O
Cristianismo como o Verbo Criador
Saint-Yves d'Alveydre ( o arqueometro)
O
Cristianismo foi a religião do Verbo Criador, Conservador e Salvador
desde os primeiros homens em seus Ciclos sociais, designados em cada época
com o nome dos patriarcas que as fundaram. Muito antes dos hebreus, os primeiros
povos da Índia registraram essas memórias em sua enorme documentação
histórica e mítica. AD-aM significa em sânscrito a unidade,
a universalidade e a indivisibilidade do conjunto, O mesmo patriarca é
nomeado pelos Kashidim sob o nome de Al-OuR-OShl, Deus-Luz, e este mesmo nome
invertido determina JeShU Espírito Santo-Deus.e O Verbo era, pois,
conhecido sob esse nome arqueométrico, e os patriarcas levantavam o
estandarte desse divino hierograma e o inscreviam com letras de ouro e de
pedras preciosas em suas frontes.
Como essa religião foi imposta à razão humana? Ela veio
da ignorância ou do terror, tal como afirma Voltaire? Nenhuma dessas
duas formas.-Essa religião nasceu de duas Revelações
que trouxeram aos homens o verdadeiro sistema do mundo e o verdadeiro sistema
da Humanidade.
A certeza está na verdade, realmente, a evidência está
na Luz. Mas a mesma evidência, mesmo que não mude, tem diversos
aspectos segundo o estado dos olhos, de sua abertura e seu ponto de vjsia;
não existe para os olhos que se fecham voluntariamente ou para os cegos.
O mesmo acontece para a certeza. Ela tem suas condições, seus
graus críticos, seus signos crisíacos, que correspondem no homem
à sua existência coletiva e individual, que ensina e é
ensinada, progressiva e regressiva. É o que a escola chama de critérios,
porém podemos acrescentar à essa palavra abstrata seu substrato
vivo.
Podemos dizer sem medo de errar que existem três critérios dentro
do espírito humano. De acordo com a ordem de sua influência,
são os que nos proporcionam:
1ª a Filosofia;
2ª a ciência;
3ª a Vida.
Se a filosofia ocupa, pela sua influência, a primeira categoria entre
esses três critérios, está muito longe de ocupar esse
lugar, tendo em vista seu valor real.
PRIMEIRO CRITÉRIO
Critérios dos Filósofos. - Suas Conseqüências sobre
a Vida Social. - A Ciência e a Vida.
Esse primeiro critério, o dos filósofos, não tem por
si mesmo nada além de um simples valor de opinião e de conjetura;
é uma tagarelice mais ou menos elegante, de acordo com a eloqüência
nativa; mais ou menos inocente, segundo a educação; porém
sempre semi-inconsciente e que tende a erguer no Princípio o individualismo;
na autoridade, a opinião; em todas as coisas, a anarquia. A primeira
parte desta obra e todas as nossas obras anteriores o comprovam exaustivamente.
A fórmula recuperada por Descartes; "Eu penso, logo existo",
evidentemente não é exata; pois o homem não vive somente
porque pensa, ele pensa porque vive, e o seu pensamento deriva proporcionalmente
da educação recebida pela vida e da instrução
que recebeu da ciência.
Se não estiver subordinada às outras duas, a via filosófica
não conduz à verdade, que é a Vida; afasta-se dela, e
a supremacia dos Filósofos no governo das sociedades normalmente contribui
com o declínio destas últimas.
Esse foi o destino do mundo antigo a partir da divisão das línguas
e do aparecimento do Naturalismo pagão. Babel começou entre
os judeus que haviam deixado a Babilônia, manteve-se o reino dos escribas
e dos fariseus; entre os gregos que haviam esquecido a Sinarquia órfica,
como os judeus, esqueceram de Moisés, os filósofos e sofistas
nos deram até o final a prova do que vale para o Estado Social o critério
filosófico por si mesmo. Enfim, vimos aqui mesmo, e ainda veremos,
qual a tendência e o destino atual da Europa, graças aos estudos
secundários que, desde o Renascimento, têm patrocinado a ressurreição
pagã, o despertar da anarquia mental e, em conseqüência,
governamental, digna filha da filosofia individual.
Terminado o primeiro critério, encontramo-nos em face dos outros dois:
a ciência e a vida.
A ciência é a verdade constitutiva do Universo visível,
seu fato consumado.
A Vida é a Verdade constitutiva dos dois Universos, o visível
e o invisível, seu Princípio legislativo verbal.
Esses dois critérios são objetivos. Ambos são demonstrados
pela observação e pela experiência. Ambos procedem da
Revelação, e essa dupla revelação é a religião.
O Universo visível e o Universo invisível estão um para
o outro como a relação existente entre exoterismo e esoterismo,
que são semelhantes, porém, inversamente proporcionais. Sua
concordância é a própria sabedoria.