O
Egito
Frater Zelator S:::I::: S:::I:::I:::
O Egito é
o berço de nossa civilização, dizem muitos. Podemos
dizer que é o início de todas as Tradições que
conhecemos. Sua origem atlante pode até ser questionada, porém,
uma afirmação é inegável dentro do meio oculto:
a civilização egípcia legou-nos um arcabouço
de simbolismo esotérico, ocultista, filosófico e cultural
tão importante, que tal simbolismo está presente até
hoje em nossas Iniciações, estudos, teurgia, filosofia, etc.,
desde o primeiro grau até o último das organizações
modernas. Como deveriam mesmo ser os verdadeiros símbolos divinos,
estes mostram a sua eficácia e perenidade através das eras
de nossa civilização. Seus símbolos místicos
são, claro, também um amálgama daqueles povos que eles
escravizaram ou, de alguma outra maneira, se relacionaram. Como exemplos
mais marcantes, talvez pudéssemos citar os gregos, hebreus e os fenícios.
Sua escrita possui relação com a escrita de vários
povos da antiguidade. Alguns acham que ela surgiu no Egito por volta do
ano 4000 A. C., outros questionam tal fato, dizendo que a escrita seria
muito mais antiga, segundo achados arqueológicos contemporâneos.
Mas não se nega, também, que mesmo que os egípcios
não a tenham formalmente criado primeiro, a forma de divulgação
dos hieróglifos, através das construções, blocos
de pedra e papiros, revolucionou o mundo, pois eram grandes comerciantes
e desenvolveram, mais até que os fenícios, a necessidade de
utilização de documentos para as transações
comerciais.
Seus símbolos para a escrita são os mesmos de outras culturas antigas, como Papus demonstra, por exemplo, para a letra B. Esta letra possui uma grafia que foi se desenvolvendo até os dias de hoje desde tempos imemoriais relacionado à observação das constelações no céu noturno, em especial à de Capricórnio. A Iniciação, passando pelos 4 elementos (fogo, ar, água e terra), como a conhecemos hoje dentro de várias organizações iniciáticas, nasceu no Egito dentro do culto de Ísis. As provas de purificação da alma e do corpo levam o candidato a ficar em uma nova condição interior, principalmente, para que ele possa passar pela "morte iniciática", ou seja, renascer para uma nova condição, superior à primeira, onde ele era levado a conhecer o mundo das almas, o plano astral, mais sutil que o nosso, e onde era conhecida a sensação da verdadeira morte. É quando o corpo sutil do candidato viaja, ligado apenas pelo cordão de prata, aos planos mais sutis. É importante ressaltar que até os Faraós passavam por esse processo inicático, pois eram considerados expressões máximas da Divindade na Terra. E como tal deveriam conhecer os dois mundos. Os iniciados da Antiguidade reconheciam-se pela maneira com que descreviam os astros que compõem o nosso sistema solar. E naõ há maneira melhor que descreve-los física e astralmente.
Voltando à
questão iniciática, pode-se afirmar que pelo menos um ponto
parece ser comum às várias escolas antigas: renascer para
uma nova condição interior e exterior. E isto é mantido,
mesmo que de uma forma mais leve fisicamente, até os dias de hoje.
Passar pelos elementos era uma maneira, também, de ensinar ao candidato
sobre a mãe Terra, de que eram compostos todos os corpos do planeta,
inclusive os seus corpos sutis. Talvez esta seja uma influência grega,
pois estes fundamentaram muito de sua filosofia pré-socrática
nos 4 elementos da natureza. Ambas as civilizações, como mostra
bem o caso de Pitágoras e Platão, mantiveram estreito contato
iniciático. O desenvolvimento mágico de ambos praticamente
era o mesmo até antes da decadência grega. A ciência
como suporte às práticas mágicas (como a matemática,
a medicina e a física) foram bastante exploradas por gregos e egípcios.
A maior prova disto é a técnica de mumificação
entre os últimos e o desenvolvimento da trigonometria e da geometria
entre os primeiros. Aristóteles foi o suporte da física escolástica
até Galileu Galilei, que provocou a chamada Revolução
Científica.
Os egípcios necessitaram desenvolver sempre seus cálculos
astronômicos e seu calendário para a agricultura, as construções
mais modernas e os cálculos astrológicos utilizados pelos
Sacerdotes em seus trabalhos ocultos. Porém, não me atreveria
a dizer que as grandes pirâmides de Gizé tenham necessitado
da ajuda grega, pois elas e a Esfinge podem ser muito mais antigas que a
civilização grega contemporânea aos egípcios.
Porém a construção dos templos egípcios era
de uma organização arquitetônica fantástica,
pois descrevia os vários planos espirituais, do mais denso para os
mais sutis, partindo da entrada para seu ponto mais profundo. Suas várias
câmaras tinham funções iniciáticas precisas,
que levavam a uma interiorização constante daqueles que lá
estavam. As palavras não são competentes para descrever sua
beleza, apenas mentalizando tais lugares, harmonizando-se com as figuras
e descrições feitas, pode-se apreender um pouco de todo a
sua potência simbólica.
Se a catástrofe atlante deu origem às Escolas de Mistérios do Egito e da Grécia, assim como dos Persas e Caldeus, entre outras, justifica-se que o desenvolvimento arquitetônico e iniciático desses povos tenha se dado mutuamente e em lugares geográficos diferentes. Muitos associam o dilúvio de Noé à Atlântida. Talvez, mas certamente a história do dilúvio bíblico é muito mais profunda do que isso ... Pois o mito é uma maneira de mostrar um ensinamento iniciático de forma velada.
A cosmogonia
egípcia baseada numa Trindade - Osíris, Ísis e Hórus
- é marcantemente parecida a outras formas de descrever a Criação
de várias culturas modernas ou antigas: Pai, Filho e Espírito
Santo (ou a Mãe); Kéther, Chokmah e Binah; Bramah, Vishnu
e Shiva; Mercúrio, Enxofre e Sal; e etc.. Para não mencionar
que a questão da Trindade está presente na filosofia que explica
desde o ocultismo até alguns aspectos da ciência. Por exemplo:
se possuímos duas manifestações de alguma coisa, necessariamente
teremos a manifestação de um terceiro aspecto, formador da
trindade, e que possibilitará a sua manifestação física.
Podemos citar o caso do átomo (palavra grega para indivisível)
que só pode existir em sua variedade ao possuir o próton,
elétrons e o neutron. Apenas o primeiro elemento químico formado
pelo universo, e o mais simples de todos, formador dos demais - o hidrogênio
(H) - possui 1 próton e 1 elétron, não possuindo qualquer
neutron em seu núcleo.
Não por acaso Papus cita os Ritos Maçônicos logo após
comentar sobre o simbolismo em geral e os egípcios. Podemos encontrar
aspectos iniciáticos do Egito dentro dos trabalhos maçônicos.
E não por acaso, também, as verdadeiras tradições
iniciáticas dividem seus graus principais, basilares, em número
de 3, popularmente conhecidos como os de Aprendiz, Companheiro e Mestre.
O Martinismo também segue esta tradição de forma marcante,
como representante verdadeiro da Tradição Primordial, cujo
legado de nossos mestres do passado marcaram nossas vidas indelevelmente.