Cruzada dos Nobres Na Europa
Em 1095, e em resposta a um apelo do Império Bizantino, o novo papa,
Urbano II, proclamou uma guerra santa contra as forças islâmicas
que estavam na posse de Jerusalém e dos outros lugares santos da
Palestina. A idéia das cruzadas ganhou ímpeto por toda a Europa,
me parte devido ao zelo religioso, uma vez que papa prometia que todos os
pecados seriam perdoados a quem tomasse a cruz.
Os filhos não primogenitos de nobres, como Godofredo, viram a oportunidade
de estabelecer um domínio seu no exterior, em terras que se podiam
conquistar aos muçulmanos. Este foi o segundo movimento da Primeira
Cruzada, ou a Cruzada dos Nobres, tendo ocorrido anteriormente a fracassada
Cruzada Popular, que por onde passara na Europa causara muita destruição
e fora aniquilada na Ásia Menor.
Godofredo tinha adoecido (o que nesta época supersticiosa era considerado
um castigo por faltas cometidas) pouco depois da expedição
contra Gregório VII, pelo que é provável que a sua
participação nas cruzadas fosse também uma forma de
penitência para expiar o pecado de lutar contra o papa.
Assim, vendeu Bulhão ao príncipe-bispo Otberto de Liège
e Stenay ao príncipe-bispo de Verdun, e tomou empréstimos
sobre a maioria das suas terras. Com este dinheiro juntou um exército
de cavaleiros para o acompanharem à Terra Santa. Também os
seus irmãos, o agora conde Eustácio III de Bolonha, o mais
velho, e Balduíno, o mais novo, que não possuía terras
de importância na Europa.
Muitos outros nobres, de maior ou menor importância, juntaram o seu
próprio exército. Raimundo de Saint-Gilles tinha o maior número
de seguidores. Aos 55 anos de idade era o mais velho e talvez o mais célebre
cruzado, e por causa disto tencionava ser o líder de toda a expedição.
Ademar de Monteil, o legado papal e bispo de Le Puy, viajava com este conde
de Toulouse.
Godofredo de Bulhão e outros barões no palácio imperial
de Aleixo I ComnenoOutros dos mais importantes participantes desta cruzada,
que não incluíu nenhum rei, foram o conde Roberto II da Flandres,
Hugo de Vermandois, filho do rei Henrique I da França, e Boemundo
de Taranto, um cavaleiro normando que já enfrentara os bizantinos
devido à política externa do seu principado. Cada um destes
exércitos viajou em separado, uns atravessando a Europa de Leste
e outros navegando pelo mar Adriático a partir do sul da Itália.
Os irmãos bolonheses iniciaram a longa viagem para Jerusalém
em 15 de Agosto de 1096, à frente de provavelmente 40.000 homens
da Lorena, pela "Estrada de Carlos Magno" como, segundo o cronista
Roberto o Monge, Urbano II terá chamado a este trajecto (que passava
por Ratisbona, Viena, Belgrado e Sófia). Ao passarem pela Hungria,
depois dos distúrbios causado pela Cruzada Popular e de agora algumas
pilhagens dos francos, o rei Colomano exigiu um refém para garantir
a conduta correcta dos cruzados. Por isso o jovem Balduíno ficou
em poder dos húngaros até os seus companheiros saírem
deste território.
Depois de entrar nos domínios do Império Bizantino, houve
algumas escaramuças com os gregos, que também tinham sido
vítimas da Cruzada Popular. Os bolonheses foram o segundo exército
a chegar a Constantinopla, em Novembro, depois de Hugo de Vermandois, e
mais uma vez não conseguiram evitar que as suas forças pilhassem
os territórios vizinhos. O imperador Aleixo I Comneno foi forçado
a ceder um refém aos cruzados para repôr a paz, e o escolhido
foi o seu filho e futuro imperador João II Comneno, que foi confiado
a Balduíno.
Durante vários meses foram chegando mais forças cruzadas,
e subitamente os bizantinos tinham um exército de cerca de 4.000
cavaleiros e 25.000 soldados a pé acampados às portas da sua
capital. Mas os cristãos ocidentais e orientais tinham objectivos
diferentes: os segundos queriam ajuda para reconquistar as terras que os
turcos seljúcidas lhes haviam tomado.
Para os cruzados que pretendiam conquistar a Terra Santa e estabelecer lá
um domínio cristão, os problemas de Aleixo I com os seljúcidas
eram uma questão menor. Mas como condição para permitir
a passagem dos cruzados para o Levante através do Bósforo,
o imperador bizantino exigiu deles um juramento de vassalagem. Godofredo
e quase todos os outros nobres acabaram por concordar com uma versão
alterada deste juramento, prometendo ajudar a devolver algumas terras a
Aleixo. E na Primavera de 1097 estavam prontos para a batalha.