Pensamento Sobre A Morte...
Louis-Claude de Saint-Martin - N.: V.: M.: O Phil.: Desc.:
A morte! Será
que ela ainda existe? Não teria sido ainda destruída? Será
que o grande sacrificador e grande instrutor da prece não esgotou,
através de seu suplício, todas as angústias dessa morte?
Será que não sofreu a morte de violência a fim de que
não tivéssemos mais senão a morte de alegria? Será
que, depois que ele consumou tudo, podemos ter ainda algo a sofrer? Não,
a morte não é para nós mais do que a entrada no templo
da glória. O combate foi travado, a vitória foi conquistada,
não temos mais que receber da morte senão a palma do triunfo.
A Morte! Seria com a morte corporal que o sábio contaria para alguma
coisa? Esta morte não é senão um ato do tempo; que
relação poderia ela ter com o homem da eternidade? O homem
também não teria a idéia da morte se não tivesse
o sentimento da eternidade com o qual essa idéia da morte contrasta,
e pode-se extrair daí uma outra conseqüência: a de que
o homem sábio deve ter o conhecimento moral de sua morte particular.
Ele deve seguí-la em todos os seus detalhes; deve se ver morrer já
que sua eternidade pessoal deve ver tudo o que se passa no tempo para ele.
Mas para que cumpra com dignidade todos os instantes da importante tarefa
de sua vida - sem o que ele morre nas trevas e sem sabê-lo, como as
nações e os homens da torrente. Ora, o único mal que
poderíamos experimentar da parte da morte é o morrer antes
de nascer; porque para aqueles que nascem antes de morrer, a morte não
passa de um verdadeiro benefício.
Esta matéria foi publicada originalmente no número 4 de 1953
da edição francesa de L'Initiation.