Bases do Martinismo Papusiano
Todos sabemos que o martinismo defendido e amplamente divulgado por Papus sofreu deste, uma série de uniformizações para torna-lo apto a se configurar e se apresentar como "Ordem Organizada" , para tanto, foram criadas ou estabelecidas alguns princípios basilares que são seguidos até hoje invariavelmente da Ordem ou Obediência. São estas bases que dividem e separam o Martinismo primitivo , anárquico, do organizado e centralizado. Esta Bases o princípios são também chamados de Landmarks. .
A crença
em Deus e a invocação de Yeschouá
O Martinismo é uma Ordem essencialmente Cristã. Como tal Yeschouá
é invocado em todas as sessões rituais e mencionado em todos
os documentos Martinistas. A obrigação da crença em
Deus é uma característica que abarca todos os corpos Iniciáticos.
Sem ela não o conceito iniciático perder-se-ia. Somos cristãos!
Cristãos libertos dos limites e dogmas. Honramos Yeschouá
por ele representar o mistério da encarnação do Logos
no mundo físico. Compreendemos que os acontecimentos do drama Crístico
se manifestam progressivamente em nós e que por esse motivo e por
meio da participação Divina na existência, recebemos
como resposta às nossas orações e rituais teúrgicos
os milagres emanados da providência divina.
Este é um ponto essencial e fundamental.
A Iniciação
transmitida por Louis-Claude de Saint Martin
Consideramos que esta iniciação, apelidada de S.I., tem uma
dupla origem. Ela funda-se em Martinez de Pasqually e em Saint-Martin. Esse
duplo legado é parte da essência da Ordem e da própria
qualidade de cada Martinista. Vemos nela a natureza espiritual agregadora
da nossa grande família Iniciática.
Compreendemos que existem vários caminhos e filiações
Martinistas, mas sabemos que todos eles se ligam a Saint-Martin. Citamos
Robert Amadou quando ele afirma que a filiação Martinista
é "a de afiliação do Desejo, uma afiliação
espiritual que pouco a pouco foi formalizada ritualisticamente devido à
influência de diversas personalidades".
A divisão
dos graus
A estrutura geral e actual da Ordem, divide a Iniciação em
três graus. Dois preparatórios e final que é o S.I..
Todas as Ordens Martinistas actuais trabalham usando esta mesma estrutura,
embora algumas usem nomes diferentes nos graus preparatórios.
Tradicionalmente os nomes atribuídos aos graus do primeiro templo
são:
1º Grau - Associado
2º Grau - Iniciado ou místico
3º Grau - S:::I::: (Supérieur Inconnu)
Transmissão
de boca a orelha, pessoal, realizada pelo Iniciador ao iniciado.
A iniciação é sempre pessoal sendo realizada por um
Iniciador autorizado, independentemente do título que tenha.
A Iniciação é um presente dado por um Iniciador ao
seu iniciando ou inicianda, constituindo uma marca da mais profunda confidência
entre os dois. Não pode ser transmitida por correio, por telefone
ou por qualquer outra maneira que não seja pessoalmente e na presença
dos símbolos essenciais do Martinismo.
O Iniciador pode ser conhecido por diversas formas e títulos: Iniciador,
Iniciador livre, Filósofo Desconhecido, etc. Todos significam o mesmo
e declaram a mesma verdade: cada Iniciador recebeu a sua autoridade de um
outro Iniciador, podendo conferir a Iniciação. Cada Iniciador
é livre e autónomo, sendo cada Iniciação consumada
de acordo com a sua própria discrição.
O Desejo é o requisito fundamental que o iniciando deverá
possuir. A intelectualidade e a caridade espiritual deverão estar
equilibradas com a consciência responsável. O Iniciador nunca
deverá conferir a Iniciação: aos meramente curiosos,
àqueles que procuram na Iniciação a satisfação
dos seus próprios egos, ou àqueles que a procuram com fins
lucrativos e mercenários. É fundamental que a Ordem deposite
a sua tradição em candidatos fiéis e honestos capazes
de manter a sua pureza. Cada Iniciador deve esforçar-se para preservar
a herança que lhe foi conferida de forma a passá-la intacta
à posterioridade.
Os Mestres
do Passado.
Este é nome dado àqueles que tem criado, contribuído
e definido a nossa Tradição. São os que nos transmitiram
a sua afiliação. Alguns exemplos são: Papus, Sédir,
Phaneg e Mestre Philippe. Outros Mestres são conhecidos somente por
aqueles que pertencem a uma ou outra linha de afiliação. Há
alguns que tem trabalhado completamente "por detrás da máscara",
e que são conhecidos como sendo santos ou grandes almas. Invocamos
a sua presença em cada sessão ritual e pedimos a sua orientação
e protecção.
A liberdade essencial para o Iniciado buscar seu próprio caminho
rumo a reintegração.
A Ordem Martinista teve desde a sua génese, um programa de instrução
baseado em certos símbolos fundamentais. À parte destes, cada
Iniciador ou grupo de dirigentes, foram livres para instruir de acordo com
sua própria compreensão e interesse do grupo. Deste modo,
o Martinismo é mais um local de encontro, que propriamente um currículo
rígido, e é assim que deve ser, pois o caminho da reintegração
é pessoal. Assim, alguns trabalharão com uma Ordem, outros
com outra, e alguns trabalharão sozinhos como Martinistas Livres.
Sempre tem sido assim.
Crer no processo de reintegração como forma de escape da Floresta
dos Erros.
A Ordem Martinista sempre sustentou que o homem está caído,
perdido e ema privação, desconhecendo totalmente os privilégios
do seu estado primordial. A função das escolas de Pasqually
e Saint-Martin tem sido relembrar ao homem as suas glórias, a sua
origem sobrenatural e indicar aos desejosos o caminho de retorno. Alguns
preferirão seguir o caminho Operativo, outros preferirão a
via cardíaca. Independentemente do caminho escolhido, a jornada deverá
ser empreendida perseverantemente.
O Uso do Manto
Simbólico, da Máscara e do Cordão.
Pouco importa a cor do manto; pouco importa a cor do cordão do S.I.;
e pouco importa se tem nós ou não. Todos os Martinistas fazem
uso destes três símbolos e dos seus profundos significados
que na verdade são imutáveis.
O Uso dos três
tecidos, preto, vermelho e branco.
Assim como o manto, a máscara e o cordão, estas cores são
de uso universal e seu simbolismo explica-se de modo equivalente.
O Uso do Trígono
de Luminárias.
No altar Martinista, existem 3 velas dispostas em triângulo. Em algumas
Lojas são usadas em 2 Graus, noutras em todos Graus. O simbolismo
é sempre o mesmo e pode ser aceite por todos os Martinistas.
O Uso do Pantáculo
Martinista.
Em algumas Ordens Martinistas, o Pantáculo localiza-se no chão
a leste, noutras encontra-se acima da cadeira do Iniciador e noutras Ordens
o Pantáculo encontra-se nos dois locais. Ele consta de todos os documentos
Martinistas, constituindo o símbolo Martinista universal.
O local dos
Mestres do passado.
Em todos os Templos Martinistas, existe um lugar, uma cadeira, uma mesa,
ou um altar adornado com uma vela dedicada aos Mestres do passado. Dedicada
àqueles que foram são e serão os rochedos onde se funda
a nossa Ordem e a nossa família Iniciática. Essa vela ilumina
todas as nossas cerimónias e representa a nossa invocação
aos Mestres do passado, as suas presenças no nosso seio e a nossa
aspiração de um dia nos juntarmos a eles.