Jerusalém durante as Cruzadas
O reino baseava-se no sistema feudal, à semelhança da Europa à época, embora com diferenças: o modo de produção agrícola continuou a ter muçulmanos ou cristãos ortodoxos à frente, os quais se reportavam nominalmente aos nobres latinos donos das terras; estes, porém, preferiam permanecer nos centros urbanos, em geral, e em Jerusalém, em particular. As comunidades agrícolas eram, portanto, relativamente autônomas e não deviam serviço militar (ao contrário do que ocorria com os vassalos na Europa). Com isso, os exércitos cruzados costumavam ser pequenos e recrutados dentre famílias francesas nas cidades.
O caráter urbano da região e a presença de mercadores
italianos fizeram surgir uma economia mais comercial do que agrícola;
a Palestina sempre fora um entreposto comercial e, agora, incluía
rotas européias.
Como a nobreza preferia residir em Jerusalém (e não nas suas
respectivas terras), exercia uma influência grande sobre o rei e formavam
a chamada Haute Cour ("alta corte", em francês), uma forma
primitiva de parlamento. Dentre as responsabilidades da cortes, destacavam-se
a confirmação da eleição de um rei, questões
financeiras e o recrutamento de exércitos.
O problema da falta de soldados para o exército foi amenizado com
a criação das ordens militares. Os Cavaleiros Templários
e os Cavaleiros Hospitalários formaram-se nos primeiros anos do reino.
Embora seus quartéis-generais estivessem em Jerusalém, mantinham
guarnecidos vastos castelos e adquiriam terras que outros nobres não
pudessem mais manter. As ordens militares estavam sobre controle direto
do papa, não do rei: eram basicamente autônomas e não
deviam, em tese, nenhum tipo de serviço militar ao reino, embora
na prática participassem de todas as grandes batalhas.
Os estados cruzados em 1140
Em 1131, Balduíno II foi sucedido por sua filha, Melisende, que reinou
juntamente com o marido, Fulque. Durante seu reinado, Jerusalém conheceu
o auge da expansão econômica e artística. Fulque, um
renomado comandante militar, logrou conter a ameaça representada
pelo atabey de Mossul, Zengi. Mas a sua morte acidental em 1143 permitiu
a Zengi tomar Edessa. Melisende, agora regente em nome de seu primogênito
Balduíno III, nomeou Manassés de Hierges como condestável;
em 1147 chegariam as tropas da Segunda Cruzada.
Balduíno III depôs a sua mãe em 1153 mas restaurou-a
no papel de regente no ano seguinte. Também no mesmo ano, Balduíno
logrou conquistar Ascalon aos Fatímidas. Por outro lado, Nuredin
(ou Nur-Al-Din) unificou a Síria muçulmana ao tomar Damasco,
agravando a ameaça contra os cruzados.
Balduíno III morreu em 1162 e sucedeu-o seu irmão, Amalrico
I, cujo reinado foi dedicado a disputar o controle do Egito contra Nuredin
e Saladino. Apesar do apoio do imperador bizantino, Manuel I Comneno, Amalrico
não conseguiu o seu intento; sua morte e a de Nuredin fortaleceram
a posição de Saladino.