O GÊNESIS SEGUNDO
ANTOINE FABRE D'OLIVET
Diversos autores escreveram sobre o tema, dentre os ocultistas ocidentais podemos citar: M. de Briére "Essai sur le symbolisme antique d'Orient", Paris 1847, Court de Gebelin "Le Monde Primitif", Saint-Yves d'Alveydre "Mission de les Juifs", Saint-Martin "Les signes et les idees", Fabre d'Olivet "La Langue Hebraique Restituée" e "El Genesis Decifrado", entre outros.
Fabre d'Olivet, segundo suas próprias palavras: "caminhando na busca das origens das palavras, encontrei o chinês, o sânscrito e o hebraico. Estudei seus princípios e os expus a meus leitores. Obrigado a escolher entre estes três idiomas primordiais, escolhi o hebraico; e mostrei como, estando formado em suas origens por concepções intelectuais, metafóricas e universais, evoluiu insensivelmente desde seus elementos mais grosseiros, circunscrevendo-se a expressões materiais específicas e particulares.
Mostrei também como e quando se perderam inteiramente. Segui as evoluções do Sepher de Moisés, único livro que o contem... Restabelecendo a língua perdida em seus princípios originais, sacudindo o jugo dos helenistas, reconstituindo a sua léxica, penetrando no santuário dos Essênios, desconfiando da doutrina exterior dos judeus; assim pudemos abrir finalmente esta arca santa fechada aos profanos, há cerca de três mil anos, a qual por um decreto da Providência divina, nos oferece os tesouros amassados pela sabedoria dos egípcios..."
Fabre d'Olivet, entretanto, em sua tradução do Gênesis, não quis revelar todos os sentidos deste livro sagrado. Para manter secretas algumas verdades que Moisés ocultou, empregou um procedimento simples, deixou tal e qual os nomes próprios (que designam as forças gerais do universo, como por exemplo o Sr. Tempo e a Sra. Energia...).
Em sua tradução, apenas no capítulo 10, traduziu algumas forças físicas inferiores, como exemplificamos mais a frente.
Adão, masculino e feminino, feito a semelhança de IEVE, possui um significado muito mais extenso, do que simplesmente o de primeiro "homem" criado do barro da terra... Adão é o hierograma do princípio universal que representa a alma inteligente do universo; o Verbo universal que anima a totalidade dos sistemas solares, não somente os visíveis, mais também os invisíveis. Mas quando Moisés se refere ao nosso sistema solar utiliza o nome de Noah.
Adão é pois o grande homem celeste, a essência da qual emanam todas as Humanidades passadas, presentes e futuras, não só aqui em baixo, mas em toda as imensidades dos céus; é a Alma Universal da Vida, Nephesh Hayyah.
A serpente do pretenso Jardim das Delícias, significa a "atração de sí por sí", Nahash, a atração original (ver mais a frente a metafísica judaica no Zohar, sobre o "desejo de receber" e o "desejo de dar").
Cain e Abel, representam respectivamente, o Princípio do Tempo e o Princípio do Espaço, e assim por diante.
Génesis Capítulo 1
tradução encontrada na Bíblia
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tradução de Fabre d'Olivet |
Genesis Capítulo 1
tradução encontrada na Bíblia
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tradução de F.V. Lorenz No princípio, criou Æloim a Coletividade |
Gênesis Capítulo 10
tradução encontrada na Bíblia Estas são as gerações dos filhos de Noé: . Os filhos de Japhet: Gomer, Magog,
E os filhos de Gomer: Ashkenaz, Ripah e Togorma.
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tradução de Fabre d'Olivet Aqui estão quais foram as gerações As produções emanadas de Japhet, |
Gênesis Capítulo 3
tradução encontrada na Bíblia
De todos os animais que Deus criou, o mais astuto era a serpente. A serpente aproximou-se, então perguntou à mulher: "Será verdade ?! Nenhuma fruta do Jardim?! Deus disse que vocês não podem comer uma só fruta ?!".
"Claro que podemos !", respondeu a mulher. "Só a fruta da árvore que está no meio do jardim é que não podemos comer.
Deus disse que não podemos comer fruta daquela árvore, e que não podemos nem por as mãos nela, porque senão morreremos." "É mentira !", contestou a serpente. "Vocês não morrem não !
Deus sabe muito bem que se vocês comerem desta fruta, no mesmo instante vocês ficarão como Ele, pois os seus olhos se abrirão. Vocês vão ficar sabendo distinguir entre o bem e o mal !".
tradução de F.V. Lorenz
Ora, a Concuspiscência (*) era a principal paixão no meio de tôda a animalidade da Natureza elementar que IEVE Eloim, o ser Eterno e Altíssimo, tinha feito. Ela disse a Aisha (à faculdade volitiva de Adão): "É assim que Eloim vos disse: Não vos alimentareis de toda substância da esfera de atividade orgânica ?"
Aisha respondeu à Concuspiscêcnia: "Nós podemos, sem medo, alimentar-nos dos frutos substanciais da esfera orgânica. Só quanto ao fruto da substância que está no centro desta esfera, Eloim nos disse:
"Não devereis vos alimentar dela; não aspireis a ela, se não quereis morrer inevitavelmente."
Então a Concuspiscência disse a Aisha: "Não, certamente não morrereis. Porque Eloim sabe que, no dia em que vos alimentares desta substância, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Êle, conhecendo o bem e o mal."
(*) Nahash, traduzido vulgarmente como serpente, é a Concuspiscência.
tradução de Fabre d'Olivet
Naasch, a Atração original, a Avidez, este ardor interno, faminto, era a paixão que impelia a vida elementar, o princípio interior da Natureza, obra de IHOAH. Esta paixão insidiosa disse a Aicha, a faculdade volitiva de Adão: Porque Deuses os exortou a não se alimentar de toda a substância da vida orgânica ? E a Faculdade volitiva respondeu a este Ardor ávido: podemos nos alimentar, sem medo, com o fruto substancial do recinto orgânico. Entretanto quanto ao fruto da própria substância, que está no centro deste recinto, Deuses nos disse: não faças alimento dele, que vossa alma não o deseje por medo de que os faça morrer inevitavelmente...
Como se pode observar, nestas diversas traduções de alguns trechos do Gênesis, temos sentidos semelhantes, porém com níveis de profundidade muito diferentes.
É provável, que embora possuindo a mesma fonte (a obra de Moisés criada originalmente), foram retirados de traduções diferentes:
O da Bíblia Viva da versão grega, o de Fabre d'Olivet e provavelmente o de F.V. Lorenz, de uma versão em hebraico.
No caso do Gênesis, temos um sentido oculto apresentado pelos nomes próprios, em outros textos, cabalísticos em hebraico temos o sentido oculto escondido através da gematria e ou do notaricon, através dos quais palavras inteiras devem ser analisadas pelo seu valor numérico, e em outros casos possuem as suas letras codificadas ou 'transliteradas' ou seja, transladadas de lugar...
Vejamos agora o trecho inicial da genial tradução "poética" do Gênesis por Haroldo de Campos em seu livro "Bere'shith - A Cena da Origem":
"1
No começar Deus criando
O fogo água e a terra
2
E a terra era lodo torvo
e a treva sobre o rosto do abismo
E o sopro-Deus revoa sobre o rosto da água
3
E Deus disse seja luz e foi luz
4
E Deus viu que a luz era boa
E Deus dividiu entre a luz e a treva
5
E Deus chamou à luz dia
e à treva chamou noite
E foi tarde e foi manhã
dia um ..."
Texto em hebraico da primeira frase do Gênesis:
No princípio, criou Deus os céus e a terra.