Willermoz , Saint Martin , "la Chose" e o Martinezismo
(Willermoz , Saint Martin , "la Chose" e o Martinezismo ou Maçonaria Martinista ou ainda a Maçonaria Retificada)
Como sabemos
Willermoz elegeu-se Grão Mestre da Grande Loja de Lyon em 1761 e
1762 mas não aceitou a renovação de seu mandato em
1763 para que pudesse dedicar-se mais à parte oculta. Em 1763 fundou,
juntamente com seu irmão Pierre-Jacques, o Capítulo dos Cavaleiros
da Águia Negra, nele, entraram os irmãos mais instruídos
das Lojas de Lyon. As reuniões eram secretas para evitar a curiosidade
dos demais irmãos, a admissão de novos membros foi fechada,
estudavam particularmente o simbolismo e a importância dos diversos
níveis e os catecismos dos diferentes graus e sistemas maçônicos.
Willermoz e seus companheiros não aprovavam os graus de vingança
contidos em muitos sistemas maçônicos, com relação
aos exterminadores da Ordem do Templo em 1314.
Os membros do Soberano Capítulo da Águia Negra, estariam ligados
aos Iluminados de Avignon, dirigidos por Dom Pernety, este, tinha contato
com a Estrita Observância Templária, na Alemanha e provavelmente
também com Dom Martinez de Pasqually e por seu intermédio,
possivelmente, foi que Willermoz conheceu Pasqually e que se tornou Delegado
Geral da Estrita Observância Templária para a região
de Lyon.
Com a aprovação da grande loja da França, os maçons
de Lyon desenvolveram seus trabalhos sob o comando de sua própria
Grande Loja, Willermoz deixou o Grão-Mestrado em 1763, tornando-se
simples Guarda-selos e Arquivista, nunca deixou de exercer alguma função
na Maçonaria.
Willermoz acreditava, desde a sua primeira admissão na Maçonaria,
que Ela detinha o conhecimento de um objetivo possível e capaz de
satisfazer o homem honesto. Trabalhos e estudos por mais de vinte anos,
uma correspondência particular intensa com os Irmãos mais instruídos
da França e do exterior e os arquivos da Ordem em Lyon, forneceram-lhe
os meios para encontrar os inúmeros sistemas, alguns mais singulares
que os outros.
Willermoz era em primeiro lugar, um discípulo esforçado, dedicado
aos estudos, em segundo, foi um grande organizador de sistemas iniciáticos,
grande pesquisador, ativo e prático; pela relação com
Dom Pernety, deu uma impregnação alquímica ao seu sistema
maçônico cujo objetivo era alcançar a iluminação
e realizar a Grande Obra.
Em uma viagem à Paris, em maio de 1767, encontrou Bacon de la Chevalerie,
substituto da Ordem dos Elus-Cohens do Universo, no Grão Mestrado,
foi nessa oportunidade que constatou pela primeira vez com a doutrina de
Martinez de Pasqually. Tinha 37 anos de idade quando foi iniciado por Pasqually
na Ordem dos Elus Cohens, em cerimônia realizada em Versalhes, proximidades
de Paris.
Bacon colocou Willermoz em contato também com outros irmãos,
juntamente com seu irmão Pierre Jacques, entraram na nova Sociedade,
cujo chefe era Pasqually, um dos sete chefes soberanos universais da Ordem,
como ele próprio se apresentava. Iniciado há 18 anos na Maçonaria
e possuidor de todos os seus graus, compreendeu que até aquele momento
nada sabia da Maçonaria essencial e que havia um vasto campo de conhecimentos
a percorrer.
Seus conhecimentos de alquimia, uma ampla base de conhecimentos de simbolismo
maçônico e do ocultismo em geral, permitiram-lhe destacar-se
rapidamente na Ordem dos Elus Cohens do Universo. As teorias expostas por
seu novo Mestre respondiam aos desejos secretos que possuía e a tudo
aquilo que sempre procurou. A nova Ordem detinha prescrições
particulares à seus discípulos, era vetado o consumo de sangue,
dos rins, e da graxa dos animais, recomendava a prática mundana com
moderação e duas vezes por ano praticavam um rigoroso jejum;
abstinham-se de toda alimentação algumas horas antes de seus
trabalhos.
Pasqually concedeu-lhe o direito de estabelecer uma Grande Loja do novo
rito em Lyon e deu-lhe o título de Inspetor Geral do Oriente em Lyon
e fez com que entrasse como membro não residente do Tribunal Soberano
de Paris. Em 13 de março de 1768, Bacon de la Chevalerie ordena Willermoz
no Grau Rosa Cruz.
Willermoz iniciou longa correspondência com Pasqually, através
da qual era instruído acerca das operações de equinócio
e em relação aos trabalhos diários. Determinados irmãos
iam de Bordeaux à Lyon para operarem com Willermoz. Os irmãos
de Paris realizavam trabalhos a sós ou acompanhados por Pasqually,
como o Mestre não tinha meios de estar presente em todos os lugares
ao mesmo tempo, havia irmãos descontentes, Willermoz procurou acalmar
os irmãos, tanto os de Paris como os de Versalhes e com tom moderado
solicitou a assistência do Mestre em Bordeaux.
Todos aguardavam suas promessas, os discípulos impacientes esperavam
a manifestação do sinal do Reparador. O Mestre mandou que
estudassem com mais perseverança ainda e que tivessem paciência
e esperassem que a luz se faria presente no interior de cada um. Essa cobrança
de que Willermoz foi o porta-voz, parece ter irritado o Mestre, que proibiu
Willermoz de realizar os trabalhos de determinado equinócio.
Desde 1768 Willermoz mantinha correspondência com Saint Martin, na
época secretário de Pasqually, formou-se entre ambos uma forte
amizade, estavam em início de carreira iniciática e ainda
bastante imaturos na Iniciação Real.
Saint Martin reconfortava o líder Lyones, seu estilo elegante, seu
fervor espiritual e seus conhecimentos de ocultismo acalmaram a mente dos
irmãos de Lyon, dando-lhes coragem e paciência.
Através de Saint Martin, Willermoz em 11/07/1770, Pasqually falou-lhe
de seus mestres, sendo ele próprio apenas um intérprete, possuidor
do terceiro grau de uma Ordem originária dos lendários Rosa
Cruzes.
Willermoz encontrou nos novos companheiros da Ordem dos Elus Cohens: Grainville,
Champollion, Bacon de la Chevalerie, Saint Martin, entre outros, uma grande
fé em Martinez de Pasqually, na imortalidade da alma e na iluminação
humana. Todos praticavam as técnicas mágicas oriundas do sistema
organizado por Pasqually; esperavam pacientemente o desenvolvimento espiritual
que se mostrava lento para todos os discípulos.
Aguardavam a presença do agente incógnito, "la Chose"
bastante conhecida dos Martinistas, que deveria um dia manifestar-se no
seu meio e aportar-lhes os conhecimentos divinos.
Com a partida de Pasqually para São Domingos, a Ordem dos Elus Cohens
começou a declinar, Willermoz não esperou o desaparecimento
do Mestre para agir por conta própria. Da América o Mestre
escreveu-lhe colocando um fim em sua punição e dizendo-lhe
que continuasse seu trabalho com a dedicação demonstrada até
aquele momento, porque acabaria obtendo o sucesso almejado nas operações.
Willermoz recebia encorajamento de Grainville e de Champollion no sentido
de lhe pacientar, salientavam a necessária distinção
que se deve estabelecer entre o instrutor, falível como qualquer
ser humano e a doutrina secreta, divina, pura, que ele nada mais fazia de
que interpretá-la.
A idéia de Willermoz de adaptar o sistema da Ordem dos Elus Cohens
do Universo, de Pasqually, dentro da Maçonaria, não era tarefa
fácil. O sistema maçônico representa a Iniciação
Primitiva e é tão antigo como a própria raça
humana. Sua ritualística está inserida dentro de um contexto
histórico, simbólico e iniciático.