Fatos
Reais Sobre O Mestre Philippe de Lyon
Achar-se-ão
em seguida algumas das informações que o M. Philippe deu sobre
si mesmo, quase sempre a seu genro, o Dr. Lalande, e algumas observações,
fatos, etc., a ele referentes e relatadas por Papus, a Sra. Lalande e outro
discípulo amado do Mestre.
Quando criança, mandavam-no cuidar dos rebanhos. Ele traçava
um círculo em torno do gado, e este, pastando, não podia atravessá-lo.
Entre outras particularidades físicas, ele dorme muito pouco (3 horas
no máximo). Teme o frio, fuma muito, mas é muito sóbrio.
"Deus me é testemunha de que não entrareis no Céu
sem que tenhais tornado a me ver".
"Eu estava presente à criação, lá estarei
no fim..."
"Eu não segui a mesma via que os homens; eis porque não
tenho nenhum mérito. Eu sou bem pequeno, o mais pequenino..."
Até julho de 1902 ele só tinha tido com o Seu Amigo palestras
de poucos minutos. Recentemente tem tido com Ele uma hora inteira de conversação...
Parece haver em torno dele potências que dele cuidam sem que ele trate
disso.
Bou Amama dizia dele que há três Mestres sobre a Terra e que
ele é o primeiro deles.
Quando o vemos à noite não é sempre ele; é possível
tomar a sua forma emprestada. Quanto a ele, sempre faz o possível
por se apresentar convenientemente vestido e de cabeça descoberta.
Três vezes somente Seu Amigo o fez cobrir-se. Se o vemos de oficial
ou com os longos cabelos arrastando o chão, é sinal certo
de ser ele.
Seu Amigo é... o Cristo.
Ele possui completo conhecimento de Química, de Alquimia e de todas
as suas aplicações.
Num dia do inverno 1901-1902, em que se achava na Rússia com a filha
e o genro, fez diversas curas de doentes do hospital quando estava longe
deles, na Faculdade, tendo os examinadores lhe designado apenas os números
dos leitos dos doentes a serem curados.
No seu casamento, ao nascer-lhe a filha, e ao casar ela com o Dr. Lalande,
houve terremotos e tormentas. Neste último acontecimento houve, no
momento de sair da igreja e, logo, do restaurante, um tromba d'água
que caiu sobre Lyon e mais de 60 golpes de trovão! O Dr. Lalande
tinha-lhe pedido que não houvesse importunos curiosos!
Durante sua permanência na Rússia em 1901-1902, o Dr. Lalande
o viu acalmar o vento e a tempestade que se tinham levantado (durante um
passeio do Tzar num iate), e isso, a pedido do próprio Tzar.
Na mesma época, um grande vento ia estragar uma revista (militar).
Ele respondeu ao Dr. Lalande que o vento não podia ser suprimido,
porém todos notaram que o vento não tocava o chão,
de modo que não houve pó.
Em outro desfile, ele se achava, à paisana, no carro da Tzarina... Um Oficial da Guarda, vendo de longe aquele civil sentado junto à Tzarina, aproximou-se a galope, admirado com tal anomalia, e verificou que a Tzarina estava sozinha! E assim, em diversas oportunidades sucessivas, Philippe tinha-se tornado invisível!
Certa tarde,
palestrava com Papus, que se achava com ele no pátio da Rua Tête-d'Or.
Fumando seu cachimbo, perguntou a Papus se já tinha visto cair um
raio, e, ao receber resposta negativa, foram ambos imediatamente rodeados
por relâmpagos enquanto um raio caía levantando pedras no jardim.
Em l'Abresle, a filoxera tinha atacado todos os vinhedos, menos o seu.
Também
em l'Arbresle, sua sogra manifestara certa incredulidade numa discussão.
Então, ele mandou pôr no jardim toda a mobília da sala,
móveis de que a sogra gostava especialmente. Sem demora a chuva começou
a cair com violência, para maior emoção da sogra! Mas
quando recolheram ditos móveis, verificaram que não tinham
recebido nem uma gota de água.
Em sessão, para mostrar a Papus o que é a morte, tomou a um
homem presente e lhe deteve o coração. O homem caiu inanimado.
Após alguns minutos, devolveu os movimentos ao coração
do paciente, que se levantou e, interrogado, disse ter sonhado que tomava
o trem.
Um dia o Tribunal o citou, e o Promotor Público o acusa de atrair
às suas sessões pessoas às quais despojava das jóias
(!). Dois dias após, o filho do Promotor adoece de crupe diftérico;
enlouquecido, o pai vem suplicar-lhe que cure a criança. Ele pediu
a cura a Seu Amigo e a obteve.
Em duas oportunidades, recomendou aos membros da sua família nunca
esquecerem que era ao Dr. Encausse que se deviam o casamento da filha e
as relações com os Grã-duques.
Em 1870 dava sessões no bairro de Perrache. Incorporaram-no ao exército.
Foi para o quartel mas, já no dia seguinte, 500 pessoas foram reclamá-lo
ao Prefeito. Este o mandou vir e pediu-lhe um exemplo do poder que o atribuíam.
Um conselheiro da Prefeitura, presente à entrevista, homem grande
e forte, desafiou-o a que o tornasse doente... Philippe recolheu-se por
alguns segundos e os presentes viram o conselheiro cair flácido como
massa no assoalho. Estava desmaiado.
Victoire Lalande, "neé" Philippe, tinha anunciado a própria
morte à sua mãe, no momento do casamento.
Uma jovem senhora, que até então tivera apenas filhos natimortos,
falou-lhe nisso com desespero porque tinham-lhe dito que isso provinha de
ter ela, em anterior existência, destruído seus filhos. O Mestre
ficou triste por haverem afligido assim a essa mulher e, com muita doçura,
disse-lhe que seria melhor tomar o que lhe acontecera como uma prova e que,
doravante, "alguém" dar-lhe-ia filhos vivos. De fato, ela
teve, depois disso, diversos filhos aos quais criou perfeitamente bem.
Ele estava sempre ocupado com mecânica, medicina, química.
De 1898 a 1901, inventou a Heliosina, medicamento de Vida que confiou ao
Dr. Lalande. Muito hábil e muito cuidadoso em todas as artes manuais.
Certa noite trabalhava, em seu laboratório, na fabricação
de pílulas de
Heliosina, destinadas a prolongar a vida, isto é, a rejuvenescer
num ano a força vital
de um doente. De repente, apagou-se a eletricidade e as pílulas em
fabricação caíram no fogo jogadas por uma "força"
desconhecida.
Um dia em que levara de passeio à Sra. Encausse no automóvel
que lhe fora presenteado pelo Tzar, o vento era muito violento, porém
os automobilistas não o sentiram absolutamente, embora soprasse na
estrada em volta deles.
Dois policiais levavam a um homem; ele aproximou-se (Chapas estava presente). Philippe pediu-lhes que soltassem ao homem; os policiais se negaram.
Então, puxando um jornal do bolso, pô-lo entre as mãos
dos agentes dizendo-lhes:
"Tomai, aí está o vosso preso!" E os representantes
da autoridade largaram do preso e levaram o jornal para a cadeia...
Desde alguns anos tinha uma afecção cardíaca de que
devia morrer com 56 anos.
Uma das suas primeiras curas data de 1886, na "Gorge du Loup".
Uma criança tinha morrido. Dois médicos tinham vindo. Tomavam-se
já as medidas do caixão quando Philippe disse à criança
que se erguesse, o que ela fez, com grande emoção dos presentes.
Foi também em 1886 que Philippe anunciou a guerra infeliz de 1870.
Por causa de tal previsão foi vigiado durante muitos anos pela polícia.
Um dos Promotores
que requerera contra Philippe foi Alexandre Bérard, que se tornou
Ministro das Comunicações em 1904, e estava sempre muito inquieto
por tudo quanto se relacionasse com Philippe.
O Mestre nunca impunha sua opinião. Dizia simplesmente: "É
a minha opinião; não estais obrigado a nela acreditar; é
a minha opinião, só isso".
Ele curava
os males mais inverossímeis e o efeito se produzia instantaneamente;
as testemunhas ficavam estarrecidas. Dizia sempre que não era ele
quem agia, mas o Céu, ou seu Amigo, a quem podia pedir tudo. Na intimidade
era outro; na presença de um amigo que sentia estar mais próximo
dele, entregavase mais, numa calma perfeita, que o inundava, e alguma cousa
de inabalável fluía dele para a gente.
Na finca de l'Abresle, ele não recebia em torno da casa residencial,
nem sobre o grande terraço que a circunda; mas o pátio e às
vezes grande parte da
alameda estavam cheios de gente; recebia aos visitantes diante do seu
laboratoriozinho. Quantas noites passou lá no trabalho, ou então
sentado sobre o
murinho que rodeia o pequeno lago, em suas meditações! Era
lá que ele se retirava do mundo, da lufa-lufa da casa e dos importunos.
Em 1887, 1890 e 1892 notadamente, foi condenado por exercício ilegal
da medicina. Eis uma carta que escreveu a alguém que evidentemente
queria vir em socorro dele:
"Venho vos agradecer pelas vossas boas intenções a meu
respeito. Nunca solicitei pessoalmente nenhum testemunho em meu favor, algumas
pessoas apresentaram-se para testemunhar a verdade; riram; muitas dessas
pessoas foram certamente ridicularizadas, porém dia virá,
e este dia está bem próximo, em que Deus as recompensará.
"O que faço, tornaria a fazê-lo ainda, pois eu nunca fiz
o mal; fui inculpado, é bem verdade, fui muito insultado, mas tenho
a grande satisfação de haver sempre devolvido o bem pelo mal.
Se o Tribunal me condena, o Tribunal Celeste me absolverá, pois ele
deu-me uma missão a cumprir que o poder humano não pode cumprir
por mim e nem pode impedir que cumpra os meus deveres. A hora soou e deu
o sinal das minhas provas; serei firme e não cederei uma polegada
do território confiado pelo meu Pai".
Dizia: "Para se chegar a mandar nos animais, nas plantas e na natureza,
só há um caminho, que é o do sofrimento; mas para lá
chegar a rota é longa e o sofrimento a suportar imenso".
O Reino de Deus bem que está em vós, mas nós não
estamos no Reino de Deus".
"O Paraíso está sobre a Terra, é o pleno conhecimento;
está no Paraíso aquele que atingiu a sua plena liberdade".
"A verdadeira ressurreição da carne e a única
é a reencarnação. Isso explica tudo; assim também
a verdadeira comunhão é ainda desconhecida; não se
sabe o que significa: "beber o sangue ou comer a carne de Jesus Cristo".
"Chegamos ao fim das nossas penas quando estamos felizes com as nossas
penas".
Certo dia apresentou-se um homem, no número 35 da Rua da Cabeça
de Ouro, que tivera o dedo mínimo da mão arrancado por uma
máquina. Estava
desesperado. M. Philippe perguntou-lhe: "onde está o teu dedo?"
"No bolso",
respondeu o homem, puxando de lá seu dedo já nada fresco e
bem murcho.
M.Philippe tomou-o e o recolocou na mão mutilada, que ficou como
era antes.
No outono de
1901, fez a primeira viagem à Corte da Rússia. A segunda ocorreu
no verão, com o Dr. Lalande. Então, foram para a Criméia
(em Dulber), na propriedade do Grã-duque Pedro. Sempre vinham procurá-los
para fazer tais viagens; iam escoltados pelos ajudantes-de-campo dos Grã-duques
e rodeados de todas as considerações e atenções
máximas. Tornei a ver, indica a Sra. Lalande, à Srta. Olga
Moussine-Pouchkne diversas vezes após, e foi ela quem me referiu
que, no carro dos Soberanos, M. Philippe prometeu um filho à Imperatriz,
e foi a Soberana, desta vez, quem beijou a mão do Mestre. Olga Moussine-Pouchkne
tinha lágrimas nos olhos na ocasião. Al promessa cumpriu-se
posteriormente. Outro pormenor dado também pela Sra. Lalande: "Não
houve "despedidas trágicas" entre os soberanos e M. Philippe,
como prova uma carta comovente e cheia de dor, dirigida pela Grã-duquesa
Militza ao Dr. Lalande, ao saber da triste notícia do falecimento
do Mestre. Eis algumas linhas da mesma:
"Estamos todos reunidos e vos dirigimos, assim como aos vossos, toda
a nossa simpatia; a vossa dor é bem nossa. Vós sabeis que
o afeto era e ficará sem limites. É em nome de todos que vos
peço encarecidamente nos considerar sempre os vossos amigos os mais
verdadeiros, os mais devotados".
Em 1905, pouco tempo antes do seu falecimento, tive uma entrevista com o
meu Mestre, sobre o terraço de l'Arbresle, escreveu a Sra. Lalande.
Ele disseme tristemente, porém sem nenhuma "angústia"
nem temor do "desconhecido": "É duro quando é
preciso partir e dar sua vida alhures"1.