A alma se tornou sujeita ao universo
físico sua
primeira lei segue a este fato.
Louis Claude de Saint Martin
A alma humana sabia, em sua glória, que não deveria ter nenhum
outro Deus senão o próprio Deus; e embora ela não pudesse
conhecer a plenitude de sua glória até que completasse sua
obra, ainda assim, por menos que tenha provado das maravilhas e bondade
divina, sabia perfeitamente bem que nada mais se comparava a elas.
No entanto, esta alma sujeita a ser infectada pelo poder de um princípio
inferior, a saber, este mundo físico universal, onde o sol e as estrelas
exercem tão majestoso movimento, se tornou corporeamente sujeita
aos seus preceitos. Mas, embora ela tenha caído sob esta regra inferior,
que foi parte de sua degradação, a Fonte que produziu a alma
humana não permitiu, de forma alguma, perdê-la de vista, transmitindo-lhe,
nesta nova ordem das coisas, o preceito fundamental de sua primeira lei:
"Não terás outros deuses diante de mim".
O Sol, um símbolo físico da Divindade.
O sol, no mundo físico, é um órgão material
daquela revelação sublime, que foi muito anterior aos livros;
o sol professou esta revelação no princípio do mundo,
e não irá cessar de professá-la, diante de todos os
povos, até a consumação de todas as coisas.
É na ausência do sol, durante a noite, que as estrelas se tornam
visíveis; é então que o reino daqueles deuses dos Gentios
se manifestam; neste período, apesar do brilho das estrelas, a Terra
está nas trevas, as flores perdem sua fragrância, a vegetação
está protelada, os gritos fúnebres dos animais e dos pássaros
da noite são ouvidos, os crimes e os vícios dos mau feitores
são propícios, os planos iníquos e os feitos da fraqueza
são perpetuados; em resumo, prevalecem aquelas regiões turbulentas
onde todas as pessoas da Terra têm oferecido sacrifícios, primeiro
por mero engano; mas que, rapidamente, se torna uma abominável fraqueza
através das infeções do príncipe das trevas,
como veremos daqui a pouco.
Mas, com a aproximação do dia, as estrelas tornam-se opacas,
e desaparecem totalmente quando o dia se rompe em sua plenitude; o sol,
provocando com sua presença, o desaparecimento da inútil multiplicidade
destes falsos deuses, parece dizer ao universo, como foi dito a alma humana,
quando emanou de sua fonte gloriosa: "Não terás outros
Deuses diante de mim".
A alma humana esqueceu sua lei, quando, de seu estado de esplendor, desencaminhou-se
por causa de uma falsa atração; mas esta lei, que não
pode ser abolida, a segue até mesmo no abismo terrestre; pois o Princípio
de todas as coisas nada pode produzir sem imprimir sua linguagem divina.
A idolatria do Sol.
A idolatria do fogo vem de uma fonte mais remota; ela só poderia
ter sido engendrada como uma conseqüência dos direitos primitivos
do Homem, por alguns mortais terem conhecido conscientemente a origem do
fogo (que não é um mero raio), pois é uma verdade fundamental
que todas as coisas devem revelar-se a si mesmas; e não há
nada feito no universo que não prove isto.
O motivo para as calamidades naturais.
Quando o Amor Supremo te viu perder-te ainda mais, através de inúmeros
meios providenciados para possibilitar que encontrastes novamente o teu
caminho; quando Ele te viu agravar tuas feridas com os objetos perceptíveis
que Ele dispôs diante de teus olhos para aliviar tuas dores, Ele não
poderia ajudar novamente senão proclamando este importante mandamento
em teus ouvidos: "Não terás outros Deuses diante de mim",
usando meios ainda mais potentes que antes.
Como o espetáculo da Natureza em sua harmonia produziu em ti não
mais que um efeito contrário ao pretendido por Ele, então
foi permitido que os poderes da Natureza atuassem sobre ti em desarmonia,
para tentar te trazer, através da turbulência e do sofrimento,
para onde tua inteligência não foi o suficiente para te manter;
e esta é a chave para todas aquelas calamidades relatadas na história
de cada nação da Terra.
Assim uma mãe age com relação a seu filho, um professor
com relação a seu aluno, deixando-os sentir por algum tempo
as conseqüências de suas fraquezas ou leviandades, para que possam
aprender a serem mais cuidadosos no futuro.
Comunicações Espirituais Diretas, os mandamentos divinos.
Mas quando estas punições não ocorrem, quando o perigo
é ainda mais insistente, e aquele que é negligente, ao invés
de sair do perigo, afunda-se cada vez mais, a ponto de arriscar a perder
sua própria vida, então o professor, ou a mãe, vai
pessoalmente, com autoridade, reforçar os importantes preceitos que
havia apontado antes, afim de produzir pelo respeito, o que a bondade falhou
em efetuar; esta é uma explicação positiva e natural
de todos aquelas manifestações divinas e espirituais, das
quais a história religiosa do Homem escrita ou não está
repleta.
Sim, Oh, alma humana! este foi seguramente o caminho do Amor Supremo em
direção a ti, quando viu que as grandes calamidades da natureza,
que teu descuido havia provocado, não te tornaram mais sábia.
Ele veio até a ti com afeições alteradas e assumindo
um tom assustador, te lembrou daqueles antigos mandamentos ou regulamentos,
onde tua própria origem e o convênio divino estavam baseados;
regulamentos que Ele anunciou diante de ti quando lhe deu existência;
regulamentos que Ele fez com que a Natureza proclamasse mais uma vez quando
te sujeitastes a seus preceitos figurativos; regulamentos que podem, a qualquer
momento, ressonar no mais íntimo de teu ser, pois tu ainda és,
desde tua origem, o órgão da divina Fonte Eterna, e aquilo
que o Eterno pronunciou uma vez, nunca pode deixar de ser pronunciado por
toda a eternidade.
As tradições de todas as nações oferecem traços
deste visível procedimento do Amor Supremo em nós; desde o
princípio, Seu caminho tem sido o mesmo, tanto para com as nações
como para os indivíduos, todos os dias, movendo-se através
de movimentos secretos violentos, para despertá-los de sua letargia,
e tirá-los dos perigos aos quais a insensatez os tem exposto; em
resumo, foi neste e por este espírito que Moisés representa
a voz do Supremo, anunciando em meio a relâmpagos e trovões,
aos Hebreus, este imperativo e exclusivo mandamento divino, que as nações
têm se esquecido tanto: "Não terás outros Deuses
diante de mim".
Todas as coisas devem fazer sua própria revelação.
Independentemente de inúmeras outras lições instrutivas
que a Natureza está encarregada, pelo Amor Supremo, a transmitir
diária e fisicamente à alma humana, estamos intimamente convencidos
de que todas as coisas devem provocar sua própria revelação,
por nenhuma outra razão senão a de ter uma denominação
entre os homens. Assim, as práticas religiosas tão universais
entre os homens não permitem que nenhuma dúvida permaneça
de que um caminho foi aberto pelo Amor Supremo através delas, para
a cura da alma humana; embora estas águas curativas tenham se tornado
tão sufocadas pelos danos, a ponto de dificilmente serem reconhecidas.