Constituição
do ente humano
Para procurar fazer compreender bem os detalhes desta reencarnação
espiritual, vamos lembrar a idéia que a tradição iniciática
dá da constituição do corpo humano e dos princípios
que o constituem.
O corpo humano é formado de um envoltório físico material
, que todos conhecemos e vemos . Este envoltório material era chamado
pelos Egípcios de KHAT.
Ao lado deste envoltório material há um princípio que
recebe a forma do corpo, que é verdadeiramente seu duplo. Este princípio
que está ligado ao plano astral, que nele respira secretamente e
sofre a influencia dos astros, foi chamado por Paracelso de corpo astral
e pelos Egípcios de KHA, que os sábios orientalistas
contemporâneos muito bem traduziram, com Maspero, pela palavra duplo.
Da mesma forma que o corpo físico vem do plano físico e volta
a ele , este corpo astral vem do plano astral e volta a ele.
O Kha, ou corpo astral, é o governante do organismo; está
fisicamente localizado no nervo "Grande Simpático " , e
em todos os seus ramos. Se quisermos fazer uma representação
do nervo Grande Simpatico, precisamos desenhar todos os capilares, todas
as artérias, todas as veias e todos os órgãos ativados
por este nervo. Temos assim um verdadeiro duplo do corpo físico.
O princípio espiritual que utiliza como meio de ação
sobre a matéria este duplo astral , era chamado pelos Egípcios
de KHU. O ente humano encarnado era pois composto de um corpo Khat,
dum duplo astral Kha , e de um espírito KHU. Este espírito
agia geralmente de longe, por meio de clichês enviados à nuca
do seu corpo físico . Os egípcios pretendiam que, desde o
nascimento, o espirito se refugiava nas regiões astrais, na estrela
polar , e daí é que incitava os elementos materiais.
Depois da morte o nome dos princípios mudava: a parte física
, poderíamos dizer astrofísica, que envolvia o ente humano
privado de corpo material, tomava o nome de Bi. A parte astrovital deste
corpo fluídico tomava o nome de Ba, alma , animando tanto os animais
como todos os seres vivos. E finalmente a parte astro-espiritual, simbolizada
em hieróglifos por um gavião de cabeça humana, tomava
o nome de Bai.
Se entramos em todos estes desenvolvimentos, é que a tradição
ocidental tira sua origem dos ensinos secretos do Egito, e esta tradição
egípcia foi um modelo de clareza, de síntese e de ensino verdadeiramente
divino; ao passo que a tradição vinda do Oriente foi deformada,
obscurecida, encoberta pela análise, e nunca apresenta a claridade
luminosa da tradição do Egito.
Além disso , Moisés era sacerdote de Osíris; foi iniciado
pelos Egípcios; sua iniciação foi completada pela tradição
negra de Jethro, mas é no Egito que devemos procurar a origem dos
ensinos que Moisés nos vai transmitir em seu Sepher.
Compreenderão, pois , porque insistimos tanto sobre os ensinos do
Egito a este respeito.
Volta à matéria
Da mesma forma que o homem , na terra, muda de plano quando os tempos passam,
assim também no plano espiritual, o espírito adquire consciência
de que as provas devem ser prosseguidas para sua evolução
pessoal e a evolução de todos os outros espíritos,
de que somente é um elemento. É então que lhe é
pedido o grande sacrifício.
Está em plena consciência de todas as suas encarnações
anteriores , sabe o que ganhou ou o que perdeu nas suas últimas existências
e sabe igualmente quais são os clichês de que terá de
triunfar na existência que vai realizar-se.
Há uma verdadeira agonia com todos os seus horrores, há uma
luta terrível entre o espírito e seus sofrimentos futuros,
análoga à agonia terrestre e à luta da matéria
que não quer deixar o espírito que encarna.
Diante das provas entrevistas: um casamento infeliz, a morte dos filhos,
a separação dos entes, a ruína terrestre, a prisão,
a desonra, talvez a calceta de forçado, compensadas apenas por algumas
bem insignificantes alegrias, o espírito se enche de angústia,
sua luz se obscurece e ele exclama, comentando a palavra que ecoou através
de todas as esferas visíveis e invisíveis : Meu pai ! meu
Pai! por que me abandonaste ?
É então que intervêm os espíritos de proteção;
Todas as luzes dos avós, todos os raios divinos do enviado celeste
se concentram na luz obscurecida de angústia da vítima da
fatal evolução, e os cânticos celestes a rodeiam e a
reconfortam. Num momento de entusiasmo sublime, passado em revista todo
o ciclo dos entes de todos os planos que com ele vão evoluir, o espírito
exclama : Meu Pai, estou pronto, permiti-me somente na terra ser um soldado
de nosso Senhor, que não me abandoneis e que a vossa presença
me salve neste inferno terrestre onde vou me consumir. Depois os fluídos
do rio do esquecimento , rio astral e não físico, rodeiam
o espírito que vai descer .
Esta perda de memória é indispensável para evitar o
suicídio na terra.