CORRESPONDÊNCIAS
ENTRE NÚMEROS
Louis Claude de Saint-Martin
1 - A Mônada
"O Número
Um existe e é concebido independentemente dos outros números.
Tendo lhes vivificado através do curso dos dez números, ele
os deixa para trás e retorna à unidade" (Dos Erros e
da Verdade). "Todos os números são derivados da unidade
como a sua emanação ou produto, enquanto que o princípio
da unidade está nela mesma e é de si própria derivada.
Na unidade, tudo é verdadeiro. Tudo que é eterno é
a partir da unidade, perfeito, enquanto que tudo que é falso, está
separado da unidade. A unidade multiplicada por si mesmo nunca dá
mais do que um pois ele não pode proliferar a partir de si mesmo"
(Os Números).
"Se a unidade pudesse se gerar e se equiparar ao seu próprio
poder, ela se destruiria, como a ação que se opera em cada
raiz é finalizada por aquela operação. Para que a unidade
produzisse uma verdade central essencial, teria de haver uma diferença
entre a semente e o produto, a raiz e o poder. De acordo com a lei das sementes
e do produto, ao produzirem seus poderes eles tornam-se inúteis.
portanto, Deus não poderia reproduzir a Si mesmo sem padecer. Do
princípio, Ele se tornaria o meio e então, se aniquilaria
em seus termos. Mas como o princípio, o meio e o final não
são Nele diferenciados, já que Ele é tudo isto de uma
vez só, sem sucessão nas Suas ações ou diferenças
em Seus atributos, esta unidade nunca pode produzir a si mesma e portanto,
nunca foi gerada e nem extinta" (Os Números).
"Entre as coisas visíveis, o Sol é o símbolo da
unidade da ação divina, mas é uma unidade temporal
e composta, que não tem os mesmos direitos que pertencem ao seu protótipo"
(Obras Póstumas). Da mesma forma, a sucessão contínua
de gerações físicas formam uma unidade temporal, que
é um signo desfigurado da simples, eterna e divina unidade. Estas
imagens não devem ser negligenciadas, pois elas refletem o seu modelo
distante.
"Os extremos se tocam sem se parecerem; portanto, os seres puros vivem
vidas simples; aqueles que estão em expiação tem uma
vida composta, ou vida mesclada à morte; seres soberanamente criminosos
e aqueles que a eles se assemelham, vivem e viverão, simplesmente
na morte, ou na unidade do mal" (Os Números).
Ao contemplarmos uma verdade importante, como o poder universal do Criador,
Sua majestuosidade, Seu amor, Sua profunda luz ou Seus outros atributos,
nós nos elevamos com todo nosso ser em direção do modelo
supremo de todas as coisas; todas as nossas faculdades são suspensas
para que possamos ser preenchidos com a Sua presença, com Quem na
verdade nos tornamos um. Ele é a imagem viva da unidade e o Número
Um é a expressão desta unidade ou união indivisível,
que existindo intimamente entre todos os atributos da união de forças
que Ele é, deveria existir igualmente entre Ele e todas as suas criaturas
e produtos.
"Mas depois de exaltarmos a nossa contemplação em direção
a esta fonte universal, se trouxermos nossos olhos de volta para nós
mesmos e nos preenchermos com a nossa própria contemplação,
para que possamos nos ver como a fonte daquelas luzes ou daquela satisfação
interior que derivamos de nossa fonte superior, estabelecemos assim dois
centros de contemplação, dois princípios separados
e rivais, duas bases dissociadas - ou, resumindo, duas unidades, das quais
uma é real e a outra é aparente e ilusória" (Os
Números).
II - A Díada
"O número
dois tem princípio nele mesmo, mas não se origina de si mesmo"
(Os Números). É impossível se produzir dois de um e
se algo se separa dele pela violência, só pode ser ilegítimo
e uma diminuição de si mesmo. Mas esta diminuição
é aquela do âmago do ser, pois de outra forma, este seria apenas
um. A diminuição feita no âmago é realizado no
meio do ser, pois dividir qualquer coisa ao meio é cortá-la
em duas partes. Esta é a verdadeira origem do binário ilegítimo.
"Mas a diminuição em questão não torna
a unidade menos completa, pois esta não é suscetível
a nenhuma alteração; a perda recai sobre o ser que procura
atacar a unidade. Portanto, o mal é estranho à unidade. Mas
o centro, sem sair de seu valor, é removido para corrigi-lo por que
há algo de si mesmo no ser diminuído. Desta forma, podemos
entender não só a origem do mal, mas também que ele
não é um poder hipotético, já que todos nós
o tornamos real em quase todos os momentos de nossa existência"
(Os Números).
A díade é portanto, o poder perverso que serve como receptáculo
de todos os flagelos da justiça divina, que são ligados às
coisas materiais e perceptíveis para o castigo de seu líder
e de seus seguidores, que voluntariamente abandonaram o âmago divino
do seu correspondente espiritual. Sendo assim condenados ao exílio
e a atravessarem todo o horror de viver a separação da fonte
da vida.
"As virtudes inatas das formas corpóreas foram projetadas para
conter este poder perverso e quando o homem permite que as virtudes que
existem em seu corpo sejam enfraquecidas por esta vontade vil e criminosa,
os poderes perversos assumem o controle e atuam na destruição
daquele corpo" (Obras Póstumas).
A díade também é, de acordo com Saint-Martin, o verdadeiro
número da água.
III - A Tríade
"O Número
Três não deriva seu princípio de si próprio e
nem mesmo tem um princípio" (Os Números). As observações
a respeito deste número são dispersas e obscuras, incluindo
referências vagas a uma lei temporal da trindade, da qual a lei temporal
da dualidade depende completamente. "Na ordem divina, 3 é a
Santíssima Trindade, como 4 é o ato de sua explosão
e o 7, o produto universal e a imensidão infinitas que resultaram
das maravilhas desta explosão" (Corresp. Teosófica, carta
LXXVI).
"O número três nos é revelado só através
dos 12 unificados, como o 4 é por nós conhecido apenas pela
sua explosão ou multiplicação por 7, que nos dá
16, e como 7, que é a soma deste 16 (1+6 = 7), descreve a nossa supremacia
temporal (3) e espiritual (4), ou a imensidão de nosso destino, como
humanos" (Corresp. Teosófica, carta LXXVI). O número
três atua na direção das formas nas esferas celeste
e terrestre; isto é, sendo ternário, em todos os corpos, o
número dos princípios espirituais. "Todos os nomes e
símbolos que recaírem neste número pertencem às
formas, ou devem ter algum efeito sobre as formas" (Os Números).
Acima do celeste, foi o pensamento da Divindade que concebeu o projeto de
produzir este mundo, e assim o fez de forma ternária, porque esta
era a lei das formas, inata ao pensamento divino.
"Agora, os pensamentos de Deus são seres. A ação
harmoniosa e unanime na Divina Trindade é representada pelos três
padres quando eles conduzem juntos a Missa" (Os Números).
O Três é, também, o número das essências
ou elementos dos quais os corpos são universalmente compostos. Por
este número, a lei que dirige a formação dos elementos
é expressa e os elementos são resumidos a três, por
Saint-Martin, baseado no fato de que há apenas três dimensões,
três divisões possíveis de qualquer coisa sensória,
três figuras geométricas originais, três faculdades inatas
em qualquer ser, três mundos temporais, três níveis na
Maçonaria, e como esta lei da tríade demonstra a si mesmo
universalmente, de forma tão clara, é razoável supor
que o três também está no número dos elementos
que são a base de qualquer corpo.
"Se o número três é imposto a tudo que é
criado, é porque ele imperava em suas origens" (Obras Póstumas).
"Se tivessem havido quatro, ao invés de três elementos,
eles teriam sido indestrutíveis e o mundo eterno. Sendo três,
eles são esvaziados da existência permanente, porque eles não
têm unidade, como fica claro para aqueles que conhecem as verdadeiras
leis dos números" (Dos Erros e da Verdade).
"A razão, qualquer que seja ela, parece conflitar com outra
afirmação de que pode haver três em um, numa Trindade
Divina, mas não um em três, porque aquilo que é um em
três deve estar sujeito no fim, a morte" (Dos Erros e da Verdade).
"O três não é só o número da essência
e da lei que dirige todos os elementos, mas também, as suas incorporações"
(Dos Erros e da Verdade). "Ele é, finalmente, um número
mercurial terrestre que representa a parte sólida dos corpos, em
correspondência simbólica com a alma (sêxtuplo) dos animais,
do qual é o primeiro produto e o de todos os princípios intermediários
de todas as classes" (Obras Póstumas).
IV - A Tétrada
"O Número
Quatro é aquele sem o qual nada poderia ser revelado, pois é
o número universal da perfeição" (Dos Erros e
da Verdade). "O Ser Supremo, apesar de estar ligado a todos os números,
se manifesta particularmente pelo número do quadrado, que é
ao mesmo tempo, o número do homem" (Dos Erros e da Verdade).
"Pela presença da realidade divina neste numeral, ele age diretamente
também, em todos os seres setenários e remete à notável
ordem que ocupavam em sua origem" (Obras Póstumas).
O quadrado é um, como a raiz da qual é o produto e a imagem
pela qual se manifesta. Ele mede toda a circunferência, já
que o homem no centro do seu primeiro império abarcava todas as regiões
do universo. O quadrado é formado por quatro linhas e o lugar do
homem era indicado por quatro linhas de comunicação, que se
estendiam aos quatro pontos cardinais da natureza. Este quadrado se origina
no centro e o trono do homem era no seio da terra de seu domínio,
portanto governando os sete instrumentos de sua glória. O quadrado
é portanto, o verdadeiro símbolo daquele lugar de deleite
conhecido em todos os lugares pelo nome de Paraíso Terrestre.
"O quatro é o número de qualquer centro e assim sendo,
é o do fogo também, pois este ocupa o núcleo de todos
os corpos. É, da mesma forma, o do espírito temporal, garantido
ao homem para a sua reconciliação, mas este é o mais
interior dos três círculos que o homem tem de atravessar antes
de chegar o dia de sua Reconciliação, que é representada
pelo número três" (Obras Póstumas).
O quaternário, representado pelos quatro mil anos depois dos quais
"Cristo" nasceu neste mundo, é a imagem da manifestação
divina a se opor ao poder perverso que a represa dentro dos seus limites
de privação espiritual. O homem, a quem o número quatro
é destinado pela Providência Divina, não pode se beneficiar
deste número senão da mesma forma pela qual ele usou bem sucedidamente
o primeiro poder corporal que lhe foi dado, como uma forma de se proteger
contra a primeira ação maléfica do líder quinário.
"Se o homem permitir que este simples poder inferior seja degradado,
o inimigo tem muito mais facilidade de atacá-lo, com vantagens, no
poder temporal ativo. Assim sendo, longe deste poder ser usado para benefício
da humanidade, à qual ele deveria comunicar amor, vontade, fé,
pleno de todas os sentimentos espirituais próprios a esta reconciliação,
o intelecto maléfico faz uso deste mesmo veículo (número
4) para sugerir todas as paixões falsas e más e os sentimentos
que separam o homem do seu objetivo" (Obras Póstumas).
Desta forma, o espírito reparador dos crimes da posterioridade humana
para a manutenção da justiça divina é, também,
anunciado pelo número Quatro.
V - A Pentada
No misticismo
numérico de Saint-Martin, o quinário é o número
do princípio maléfico. Portanto, seu pensamento difere, como
já havíamos dito, daqueles sistemas ocultos de numeração
que vêem no 5 uma forma especial do microcosmos ou do homem. Também
é um aspecto do caráter fragmentário da doutrina Martinista
dos números, pois ficamos sem detalhes a respeito das propriedades
do quinário, ou da péntada. Aqui somos levados a imaginar
que Saint-Martin reteve muitas informações a respeito deste
número.
"É dito que 2 se torna 3 pela sua diminuição,
3 se torna 4 pelo seu centro, 4 é falsificado pelo seu centro duplo,
que perfaz 5; e 5 é restringido pelos números 6, 7, 8, 9,
10, que formam os corretores e retificadores da péntada maléfica"
(Os Números). O número também se liga ao que Saint-Martin
nos diz a respeito da aplicação dobrada de todos os números.
Números verdadeiros sempre produzem, invariavelmente, a vida, a ordem
e a harmonia. Portanto, eles sempre agem a favor e nunca são negativos,
mesmo quando servem de açoites da justiça, castigando para
reparar o mal.
Ao passar pela mutação em seres livres, o caráter dos
números é assim transformado, porque são outros números
que tomam os seus lugares, enquanto que as suas prerrogativas originais
permanecem sempre as mesmas em suas essências.
Os números falsos, ao contrário, nada produzem. Podem imitar
a verdade como macacos, mas nunca conseguem reproduzi-la. Eles se manifestam
no desmembramento, nunca na criação, porque eles se tornaram
falsos pela divisão e perderam a capacidade criativa. Uma prova disto
é encontrada na lenda das cinco virgens tolas, que ficaram sem óleo
(para se perfumar e ungir) porque sua conduta as havia separado das suas
outras cinco companheiras e também de seus noivos.
As virgens sábias concebiam apenas através de seus maridos
e quando elas se uniam a eles, elas não eram mais 5, mas sim 10,
já que cada uma se unia a um deles. Ou então, eram 6, se o
marido for representado apenas por 1 (por uma idéia, um princípio).
Portanto, as outras 5 virgens são tão limitadas e insignificantes
nos seus verdadeiros números que, incapazes de renovar seu óleo,
são forçadas a se refugiar na prudência e a acertar
as contas com a caridade, que pode ser encontrada apenas nos números
vivificadores, cuja força flui do núcleo do amor.
Entretanto, devemos distinguir entre os números falsos quando são
empregados para realizar a reintegração e quando estão
perpetuando suas próprias injustiças. Neste caso, eles são
totalmente entregues a si mesmos e separados da verdade. Mas ao serem usados
como instrumentos de reintegração, seres verdadeiros assumem
as suas formas e caráter para descender às suas regiões
infectas.
"Ao assumir as formas destes números falsos, estes outros Seres
as corrigem, relacionando-as aos números legítimos, assim
opondo o verdadeiro ao falso. Desta maneira, estes Seres também produzem
a morte da morte" (Os Números).
VI - A Héxada
Este Número
é a forma pela qual cada operação se realiza. Não
é um agente individual, mas possui uma afinidade com tudo aquilo
que age e nenhum agente realiza qualquer ação sem passar por
este número. O seis é a correspondência eterna da circunferência
divina com Deus. Por este motivo, Deus que tudo cria, abarca e tudo circunda.
A circunferência é composta por seis triângulos equiláteros.
Os quais são produtos de dois triângulos que agem um sobre
o outro. O seis é a expressão dos seis atos do pensamento
divino, manifestados nos 6 dias da criação e destinados a
realizar a sua reintegração. Portanto, este número
é a forma através da qual tudo se gera, apesar de não
ser nem seu princípio e nem seu agente. É na adição
teosófica (adição teosófica é a soma
dos algarismos unitários que compõe um número. Assim,
a adição teosófica de 10 é igual a 1, por que
1 + 0 = 1) do número três que encontramos a prova da influência
que o seis tem sobre a corporificação dos princípios.
As Escrituras remontam o seis à origem das coisas e o levam para
além das coisas. Tendo realizado o trabalho dos 6 dias, o seis põe,
no Apocalipse, perante o trono do Eterno, 4 animais de 6 asas e 24 anciãos,
que se prostram perante Deus. Com isto vemos que o seis é a maneira
universal das coisas, porque tem o mesmo caráter na ordem universal
e assim sendo, nossas faculdades trinas têm de seguí-lo para
obterem a realização de suas ações: Pensamento,
1; Vontade, 2; Ação, 3 que é igual a 6.
Os 24 anciãos do Apocalipse são iguais a 6, que é por
assim dizer: 1, 3, 4, 7, 8, 10. Estes números somados formam 33,
incluindo o zero - que é a imagem e evidência das aparições
corpóreas. Mas eles somam 24 sem o zero. Portanto, estes seis números
sozinhos são reais e imateriais, agiram e agirão eternamente.
E isto é o mesmo que dizer que há eternamente dois poderes:
aquele de Deus e aquele do Espírito.
O seis foi ultrajado nas várias prevaricações que fizeram
com que o Reparador descesse a esta Terra; foi necessário que ele
viesse reparar aquela realidade. Por esta razão, ele transformou
a água, contida nos 6 jarros no casamento de Canaã, em vinho.
"Não é menos verdade que a héxada, sendo apenas
a forma de atuação de todas as coisas, não pode ser
vista, precisamente, como um número ativo e real, mas sim como uma
lei eterna impressa em todos os números. Também sendo aquilo
sobre o que o homem tinha o domínio, originalmente, e sobre o que
ele irá governar novamente, depois da sua Reintegração"
(Os Números).
Finalmente, o número 2 opera na héxada de formas que são
apenas uma adição passiva dos dois princípios (Deus
e o Espírito). A raiz destes é dois e é também
o agente de suas formas e sensações pela multiplicação
de seus próprios elementos.
VII - A Hêptada
"O Número
do setenário espiritual significa o próprio Poder Divino"
(Obras Póstumas).
Este é o número das formas universais do Espírito;
o seu fruto sendo encontrado nos seus múltiplos. O quadrado de 7,
é 49, é portanto o 7 em desenvolvimento, enquanto que em sua
raiz, é o 7 concentrado. Esta explicação se faz necessária
antes de prosseguir, para chegar ao 8, que é o espelho temporal do
invisível incalculável denário (série de dez).
Enquanto passa de 7 à 8, através da grande unidade com a qual
se reúne, ele também passa de 49 ao 50, através da
mesma unificação com a unidade. E leva o elemento quaternário
da alma humana à sua integração ao faze-lo transcender
e abolir o caráter de 9 (novenário) das aparências,
que é o nosso limite e a causa de nossas privações.
"Isto demonstra que 5 é igual a 8 e que 8 é igual a 5,
na grande maravilha que o Divino Reparador produziu para nós, para
que possamos nos regenerar" (Corresp. Teosófica, carta XC).
Obs.: Nesta carta, Saint-Martin afirma que esta revelação
foi feita diretamente para sua inteligência; e que não se originou
de nenhum homem .O sete é produto de uma única operação:
4 x 4 = 16 = 1+ 6 (redução teosófica) = 7.
"A hêptada é ao mesmo tempo o número do Espírito,
por que se origina do Divino e perfaz 28, na contagem de seu poder duplo
contrário ao poder lunar. Deveria ser notado que o número
28 indica que a Palavra não se realizou, até a segunda prevaricação.
Mas estas são simples palavras, porque 7 vindo de 76 não é
raiz (redução teosófica), nem é o poder fundamental
de 4, pois penetra na raiz apenas através da adição"
(Os Números).
"Independentemente da raiz numérica (Raiz Numérica: neste
texto, o termo raiz numérica é empregado para designar o produto
da redução teosófica) que expressa o poder setenário
da alma, podemos descobri-la nos poderes sobre a trindade dos elementos
e a dos princípios. Este poder sobre as duas trindades (dois triângulos)
forma o eixo central humano. A alma é o centro destes dois triângulos.
Se, ao invés deste centro, analisarmos o poder da alma sobre o que
é celestial, encontraremos de forma mais clara o poder setenário
da alma sobre o físico e o espiritual" (Os Números).
Mas 7 x 7 = 49 x 7 = 343. O homem é elevado a este posto, ou melhor,
emancipado desta forma, só quando seu poder é triplicado,
formando o seu cubo. É nos elementos deste cubo que podemos enxergar
claramente o destino deste homem primordial, já que ele foi posto
entre o triângulo superior - do qual derivou tudo - e o triângulo
inferior, o qual ele domina. Para conhecermos as verdadeiras propriedades
de um ser, o seu poder tem de ser analisado de forma cúbica (elevado
à terceira potência), pois somente assim todas as suas potencialidades
são reveladas, ou desenvolvidas.
O Número Sete também indica que a manifestação
da justiça universal, ou temporalidade, deve ser enviada a todos
os prevaricadores, apesar de ser o número Quatro o agente que executa
esta justiça. Como este agente é o Espírito e o Espírito
não pode aparecer no tempo sem uma embalagem corpórea, Este
é feito perceptível pela seteneidade, que é o corpo
do quaternário, como o seis é o corpo do setenário,
assim como a trindade material é o corpo do seis que a executou.
Concluindo, o quaternário é o corpo da unidade, que não
pode ser manifestada neste mundo em sua forma absoluta, mas deve subdividir
os poderes que foram colocados na criação, para que possamos
entendê-la.
VIII - A Ôctada
É apenas
depois do quadrado do Espírito se haver completado, que a ôctada
pode ter lugar. Enquanto que o seu trabalho pode ser conhecido claramente
apenas através do número 50, porque daí o número
da injustiça e o número da matéria são dissipados
pela influência vivificadora e regeneradora da Unidade que as substitui.
Ao que tange a Unidade Absoluta, ou o Pai, ninguém nunca viu, ou
O deverá ver neste mundo, exceto pelas oitavas e por meio da ôctada,
as únicas formas de alcança-lo.
"O número 50 desapareceu quando a Santíssima Oitava se
aproximou, porque os dois não poderiam coexistir. A injustiça
e as aparências não se sustentariam perante a unidade e o seu
poder. Isto é a razão de ser da Divina Igreja, fora à
qual, nenhum homem pode ser salvo e contra a qual os portais do inferno
não devem prevalecer. Esta (a ôctada) é a chave que
abre e ninguém fecha, ou que tranca e ninguém mais abre"
(Os Números).
Cristo é trino em seus elementos de atuação, assim
como em seus fundamentos Seu número é 8, e sua extração
mística nos mostra que em seu trabalho na Terra ele foi de uma vez
só divino, corpóreo e perceptível. Apesar de ser, ao
se considerar sua ordem eterna, divino em seus três elementos. Ele
era o caminho, a verdade e a vida. Era necessário que ele compreendesse
em si mesmo o divino, uma alma sensória e o corpóreo, para
atuar aqui embaixo, na esfera perceptível.
Toda a criação - porque mesmo o nosso pensamento não
pode ser manifestado se não estiver associado ao nosso invólucro
individual mais grosseiro - não pode ser manifestado sem a mediação
de uma ligação material individual. Por isso, o Divino Reparador
não poderia estar associado à sua Natureza corpórea
(Cristo), senão através de uma alma sensória. Esta
alma O investe do número 4, seu Ser Divino é representado
pelo número 1 e seu corpo pelo número 3.
Em nós, a alma divina é representada pelo número 4,
o corpo pelo 9, enquanto que Saint-Martin afirmava que o número de
nossa alma sensória era por ele desconhecido. Mas ele tinha razão
ao pensar que fosse o mesmo do Salvador, porque em todos os outros elementos
semelhantes aos nossos, que ele possuía, ele invariavelmente detinha
números superiores.
A chave do homem consiste nesta alma sensória; através desta
é que ele é integrado à sua natureza sensória,
ou animal e corporal. Mas como ele não é posto nesta prisão
de livre e espontânea vontade, como Cristo o foi, não pode
ser esperado do homem conhecer as chaves que o trancam. Saint-Martin pensava,
no entanto, que este número correspondia ao seis.
IX - A Eneáda
Nove é
o número de todo limite espiritual, como a circunferência material
é o limite dos princípios elementais que lá agem. Portanto,
o nove representa o curso de todas as expiações infringidas
à humanidade, pela justiça divina. O homem decaiu ao querer
avançar do 4 ao 9 e apenas pode ser restaurado ao voltar do 9 ao
4.
Esta lei é terrível, mas não é nada se comparada
com aquela do número 56, que é assustador para quem o encara,
já que eles não podem chegar aos 64, até terem atravessado
todas as suas provações. A passagem do 4 ao 9 é a passagem
do espírito para a matéria, que em dissolução,
de acordo com os números, perfaz 9. A respeito da lei do 56, esta
depende do conhecimento das propriedades e condições do número
8, que foram parte da luz obtida por Saint-Martin por meio de sua iniciação,
não sendo explicadas em maiores detalhes. "Mas é sabido
que os criminosos permaneceram no número 56, enquanto que os justos
e purificados chegarão ao 64, ou à Unidade" (Corresp.
Teosófica, carta XIII).
Saint-Martin afirma que recebeu este conhecimento da escola de Martinez
de Pasqually.
Quaisquer que sejam os poderes elevados ao número 9, ele sempre permanece
sendo 9, porque, como 3 e 6, tem apenas um poder ternário, enquanto
que 4, 7, 8 e 10 são poderes secundários e sendo, somente
a unidade, o primeiro poder. Portanto a unidade, em todas as multiplicações
possíveis resulta somente em um, porque, como já foi visto,
ela não pode se separar e se reproduzir a si mesma. Ela (a Unidade)
se manifesta fora de si por seus poderes secundários e ternários,
eternamente ligados à Unidade.
"Se soubéssemos o caminho através do qual a unidade afeta
a manifestação de seus poderes, seríamos seus iguais.
No entanto, sabemos que ela realiza suas expansões apenas nesta série
de dez aqui apresentada. As expansões sozinhas operam apenas fora
desta série. Há expansões espirituais e das formas
que atuam por leis diferentes e produzem resultados distintos. Os poderes
secundários estão ligados diretamente ao centro, mas os ternários
se ligam ao centro só de forma mediadora (como meios para expressá-lo)
assim produzindo formas, sem uma lei criativa ou geradora, pois esta característica
é da Unidade e sem leis administrativas, pois estas são restritas
aos poderes secundários" (Os Números).
X - A Década
Pela união
do setenário espiritual e do ternário temporal, obtemos o
tão famoso denário, que está sempre presente nos pensamentos
de um Iniciado. Como uma imagem da Divindade em si mesmo, a década
(ou série de dez), realiza a Reconciliação de todos
seres ao fazê-los retornar à unidade.
"O denário temporal é formada de dois números,
o 3 e o 7, mas o seu caráter está diretamente relacionado
à unidade e não está sujeito a qualquer divisão
ou substração" (Obras Póstumas).
"Quando os números são ligados à década,
nenhum deles apresenta qualquer traço de corrupção
ou deformidade; sendo que estas características se manifestam apenas
em suas separações. Entre os números com estas características
específicas alguns são totalmente maus, como 2 e 5, que sozinhos
são capazes de dividir a série sagrada de dez. Outros, estão
num processo ativo, de sofrimento ou cura, como acontece com o 4, o 7 e
o 8. Outros ainda são dados apenas pela sua aparência, como
o 3, o 6 e o 9. Mas nada disto é visto na série completa de
dez, porque naquela ordem suprema não há deformações,
ilusões, ou sofrimentos" (Os Números).