A
revitalização da histórica Loja Martinista "Luz
Invisível"
O Martinismo no Brasil , no inicio do século passado, teve como ponto de partida um grupo de abnegados irmãos reunidos na "Loja Martinista Luz Invisivel" , o texto abaixo que iremos com muita satisfação apresentar é o registro do que fomos no passado e o que seremos no futuro . A revitalização da Loja Luz Invisivel é sem duvida um dos mais importantes marcos para o Martinismo no Brasil.
Grupo
Hermanubis
A Loja Martinista
"Luz Invisível"
Pelo Irmão TÁCITUS, S:::I:::
Escrever a história da Luz Invisível é tão difícil quanto precisar sua importância para a história do esoterismo em Curitiba, no Paraná, senão para todo o Brasil. Seriam necessários alguns volumes para poder detalhar com precisão todas as datas e acontecimentos importantes desse pólo espiritual, não por si só, mas também pela personagem de Dario Vellozo, expoente da cultura, ensino e ocultismo.
Dario Vellozo, educador, simbolista, maçom, martinista, chefe editor
de várias revistas de cunho cultural e espiritual e pioneiro em várias
tradições esotéricas em nosso país, infelizmente
foi pouco conhecido e não reconhecido pelos próprios educadores
e Iniciados de nossa atualidade.
Falar da Loja Luz Invisível é falar de Dario Vellozo e vice
versa.
Em 1899, Dario Vellozo já publicava a 1ª edição
do seu livro "Templo Maçônico" e já por essa
época estava em contato com Irmãos da França, pois
era um assinante da revista L'Initiation e através dela tomou conhecimento
do Dr. H. Girgois, Delegado Geral da América do Sul do Grupo Independente
de Estudos Esotéricos de Paris, grupo de Papus e diretor também
da Loja Martinista Luz Astral em Buenos Aires. Então, em novembro
de 1899 escreve sua primeira carta ao Delegado, solicitando seu ingresso
na Ordem Martinista, assim como outros documentos para fundar um Centro
Esotérico e agrupar outros interessados na Ordem; em dezembro do
mesmo ano é correspondido e começa então uma série
de correspondências entre eles.
Logo no mesmo ano de 1900m em 3 de maio, funda o Grupo Independente de Estudos
Esotéricos "Luz Invizível", ainda tendo a grafia
com "Z". Nessa mesma data apresenta os Regulamentos da Luz Invizível
onde, no Capítulo I, Art. 1º, consta: "O Centro Luz Invizível
é congregação destinada a promover por meio de conferências,
leituras, palestras sessões práticas e questões dirigidas
ao Quartel General, o estudo da Ciência Oculta, Magnetismo, hipnotismo,
sociologia, literatura esotérica(...)". Ainda, nos Regulamentos
do Centro consta que se baseavam pelos "Estatutos Gerais do Grupo",
que nada mais eram que os estatutos do próprio Grupo do Quartel Geral
de Papus em Paris.
A autorização de funcionamento chega por carta patente datada
de 10 de julho de 1900, assinada pelo próprio Dr. H. Girgois (Carta
IX-39) onde está escrito "Pelo presente, o Comitê Diretor
confere ao Ir. Dario Persiano de Castro Vellozo todos os poderes necessários
para efeito de fundar em Curitiba, Paraná, o grupo de estudos esotéricos
"Luz Invizivel" e convida a todos os membros a terem em conta
a presente decisão. Nasce a pleno vigor e funciona de forma regular
e autorizada o primeiro grupo esotérico de cunho martinista do Brasil.
Uma explicação precisa ser dada. No mesmo ano, mais exatamente
em 20 de setembro de 1900, Dario Vellozo, maçom, juntamente com outros,
fundam a Loja Maçônica Luz Invisível, regularizada em
14 de julho de 1901, nascida no R.E.A.A. do Grande Oriente do Brasil. Essa
Loja não teve ligação alguma com o GIEE Luz Invizivel,
não unicamente, mas pelo fato de nas próprias palavras do
Ir. Dario Vellozo: "É intenção nossa fundar uma
Loja do Rito Escocês Antigo e Aceito sob a jurisdição
da Grande Loja Estadual, de membros escolhidos, que se dedicarão
aos estudos dos Mistérios Maçônicos e publicamente (mas
sob o mais profundo sigilo) à prática da caridade. Dos membros
da Loja seletarei aqueles possam pertencer ao Centro, e ao Centro aqueles
que possam iniciar-se na Loj::: Mart:::". (Carta de DV a Girgois de
24 de março de 1900, o grifo é do próprio DV). Explica-se
assim o motivo da criação da Loja Maçônica, do
Centro de Estudos ou GIEE e da existência da Loja Martinista Luz Invisivel.
Em 06 de novembro de 1905, Dario Vellozo recebe o título de Mestre
em Hermetismo, assinado pelo próprio Papus.
Em 1906, Dario Vellozo viaja até Buenos Aires para o "Congresso
do Livre Pensamento" e também para o "Congresso Maçônico"
(Erasmo Pilotto em Dario Vellozo, Cronologia - 1969). Encontra então
pessoalmente aquele que veio a ser seu Iniciador. As correspondências
continuam e recebe os Rituais Iniciador 1, 2 e 3. Recebe diretamente de
Paris, assinado por Papus e Maurice Barrés, a Carta 141, nomeando-o
"Delegado Especial" e logo na sequência, a de "Delegado
Geral" para o Brasil.
Em Buenos Aires, na Argentina, quase duas décadas depois, chegariam
os Mascheville, que viriam a expandir o martinismo no Brasil.
Membros pertencentes ao Centro Esotérico e/ou a Loja Luz Invisível:
Dario Vellozo, JulioTheodorico Guimarães, Generoso Borges, Emiliano
Perneta, João Itibere, Euzébio da Motta, Manuel Carrão,
Sebastião Paraná, Ermelino de Leão,Mario Tourinho,
Jaime Reis, Silveira Netto, Nestor de Castro, Francisco Ribeiro, Julio Perneta,
Alô Guimarães, Domingos Duarte Vellozo, João Pedro Scheleder,
João Urbano de Assis Rocha, Josephina Pereira Rocha, Reinaldo Machado,
Magnus Sandahl, Ismael Martins, Lucio Pereira, João Leite Junior,
Tito Vellozo, Ricardo de Lemos, Augusto Stresser, Manoel A. Silveira, Manoel
Pacheco de Carvalho, Claudino dos Santos, Georgina Mongruel, Chloe, Martha
Silva Gomes, Florentina Vital Macedo, Noemia do Amaral Gutierrez, entre
outros. Todos registrados em atas.
Além desses ligados ao GIEE, havia alguns membros correspondentes:
Gonzaga Duque (RJ), Domingos Nascimento (Florianópolis), Figueiredo
Pimentel (Niterói).
Um de seus que se destaca, era Joao Itiberê: "(...) em 1892,
um curitibano que se educara na Bélgica, que fora colega de bancos
escolares de Maeterlink, no colégio Saint-Michel, que vivera a vida
do grupo jeuneBelgique, que convivera com os mestres da literatura da época
na Bélgica e na França, como os ouvidos e o espírito
cheios das idéias do Simbolismo e de Arte Nova - em 1892 esse curitibano
voltava à sua terra e à sua cidade. Era João Itiberê
da Cunha, - Jean Itiberê, como assinará a maioria das suas
produções. Profunda seria a sua influencia no Paraná
em relação ao movimento da Arte Nova. E como ouvira pessoalmente
Péladan, e estava a par de todo o movimento paralelo, e conhecia
Stanislas de Guaita, Papus, Eliphas Levi, etc., trouxe também, a
revelação de sua obra esotérica e mágica, que
iria ser tão influente na orientação do pensamento
de Dario Vellozo." (Erasmo Pilotto, Dario Vellozo, Cronologia - 1969).
Alguns vêem nessa passagem outra possível iniciação
de Dario Vellozo, mas que ainda não pode ser comprovada.
É um dos poucos que registrou e manteve contato com PhiléasLebesgue.
Mesmo depois do primeiro encontro de muitos com Albert Costet de Mascheville
(CEDAIOR), no ano de 1925, Dario Vellozo (APOLONIO DE TYANA) o recebeu no
Instituto Neo Pitagórico e já doente ajudou Cedaior a se estabelecer
e iniciar seus trabalhos no Brasil. Diga-se que com a chegada desse último,
varias iniciações ocorreram e vários membros do grupo
de Dario Vellozo trabalharam juntamente com Cedaior e posteriormente com
Jehel, filho deste.
Nas explicações que se dão a seguir é informado
que as atividades do GIEE Luz Invizivel cessaram suas atividades públicas,
e todas as reuniões continuaram a existir de forma discreta, assim
como iniciações e passagens de graus martinistas que ocorreram
dentro da "Cella de Apolônio", conforme registrado em cartas
e certificados após essa data 1919.
Nota-se aí o inicio do serviço martinista incógnito
que Dario Vellozo realizava.
O GIEE Luz Invisível trabalhou por 19 anos ininterruptos de atividades,
palestras e estudos quando, devido à cisão da maçonaria
no estado do Paraná, e tendo em seu grupo membros de ambos os lados
dessa cisão, decidiu adormecer o GIEE para evitar problemas para
os seus. Finda então a organização externa de seu trabalho
Martinista, que funciona com registros de Iniciações e passagem
de graus até 1934, apenas três anos antes de Dario Vellozo
falecer. (Questionário de ingresso e Juramento de iniciação
a OM de Noemia Amaral Gutierrez em 19 de agosto de 1934).
Assim Dario Vellozo militou no Martinismo por 37 anos consecutivos, um número
muito difícil de se atingir, mesmo nos dias de hoje. Vemos que de
efêmero apenas as vãs afirmações ao contrário
que até o momento foram feitas a seu respeito.
Alguns membros iniciados pelo próprio Dario Vellozo deram continuidade
em seu trabalho de forma livre e independente, e dessa forma esse conhecimento
nos chega até hoje.
Chega através de documentos escritos a mão pelo próprio
Dario Vellozo encontrado nas casas de descendentes de membros de seu grupo,
como Julio Theodorico Guimarães (o qual dedicou a 1ª edição
de 1899 do "Templo Maçônico" de Dario Vellozo), Emiliano
Pernetta, Ermelino de Leão, Sebastião Paraná, Alô
Ticoulat Guimarães, João Itibere "Jean", arquivos
da Biblioteca Pública, MIS, entre antiquários e até
mesmo sebos.
Dessa forma a atual Loja Martinista Luz Invisível, herdeira espiritual
de Dario Vellozo, hoje legalmente reerguida e restaurada, trabalha também
como Grupo Independente de Estudos Esotéricos, onde nele é
reavivado e colocado à sua altura merecida, os ensinamentos esotéricos
e todo o trabalho iniciático de Dario Vellozo, ou melhor, de Apolônio
de Tiana. Trabalhando nos mesmos moldes e estrutura da antiga Luz Invisível
de 1900 à 1937, a adoração cardíaca por suas
obras está presente entre nós como verdadeiro sacerdócio,
fulgor daquela época, enterrada por mais de 73 anos.
Assim colocamos Dario Vellozo justamente onde deve ser lembrado por todo
buscador da via cardíaca: como o Mestre do Passado de nossa tradição,
grande Iniciado de sua época.