Rosacruz
- Maçonaria - Martinismo
GOMebes - 1911
Não
queremos impor a ninguém a crença de que tenha existido, efetivamente,
uma Fraternidade fundada por Christian Rosenkreuz (1378 - 1484) e composta
de um pequeno conjunto de místicos castos; queremos, apenas, afirmar
o fato do aparecimento no astral de uma forma apresentando, nitidamente,
os ideais e caminhos de aperfeiçoamento dos quais, bem mais tarde,
tratou a famosa obra "FAMA FRATERNITATIS ROSAE CRUCIS". Nela,
esses ideais foram registrados em forma de um código; mas o despertar
da Egrégora aconteceu numa época bem anterior.
Estudemos como se apresenta para nós a Egrégora da Rosa-Cruz
inicial, segundo a obra acima citada e também conforme o "CONFESSIO
FIDEI R+C". É claramente visível que essa poderosa Egrégora
atraiu a si os fluidos de três importantes e amplos fluxos da Verdade:
o Gnosticismo, a Cabala e o Hermetismo da Escola Alquímica.
O "Ponto Superior acima do Iod" deste novo aspecto da Egrégora
Templária foi constituído pelo idéa do trabalho teúrgico,
visando a vinda do "Reino de Elias Artista" e por uma fé
inabalável de que este Reino virá no futuro.
O que quer dizer isso? Quem é "Elias Artista"?; de onde
surgiu "Elias" e por que "Artista"?
Na Bíblia, Elias e Enoch são símbolos de algo que é
levado ao vivo ao céu. No entanto, o caminho direto para o Empíreo
da metafísica está aberto somente aos fluxos da Verdade Absoluta.
Os Arcanos Menores do Livro de Enoch fazem parte de tais fluxos. Elias,
por sua vez, é como uma imagem mais concreta de Enoch, está
mais próximo de nós. Portanto, "Elias" e não
"Enoch".
Como é este Elias? Por quais caminhos pode ele nos levar aos Arcanos
Menores, à Reintegração Rosacruciana? Seria este o
caminho dos Bem-aventurados, caminho dos corações humildes
e plenos de amor, das mentes simples e sem malicia, mas possuidoras de uma
fé infinita?
Não. A Egrégora não era para eles. Era para os que
ha viam experimentado o refinado sabor do conhecimento e já não
podiam a ele renunciar, O "Elias Rosacruciano" conduz seus seguidores
aos Arcanos Menores pelo caminho difícil do estudo minucioso e profundo
dos Arcanos Maiores, uma analise engenhosa, constituindo verdadeira arte;
dai o nome "Artista".
O poderoso "Iod" com o qual a Egrégora modelava seus adeptos
expressou-se pelo símbolo imortal da Cruz+Rosa. Se i qual for a moldura
que acompanhe este símbolo, sejam quais forem os acréscimos,
sua parte central e essencial, permanece sempre a mesma.
A Cruz , símbolo da auto-renúncia, do altruísmo ilimitado,
submissão total às Leis Superiores, é um dos seus polos.
A Rosa perfumada de Hermes, símbolo da ciência e do aperfeiçoamento
nos três planos, envolve a Cruz.
Os vinculados ao símbolo da Rosa+Cruz, podem carregar a Cruz mas
não poderão remover dele a Rosa. Mesmo se os espinhos do conhecimento
os fizerem sofrer, não renununciarão à atração
de seu perfume. A Rosa é o segundo pólo do Binário
.
A tarefa do Rosacrucianismo é neutralizar este binário com
sua própria personalidade, harmonizar em si mesmo a Ciência
e a auto renuncia, fazê-las servir a um mesmo ideal . Um Rosacriciano
deve assemelhar-se ao terceiro símbolo que consta do pantaculo da
Rosacruz, o Pelicano, cujas asas permanecem abertas e que sacrifica-se por
seus filhotes, alimenta-os com seu próprio corpo, seu sangue e sua
carne.
No emblema, os filhotes do Pelícano são de cores diferentes.
Nos emblemas primitivos havia apenas três filhotes, simbolizando as
três Causas Primordiais; nos emblemas posteriores há sete,
simbolizando as sete Causas Secundárias, sendo cada um dos filhotes
de uma cor planetária diferente. Isso indica que o sacrifício
deve ser feito conforme a ciência das cores, ou seja, cada um dos
filhotes necessita um tratamento especifico.
Esse "lod' apresenta um tema a ser meditado por parte de cada um dos
verdadeiros Rosacrucianos.
O "Primeiro He" do Rosacrucianismo inicial era constituído
por um grupo de naturezas raras e excepcionais, capazes de unir o misticismo
à mais elevada intelectualidade.
O "Shin" do esquema Rosacruciano revestiu-se de uma certa auto-apreciação,
em conseqüência natural de se considerarem instrumentos escolhidos.
Havia tão poucas pessoas, capazes de satisfazer a essas exigências,
que a convicção da superioridade introduziu-se por si mesma.
Ela acentuou-se ainda mais, devido as severas regras da ética Rosacruciana,
que os eleitos introduziram em seu viver.
O culto , o elemento "Vau", expressava-se pela meditação
sobre os símbolos, especialmente sobre o grande pantáculo
da Rosa + Cruz e, em parte, pelas cerimônias místicas durante
as reuniões periódicas dos Rosacrucianos.
O "Segundo He", a "política" da Escola, constituiu-se
numa atividade que, de acordo com suas convicções, os Rosacrucianos
consideravam indispensável ao progresso da Humanidade. Devido a necessidade
da prudência, tanto essa atividade quanto as pessoas dos membros da
Corrente, eram envolvidas num estrito anonimato. Nesse "Segundo He",
podia-se perceber facilmente a reação, ainda não dissolvida
no astral puro, do violento ressentimento dos Templários contra a
Igreja Romana, ressentimento que chegou a criar os elementos formais do
Protestantismo.
O Rosacrucianismo inicial, como já sublinhamos, não podia,
naturalmente, contar com muitos adeptos, pois exigia deles características
que, em geral, se excluem mutuamente.
Mais tarde, no século XVI, da Escola inicial gradualmente aquilo
que poderia ser chamado de Rosacrucianismo secundário, Se o primeiro
era acessível somente a poucos , o segundo podia ser seguido por
todos os homens conscientes.
Se o primeiro exigia quase fanaticamente que seus seguidores adotassem regras
rígidas de auto-aperfeiçoamento, o segundo era caracterizado
por uma tolerância maior em todos os campos da mente e do coração.
O ponto acima do Iod é o próprio elemento "Iod"
permaneceram os mesmos. Visivelmente, mudou o "Primeiro He". O
Ambiente dos séculos XVI, XVII e, parcialmente, do XVIII, fecundado
pelos ideais Rosacrucianos, era o dos Enciclopedistas no melhor e mais amplo
sentido dessa palavra. Do adepto da nova Rosa+Cruz exigia-se uma multiplicidade
de facetas intelectuais, capacidade de especulação científica,
amplitude do horizonte mental e dedicação aos ideais. Na Corrente
Rosacruciana entravam tanto as naturezas altamente místicas como
fervorosos panteístas ou pessoas de mentalidade pratica. Todavia,
tornamos a repetir, eram aceitas unicamente pessoas notáveis por
sua inteligência e erudição, pessoas possuindo uma vontade
desenvolvida e concepções claras a respeito do trabalho a
desenvolver para a elevação da humanidade.
(A publicação do elemento Shin não foi autorizada pelo
Mestre).
O elemento "Vau", em linhas gerais, permaneceu idêntica
ao da Rosacruz inicial. Segundo os vários ramos da Escola, apareceram
pequenas diferenças no ritual de recepção dos novos
membros, nos rituais dos graus ou nas cerimônias, durante as reuniões
dos conselhos superiores. No elemento Vau, devem ser também incluídos
os métodos de transformação astral e de treinamento
da personalidade, acrescentados à prática básica de
meditação. A introdução desses métodos
era devida, em grande parte, à influência de várias
escolas orientais.
O 'segundo He" ou a "política da Escola", expressou-se
pela orientação de exercer sua influência na sociedade
contemporânea. No começo, essa influência tinha um caráter
puramente ético, mais tarde, fortemente realizador. Os ramos e sub
ramos do Rosacrucianismo Secundário possuíam seus programas
políticos particulares. Estes mudavam, naturalmente com o passar
do tempo, visando sempre as reformas políticas e religiosas mais
necessárias. Não obstante, a Egrégora Templária,
portadora do impressionante clichê da destruição do
plano Físico da Corrente de Jacques de Molay, vibrava na direção
da prudência cada vez que o Rosacrucianismo se preparava para dar
um passo decisivo no mundo externo, causando a escolha do modo de ação
mais seguro. Em conseqüência de uma destas vibrações
foi criada a Ordem Maçônica.
O astral muito sutil do Rosacrucianismo, apropriado ao ensino, não
possuia qualidades necessárias para lidar com problemas práticos
e adaptar-se aos condicionamentos e brutalidade dos homens. Podia ficar
prejudicado em sua base. A fim de evitá-lo, ao redor da Rosa E Cruz,
foi criado um invólucro mais material, melhor adaptado a contatos
e trabalhos externos: a MAÇONARIA.
A Maçonaria, isto é, a Maçonaria legítima do
Rito Escocês, com interpretação ético-hermática
do simbolismo tradicional, tornou-se a guardiã de "sua alma",
a Rosa+Cruz. Ela implantava, tanto no seu próprio ambiente, como
no mundo externo, o respeito para com os símbolos tradicionais e
para com seus intérpretes, os Rosacrucianos. Os Maçons espalhavam
ao redor de si a convicção de que o exemplo irrepreensível
de suas vidas e seu alto nível moral, tinham suas bases nos ensinamentos
iniciáticos.
A Maçonaria realizava as reformas decididas pelos Rosacrucianos,
protegendo-os, com suas próprias pessoas, contra a possível
hostilidade e as perseguições humanas no plano físico.
Os fundadores da Maçonaria, entre os quais ocupa um lugar proeminente
ELIAS ASHMOLE (1817-1692), com muita habilidade adaptaram para seu uso,
o sistema dos graus dos Maçons Livres, fazendo dele a base de seus
próprios três primeiros graus, os "simbólicos",
da Iniciação Maçônica. Este trabalho se iniciou
em 1646, e em 1717 existia já um sistema dos Capítulos da
Maçonaria Escocesa, plenamente organizado.
Assim, a Maçonaria tornou-se um instrumento indispensável
no trabalho do Iluminismo Rosacruciano, cuja "política"
(o "Segundo He") recebeu o nome de "Maçônica",
nome que guardou até agora. Os efeitos da política Rosacruciana,
alcançados pelos Maçons no mundo externo, receberam o nome
de "tiros de canhão". Entre outros, como "tiros de
canhão", foram consideradas as reformas religiosas de Lutero
e de Calvino, assim como a libertação dos Estados Unidos da
América do Norte da dependência britânica (Lafayette
e seus oficiais Maçons). Os Rosacrucianos se utilizavam dos Maçons,
tanto mais que entre eles escolhiam os que mereciam ser iniciados no Iluminismo
Cristão.
Contudo, cada medalha tem seu reverso. Enquanto a Maçonaria foi uma
organização submetida ao Rosacrucianismo, enquanto praticava
o princípio da Sucessão Hierarquica por transmissão,
ela cumpria sua tarefa e não havia problemas.
Infelizmente , diversos ramos bastante fortes resolveram introduzir o método
de eleger seus dirigentes, rejeitando assim o princípio hierárquico
tradicional .Em decorrência, o trabalho maçônico começou
a mudar seu caráter e, de evolutivo, passou a ser quase revolucionário.
Um momento importante neste novo rumo foi a dissidência de Lacorne
e seus seguidores (em 1773) que, numa cisão, separaram-se da Maçonaria
legítima e fundaram uma nova associação que passou
a ser conhecida sob o nome de "Grande Oriente da França".
Com isto concluiremos o nosso breve esboço relativo à Maçonaria
e passaremos ao fim do século XVII, para analisar uma das correntes,
ainda existente, do antigo Iluminismo Cristão.
Ao redor do ano de 1760, o famoso Martines de Pasqualis (ou Pasqually) fundou
uma fraternidade de "Seletos Servidores do Sagrado", os "ELUS
COHENS", com nove graus hierárquicos. Os três graus superiores
eram Rosacrucianos.
A Escola de Martines era mago-teúrgica, com forte predominância
de métodos puramente mágicos. Após a morte de Martines,
seus dois discípulos preferidos, Willarmooz e Louis Claude de Saint
Martin, alteraram o caráter dessa Corrente.
Willarmooz lhe deu um colorido maçônico e Claude de Saint Martin,
um escritor conhecido sob o pseudônimo "Filosofo Descolhecido"
encaminhou a Corrente para o lado místico-teúrgico. Contrariamente
a Willarmooz, ele favorecia uma Iniciação liberal e não
as regras das Lojas Maçônicas. A influência de Saint
Martin predominou e criou uma Corrente chamada "Martinismo".
A Egrégora do Martinismo que possuia sua Maçonaria, seu círculo
externo "encarnou" solidamente em todos os paises da Europa. Ela
era constituída, aproximadamente, do seguinte modo:
O ponto acima do Iod, correspondia à harmonização ética,
do ser humano. O "Iod" baseava-se na filosofia espiritualista
das obras de St. Martin, que variava, um pouco , segundo diversas épocas
da vida do escritor. O "Primeiro He"era constituído por
um grupo de pessoas muito puras e desinteressadas, possuindo aspirações
místicas mais ou menos pronunciadas, pessoas prontas a qualquer trabalho
filantrópico O elemento Shim era inexistente, provavelmente em virtude
do caráter do "Primeiro He". Os idealistas puros que aspiravam
a harmonia interna, não necessitam de um imã para atrair adeptos.
O elemento ''Vau'' se limitava a um ritual muito simples, a oração
e a cerimônia de Iniciação notável pela sua simplicidade.
É verdade que alguns maçons, entre os Martinistas davam mais
importância ao ritual e este em certas Lojas, tornou-se até
imponente por sua magnificência; todavia nós frisamos agora
o Martinismo puro, independente de qualquer acréscimo maçônico.
No Martinismo todo valor era dado a meditação, à formação
interna do "Homem de Aspiração" e não ao
ambiente mágico, como foi o caso do Martinezismo ou do Willemozismo
.
O "Segundo He" do Martinismo consistia do trabalho filantrópico
de seus membros ajuda aos necessitados e sofredores , evitando toda manifestação
espetacular, na recusa de qualquer compromisso ético ao deparar-se
com as influências externas e, em uma modéstia, simplicidade
e presteza no adaptar-se a quaisquer condições externas de
vida. Essas qualidades impressionavam fortemente todas as elites sociais
contemporâneas.
Embora a Iniciação Martinista na época do Primeiro
Império e, posteriormente, até a oitava década do século
XIX, se transmitisse por um liame multo tênue, o Martinismo contava
em suas fileiras pessoas de ato valor, como Chaptal, Delage, Constant e
outros.
Aproximadamente, na oitava década , o bem conhecido Stanislas de
Guaita, querendo recriar uma corrente mais esotérica, fundou a "Ordem
Cabalistica da Rosa + Cruz", obedecendo o esquema seguinte:
O "Ponto acima do Iod" consistia numa conciliação
da ciência acadêmica oficial com os ensinamentos esotéricos
acessíveis, objetivando criar um trabalho frutífero, em conjunto,
dos representantes dos dois aspectos do conhecimento.
O "Iod" resumia-se em uma síntese de todos o conheci mentos,
acessíveis tanto pela pesquisa científica, quanto pelo estudo
da Tradição.
O "Primeiro He" era de novo o ambiente dos Enciclopedistas, mas
infelizmente, Enciclopedistas fracassados. Em nossa época, as pessoas
capazes progridem rapidamente dentro de sua profissão ou especialização
e, muitas vezes, falta- lhes o tempo para se desenvolver em outros sentidos,
enquanto os que fracassaram em sua direção particular, procuram
geralmente um derivativo no Enciclopedismo, que lhes forneça uma
compensação. Para um observador superficial, tais pessoas
podem aparentar possuírem uma inteligência de muitas facetas,
assemelhando-se, através disso, às pessoas realmente excepcionais
como o foram os membros do Rosacrucianismo inicial.
O elemento "Shin" da nova Egrégora era a perspectiva, atraente
para os fracassados, de receber, devido ao prestígio da Rosacruz,
a mesma consideração que os reconhecidos luminares da ciência
oficial.
O elemento "Vau" era o trabalho de reeditar, traduzir e comentar
as obras clássicas relativas ao ocultismo, que naquela época
tornaram-se raridades bibliográficas, de preços quase inacessíveis,
mesmo às pessoas bem situadas materialmente. Neste campo, os Rosacrucianos
de Paris fizeram um trabalho muito útil e mereceram uma profunda
gratidão dos que reverenciam os grandes monumentos deixados pela
Tradição.
O pior elemento do sistema revelou-se o "Segundo He", manifestado
como uma política oportunista, a fim de atrair o mundo universitário.
As teses tradicionais, na sua explanação, eram alteradas para
fazê-las concordar com as últimas obras científicas,
perdendo assim o seu valor. O empenho de certos Rosacrucianos em obter a
aprovação dos representantes da ciência oficial, prejudicava
naturalmente o prestigio da Escola. Por outro lado, as tentativas de uma
parte de seus membros, para atenuar as teses Rosacrucianas, a fim de não
contrariarem demais a Igreja Romana, levaram a uma cisão dentro da
própria Escola (o afastamento de Peladan). Em geral, ainda no tempo
de Guaita, a situação tornou- se precária. Foi feita,
por isso, uma tentativa de aproximação com a Maçonaria,
o que, deturpando as finalidades da Ordem, precipitou sua queda. Ela existe
ainda.
Paralelamente com a fundação da Ordem Cabalística da
Cruz Rosa, S. de Guaita procurou dar uma nova e grande amplitude à
Corrente Martinista. O "Neo-Martinisnio" de Guaita, tornou-se
bem diverso da corrente inicial, toda via, o Neo-Martiúismo adotou
o ritual Martinista da Iniciação grau de S:::I::: ( Superior
Incógnito - NT) e neste ritual baseou seu simbololismo.
As Ideais de Saint Martin e a formação interna do Homem de
Aspiração não podiam satisfazer o enérgico Guaita,
atraído demais para os resultados visíveis. Ele não
admitia nenhuma interrupção voluntária da atividade
externa, mesmo quando necessária para magnetizar o ambiente. Nas
obras de Guaita encontram-se mesmo, muitas vezes palavras irônicas
a respeito de tais interrupções.
Para que a quase renascida Egrêgora de Martines Pasqually pudesse
trazer à nova Ordem da Cruz + Rosa adeptos escolhidos entre os mais
capazes S:::I::: do novo Martinismo foi preciso introduzir no esquema do
mesmo, uma grande tolerância no campo dogmático.
O ponto acima do Iod permaneceu, como antes, a harmonização
ética interna.
A escolha do elemento "Iod" foi deixada ao livre arbítrio
de cada membro da Corrente Neo-Martinista. Naturalmente, as obras de Saint
Martin conservavam o seu papel de linha mestra.
O elemento "He", como conseqüência da livre escolha
do elemento "Iod", veio a ser constituído por círculos
de diversas tonalidades e valores. Aí podiam ser encontrados os cansados
da busca religiosa, os decepcionados com a ciência oficial, os que
não conseguiram ingressar na Maçonaria e procuravam algo equivalente,
os impressionados pelo uso dos emblemas místicos, os que se deleitavam
em debates versando temas do ocultismo durante as reuniões, os simplesmente
curiosos, sempre prontos a ingressar nas organizações "misteriosas".
Havia também aqueles que chegaram à conclusão de que
era preferível tornar-se membro de qualquer corrente, a permanecer
sem nenhuma proteção egregórica.
Como a Ordem da Cruz+Rosa recebia e recebe até agora somente os que
passaram pelos três primeiros graus do novo Martinismo, entre os últimos
podiam ser sempre encontradas algumas pessoas adequadas a se tornarem instrutores
na corrente Martinista e orientar o desenvolvimento de seus membros. Foi
isso que sustentou e vivificou o Martinismo que cresceu consideravelmente
depois de Guaita, e conta agora com um grande número de adeptos.
Atualmente, seu Conselho Superior está chefiado pelo Dr. Gerard Encausse,
escritor e propagador do ocultismo, mais conhecido sob o pseudônimo
"Papus" ( este artigo foi escrito por GOMebes em 1911 - NT)
Devido a diversidade das tendências e dos níveis evolutivos
de seus membros, o "Shin" da nova Corrente Martinista foi formado
por vários elementos, A uns atraía o ritual, a outros a solidariedade
existente entre os membros da Corrente. A uns, a possibilidade de desenvolvimento
interno; a outros, a pureza da transmissão do poder, etc.
O elemento "Vau" além das cerimônias místicas,
a unirem os Martinistas, consistia em meditação obrigatória
acerca de temas determinados e, facilitando essas meditações,
palestras dos instrutores abordando assuntos iniciáticos.
O "Segundo He" consistia numa política, bastante passiva,
de aguardar o progresso ético da sociedade, colaborando neste sentido
com o exemplo de uma vida em acordo com sua consciência. Muitos círculos
Martinistas acrescentavam, a esse modo de viver, um elemento mais ativo,
filantrópico ou algum outro. Todavia, estas atividades particulares
não de vem ser levadas em consideração numa análise
dos princípios Egregóricos.