A Luz é parte do Convênio Divino
com o Homem.
Louis Claude de Saint Martin
Mas o Homem
teve sua origem não só nas Fontes da admiração,
do desejo e da vontade, mas também na Fonte da Luz, e esta Luz, conseqüentemente
também formou uma das bases do pacto divino com o Homem.
Por esta razão, o Homem é o primeiro componente da relação
entre ele próprio e todos os objetos naturais e espirituais à
sua volta. Por esta razão, se o Homem não esclarecer a si
mesmo a respeito de sua própria existência, nunca esclarecerá
nada a respeito da existência de qualquer outra criação
ou ser emanado.
O Homem é a escala de medida para todas as criaturas.
De fato, se o Homem teve sua origem na real fonte da admiração,
do desejo, da vontade e da luz - em uma palavra, na fonte da realidade -
ele se torna, na sua qualidade de ser real, a escala de todo objeto e criatura
que assemelhe-se a ele, podendo medir sua existência, leis e ação,
apenas através daquilo em que eles diferem de si mesmo: uma profunda
e importante verdade, que muitos parecem desprezar, mas que só afastam
da indolência somente quando crêem afastá-la da modéstia.
Esta verdade é, além do mais, provada pelas experiências
diárias daquilo que se passa entre os homens. Pois, como os homens
se tornam juizes e arbitrários nas ciências, leis, artes e
instituições, em resumo, em tudo aquilo que preenche sua vida
transitória? Não é por começar a dominar, tanto
quanto possível, os princípios relacionados a cada assunto?
E assim que tenham penetrado completamente estes princípios e os
tornado seus próprios princípios, então eles os tomam
como grau de comparação para tudo aquilo que lhe é
dado a examinar: quanto mais os homens estão preenchidos com o conhecimento
destes princípios fundamentais, mais se espera que sejam capazes
de julgar corretamente, e determinar o valor e a natureza dos assuntos submetidos
ao seu tribunal.
A santa raça do Homem, engendrada na Fonte da admiração,
do desejo e da inteligência, foi, então, estabelecida na região
do tempo ilimitado, como um orbe luminoso de onde ele deveria irradiar amplamente
uma luz celeste: em poucas palavras, o Homem era um ser, situado entre a
Divindade e o traidor, que na região espiritual podia produzir, à
vontade, explosões de relâmpagos e trovões, ou a serenidade
do silêncio; carregar as correntes da culpa, e lançar-se nas
trevas, ou imprimir os sinais de consolo e amor nas regiões da paz.