Martinismo E Franco-Maçonaria
Segundo Papus
Os escritores que se ocuparam do Martinismo, sobre tudo os clérigos, confundiram muitas vezes com uma má fé voluntária o Martinismo com a Franco-Maçonaria. O Martinismo, não exigindo nenhum juramento de obediência passiva de seus membros e não lhes impondo nenhum dogma (muito menos o dogma materialista ou clerical) deixalhes inteiramente livres em suas ações; ele é independente da Franco-Maçonaria como ordem, tal como é praticada atualmente na França.
Como toda a ordem de iluminados, o Martinismo dá acesso, em algumas
reuniões, a Franco-Maçons instruídos (sobretudo a membros
do Rito Escocês) quando possuem pelo menos o grau 18 (Rosa-Cruz);
mas essas relações limitam-se a uma simples questão
de delicadeza. Os Martinistas contemporâneos não agem de maneira
diversa nas mesmas circunstâncias, como agiram seus antepassados dos
Conventos de Gaules e de Wilhemsbadt.
Portando o nome cabalístico do Cristo e o reconhecimento do Verbo
Criador na mente, em todos os seus atos, o Martinismo só pode manter
relações com potências maçônicas que trabalhem
segundo a constituição dos Rosa-Cruzes Iluminados, que fundaram
a Franco-Maçonaria. Todo rito que subtrai Deus de suas pranchas e
transforma, sem referências tradicionais, o simbolismo que lhe confiaram,
não existe mais para os Martinistas, assim como também para
todos os iniciados de um centro real e sério.
Eis porque o Grande Oriente da França, que está distanciado
da verdadeira e universal Franco-Maçonaria, não deve ser confundido
com o Martinismo, como os clérigos procuram fazer. Isso nos induz
a expor a situação atual dos diferentes ritos da Franco-Maçonaria
francesa, traçando sua história.
A Franco-Maçonaria compreende, na França, três Ritos:
1º - O Grande Oriente da França, o mais potente, na França,
pelo número de lojas e de membros, rito materialista e ateu pelo
espírito e pela ação, causa real da decadência
momentânea de nosso País;
2º - O Rito Escocês, dividido em duas seções:
a) O Supremo Conselho e suas Lojas, que admite os Altos Graus Maçônicos;
b) A Grande Loja Simbólica Escocesa, Federação de Antigas
Lojas Escocesas, que não admite Altos Graus.
Em 1897, um acordo estabelecido entre essas duas seções deu
nascimento à Grande Loja da França. Caráter desse rito:
espiritualismo eclético. É por este rito que a França
liga-se aos ritos de outros países.
3º - O Rito de Misraim, decadente, caiu no ridículo por não
ter nem vinte membros para constituir suas lojas, seu capítulo e
seu areópago.