Entre
a grande quantidade de
obras publicadas sobre
questões de ocultismo,
há uma que apresenta
interesse especial para os
estudantes avançados.
Refiro-me a "Poder de Serpente",
do autor inglês Avalon.
Nesta obra
estuda-se com todo detalhe a manifestação, no homem, de uma
força, todavia desconhecida da ciência oficial do ocidente,
porém bem experimentada pelo misticismo oriental. Seus iniciados
a denominam "o fogo serpentino". Localizam-na, na base da coluna
vertebral, onde está envolvida como uma serpente adormecida.
Mediante certas meditações e concentrações mentais,
esta força é suscetível de ser despertada, desenvolvida
e dirigida em sentido ascendente até chegar ao cérebro, onde
em tese, despertará as glândulas cranianas denominadas hipófise
e pineal. Estas glândulas entrando em atividade provocam uma série
de fenômenos extraordinários; primeiramente, a aquisição,
pelo interessado, dos sentidos psíquicos, assim como o aperfeiçoamento
da intuição em grau superlativo; em segundo lugar, o aparecimento
sobre a aura da pessoa, ou em forma de raios luminosos emanados de sua frente,
como se costuma representar a Moisés na iconografia cristã,
ou em forma de um halo luminoso ao redor de sua cabeça e que, nas
imagens dos santos, vem representado por uma auréola circular.
Naturalmente, a coisa não é tão simples como parece,
visto que estas manifestações, tomam sempre um caracter vibrátil
e colorações continuamente mutáveis. Toda esta fonomenologia
tem lugar, no que se denomina correntemente, o mundo etérico, que
nada mais é, que uma extensão do mundo tridimensional de nossos
sentidos, e que compreende os quatro estados da matéria, com suas
leis próprias a cada estado, tão diferentes entre si, como
podem ser as dos sólidos, as dos líquidos e as dos gasosos.
Neste mundo etérico, em que a técnica atual se presta somente
a descobrir, produzem-se todas as coisas que têm por base a eletricidade
em suas múltiplas manifestações. Segundo o estado que
se apresentam, serão casos de transmissão de forças,
ou casos de energia química, luminosas ou biológicas, ou outras
de eletromagnetismo, ou ainda de transmissão nervosa, de fluidos
vitais hipnóticos ou terapêuticos etc. Nossos conhecimentos
atuais não nos permitem uma classificação mais precisa,
apesar dos maravilhosos avanços teóricos e práticos
no campo da eletrônica.
E não é preciso dizer o que poderá realizar-se no dia
em que, pela evolução natural da raça entrarem em funções
progressivas os 80% das células celebrais que hoje considera-se que
estão em estado adormecido, na maioria das pessoas de nossa época.
E mais ainda, se forem estimuladas pelo "fogo serpentino" de que
estamos falando, já que este, em seu trajeto ascendente ao longo
do corpo, colocará em atividade outras glândulas ou centros
de diferentes funções, que vão dar matizes especiais
às atividades das glândulas cranianas. Tudo quanto acabamos
de apresentar não são divagações de "ciência-ficção",
mas realidades, que somente espera para manifestar-se ao encontrar seres
humanos com qualidades adequadas para merecer, com toda justiça a
denominação de super-homens. Parece que um estado de elevado
misticismo pode facilitar a obtenção de condições
imprescindíveis. São muitos os indícios que levam a
crer que todo intricado simbolismo alquímico não é
mais que uma maneira alegórica de explicar o processo a seguir para
chegar a realizar a "Grande Obra", no próprio alquimista.
Agora, deixando ao bom critério do leitor as considerações
de tudo que acabamos de expor, apoiando-nos em considerações
anatômicas, e na lei universal da analogia, nos atreveremos a expor
uma idéia que pessoas mais autorizadas cuidaram de consagrar ou rechaçar,
já que nossa boa vontade tem sido incapaz de encontrar um bom termo.
É evidente que toda função orgânica de um ser,
precisa de um órgão ou origem que a realize e que, às
vezes, fixe sua localização dentro de um organismo.
A situação do "fogo serpentino" na base da coluna
vertebral, indica-nos uma série de circunstâncias especiais,
tais como:
1º Localização de uma extraordinária energia etéreo-biológica na parte inferior do eixo de sustentação e de simetria da figura humana.2º Proximidade das glândulas onde se dá a redução cromossômica da célula indispensável para a adequada formação dos gametas masculinos e femininos, cuja união tem que dar a totalidade do número dos cromossomos próprios de toda célula normal, origem de um novo germem de ser, ou seja, o óvulo fecundado.3º A proximidade de zonas erógenas cuja excitações implicam na criação de intensas correntes eletro-nervosas, que sobem até órgãos nobres como o coração e o cérebro e que, os humanos e animais conhecem perfeitamente.4º Em circunstâncias normais, estas correntes eletronervosas vêm a determinar características psíquicas de um dinamismo especial. Quando pela idade, enfermidade ou castração, desaparece este foco de energia, as atividades psíquico-físicas decaem de uma maneira patente até converter um touro em boi, um cavalo de corrida em um cavalo de tração ou um homem de guerra em um ser passivo, indiferente, ou de misticismo doentio.
Em todos os vertebrados, incluindo os homens, quando o "fogo serpentino"
é estimulado, seja por cólera, por ciúme ou por medo,
aparece a fera ancestral, com os sinais externos mais conhecidos, tais como
enriçamento de pelos, gritos, derramamento de líquidos (lágrima,
baba, urina, etc...), aceleração cardíaca, perda de
prudência, temores, etc, tudo resumido na perda do controle mental.
Em seu estado latente, todos os vertebrados possuem, em maior ou menor grau,
este centro de força ativa, como uma entre tantas atividades biológicas.
A diferença entre homens e animais está em que o homem pode
despertar, se quiser ou se sua evolução o permitir, este fogo
e dirigi-lo para o cérebro. Existem casos, muito lamentáveis,
de despertar prematuro por indivíduos não capacitados, que
os têm levado a crises de loucura erótica, geralmente incuráveis.
Nos animais, isto não é possível, visto que, pela própria
natureza, não estão em condições de um despertar
de forças desta qualidade. Mas, seu organismo fisiológico,
análogo ao humano, vai produzindo as energias que permanecem latentes.
Afortunadamente, a sábia natureza os têm provido de um elemento
de descarga, não existente no homem: a cauda. Como efeito, todos
os animais vertebrados, atuais ou pré-históricos, quadrúpedes,
pássaros e peixes, têm cauda por cujas pontas ou pêlos,
podem expulsar a força elétro-nervosa que lhes sobra, e que
sempre escapa pelas pontas.
Todos já vimos os movimentos que os animais dão à cauda
quando se encontram sob a influência de uma forte emoção,
tanto de cólera, como de alegria. Recordemos a rigidez da cauda dos
cães domésticos enquanto esperam o momento do lançamento
do objeto e como a transformam em gestos de alegria, quando o recuperam.
E será por acaso ou por inspiração intuitiva que todos
os artistas que têm pintado o diabo, e lhe atribuem uma longa cauda,
ainda que ninguém nunca o tenha visto?
Todas estas considerações, e muitas outras que poderíamos
formular, não têm outro objetivo, senão o de darmos
uma amostra do muito que podemos aprender com o livro aberto diante de nossos
olhos, que é o "Livro da Natureza".