AS TRÊS GRANDES MISSÕES DOS TEMPLÁRIOS
Esta seria a Primeira Grande Missão dos Templários: encontrar
algo de muito valor que foi perdido, como símbolo da eterna procura
da Verdade, da Sabedoria, do Conhecimento e da Perfeição do
Homem.
Em 1128 é celebrado o Concílio de Troyes, citado exclusivamente
para conhecer e aprovar a Ordem dos Templários, seguindo a Regra
preparada por São Bernardo. Estas Regras eram um conjunto de deveres
militar-religiosos, muito rigorosos e mencionando muito o número
três, número considerado cabalístico pelos Templários.
Tanto a divisa "Non Nobis, Domine, Non Nobis, Sed Nomini Tuo ad Gloriam"
(Não por nós, Senhor, não por nós, mas para
que teu nome tenha a glória) como o primeiro parágrafo "Tu,
que tendes renunciado as coisas mundanas", mostra desde o início
a entrega total dos Cavaleiros à Ordem. Antes de pronunciar os votos,
os cavaleiros deviam cumprir um noviciado e somente a partir do pronunciamento
dos votos é que podiam ser considerados religiosos.
"Aos cavaleiros impõe-se o hábito branco, cabelos rasos
e conservar a barba; os oficiais inferiores e escudeiros deviam usar manto
preto, sendo obrigatório à simplicidade no vestir; deviam
ser pronunciados os votos de castidade, pobreza e obediência, e as
assistências aos ofícios religiosos de dia e de noite eram
obrigatórias".
É interessantes prestar atenção a estes votos e as
regras tipicamente religiosas, que os Templários cumpriam rigorosamente,
pois uma das acusações feitas contra eles foi justamente a
de heresia.
Continuemos vendo estas regras:
"Deviam recitar 15 Pater de manhã e comer magro 4 dias por semana;
ao morrer um Templário, cada membro da Ordem devia dizer 100 Pater
diários durante 7 dias, e o quinhão que corresponderia em
vida ao defunto, era repartido aos pobres durante 40 dias. Comungavam 3
vezes por ano, ouviam missa 3 vezes na semana; a caça era-lhes proibida;
a principal dignidade era o Grão Mestre, que tinha honras de Príncipe
entre os Reis; depois vinham os Preceptores e os Grandes-Priores, logo os
Visitadores e, em quarto lugar de hierarquia, estavam os Comendadores; a
luxúria era condenada; para receber um novo cavaleiro reunia-se o
Capítulo, que era formado pelos altos dignitários e capitães
de certo nível; a cerimônia tinha lugar na Igreja durante a
noite. O recipiendário era interrogado três vezes antes de
ser introduzido no Templo e pedia três vezes pão, água
e a fraternidade da Ordem; os cavaleiros observavam três grandes jejuns;
a esmola era feita em todas as casas da Ordem três vezes na semana;
o". Cavaleiro tinha três cavalos; comiam carne três vezes
na semana e nos dias em que não a comiam podiam optar por três
pratos diferentes; adoravam a cruz solenemente três vezes por ano;
juravam não fugir na presença de três inimigos; se lutassem
para defender a vida contra outros não hereges, só deveriam
reagir depois de três vezes atacados. Flagelavam-se por três
vezes, no Capítulo, aqueles que tinham merecido esta correção;
os cavaleiros em combate jamais podiam pedir clemência, não
podiam pagar resgate quando feitos prisioneiros; em virtude disso os Templários
caídos prisioneiros, inclusive Grão-Mestres foram quase sempre
executados; ninguém podia dispor dos bens da Ordem sem o voto do
Capítulo; os cavaleiros deviam estar sempre dispostos a dar a vida
pelos seus irmãos; os irmãos eram iguais entre si e não
devia ser levada nenhuma diferença entre as pessoas. A Ordem eliminava
absolutamente as diferenças de classes sociais, seguindo fielmente
a doutrina do Nazareno."
Sendo aprovadas estas Regras pelo Concílio de Troyes, estava oficialmente
reconhecida e formada a Ordem dos Templários. Como acabamos de ver,
as Regras exigiam sacrifícios dos cavaleiros e obrigavam a deixarem
de lado os prazeres mundanos, as mordomias da vida na corte, as práticas
da caça, se separavam das famílias, doavam suas riquezas,
tudo com a promessa de um único premio: a salvação
eterna. Muitos cavaleiros sendo ricos na suas terras, ingressando na Ordem
passavam a ser pobres; eles nada possuíam, apenas a Ordem era rica.
E como é explicável que a Ordem tenha mantido por quase 200
anos um espírito de união tão forte, com um comportamento
exemplar de seus membros, todo estreitamente unido por um único objetivo?
Existia uma Regra secreta com mandamentos que são desconhecidos até
hoje?
Em 1130 Hughes de Payns entra outra vez na Palestina, já como Grão
Mestre, com um exército por ele recrutado e se estabelece na casa
vizinha ao Templo de Jerusalém, a Casa dirigente da nova Ordem. Na
França permanece Payen de Montdidier como Mestre, iniciando-se assim
a fase operativa. No Oriente e na Europa a espada templária acode
em defesa do fraco, assim como a esmola templária ajuda aos pobres.
O exército disciplinado e bem treinado nunca recusa um combate. Um
detalhe: Cinco Grãos Mestres morreram em combate e outro morreu prisioneiro,
pois se recusou a pagar resgate.
A parte material também era um sucesso. As doações
deixam a Ordem rica, doações que, curiosamente, começaram
antes de 1138, fazendo os historiadores imaginarem que a Ordem, com seus
objetivos, já existia secretamente bem antes da data oficial. Em
1270 os Templários já tinham acumulado, só na França,
cerca de 1000 comendadorias e inúmeras granjas e solares. No reino
de Valença, Espanha, os Templários eram donos de 17 praças
fortes. Inclusive o rei de Aragão pretenderam dividir todo seu reino
entre os Templários e os Hospitalários, que foi impedido pelo
clero, a nobreza e o povo. A rainha de Portugal daria à Ordem em
1128 o Castelo e a mercê de Saure, às margens do Mondege. As
propriedades da Ordem estavam em toda a Europa, mas a principal concentração
estava na França, país onde a Ordem tinha a sua máxima
importância. Na Terra Santa, Palestina, Antioquia, Trípoli,
Saint Jean D'Acre, etc, também mantinham comendadorias. Na Espanha
e Portugal eles tinham conquistado fortalezas dos muçulmanos e construído
outras em pontos estratégicos, criando uma linha de defesa na costa
mediterrânea contra os corsários, especialmente em Provença
e em Catalunha.
Os ingressos em dinheiro auferidos pela Ordem não cessavam de crescer.
Vinham de aluguéis de casas habitação (dizem que em
Paris a Ordem era dona de bairros inteiros), de dízimos, venda de
produtos agrícolas cultivados na suas inúmeras granjas, dinheiro
recolhido pelas igrejas da Ordem, etc.
Para facilitar a comunicação e transporte entre todas as comendadorias,
fortalezas, portos (os Templários possuíam uma bem abastecida
marinha) etc, os Templários construíram especialmente a França
uma rede de bem cuidadas estradas, beneficiando o desenvolvimento de todas
as atividades econômicas do país. A qualidade da estrada unia-se
a segurança dada pelos Templários, especialmente nas proximidades
de suas propriedades e, assim, os viajantes viam-se livres de salteadores.
O curioso, observando um mapa destas estradas templárias publicada
no livro Os Misteriosos Templários, de Louis Charpentier, é
observar que 6 grandes estradas desembocam ou partem de La Rochelle e distribui-se
pela França inteira. Curioso porque La Rochelle não existia
como porto oficialmente reconhecido naquela época e nem sequer com
a cidade, mas os Templários tinham ali uma casa provincial que dirigia
suas atividades naquela parte da costa atlântica. Falamos que os Templários
possuíam uma frota poderosa, cuja atividade militar concentrava-se
no Mediterrâneo e, por tanto, as bases mais poderosas poderiam ser
em Valença ou em Barcelona, então, por que em La Rochelle?
Alguma razão secreta deve ter existido que justificasse este investimento
de porto e estradas; só que nenhuma prova ficou e, na falta de provas,
os historiadores iniciam suas especulações unindo fatos aparentemente
isolados. Quando nasceu a Ordem dos Templários a prata quase que
não existia; as moedas eram feitas de ouro e bronze. No fim da Idade
Média, a moeda de prata passa a ser de uso corrente. De onde saiu
essa prata? A Europa tinha umas poucas minas de prata na Alemanha, mas ainda
não estavam sendo exploradas. As minas de prata estavam na América,
mas ainda não tinham sido "descobertas" por Cristóvão
Colombo. E no Oriente a prata era mais apreciada que o ouro.Unamos agora
estes fatos com algumas suposições: os Templários conheciam
o valor da prata no Oriente. Eles sabiam ou descobriram a existência
abundante de prata na América. É fato conhecido que os normandos
navegavam até a América bem antes de Colombo. Então
já temos uma grande hipótese. Os Templários montam
uma frota, constroem um porto em num lugar desabitado, longe dos olhares
de intrusos, dotam-no de estradas e começam a trazer a prata da América,
em competência com o ouro, para criar um novo padrão financeiro
sob seu controle que iria reforçar o sistema bancário que
tinham montado para facilitar transações comerciais e outros
empreendimentos dentro da Europa.
Exatamente, eles tinham criado um sistema financeiro que era uma novidade
para a época. Como cada comendadoria possuía ouro e dinheiro
corrente em quantidade, a Ordem começa a fazer o papel de Banco nacional,
oferecendo aos comerciantes o serviço e vantagens de uma "letra
de câmbio" que evita o transporte de dinheiro tão exposto
a perigos. Esta função bancária também incluía
empréstimos de grandes somas para o comércio, o Estado e até
para a Igreja; em numerosas oportunidades o governo central utilizou-se
dos serviços bancários da Ordem para recolhimento de impostos.
Existem autores que consideram que o serviço dos Templários
não passou de ser Caixa ou Tesoureiro e que, considerar que eles
eram bancários, seria um erro. Tudo bem, mas isso já passa
a formar parte de uma discussão do que entendemos por serviço
bancário.
O poder central dos Templários também desenvolveu outras atividades
tendentes a agilizar o progresso econômico e social e, entre elas,
podemos citar:
" Vias de comunicação; proteção aos viajantes
e ao transporte de produtos que sofriam permanentemente a ação
dos salteadores.
" Supressão de cobrança de pedágio, imposto pelos
senhores feudais, liberando desse pedágio a quem usar as pontes e
estradas templárias.
" Desenvolvimento de culturas, especialmente trigo e cevada para diminuir
a fome que, nessa época dizimava as populações mais
carentes.
" Convite a artesãos, construtores e outros ofícios,
para se instalarem em terras templárias, onde poderiam trabalhar
livremente nem sofrer taxas.
" Liberação dos servos do sistema feudal aos que viviam
nas comendadorias templárias; só na França a Ordem
era proprietária de umas 2.000 comendadorias; cada uma delas possuía,
em média, uns 1.000 hectares de terra cultivável.
Como é fácil ver, estas medidas tiveram como resultado uma
liberação do comércio da tutela do governo estabelecido,
passando a controle indireto da Ordem. Alguns historiadores argumentam que
não foi a cobiça que fez o rei Filipe O Belo destruir a Ordem
dos Templários. O objetivo social da Ordem que visava organizar uma
nova sociedade na qual todos seriam iguais, trabalhando com segurança
e vivendo em paz e prosperidade, tem sido considerado como a Segunda Grande
Missão dos Templários, colocava em grande perigo aos dois
poderes que governavam sem oposição e dentro do maior absolutismo:
a Monarquia e o Papado. O rei haveria analisado as ações dos
Templários e decidido pela destruição da Ordem.Os Templários,
na construção de fortalezas militares, aproveitaram a experiência
dos bizantinos, o que, unido às máquinas de guerra que lhes
permitia movimentar grandes pedras, dedicaram-se a construir catedrais,
muitas das quais são motivos de admiração dos turistas
que hoje visitam Europa. Por isso, os Templários são considerados
por alguns autores como os precursores das associações de
pedreiros e por ai, buscam a origem da Maçonaria; lembram que a expressão
freemason é de origem francesa e que apareceu entre os anos 1376
e 1396, e que, nessa época, chegam à Escócia restos
dos Templários fugindo da perseguição francesa e ocultaram
sua identidade atuando como pedreiros.
Entre 1146 e 1272 são construídas na França uma infinidade
de catedrais e, entre elas, 25 de grande porte o que evidencia a existência
de várias comunidades de construtores em ação. A França
tinha no início do século XIII uns 10 milhões de habitantes,
uma população esfomeada, empobrecida, participando das Cruzadas
e de guerras regionais e que tinha uma quantidade impressionante de profissionais
construtores. Estes profissionais devem ter sido formados por alguma instituição
e não foi pelo governo nem pela Igreja já que estavam empobrecidas
após o fracasso das Cruzadas. Os tempos que a Europa vivia eram os
piores que a história conheceu. Quem formou então estes profissionais
que desenvolveu os projetos e financiou as construções? Podemos
falar então da Terceira Grande Missão dos Templários
e que é a Construção do Templo.