extraíram de seu seio. Esse seminal inserido na matriz, que
serve de forno para o cozimento do embrião, é primeiramente
trabalhado pelos espíritos do eixo e os espíritos elementares,
que modificam o mercúrio e formam uma distinção. A
partir do momento em que a distinção está formada,
o embrião tomou forma, isto é, desde que a essência
de mercúrio, que constitui a parte óssea, ficou distinta da
parte sulfurosa que forma o sangue, e da parte salina que forma a carne.
Desde então, o embrião tomou corpo, o que acontece no término
de quarenta dias. Como todos os sábios do universo sabem fisicamente
que o ser espiritual Divino desce no corpo da criança residindo no
centro da matriz e nadando no fluído, coberto por um véu ou
envelope, não duvidemos, meus irmãos, que esse trabalho que
se faz para a formação da criança não seja realmente
o mesmo que se faz para a criação deste universo. Os espíritos
do eixo possuíam desde sua emanação uma essência
espiritual que podemos considerar como seminal produtivo das formas. Do
mesmo modo que esse seminal é operado da matriz, igualmente eles
o operam no matraz filosófico, que se pode ainda considerar como
a matriz do universo.
Mas qual foi o plano que seguiram os espíritos do eixo? Esse foi,
como já disse, o triângulo eqüilátero (veja a figura).
Damos 1 a mercúrio no oeste, formando o sólido; 2, ao enxofre
no sul, formando o fogoso; e 3, ao sal, no norte, ou fluído. A unidade
é ainda dada a mercúrio, como tendo sido o primeiro misto;
2 ao enxofre como tendo sido o segundo; e 3 ao sal, como tendo sido o terceiro,
o que nos dá claramente o número da fatura, 6, como diz a
Escritura emblematicamente que Deus emprega 6 dias para a formação
do universo. Ora, sabemos que Deus é um ser infinito, todo-poderoso
e sem limites. O que é sem limites não pode estar sujeito
ao tempo. Assim, os seis dias significam que Deus empregou seis pensamentos
para a formação deste universo, e a prova disso é palpável,
porque todos os corpos trazem consigo a imagem.
Qual é agora o plano que esses mesmos espíritos seguem para
a formação do corpo da criança? A imagem deste universo,
que não é outra coisa senão a repetição
daquela do triângulo. O corpo do homem tem uma figura triangular eqüilátera
perfeita e contém resumidamente tudo o que o universo contém
em sua imensidão, o que fez com que os sábios denominassem
o corpo do homem o microcosmo, ou o pequeno mundo. Vemos, pois, uma semelhança
perfeita da operação dos espíritos do eixo para a formação
do universo, com aquelas que fazem ainda todos os dias para a formação
do corpo de uma criança. Em uma, eles seguiram o plano que o Eterno
lhes enviou, que é o triângulo eqüilátero no centro
do qual estava o verbo ternário da criação. Os mesmos
espíritos empregam, na outra, para a formação do corpo
da criança, o plano de todo este universo: o que farei ver em detalhe
na seqüência, demonstrando, na enumeração de todas
as partes do corpo do homem sua similitude com aquelas do grande mundo ou
o universo, que distinguiremos em três partes, a saber o universal,
que é dado no círculo do eixo fogo central, o geral dado à
terra, e o particular dado a todos os seres espirituais Divinos e animais
espirituais deste universo.
Os diferentes espíritos do eixo executaram, pois, o plano que o Eterno
lhes havia manifestado por seu verbo de criação no centro
do triângulo eqüilátero. No primeiro princípio,
o misto de mercúrio em sua indiferença era ternário,
visto que a unidade propriamente dita é puramente espiritual e não
poderia pertencer às formas; mas se considera as essências
no matraz filosófico como sendo sem movimento, em aspecto umas das
outras. O trabalho que fizeram os espíritos foi de distingui-los;
de onde vemos nascer os diferentes números de criação,
saber 3 a essas três essências, 6 a subdivisão simples,
como o dissemos acima, e 9 à subdivisão, porque essas três
essências sendo mistas, contém, ainda que distintas, cada uma,
uma parte umas das outras. Adicionai os três números: 3, 6,
9/18/9. Dão 18 que adicionado a ele mesmo, dá 9. Adicionai
ainda a esse 9 os três ângulos do triângulo eqüilátero:
9 e 3 fazem 12/3. Vemos, pois, que o plano que apareceu na imaginação
do Eterno era ternário, visto que era um triângulo eqüilátero.
Assim, os espíritos do eixo operaram na criação deste
universo o número ternário, pois todos os corpos deste universo,
tanto celestes como terrestres, contêm esse número, após
as quatro operações de produção, divisão,
subdivisão e de figura: o que se pode observar em toda a natureza,
uma vez que não se vê senão da terra dada ao sólido
mercúrio do fogo dado ao enxofre, e da água dada ao sal. É
necessário evitar fazer quatro princípios, como os homens
de trevas deste século, que distinguem a parte aérea. Não
há aqui positivamente senão três princípios.
O ar não é senão uma água rarefeita e, se quisessem
dividi-la, encontrar-se-ia ainda o número ternário: a água,
o ar e o éter que qualificamos cristalino e que a Escritura Santa
denomina as águas superiores. Toda a diferença que existe
entre essas águas com aquelas que rodeiam o corpo geral, ou a terra,
é que quanto mais elas descem, mais elas têm peso, o que se
pode verificar pela diferença do ar de uma parte baixa com o que
se respira sobre uma parte elevada; um é espesso e o outro é
rarefeito, e o é em razão da elevação. Todas
as formas tomaram seus princípios dessas três essências
e é por elas que são alimentadas durante sua fase de produção,
de vegetação e de reintegração, o que forma
a duração sucessiva dos diferentes corpos deste universo,
que não podem durar, em razão da vida, da forma e da figura
na medida em que são alimentados pelo misto de sua natureza.
De onde demonstro fisicamente que nenhum ser espiritual Divino pode ter
a vida espiritual Divina sem estar unido ao Pai, ao Filho e ao Espírito
Santo, porque os corpos mais brutos deste universo, como os mais ornados
e os mais perfeitos, foram criados por ordem do Eterno para ver uma imagem
palpável do que se passa na parte espiritual Divina.
Vemos, pois, a similitude que há em razão da semelhança
do ser espiritual Divino: um é eterno e outro é passivo. Entretanto,
como o passivo foi criado para servir de prisão ao ser menor eterno,
ele contém não somente em si sua existência particular,
mas serve ainda de livro de lei a esse ser espiritual Divino. Eis as tábuas
famosas que Moisés portava em suas mãos, descendo da montanha!
Uma, na mão direita, figurava a lei que o Eterno animou no ser menor
espiritual Divino, e aquela da mão esquerda figurava a lei que ele
animou na forma, para constitui-la em força durante o tempo de seu
curso temporal.
Do que se trata, pois, meus irmãos? Trata-se de fazer descobertas
imensas e de passar sua vida na meditação? Absolutamente não.
Trata-se de seguir, cada um de nós, essa lei inefável que
Deus gravou em cada um de nós e que fala sem cessar a nós
mesmos. É escutando a voz daquele que nos a apresenta sem cessar,
que chegaremos a descobrir as coisas que nos foram ocultas pelo véu
que deixamos colocar sobre as tábuas da Lei, de forma que Israel
força Moisés a colocar um véu sobre sua cabeça
ao lhe ler a Lei, porque suas almas não estavam suficientemente puras
para suportar o aspecto de fogo que saíam da cabeça de Moisés.
Ora, todos os homens têm esse véu enquanto fazem o mal e o
rasgam ao fazer o bem. Aquele que o tem nas mãos é o ser mais
perfeito. É, pois, em direção dessa luz Divina que
devem se dirigir todas as nossas pesquisas na medida em que aquele que trabalha
para aí chegar, emprega sua vontade.
Todas essas verdades estão demonstradas a cada dia sob nossos olhos
pelos diferentes seres que nos cercam e que não alcançam êxito
em nenhum empreendimento de qualquer natureza que seja, senão pela
constância que têm a seguir. Ora, essa constância parte
de um grande desejo de conhecer a fundo o que se procura. Citarei a esse
respeito o exemplo de um homem que caiu em um poço bem profundo,
e que se encontra só. É preciso, para que ele saia dali, que
dê o impulso necessário. Se, quando está quase no meio
começa a se impacientar por não chegar em cima, corre o risco
de tornar a cair, e se sua impaciência continua, corre grande risco
de perder as forças necessárias para dali sair, mesmo com
todos os socorros humanos.
Acabamos de ver como o triângulo contém em si as diferentes
dimensões das formas aparentes e que é por ele, segundo a
lei do Eterno inserida no centro do dito triângulo, que a imensidade
dos espíritos do eixo fogo central operou todas as formas deste universo.
Farei ver no discurso seguinte como se fez a explosão das formas
contidas no matraz filosófico. Resta-me recomendar-me a vossas preces
e de vos rogar que vossas reuniões adquiram a maior regularidade
e que sejam seguidas sem nenhuma interrupção; o que peço
de toda minha alma ao Eterno e que ele esteja sempre com todos nós.
Amém. Amém. Amém. Amém.
Instrução
04: Da Explosão das Formas e da Necessidade do Quaternário
Meus irmãos,
Desde que a imensidade dos espíritos do eixo foi modificada, as essências
que haviam extraído fora de seu seio no ponto de reter impressão,
isto é, que distinguiram os três princípios em sólido
dado ao mercúrio, em móvel dado ao enxofre e ao fluído
dado ao sal. A partir desse momento, tudo toma vida pelo veículo
eixo central, que os espíritos inseriram em cada corpo para servir
de ponto de reunião à operação desses mesmos
espíritos para a produção, vegetação
e reintegração; desde então, o vazio de que fala a
Escritura cessa. Não se pode entender o vazio senão pela privação
desse veículo em todos os corpos, de forma que o que ela diz, que
tudo era sem forma, deve se compreender a indiferença da matéria
de seu princípio, pela ausência da modificação
e da distinção que dá forma ao que era informe, e vida
ao que estava privado dela. A matéria residindo no matraz filosófico
conforme os espíritos do eixo o haviam emanado fora si mesmos, era
em sua indiferença, 1. Os espíritos do eixo a modificaram,
e, desde que seus princípios foram distintos em seus mistos, tudo
teve forma, 2. Após tudo ter forma, eles deram, para formar a vida
ou o movimento de todos os corpos, seu veículo eixo central em todos
esses corpos, 3.
Paremos aqui. Os espíritos do eixo, tendo feito todo esse trabalho,
realizaram a lei, o preceito e a ordem, que estavam inatos neles desde sua
emanação, executando seis pensamentos do Eterno contidos no
triângulo eqüilátero, imagem que o Eterno havia concebido
para a criação deste universo e daquele que devia ali presidir,
e no verbo ternário residindo no centro do triângulo tal como
a figura do discurso precedente o representa, e dá claramente a idéia
do número ternário, visto que qualquer homem que seja do universo
não poderá refutar que o ângulo do oeste não
é o ângulo do sul, o ângulo do sul não é
o ângulo do norte e o ângulo do norte nada tem dos dois outros,
o que dá claramente a idéia do número ternário.
O verbo que estava no centro é também ternário, como
o demonstrarei pela figura apresentada abaixo.
Considerai o triângulo inscrito nos três círculos. Não
é necessário ser matemático; a natureza age mais simplesmente
que seus procedimentos fatídicos e puramente materiais. Não
é preciso senão dois olhos para ver que o centro é
o gerador do triângulo; e não somente dele, mas de toda a figura.
Para se convencer disso, não temos senão que observar a dificuldade
que temos em descrever um triângulo eqüilátero sem seu
centro, que se descreve com facilidade desde que se parta desse triângulo.
A natureza escolhe sempre a mais simples via, e tudo que não está
marcado nesse selo deve ser observado como apócrifo. Não somente
o centro é o gerador do triângulo, mas ele é também
sua vida: as três linhas que partem do centro nos fazem ver sua relação
íntima com os três ângulos. Se essa relação
cessasse, o triângulo eqüilátero estaria morto, isto é,
ele teria uma outra figura que não seria mais a sua. Ora, a figura
do triângulo eqüilátero contendo todos os números
co-eternos, não pode pois morrer, uma vez que ela foi produzida pelo
pensamento direto do Eterno.
Ora, o que
sai dessa fonte inefável e imprevisível como ela, é
positivamente o plano dos espíritos do eixo, como farei sentir bem
claramente. Não é verdade que uma vez que os três princípios,
mercúrio, enxofre e sal, tendo sido distintos, formaram todos os
corpos deste universo? Atenho-me àquele princípio do corpo
geral, ou a terra, que é um triângulo eqüilátero.
Não é verdadeiro que esses três ângulos terrestres,
ou de toda forma qualquer, não poderiam ter aqui movimento, nem vegetação,
nem produção alguma, sem esse veículo que é
a vida de todos os corpos? Ora, vejamos bem, fisicamente, que esse veículo
é ternário: por uma de suas modificações ele
opera sobre mercúrio, por outra ele opera sobre enxofre, e pela terceira
opera sobre o sal. Se ele não tinha o número ternário,
não poderia acionar sobre os três princípios dos diferentes
corpos, por uma lei imutável que o Eterno estabeleceu no universo
dos espíritos como na dos corpos, que nenhum ser pode se unir a um
outro se ele não tem princípios da natureza desse ser. Ora,
todos os corpos do universo se unem uns aos outros, o que prova bem claramente
que todos eles têm os mesmos princípios. Vemos, pois que a
vida de todos os corpos é necessariamente ternária, para poder
manter os três princípios do misto que os compõe. Isto
é tão verdadeiro que a retirada desse veículo produz
o que se denomina vulgarmente a morte do corpo, e que nós chamamos
reintegração.
Se existe algum incrédulo sobre o acima citado, eis uma experiência
para convencê-los. Quando tu procuras bem longe no universo, oh! homem,
minhas obras, tu ignoras que elas estão junto a ti; procura-as, não
nos livros, compilação da imaginação orgulhosa
de tuas semelhanças, mas em minhas obras mais simples. Observa tua
fornalha, para te convencer que a reintegração do corpo vem
da retirada do veículo. Observa que tu tens necessidade de sair desse
veículo, primeiramente do fogo, 1, que se comunica com aquele de
uma pedra, 2, e que dá, enfim a explosão a um fogo mais sutil,
que é aquele do enxofre contido no de um fósforo, 3. Pode-se
considerar o fogo desse fósforo como o gerador daquele da lenha.
O fósforo, 1, ocasiona o fogo da lenha, 2, e o da lenha aquele do
aéreo, que é a chama, 3. Vejamos agora sua reintegração
e comecemos pelo aéreo dado ao sal. A fumaça, 1, começa
a se reintegrar em seu princípio, o ar ou o sal; o fogoso, 2, se
reintegra em seu princípio solar, ou enxofre; e, enfim, mercúrio,
corpo sólido, fica sobre a superfície terrestre compondo a
cinza, 3.
Vemos, por todos esses exemplos, que a matéria tomou forma pela disposição
das três essências, e que as formas tiveram vida através
do veículo. Da mesma forma ocorre com a ruptura do matraz filosófico,
que se fez pela retirada do espírito duplamente forte do Criador,
que continha em privação do movimento todas as formas contidas
do matraz. Mas, uma vez que ele viu que elas haviam sido formadas pelos
espíritos do eixo, e que eles tinham operado segundo o pensamento
de seu Pai eterno, esse Verbo do Pai rompeu a barreira que havia colocado
em todos os corpos e lhes traça, assim como aos diferentes seres
espirituais Divinos que os conduziam, as diferentes operações
que deveriam seguir, tanto foram ações espirituais Divinas
como leis de curso para os diferentes seres corporificados. Ora, a ruptura
do matraz filosófico, ou o que denominamos vulgarmente, o caos, começa
a se fazer no lugar que o corpo geral, dirigido nessa atividade pela Sabedoria,
vem tomar no centro do círculo universal, o corpo geral devendo ser
por sua forma triangular, o ponto central da operação dos
diferentes corpos de todo o universo; o que demonstrarei ainda melhor na
seqüência quando falarei dos corpos celestes.
Desde que o corpo geral tomou seu lugar, os corpos particulares tomaram
os seus, que lhes foi da mesma forma fixado pela Sabedoria Divina do Pai.
Veremos ainda o número ternário pelo círculo universal,
o corpo geral e os corpos particulares. É da reunião de ação
dessas três classes de seres deste universo que toda a vida passiva,
e que a lei das formas aparentes subsiste durante seu curso de vegetação,
produção e até o momento de sua reintegração;
aquilo que se vê com os olhos da forma, que, sem a ação
espiritual dos espíritos do eixo fogo central que acionam sem cessar
sobre todos os corpos, sobre o veículo eixo central que eles ali
tem inserido, sem a reação do astro solar, nada, não
tendo vivificação nessa superfície, nada poderia produzir.
Observai bem, meus irmãos, que, desde que o universo teve seu lugar,
conforme o Eterno o concebeu em seu pensamento, ele foi apresentado por
nosso Divino mestre, que lhe mostrou sua obra realizada, para que ele se
dignasse lhe conceder o selo de sua bênção. É
esta bênção, ou essa dedicação do templo
universal feita ao Eterno, que nos faz conceber o princípio do número
quaternário feito de corpos e do número setenário.
Farei ver, por tudo o que foi precedido, que o universo, sendo senário
por seu duplo ternário de forma aparente e de vida de forma, foi
feito sobre o plano como o Eterno havia enviado aos diferentes espíritos
do eixo, por seu verbo ternário ao centro do triângulo, porque
as três essências são para seu veículo o que o
triângulo é para o verbo do Eterno. É esse verbo que
Deus concebeu e manifestou, no centro de seu triângulo, aos espíritos
do eixo fogo central, que sustenta todo este universo, da mesma forma que
o veículo faz a sustentação de todas as formas. O veículo
termina em sua reintegração entre os espíritos do eixo
que o produziram, no lugar que o verbo do Pai, sendo eterno, subsistirá
para sempre no Ser todo poderoso que o emanou, após ele ter reintegrado
dentro de si mesmo.
O número quaternário teve seu início na união
que o Eterno fez de todo seu universo em lhe dedicando e formando a vivificação
de todos os espíritos, de todas as vidas e de todas as formas, e
servindo de centro vivificante, vivo e de vida eterna para os seres espirituais
Divinos e de vida de produção, vegetação e reintegração,
durante o período de duração de todas as formas deste
universo.
Deus é tão essencialmente essencial à duração
de todo ser deste universo como um grão de areia não pode
ter forma senão quando estiver unido a ele. O grão de areia
contém as três essências e o veículo, 6. Ora,
o próprio veículo não pode ter vida senão quando
está vivificado. Ora, a vivificação pertence necessariamente
a Deus, que mantém sem cessar todo o universo dos seres, o que forma
o número quaternário: as essências, 1: a forma, 2: a
vida, 3; e a vivificação, 4. Igualmente, dividindo as três
essências, 3, a vida das formas, 3, dá o número senário,
6.
A vivificação não pode ter lugar senão pelo
setenário: é o raio dividido seis vezes, que é engendrado
pelo centro, e que forma seis triângulos eqüiláteros,
para mostrar que a lei do Eterno é universal, uma vez que é
impossível descrever um círculo sem partir do centro. O centro
está para o círculo assim como o veículo está
para todos os corpos. A ignorância dês-se centro torna o círculo
inútil para todo homem que quer operar sobre ele, e a retirada do
veículo torna toda forma sem movimento, em putrefação,
e faz cessar definitivamente sua lei de aparência para sua reintegração.
Façamos melhor sentir a necessidade do número quaternário.
O eixo central, 1, produz e mantém todos os corpos deste universo,
2; o sol os vivifica, 3. Ora, como o círculo eixo central está
em comunicação direta com os sobreceleste, ele tira a vivificação,
que as comunica, da Divindade, 4; o que nos faz ver que, desde o cedro até
o hissopo, desde o inseto até ao elefante, desde a baleia até
ao icnêumon, tudo subsiste neste universo pelo número formidável
quaternário, como sendo aquele da Divindade, e que completa sua quatriple
(em francês quatriple, expressão criada por Martinez de Pasqually,
significando o quaternário criador que deriva da Trindade Divina)
essência indivisível, imutável, infinita e inalterável.
Indivisível, porque nada pode subsistir senão por sua união
e que, fora dele, tudo deixa de ser, mesmo enquanto vida espiritual Divina,
uma vez que ele cai na morte da privação eterna; imutável,
porque ele não muda jamais, sua natureza sendo inesgotável;
infinito, visto que ele é co-eterno à Divindade, sem princípio
nem fim; e inalterável, porque é através dele que a
Divindade opera toda emanação, toda criação,
toda reintegração. É enfim por ele que toda lei Divina
opera, tanto sobre os seres mais perfeitos dos espíritos eternos
como sobre os seres mais brutos de forma aparente dessa superfície,
visto que nada pode ter forma, movimento e via senão por ele, e que
nada pode existir senão por sua união. É, enfim, ele
que nos faz ver o Pai, o Filho, o Espírito Santo e o menor.
No discurso seguinte, falaremos das diferentes produções da
natureza das diferentes formas deste universo. Pelo presente, observemos,
meus irmãos, que tudo o que disse nos discursos precedentes, e que
acabei de dizer, nos prova que este universo teve forma e já começa
a operar, antes que o homem houvesse saído do seio do criador. Esse
assunto será tratado na sexta instrução, onde abordarei,
com o amparo do Eterno, de sua emanação.
Amém!
Instrução
05: Das Diferentes Produções da Natureza e das Diferentes
Formas deste Universo.
Meus Irmãos,
Este vasto universo, criado pelo pensamento todo-poderoso do Eterno, oferece
muitas belezas que se pode contemplar em detalhe. Os três círculos
da figura acima são as três principais partes que vivificam
a superfície do corpo geral terrestre. O primeiro desses círculos,
denominado círculo universal, é composto de um número
imenso de espíritos fogosos eixo fogo central, que acionam sem cessar
sobretudo o que tem vida neste universo, como contendo um de seus veículos.
A ação desses espíritos é tão prodigiosa
que ela consumiria logo todos os corpos celestes e terrestres; mas a Sabedoria
eterna ali providenciou o segundo círculo que chamamos cristalino,
que é composto também de um número prodigioso de espíritos,
cuja ação benigna aquática, úmida, acalma o
grande fogo dos primeiros. O terceiro círculo é composto por
espíritos elementares que nos rodeiam. É através desses
três círculos que toda a natureza se mantém.
A prova física do que digo desses círculos se encontra nos
três ângulos do triângulo eqüilátero de nossa
terra, que nos mostra a ação desses três círculos
sobre ela. O ângulo do oeste contém todos os sólidos;
é nele que se encontram todas as rochas; corresponde também
a mercúrio. A ângulo do sul corresponde ao enxofre; também
notamos que esse ângulo da terra está repleto de fogo, todos
os vulcões ali parecem reunidos. O ângulo do norte, que corresponde
ao sal, reúne todos os gelos que, como todos sabem, não é
senão um sal congelado, uma vez que se faz gelo através do
sal, etc. A reunião desses três ângulos e desses três
círculos nos dá o número senário, que nos faz
ver os seis pensamentos do Eterno.
A parte superior alimenta a inferior, da mesma forma que a boca, que não
é senão por onde passam os alimentos, nutre o resto do corpo:
da mesma forma ocorre com toda a superfície terrestre. Uma prova
palpável de que não há ali senão três
elementos, a terra, o fogo e a água - e não o ar, que não
é senão uma água mais rarefeita, que corresponde aos
três reinos: não há seguramente nenhum reino na parte
aérea. Tudo o que aqui é nasceu sobre o corpo geral, ou a
terra, e ela mesma está contida nesses três reinos. Toda a
espécie volátil nasceu sobre a superfície terrestre
e não pode mesmo se sustentar sobre o aéreo senão por
um movimento contínuo que lhe faz bem sentir, pela fadiga que lhe
dá, que ela não é feita para viver no ar, como o peixe,
por exemplo, que põe seus ovos e se reproduz na água. Não
ocorre o mesmo no aéreo: todos os insetos que aparecem nessa parte
começaram a nascer aqui embaixo, e a prova disso está bem
clara, porque não existe nenhuma espécie que não se
alimentasse dos alimentos que estão sobre essa superfície.
Os diferentes reinos que estão sobre a terra nos provam ainda a virtude
do número ternário: o vegetal, o mineral e o animal são
considerados cada um em seu particular como particularidades distintas dos
outros. Entretanto, que número prodigioso de seres de forma aparente
não contém cada um particularidades em seu particular? O que
nos dá ainda uma confirmação do que digo nesses discursos
precedentes sobre o misto ternário que compõe todos os corpos,
mercúrio, enxofre e sal; eles estão, com efeito, em todas
as formas do universo como os três reinos estão em todos os
corpos da terra. Da mesma forma que esses três reinos encerram uma
prodigiosa quantidade de seres de formas diferentes, que vem habitar em
cada um desses três reinos, igualmente a modificação
prodigiosa de todas as formas universais se acomodar sob o misto ternário
de mercúrio, enxofre e sal, como sendo o gerador, o sustentáculo
e o alimento de todos os corpos. Assim que eles cessam sua união,
não há mais formas; o que se pode ver pela reintegração
do enxofre, que se opera sobre o corpo da madeira de uma lareira: logo que
a essência sulfurosa reintegrou, não existe ali mais forma;
enquanto ela ali estiver, o corpo não está destruído.
Como no carvão: existe ali uma forma, mas no momento que o carvão
recebeu uma nova ação fogosa que reintegrou o que lhe restava
de sua parte sulfurosa, não resta mais forma senão a cinza;
se colocamos novamente esta cinza em um grande fogo, ela se reintegra também.
Perguntarei agora: o que dá a forma a essa madeira? Que são
as leis essenciais que a compõe? E o que deu o número de sua
figura? Responderei que a forma está inteiramente dissipada, uma
vez que dela não se tem mais nenhum vestígio; que essas essências
estão reintegradas na parte elementar, mas que ali sempre resta o
número, e eis como eu o provo. O número é co-eterno,
assim como o fiz ver nos discursos precedentes; as formas, por mais que
variem, não possuem senão uma pura aparência, os espíritos
que as formaram produziram e lhes comunicaram seu número. Eles não
podem pois perdê-lo; é absolutamente necessário que
ele retorne a eles, tal como eles o deram. Os espíritos do eixo receberam
desde sua emanação o número ternário. É
preciso que o que se opera porte o número de seus fatores, agentes
ou fabricantes, visto que é por esse número de seus fatores,
agentes ou fabricantes, visto que é por esse mesmo número
que operam sobre todos os corpos que saíram de seu seio. Eles ali
operam por seu número ternário: é preciso, pois, que
esse mesmo número do corpo qualquer retorne à sua fonte primeira,
visto que o número não tem seguramente nem figura nem forma
alguma, ainda que nós não possamos concebê-lo sem tal.
Mas sentimos bem, por exemplo, que um espírito não tem forma;
e o mesmo ocorre com o número. Vemos, pois, por isso, que toda a
matéria não subsiste, não tem forma e duração,
senão pela operação contínua dos espíritos
dos eixo fogo central que produzem, senão através dos espíritos
cristalinos que a modificam, e através dos espíritos elementares
que lhes dão seu sustento pela parte de influência que lhes
comunicam segundo a receberam pela supra-celeste Divindade.
Não é preciso crer que o número prodigioso de espíritos
que mantém todos os corpos deste vasto universo, tenham eles próprios
necessidade de receber uma matéria real subsistente para mantê-lo.
Realmente não. Esses espíritos têm inato em seu seio,
desde sua emanação, a faculdade de extrair essências
espirituais e de mantê-las, como um pai alimenta seu filho, porque
ele tem o que lhe fornecer para comer: o mesmo acontece com os espíritos.
Eles têm tudo o que pode manter a produção, a vegetação
e a reintegração de todos os corpos deste universo, sem que
ele necessite de um veículo de matéria real existente, visto
que a matéria não tem realidade senão por sua aparência,
e que sua aparência não subsiste senão pela operação
desses mesmos espíritos, que é puramente espiritual, distinta
desses espíritos puros e simples, em que os espíritos ternários
são dotados de toda espécie de faculdade, de movimento e de
correspondência para a manutenção de todos os corpos,
mas eles não têm a inteligência nem o pensamento que
são dados aos espíritos puros, tais como o homem, etc. Eis
o que significa a ação espiritual, e pode-se qualificar de
movimento, visto que a ação propriamente dita pertence a seres
superiores àqueles dos quais falamos e é puramente espiritual,
o que se pode conceber pela diferença imensa e incomparável
do pensamento como toda espécie de movimento dos corpos. Pode-se
fazer muitas vezes a volta no universo através dele em um instante;
enquanto que para deslocar o mais pequeno ser da superfície a uma
distância qualquer é necessário um tempo sensível,
o que não se refere de modo algum ao pensamento, que não tem
limite e que não está sujeito ao tempo.
Os corpos não são pois o que as crianças nos fazem
ver sobre o vidro onde colocam água e sabão e com um canudinho
formam um corpo aparente que tem seu cheio ou seu peso, sua medida ou sua
figura, e seu número que é a operação dos agentes
das formas. Assopra-se esse corpo aéreo a uma altura acima daquela
onde se formou: a reação que ele opera caindo lhe faz romper
sua união, ele se reintegra no aéreo, sem que reste dele o
menor vestígio aos olhos daqueles que o vêem. O mesmo ocorre
em todas as formas: tudo o que tem princípio deve ter um fim. Esse
corpo, cuja duração nasceu em um instante, é a imagem
real dos corpos sólidos da terra, tais como os diamantes, as pedras,
as rochas mais duras. Sua reintegração se dará pelas
mesmas leis que as das bolhas de sabão, cada um seguindo a modificação
do que a compõe.
Também não podemos mais conceber uma matéria real existente
que não podemos conceber o uso contínuo de um hábito
sem usá-lo. Um hábito forma todos os dias sua reintegração
e tem necessidade de ser renovado; o que nos faz ver a duração
sucessiva dos diferentes corpos que não subsistem senão pela
operação contínua dos diferentes seres que os acionam,
que podemos ver no fim contínuo desses mesmos corpos no final deste
universo aparente. Apressemo-nos a considerar o instante em que todos os
seres não terão mais limites senão aqueles que eles
mesmos se derem, pelo uso de seu livre arbítrio que terão
conquistado aqui em baixo.
O Ser todo poderoso que preside a tudo e cuja bondade infinita se faz sentir
em todos os seres, não contente de ter gravado com características
inefáveis as santas leis em nossas almas e em nossos corações,
quis ele próprio dar o exemplo daquilo que devíamos seguir
para participar da felicidade de seus eleitos. Suas três santas manifestações
de glória começam com Adam, 1; são renovadas sob a
posteridade de Adão pelo santo homem Enoch, 2; continuam em Noé,
3, à reconciliação da terra; assinalaram enfim sua
potência sob Abraão, 4; depois sob Moisés, 5, na libertação
do povo eleito. A mesma libertação se fez ver sob Zorobabel,
6, pelo retorno do cativeiro da Babilônia, vindo a formar o centro
de suas operações espirituais Divinas; pela regeneração
do menor, pelo nascimento de nosso Divino mestre Jesus Cristo, que veio
colocar o selo nos menores que se tornaram, se tornam e tornar-se-ão
dignos pela 7ª eleição que fez no centro de seu receptáculo,
que deveria ser o ponto de reunião de todos os espíritos que
uniram sua vontade à sua, participando das promessas do Eterno, do
fruto de tantos eleitos, da ação do Espírito Santo,
da operação de tantas graças, da destruição
da barreira que nos separava da comunicação Divina pelo pecado
de nosso primeiro Pai, da operação dos apóstolos, dos
profetas e dos patriarcas, dos dons inefáveis do Espírito
Santo, e mais que tudo isso, do sangue precioso de Jesus Cristo ofertado
ao Eterno para nossa santificação e aspergido sobre o ser
espiritual Divino e sobre a forma aparente de cada um de nós que
desejamos seguir as santas leis que ele nos traçou durante sua vida.
Unamo-nos todos com um só pensamento, vontade e ação
para chegar ao altar de suas compaixões no santo tempo da semana
santa, onde o universo inteiro celebra a morte de nosso Divino Salvador;
morramos todos com ele ao mundo, a seu orgulho e a suas cobiças,
para ressuscitar com ele, com o hábito da santificação,
ou com o hábito de uma nova vida toda espiritual Divina, inteiramente
devotada a seguir em tudo às santas leis, preceitos e mandamentos
do Eterno. Deus nos faça a graça.
Amém!
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