Há quem considere os homem e as mulheres que tem como filosofia pessoal o Martinismo, seres especiais dotados de poder, conhecimento e virtudes acima do que a maioria dos mortais pode um dia reunir. Logicamente esta imagem deve ser desfeita, até porque, nossa condição atual já demonstra total fragilidade espiritual e conseqüentemente a necessidade da experimentação na matéria em sucessivas encarnações, portanto se estamos na matéria, nosso estágio evolutivo não é de fato nem superior nem elevado, salvo a raras exceções.

Daí decorre alguns porquês na mente daqueles que estão inclinados a estudarem a filosofia ou se afiliarem a uma Ordem Martinista. Se o martinismo não me dará "poder" sobre as "coisas" e as pessoas, porque eu devo me dedicar e me esforçar para ser um bom iniciado? Para ser uma pessoa normal, não demando sacrifícios pessoais e muito menos os riscos previstos a quem se aventura pelas ciências ocultas.

A resposta a esta primeira indagação merece dois esclarecimentos importantes: se alguém ou alguma organização martinista lhe oferecer em troca de sua dedicação e estudo, qualquer tipo de domínio sobre as leis da matéria ou ainda hierarquia sobre os seres humanos ou animais, afaste-se! No mínimo trata-se de um engodo. Logicamente nem estamos cogitando a possibilidade do envolvimento pecuniário como condição para a iniciação, visto que é totalmente abominável e contrária a filosofia Martinista qualquer pagamento para tal.

O Martinismo não foi idealizado para que seus praticantes sejam canonizados ou que sirvam de ícone de todas as virtudes humanas. O martinista deve ser principalmente um exemplo para si mesmo, um retificador de seus próprios erros, um vetor de sua própria evolução espiritual, se isto for alcançado, ótimo, travou-se o bom combate. Se ele servir de exemplo para mais uma pessoa, muito melhor, se ele reunir virtudes para servir de exemplo a um pequeno grupo isto é quase a perfeição.

O Martinismo tem várias máximas, talvez a mais importante seja : quando um individuo se eleva à humanidade se eleva como um todo. Portanto o Martinismo, embora possa e deva ser praticado em conjunto, é um caminho solitário, pautado exclusivamente pelo esforço do Iniciado e conduzido pelo seu Iniciador, seja ele físico ou simbólico.

O Homem pode alcançar o domínio de si mesmo, pode chegar a níveis elevados de conhecimento esotérico e místico estudando com afinco as obras formuladas pelas mais brilhantes mentes do passado, mas isto é muito difícil. O Homem pode alcançar a compreensão da Glória do Criador freqüentando uma religião e se dedicando a ela com respeito e voluntarismo, isto é bastante plausível, mas a tarefa será muito mais fácil e proveitosa se este Homem (ou mulher é claro) for um estudante dedicado, uma pessoa voltada aos princípios de uma religião e tiver a oportunidade de ser conduzida ao oculto por intermédio do ritualismo e da iniciação tradicional e responsável, isto sim lhe dará o poder maior, o poder sobre suas decisões, pois ele se tornará um Homem de Desejo e não um Homem da torrente que é levado pela ventania e pelas marés.

Ao assumir um caminho iniciatico o obreiro está assumindo um compromisso consigo mesmo, pois como já afirmamos, ele individualmente terá sob sua responsabilidade o auto crescimento, a auto evolução, e consequentemente a evolução de toda a Humanidade, não é esta uma tarefa Sublime?

Daqueles que são ignorantes sobre as leis universais, o Criador é benevolente, daqueles que conhecem as Leis Superiores e não as pratica ou as negligencia, o Criador aplica a lei da compensação. Assim é a Iniciação verdadeira, um livro aberto ao Iniciado, mostrando a ele suas responsabilidades e fornecendo a este a oportunidade de dominar seus ciclos e lapidar as qualidades superiores. Para o iniciado isto tudo somado a Providencia lhe basta, talvez não para o despreparado.

Quando um profano assume trilhar o caminho do equilíbrio ele está submetendo sua alma ao sopro tradicional, aí então não há mais volta, ele foi definitivamente apresentado aos Mestres Passados como um soldado, um guerreiro da Verdade e da Luz, neste exato momento mais uma chama é acesa na escuridão, mais Luz foi lançada sobre as trevas da Ignorância.

Infelizmente, esta sua decisão pode trazer, desafortunadamente, obstáculos a serem transpostos pois quando uma Luz é acesa no Éter, as forças contrárias, ou seja, as trevas, lutarão pelo estabelecimento de um novo equilíbrio, o que significa dizer que a primeira batalha deste novo soldado será contra a calunia, a mentira e a difamação que são os instrumentos que a raiz da arvore da vida utiliza para tentar reverter o novo patamar atingido. Por ter vislumbrado a Verdade, o obreiro será obrigado a combater diuturnamente. As vezes mesmo sendo amparado pela lei mundana contra seus algozes, ele irá declinar de seus direitos frente a lagrima de uma mãe.

Este é o motivo por se dizer que muitos serão chamados e poucos escolhidos, pois poucos têm dentro de si firmeza suficiente, amor suficiente, maturidade suficiente para trilhar o caminho da diversidade e sair vencedor. Mas a vitória final, a reintegração tão desejada e tão almejada, somente será conquistada passo a passo, com o trabalho resoluto de mentes e espíritos que compreendem suas obrigações e desejam de fato fazer algo pela evolução da humanidade, sem distinções políticas, religiosas, sociais ou étnicas, visto que a raça humana é em ultima analise, amados irmãos.

Outros porquês surgem, vamos nas próximas atualizações discorrer sobre cada um.