Assim como a alma do Cristo e de Maria, as almas dos 12 apóstolos não vêm do mundo dos arcontes, mas antes do plano celeste, como afirmam as seguintes passagens:
"Alegrai-vos pois, jubilai, porque quando vim ao mundo desde o iní~io -trouxe comigo 12 potências, assim como vos disse desde o princípio; recebi-as das mãos dos 12 salvadores do tesouro da luz, segundo a ordem do primeiro mistério, e atirei essas potências no seio de vossas mães desde meu advento nesse mundo e são essas potências que estão agora em vossos corpos.
E as 12 virtudes dos 12 salvadores do tesouro da luz que recebi das mãos
dos 12 decanos do meio, eu as atirei na esfera dos arcontes e os decanos
dos arcontes com seus liturgos pensavam que eram almas dos arcontes, e os
liturgos levaram-nas consigo; eu as prendi no corpo de vossas mães
e, quando vosso tempo chegou, fostes gerados sem possuir dentro de vós
as almas dos arcontes".
A FUNÇÃO DOS APOSTOLOS
"Em verdade, em verdade eu vos digo: eu vos tomarei perfeitos em todos os pleromas, desde os mistérios do interior até os mistérios do exterior, eu vos inundarei do espírito, e por isso sereis chamados sopros perfeitos de todos os pleromas; e em verdade, em verdade eu vos digo, eu vos darei todos os mistérios de todos os céus de meu Pai e de todos os lugares dos primeiros mistérios, e aquele que introduzirdes na Terra será introduzido na luz do alto, e aquele que rejeitardes na Terra será rejeitado no reino de meu Pai que está nos Céus."
Valentin, pois, o doutor gnóstico, autor do Pistis Sophia, é
formal.
Todas as manifestações terrestres que precederam o nascimento do cristianismo são pessoas do plano celeste. Foi por uma sublime invocação divina que a evolução das almas se tornou possível.
Eis portanto o caráter elevado e particular do cristianismo, a origem dos seus mistérios mais profundos. Cada raça humana pode ser objeto de um messianismo especial; mas em cada novo messianismo a nova raça se apresenta num plano mais elevado da espiral evolutiva. A raça branca foi aquela que invocou a última manifestação divina; não é justo então, segundo as leis da evolução no tempo e no espaço, que essa manifestação tenha sido mais elevada do que as precedentes e que ela tenha, em vista disso, necessitado uma involução de uma ordem igualmente mais elevada? Deixamos essas idéias à meditação dos que sabem realmente o que significa o método analógico e conhecem as leis misteriosas que ele traduz.
Jesus ( Yeschouá) vinha de um plano demasiado elevado para se abaixar
aos meios vis empregados pelos homens para firmar seu poder, e Fabre D'Olivet
enunciou com muita sabedoria essa reflexão:
"Devemos observar que se Jesus desejasse seguir o caminho das conquistas que se abriu diante dele quando os povos da Galiléia lhe ofereceram a coroa, e que se houvesse tomado a liderança dos judeus que aguardavam um messias conquistador, teria certamente conquistado a Ásia inteira; mas a Europa teria resistido a sua força, e como era na Europa que deveria exercer principalmente sua influência, ele preferiu optar por uma vitória bem menos brilhante a princípio, mas muito mais poderosa no futuro - e decidiu superar a fatalidade do destino em vez de se servir dele" .
Entretanto, o grande mestre segue a tal ponto o método histórico
e crítico que chega a desconhecer as forças secretas que se
manifestaram por meio dos apóstolos.
"Os 12 apóstolos que Jesus Cristo escolheu não tinham
a energia necessária para realizar o apostolado. Foi em São
Paulo que o cristianismo encontrou sua força dogmática e sua
doutrina espiritual. Mais tarde, recebeu seus ritos sagrados e suas formas
de um teósofo da escola de Alexandria, chamado Ammonius" .
Sim, tudo isso é verdade deste lado da cortina, mas o que deve interessar
ao iniciado é justamente o outro lado. São as forças
invisíveis em ação, os motivos sutis graças
aos quais o gigante científico filosófico e religioso, que
era o politeísmo em seu princípio, vai sucumbir em alguns
anos, sob o impulso desses homens de pequeno saber mas de fé ardente
que foram os primeiros cristãos.