Virtudes morais, virtudes teologais
Introdução:
Os filósofos anteriores ao cristianismo falavam da virtude perfeita
para qualificar a maneira nobre e acabada do ser humano; mas moviam-se em
um âmbito puramente natural. O Martinezismo fala além disso
de virtudes sobrenaturais, que o Criador comunica graciosamente ao obreiro
instruido e que, quando são vividas em plenitude, conformam o objetivo
final de evolução espiritual.
No caso da proclamação dos santos não se faz outra
coisa que investigar e sancionar que naquela vida existem provas de que
tenha praticado, em grau heróico, as virtudes teologais da fé,
da esperança e da caridade, assim como as virtudes cardeais da prudência,
justiça, temperança e fortaleza, com as virtudes anexas. A
virtude - e as obras virtuosas - é o que dá o toque de perfeição
no ser e no agir da natureza humana; sobretudo se o ser natural vem elevado
e enobrecido pelas virtudes sobrenaturais, já que "a graça
não destrói a natureza, mas a aperfeiçoa".
Diz-se que
a natureza é o princípio radical das operações;
a natureza, pois, não é operativa em quanto tal, Mas o faz
mediante as potências ou órgãos quando é natureza
corpórea: vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, conhecemos
com a inteligência. Se são exercitadas, as potências
e órgãos adquirem formas estáveis de atuação,
ou hábitos operativos, que, se são bons, são chamados
de virtudes; se maus, vícios. A virtude, portanto, é uma qualidade
boa, que aperfeiçoa de modo habitual as potências, inclinando
o ser humano a fazer o bem.
As virtudes mais excelentes são as virtudes teologais (fé,
esperança e caridade) que se referem diretamente ao Criador ; mas
também são importantes as virtudes morais, que aperfeiçoam
o comportamento do individuo nos meios que conduzem a Reintegração.
Se pensamos no modo de adquiri-las, umas são virtudes naturais ou
adquiridas, pois são conseguidas com as forças da natureza;
outras, sobrenaturais, se são concedidas por Deus, de modo gratuito.
As virtudes teologais sempre são sobrenaturais ou infusas; mas virtudes
morais podem ser adquiridas ou infundidas pela Providencia. O ser humano
pode realizar atos bons com as forças naturais, adquirindo virtudes.
Por exemplo: a sinceridade, a laboriosidade, a discrição,
a lealdade... As principais virtudes morais - chamadas também cardeais
- porque são como o gonzo (o ponto de apoio das portas grandes),
o fundamento das demais virtudes - são a prudência, a fortaleza
e a temperança.
A prudência é a virtude que dispõe a razão prática
para discernir - em toda as circunstâncias - nosso verdadeiro bem,
escolhendo os meios justos para realiza-lo.
A justiça é a virtude que nos inclina a dar ao Criador e ao
próximo o que lhes é devido, tanto individual como socialmente.
A fortaleza é a virtude que no meio das dificuldades assegura a firmeza
e a constância para praticar o bem.
A temperança é a virtude que refreia o apetite dos prazeres
sensíveis e impõe a moderação no uso dos bens
criados.
Além das virtudes cardeais, o ser humano deve praticar as outras
virtudes morais, especialmente a da religião, a humildade, a obediência,
a alegria, a paciência, a penitência e a castidade.
Às vezes é difícil viver as virtudes naturais porque,
depois do pecado original, o ser humano está desordenado e sente
a inclinação ao pecado; mas o Criador concede a graça
que as purifica e potencia elevando-as à ordem sobrenatural, para
que nos ajudem a obter o fim ao qual estamos chamados: a eterna bem aventurança.
Então, as virtudes, sem deixar de ser naturais, são também
sobrenaturais. Com a ajuda do Criador, as virtudes naturais forjam o caráter
e dão soltura na prática do bem. O obreiro é feliz
ao praticar a virtude.
Estando o ser humano elevado à ordem sobrenatural, as virtudes naturais
por si só não bastam, ainda que sejam necessárias.
As virtudes teologais são a fé, a esperança e a caridade.
A fé é uma virtude sobrenatural pela qual - apoiados na autoridade
do Criador cremos nas verdades que Ele revelou e a Religião nos ensina.
A esperança é uma virtude sobrenatural pela qual confiamos
em que o Criador nos dará a glória mediante sua graça
e nossa correspondência a ela.
A caridade é uma virtude sobrenatural pela qual amamos ao Criador
sobre todas as coisas - por quem é - e ao próximo por amor
Dele .
A caridade é a virtude mais excelente de todas, por ser a primeira
das virtudes teologais, que são as virtudes supremas. Quando se vivem
de verdade, todas as virtudes estão animadas e inspiradas pela caridade.
Como diz São Paulo, a caridade é o "vínculo da
perfeição" (Colossenses 3,14), a forma de todas as virtudes.
O Martinezista que intenta viver uma vida segundo as Leila Divinas , conta
com a graça divina e as virtudes, quer dizer, com todos os meios
para conseguir o fim a que o Criador o chama. Em conseqüência,
com a ajuda Dele e principalmente com o esforço próprio, há
de ir crescendo na virtude. A Providencia nunca abandona, e basta que lutemos
para fazer o bem e viver a caridade - sobretudo - que, como temos dito,
consiste em amar ao Criador com toda a alma e a nós e ao próximo
por amor a Ele.
8. Propósitos de vida com base no Martinezismo
" Exercitar as virtudes morais na vida de cada dia: estudo, trabalho,
vida de família, irmãos e amigos .
" Pedir a Providencia que aumente em nós as virtudes teologais.