O Cristograma de Yeschouá
Muito utilizado entre os Martinistas anteriores a criação da ordem martinista por Papus, especialmente os de origem Russa, o Cristograma era antes do Pantáculo o símbolo de nossa fraternidade. O lábaro (labarum, em latim) de Constantino é um cristograma de Yeschouá (Jesus Cristo), do qual existem diversas formas. É formado a partir das letras gregas.
O Imperador
Romano Constantino I (no poder 306-337) criou um novo padrão militar
para ser exibido juntamente com o seu exército, este símbolo
apresenta as primeiras duas letras gregas da palavra Cristo que veio a ser
conhecido como o lábaro.
A etimologia da palavra antes de ser usada por Constantino não é
clara. De acordo com Lactâncio, Constantino sonhou com este emblema
e uma voz dizendo "Neste sinal conquistarás" (In hoc signo
vinces). Ao acordar ordenou aos seus soldados que pusessem o emblema nos
seus escudos; nesse mesmo dia lutaram contra as tropas de Magêncio
e ganharam a Batalha da Ponte Mílvia (312), fora de Roma.
A mitologia discorda caracteristicamente nos detalhes, mas em todos os casos
os detalhes são importantes, nunca ao acaso. Escrevendo em grego,
Eusébio de Cesareia (falece 339), o bispo que escreveu a primeira
história geral sobrevivente das primeiras igrejas cristãs,
deu duas versões adicionais da famosa visão de Constantino:
-De acordo com a Historia ecclesiae ("História da Igreja"),
o Imperador viu a visão na Gália a caminho de Roma, muito
antes da batalha com Magêncio: a expressão como é dada
foi "Nisto, vence!".
-Numa posterior memória hagiográfica do Imperador que Eusébio
escreveu depois da morte de Constantino ("Na Vida de Constantino"
337-339), a visão miraculosa viera quando os exércitos rivais
se encontraram na Ponte Mílvia. Nesta versão posterior, o
Imperador ponderara a questão lógica de infortúnios
que caem sobre exércitos que invocam a ajuda de diversos deuses diferentes,
e decidiu procurar ajuda divina na batalha que se avizinhava no Único
Deus. Ao meio-dia Constantino viu uma cruz de luz sobre o Sol. Junto a ela
vinha o dito In hoc signo vinces. Não só Constantino, mas
todo o exército vira o milagre. O moderno biógrafo de Constantino,
o historiador Ramsey MacCullen, comenta: "Se o escrito no céu
foi visto por 40.000 homens, o verdadeiro milagre cai no inquebrável
silêncio desses mesmos sobre tal acontecimento" (Constantino,
1969). Nessa noite Cristo aparecera ao Imperador num sonho e dissera-lhe
que fizesse uma réplica do sinal que tivera visto no céu,
que seria uma defesa concreta na batalha. Assim, o elemento do milagre público
reinforça o elemento do sonho privado.
O controverso geólogo sueco Jens Ormo sugere que o segundo acontecimento
tem as suas origens no facto de Constantino ter testemunhado a nuvem em
forma de cogumelo provocada pelo impacto do meteorito que acredita ter resultado
na cratera de Sirente situada no Parque Regional de Sirente-Velino, Abruzzo,
Itália. Esta teoria, que não é apoiada pelos principais
historiadores, vai contra os mesmos problemas da teoria "milagrosa"
- o facto de uma gigantesca nuvem em forma de cogumelo teria sido notada
e comentada por muitas pessoas. Além disso, é difícil
perceber como poderia ter sido confundida com um símbolo Lábaro.
A teoria de Ormo anda lado-a-lado com uma longa linha de tentativas pseudo-científicas
para encontrar explicações racionais de visões e milagres,
tal como as escrituras de Velikovsky.
Na arte medieval, o tema do lábaro é incerto pela sua ausência,
aparecendo de repente na Renascença e nos períodos clássicos,
onde a expressão é frequentemente mostrada escrita no céu.
Eusébio poderá ter achado que o sonho mitema por si só
precisaria de um reinforço. Sobre o milagre, escreveu em Vita que
o próprio Constantino lhe teria contado esta história "e
confirmou-o com juramentos," mais tarde "quando fui considerado
merecedor do seu reconhecimento e de sua companhia". "Exactamente,"
diz Eusébio, "tivesse outro que não ele contado esta
história, não teria sido fácil de aceitá-la."
Entre os muitos soldados referidos no Arco de Constantino, que foi erigido
apenas três anos depois da batalha, o lábaro não aparece,
nem há qualquer pista da afirmação miraculosa de protecção
divina que tivera sido testemunhada, nem com Eusébio, entre outros
tantos. Uma grande oportunidade para o tipo de propaganda política
onde o Arco teria sido expressamente construído se na história
de Eusébio se pudesse confiar. A sua inscrição diz,
na realidade, que o Imperador salvara a res publica INSTINCTU DIVINITATIS
MENTIS MAGNITUDINE ("por instinto divino e por grandiosidade de mente").
Que divindade não é identificada, apesar de Deus Sol Invicto
(também identificado por Apolo ou Mitra) estar inscrito na cunhagem
de Constantino por esta altura.
Na sua Historia Ecclesiae Eusébio continua, dizendo que, depois da
sua entrada vitoriosa em Roma, Constantino erigiu uma estátua de
si, "segurando o sinal do Salvador (a cruz) na sua mão direita.".
Não há quaisquer outros relatos a confirmar tal monumento.
Desde então tem sido interpretado por cristãos por todo o
mundo como um símbolo de cristandade. Porque é composto pela
combinação chi e ró é por vezes referido como
o "monograma de Cristo". Cristãos Protestantes, especialmente
os Restauracionistas, rejeitam o seu uso por acreditarem ser de origens
pagãs - especificamente, um símbolo do deus sol - e pela falta
de uso dos primeiros cristãos, apesar de estar já em grande
uso por cristãos do século III, maioritariamente em sarcófagos.
A interpretação do seu uso como um símbolo especificamente
cristão é, no entanto, reforçado pelo facto de Juliano,
O Apóstata, o ter removido da sua insígnia e tê-lo restaurado
para uso dos seus sucessores cristãos.