"Queda"
diária?...
Santi-Ebar SI
Somos influenciados, nós cristão ocidentais, pelos estudos cabalísticos na busca do conhecimento das coisas Divinas. No entender de Jacob Boheme, "a Cabala é a natureza de Deus e Seu modo de manifestação". Nela é apresentado o fundamento da "queda do homem do paraíso" e a sua reintegração ao seu local de origem. Essa "queda" só foi possível quando o Grande Arquiteto do Universo atribuiu ao homem a capacidade de utilizar-se do livre-arbítrio, ou seja, poder pensar e fazer tudo o que deseja. Porém, em contrapartida, estará sempre sujeito as Leis Cósmicas da causa e efeito, que vivenciará na diversidade.
Se intuirmos, observamos que, de forma análoga, o mesmo processo "da queda do paraíso" ocorre, ciclicamente, em nossas vidas. Permanentemente, talvez mesmo todos os dias, estamos sujeitos a sofrer "quedas" e "subidas"; seja "queda" afetiva, "queda" financeira, nas relações familiares, no trabalho, etc.. Lembremo-nos de que nada ocorre por acaso. Ou provocamos os acontecimentos ou estamos envolvidos neles por nossa escolha. Nós escolhemos a nossa família, onde queremos habitar, nosso emprego, se estudamos ou não, se temos filhos ou não, etc.. . Mesmos pressionados, a decisão é sempre nossa. Ninguém é culpado pelos nossos desacertos. Nós "caímos e subimos" a cada acontecimento em nossa vida. É na diversidade que aprendemos utilizar o nosso livre-arbítrio como instrumento de evolução. Foi essa metodologia que escolhemos como aprendizado. É natural que recebamos as conseqüências dessa nossa escolha.
Sob inspiração, Jacob Boheme escreveu: "Se a vida natural
não tivesse contrariedade alguma e não tivesse limite, nunca
perguntaria pelo fundamento de que provém, de modo que o Deus oculto
permaneceria desconhecido para a vida natural . Além do mais, se
não houvesse contrariedade alguma na vida, não haveria perceptibilidade
ou sensibilidade, nem vontade, nem operatividade, nem entendimento, nem
conhecimento, pois algo que tem uma única vontade não tem
divisibilidade, ... ainda que seja boa em si mesma, não conhece o
mal e o bem, pois nada tem em si para torná-los perceptíveis".
Sempre incentivados pelos exemplos dos Mestres, estudamos, meditamos e oramos
com o objetivo do aperfeiçoamento espiritual para que, no final deste
ciclo de vidas, possamos caminhar um pouco mais na nossa evolução.
Devemos incluir o objetivo de superar, quotidianamente, cada "queda"
que se nos apresente, utilizando os conhecimentos que adquirimos. Diz a
Lei de Moisés: "Não procureis saber o que ignorais enquanto
não tiverdes praticado o que já conheceis". Está
em nós mesmos fazer de cada "queda" diária um instrumento
da nossa evolução, pois elas oferecer-nos-ão a oportunidade
de exercitarmos o nosso aprendizado junto dos que nos estão próximos.
Somente com insistência, paciência e empenho na conquista da
harmonia e do entendimento é que conseguiremos ultrapassar os momentos
difíceis de nossas vidas, buscando mais ser do que ter. A Harmonia
é o caminho do meio, a Luz do castiçal do Amor.