DAS DIFERENTES PRODUÇÕES DA NATUREZA E DAS DIFERENTES FORMAS DESTE UNIVERSO
Meus Irmãos,
Este vasto universo, criado pelo pensamento Todo-Poderoso do Eterno, oferece
muitas belezas que se pode contemplar em detalhe. Os três círculos
da figura acima são as três principais partes que vivificam
a superfície do corpo geral terrestre. O primeiro desses círculos,
denominado círculo universal, é composto de um número
imenso de espíritos fogosos eixo fogo central, que acionam sem cessar
sobretudo o que tem vida neste universo, como contendo um de seus veículos.
A ação desses espíritos é tão prodigiosa
que ela consumiria logo todos os corpos celestes e terrestres; mas a Sabedoria
eterna ali providenciou o segundo círculo que chamamos cristalino,
que é composto também de um número prodigioso de espíritos,
cuja ação benigna aquática, úmida, acalma o
grande fogo dos primeiros. O terceiro círculo é composto por
espíritos elementares que nos rodeiam. É através desses
três círculos que toda a natureza se mantém.
A prova física do que digo desses círculos se encontra nos três ângulos do triângulo eqüilátero de nossa terra, que nos mostra a ação desses três círculos sobre ela. O ângulo do oeste contém todos os sólidos; é nele que se encontram todas as rochas; corresponde também a mercúrio. A ângulo do sul corresponde ao enxofre; também notamos que esse ângulo da terra está repleto de fogo, todos os vulcões ali parecem reunidos. O ângulo do norte, que corresponde ao sal, reúne todos os gelos que, como todos sabem, não é senão um sal congelado, uma vez que se faz gelo através do sal, etc. A reunião desses três ângulos e desses três círculos nos dá o número senário, que nos faz ver os seis pensamentos do Eterno.
A parte superior alimenta a inferior, da mesma forma que a boca, que não é senão por onde passam os alimentos, nutre o resto do corpo: da mesma forma ocorre com toda a superfície terrestre. Uma prova palpável de que não há ali senão três elementos, a terra, o fogo e a água - e não o ar, que não é senão uma água mais rarefeita, que corresponde aos três reinos: não há seguramente nenhum reino na parte aérea. Tudo o que aqui é nasceu sobre o corpo geral, ou a terra, e ela mesma está contida nesses três reinos. Toda a espécie volátil nasceu sobre a superfície terrestre e não pode mesmo se sustentar sobre o aéreo senão por um movimento contínuo que lhe faz bem sentir, pela fadiga que lhe dá, que ela não é feita para viver no ar, como o peixe, por exemplo, que põe seus ovos e se reproduz na água. Não ocorre o mesmo no aéreo: todos os insetos que aparecem nessa parte começaram a nascer aqui embaixo, e a prova disso está bem clara, porque não existe nenhuma espécie que não se alimentasse dos alimentos que estão sobre essa superfície.
Os diferentes reinos que estão sobre a terra nos provam ainda a virtude do número ternário: o vegetal, o mineral e o animal são considerados cada um em seu particular como particularidades distintas dos outros. Entretanto, que número prodigioso de seres de forma aparente não contém cada um particularidades em seu particular? O que nos dá ainda uma confirmação do que digo nesses discursos precedentes sobre o misto ternário que compõe todos os corpos, mercúrio, enxofre e sal; eles estão, com efeito, em todas as formas do universo como os três reinos estão em todos os corpos da terra. Da mesma forma que esses três reinos encerram uma prodigiosa quantidade de seres de formas diferentes, que vem habitar em cada um desses três reinos, igualmente a modificação prodigiosa de todas as formas universais se acomodar sob o misto ternário de mercúrio, enxofre e sal, como sendo o gerador, o sustentáculo e o alimento de todos os corpos. Assim que eles cessam sua união, não há mais formas; o que se pode ver pela reintegração do enxofre, que se opera sobre o corpo da madeira de uma lareira: logo que a essência sulfurosa reintegrou, não existe ali mais forma; enquanto ela ali estiver, o corpo não está destruído. Como no carvão: existe ali uma forma, mas no momento que o carvão recebeu uma nova ação fogosa que reintegrou o que lhe restava de sua parte sulfurosa, não resta mais forma senão a cinza; se colocamos novamente esta cinza em um grande fogo, ela se reintegra também.
Perguntarei agora: o que dá a forma a essa madeira? Que são as leis essenciais que a compõe? E o que deu o número de sua figura? Responderei que a forma está inteiramente dissipada, uma vez que dela não se tem mais nenhum vestígio; que essas essências estão reintegradas na parte elementar, mas que ali sempre resta o número, e eis como eu o provo. O número é co-eterno, assim como o fiz ver nos discursos precedentes; as formas, por mais que variem, não possuem senão uma pura aparência, os espíritos que as formaram produziram e lhes comunicaram seu número. Eles não podem pois perdê-lo; é absolutamente necessário que ele retorne a eles, tal como eles o deram. Os espíritos do eixo receberam desde sua emanação o número ternário. É preciso que o que se opera porte o número de seus fatores, agentes ou fabricantes, visto que é por esse número de seus fatores, agentes ou fabricantes, visto que é por esse mesmo número que operam sobre todos os corpos que saíram de seu seio. Eles ali operam por seu número ternário: é preciso, pois, que esse mesmo número do corpo qualquer retorne à sua fonte primeira, visto que o número não tem seguramente nem figura nem forma alguma, ainda que nós não possamos concebê-lo sem tal. Mas sentimos bem, por exemplo, que um espírito não tem forma; e o mesmo ocorre com o número. Vemos, pois, por isso, que toda a matéria não subsiste, não tem forma e duração, senão pela operação contínua dos espíritos dos eixo fogo central que produzem, senão através dos espíritos cristalinos que a modificam, e através dos espíritos elementares que lhes dão seu sustento pela parte de influência que lhes comunicam segundo a receberam pela supra-celeste Divindade.
Não é preciso crer que o número prodigioso de espíritos que mantém todos os corpos deste vasto universo, tenham eles próprios necessidade de receber uma matéria real subsistente para mantê-lo. Realmente não. Esses espíritos têm inato em seu seio, desde sua emanação, a faculdade de extrair essências espirituais e de mantê-las, como um pai alimenta seu filho, porque ele tem o que lhe fornecer para comer: o mesmo acontece com os espíritos. Eles têm tudo o que pode manter a produção, a vegetação e a reintegração de todos os corpos deste universo, sem que ele necessite de um veículo de matéria real existente, visto que a matéria não tem realidade senão por sua aparência, e que sua aparência não subsiste senão pela operação desses mesmos espíritos, que é puramente espiritual, distinta desses espíritos puros e simples, em que os espíritos ternários são dotados de toda espécie de faculdade, de movimento e de correspondência para a manutenção de todos os corpos, mas eles não têm a inteligência nem o pensamento que são dados aos espíritos puros, tais como o homem, etc. Eis o que significa a ação espiritual, e pode-se qualificar de movimento, visto que a ação propriamente dita pertence a seres superiores àqueles dos quais falamos e é puramente espiritual, o que se pode conceber pela diferença imensa e incomparável do pensamento como toda espécie de movimento dos corpos. Pode-se fazer muitas vezes a volta no universo através dele em um instante; enquanto que para deslocar o mais pequeno ser da superfície a uma distância qualquer é necessário um tempo sensível, o que não se refere de modo algum ao pensamento, que não tem limite e que não está sujeito ao tempo.
Os corpos não são pois o que as crianças nos fazem ver sobre o vidro onde colocam água e sabão e com um canudinho formam um corpo aparente que tem seu cheio ou seu peso, sua medida ou sua figura, e seu número que é a operação dos agentes das formas. Assopra-se esse corpo aéreo a uma altura acima daquela onde se formou: a reação que ele opera caindo lhe faz romper sua união, ele se reintegra no aéreo, sem que reste dele o menor vestígio aos olhos daqueles que o vêem. O mesmo ocorre em todas as formas: tudo o que tem princípio deve ter um fim. Esse corpo, cuja duração nasceu em um instante, é a imagem real dos corpos sólidos da terra, tais como os diamantes, as pedras, as rochas mais duras. Sua reintegração se dará pelas mesmas leis que as das bolhas de sabão, cada um seguindo a modificação do que a compõe. Também não podemos mais conceber uma matéria real existente que não podemos conceber o uso contínuo de um hábito sem usá-lo. Um hábito forma todos os dias sua reintegração e tem necessidade de ser renovado; o que nos faz ver a duração sucessiva dos diferentes corpos que não subsistem senão pela operação contínua dos diferentes seres que os acionam, que podemos ver no fim contínuo desses mesmos corpos no final deste universo aparente. Apressemo-nos a considerar o instante em que todos os seres não terão mais limites senão aqueles que eles mesmos se derem, pelo uso de seu livre arbítrio que terão conquistado aqui em baixo.
O Ser todo
poderoso que preside a tudo e cuja bondade infinita se faz sentir em todos
os seres, não contente de ter gravado com características
inefáveis as santas leis em nossas almas e em nossos corações,
quis ele próprio dar o exemplo daquilo que devíamos seguir
para participar da felicidade de seus eleitos. Suas três santas manifestações
de glória começam com Adam, 1; são renovadas sob a
posteridade de Adão pelo santo homem Enoch, 2; continuam em Noé,
3, à reconciliação da terra; assinalaram enfim sua
potência sob Abraão, 4; depois sob Moisés, 5, na libertação
do povo eleito. A mesma libertação se fez ver sob Zorobabel,
6, pelo retorno do cativeiro da Babilônia, vindo a formar o centro
de suas operações espirituais Divinas; pela regeneração
do menor, pelo nascimento de nosso Divino mestre Jesus Cristo, que veio
colocar o selo nos menores que se tornaram, se tornam e tornar-se-ão
dignos pela 7ª eleição que fez no centro de seu receptáculo,
que deveria ser o ponto de reunião de todos os espíritos que
uniram sua vontade à sua, participando das promessas do Eterno, do
fruto de tantos eleitos, da ação do Espírito Santo,
da operação de tantas graças, da destruição
da barreira que nos separava da comunicação Divina pelo pecado
de nosso primeiro Pai, da operação dos apóstolos, dos
profetas e dos patriarcas, dos dons inefáveis do Espírito
Santo, e mais que tudo isso, do sangue precioso de Jesus Cristo ofertado
ao Eterno para nossa santificação e aspergido sobre o ser
espiritual Divino e sobre a forma aparente de cada um de nós que
desejamos seguir as santas leis que ele nos traçou durante sua vida.
Unamo-nos todos com um só pensamento, vontade e ação
para chegar ao altar de suas compaixões no santo tempo da semana
santa, onde o universo inteiro celebra a morte de nosso Divino Salvador;
morramos todos com ele ao mundo, a seu orgulho e a suas cobiças,
para ressuscitar com ele, com o hábito da santificação,
ou com o hábito de uma nova vida toda espiritual Divina, inteiramente
devotada a seguir em tudo às santas leis, preceitos e mandamentos
do Eterno. Deus nos faça a graça.
Amém!
O Filósofo Desconhecido