Arcano
1
GOMebes - 1912
Símbolo Gráfico: o ponto geométrico.
Os seres humanos
individuais juntam-se em diversas unidades sociais, formando egrégoras
familiais, tribais, nacionais, raciais ou, finalmente, a egrégora
de toda a humanidade terrestre. As unidades individuais não s dissolvidas
dentro dessas egrégoras, mas conservam seu caráter particular,
enriquecendo determinada egrégora com sua contribuição
individual. No entanto, o uso de constrangimento, para incluir as unidades
dentro de uma coletividade, produz resultados diferentes. As potencialidades
individuais não podem desenvolver-se livremente; são sacrificadas
e apagadas pelas leis do grupo que lhes foi imposto. Nesse caso, não
se forma uma egrégora; forma-se apenas um agregado artificial.
Tudo quanto existe começa na Unicidade. Esta se complica e multiplica
para, com o tempo, voltar de novo à Unicidade, O mesmo princípio
rege a existência do ser humano.
O Arcano 1 corresponde s potencialidades existentes no ser humano, às
suas possibilidades de realização que ainda não se
tornaram dinâmicas. Na lamina, o bastão não foi ainda
abaixado, isto é, a realização ainda é latente.
Os objetos que se encontram na mesa, diante do homem, junto com o bastão
que sua mão segura, são símbolos dos 4 naipes dos Arcanos
Menores, mas dentro da limitação dos Arcanos Maiores. São
os 4 elementos da Lei lod-He-Vau-He, através dos quais se efetua
a passagem gradual de Aleph e Thav.
O Arcano I é o mais metafísico e o mais sintético de
todos. Contém em si o sistema completo, apesar de, exterior mente,
nada se manifestar. Seu símbolo - o ponto geométrico - expressa
perfeitamente a essência do Arcano. Um ponto geométrico parece
irracional, pois, não possuindo dimensões, não pode
ser expressado no plano físico. No entanto, é profundamente
real, pois tudo o que aparece começa por um ponto. O ciclo dos 22
Arcanos começa no Arcano 1, e volta ele novamente, para recomeçar
um novo ciclo, num nível mais elevado
Lamina sobre o cubo, no fundo, vemos uma taça vermelha, com o pé
reto. Mais na frente, vemos uma espada preta. Ainda mais para a frente,
uma moeda vermelha na qual há uma cruz de braços iguais.
O homem parece ser formado por turbilhões que, ao re dor dele, formam
uma aura azul-lilás. O braço levantado segura um bastão
preto.
Os hieróglifos do Arcano 1 são: o PONTO e o HOMEM (ser masculino).
A lâmina expressa, entre outros, três conceitos: o Arquétipo
(co), o Homem (princípio +) e a Natureza (princípio -).
O homem está pronto para agir, mas sua ação ainda não
começou. Trata-se de um processo interno de conscientização,
um estado do mundo do "Eu", mundo de números, a coisa "em
si". A imagem sugere o papel do dirigente da orquestra cuja batuta
parou no ar; mas, dentro de um instante, ouvir-se-á a musica e nascerá
uma harmonia formidável.
Mebes, durante suas aulas, dizia: "Falando do Arcano 1, penso menos
sobre o que tenho a dizer do que sobre o que não falar".
A disposição dos braços indica a polarização
do Uno que inclui os princípios dinâmico e estático,
enquanto a figura, em sua totalidade, simboliza o Uno, possuindo também
indícios da Trindade.
O bastão simboliza o princípio ativo; a taça, o passivo;
a espada, o ativo, mas, poder-se-ia dizer, um ativo em segundo plano, nascido
dos dois precedentes. A moeda, o passivo, o resultado, a conseqüência
dos três precedentes, unindo-os em um só ciclo.
Ë necessário ressaltar que os quatro objetos são inativos
e que um deles, o pau, é separado dos outros. O Mago o pegou e o
levantou, o que significa a preparação para a atividade, para
a realização.
O uso das duas cores - vermelho e preto - no sentido inverso, isto é,
vermelho para o passivo e preto para o ativo, significa que cada atividade
possui em si o princípio passivo e vice-versa: cada passividade pode
ser manifestada como princípio ativo. Em outras palavras, isso sublinha
a natureza sintética dos símbolos utilizados e, também,
a relatividade dos conceitos "ativo" e "passivo" nos
planos superiores.
Se o pau levantado sublinha a idéia da dinâmica, o cubo expressa
a idéia da realização, da forma, isto é, afirma
o princípio de estática.
Pelo seu simbolismo numérico, o cubo inclui em si todo o sistema
dos Arcanos Maiores, ou seja: três dimensões espaciais (iguais
entre si) que expressam uma forma espacial, acabada; seis planos (superfícies)
que limitam um espaço e o próprio espaço limitado,
isto é, sete elementos. As intersecções dos planos
formam doze linhas.
Ás vezes, a idéia do cubo é representada pela chamada
cruz espacial. A explicação da composição do
cubo pode servir de exemplo de como a Tradição sintetiza seu
ensinamento e fórmulas lacônicas e como, de modo simples, O
Arcano expressa a idéia de tudo o que existe.
Um dos aspectos importantes do Arcano 1 é seu ensinamento sobre a
composição triplânica do Universo e do ser humano. Na
lâmina essa idéia é simbolizada pelos três objetos
de ouro (ouro, atividade evolutiva, solar): o signo do Infinito acima da
cabeça, a fita ao redor da testa e o cinto. É simbolizado
também pelo cubo branco, encontrando-se hierarquicamente abaixo,
mas na mesma linha perpendicular. Esses símbolos significam a Trindade
unificada em um só Todo sob o influxo da Força Superior, transferida
através do Mago aos planos inferiores. As vestimentas brancas do
Mago simbolizam á síntese e a pureza que caracterizam seu
trabalho, O signo do Infinito - a harmonia e o eterno movimento. A fita
e o cinto de ouro - a atividade, O branco luminoso do cubo - a necessidade
do ideal nas realizações.
A fita e o cinto correspondem à localização dos plexos
energéticos da cabeça e da região emocional. Os centros
inferiores estão escondidos pelo cubo, isto é, suas energias
ainda não se materializaram. Em outras palavras: o pensamento precede
a ação e o espírito determina o tipo da matéria
realizada.
O hieróglifo do Arcano 1 - um ponto - não tem dimensão
e é, portanto, uma analogia do princípio espiritual, absoluto
e inacessível, mas indispensável na existência humana.
O ponto é um conceito abstrato e, no entanto, a base de qualquer
figura geométrica.
O Arcano 1, como Arcano da Unicidade, contém em si a doutrina da
unificação da Pluralidade, ou seja, da transformação
da Pluralidade em uma Unicidade superior sob a influência de alguma
força que permeia todos os múltiplos componentes e os mantém
unidos. No mundo material, como exemplo, pode servir um organismo vivo que,
apesar de ser composto de inúmeros elementos diferentes, forma uma
totalidade unida, individual.
Estudando a natureza da unificação de pluralidade é
fácil constatar que as unidades do mesmo tipo, unindo-se, podem formar
uma unidade superior. No mundo humano, a unidade superior pode ser criado
somente quando existe uma poderosa idéia criativa dando a esta formação.
No mundo astral, essa unidade é chamada Egrégora. Se essa
unidade sofre uma derrota no plano superior, sua manifestação
no plano material (por exemplo, alguma comunidade humana) decai e desaparece.
O nome "magus" palavra muito antiga significa: iniciado na ciência
oculta. Dessa palavra vieram muitas outras, tais como magister, meister
( mestre), etc.
O nome Francês do Arcano "Le Bateleur" corresponde ao aspecto
degradado do magnus. Trata-se de um prestidigitador comum. Os dois nomes
implicam que o verdadeiro mago pode, às vetes, querer parecer um
simples prestidigitador.