De que modo podemos sempre vencer nossas más inclinações? Haveria algum meio prático de dinamizar e fortalecer a nossa vontade? Como conseguir o controle sobre as nossas tendências comuns e sobrepujar diante do erro iminente?

Já que não estamos certamente incluídos entre aquelas poucas pessoas, que se esforçam para vencer os vícios e defeitos, por faltar exatamente a "vontade", como então desenvolvê-la? Existe uma força de "vontade"?

Cremos tranqüilamente que todos admitem ser a "vontade" a chave de nossas conquistas em todas as áreas de trabalho. Cada um de nós já teve provas de que quando nos dispomos firmemente a conseguir algum propósito, assim o obtemos. Isso, nos tem sido ensinado nos tempos escolares, no primeiro emprego, no cargo que sonhávamos, no trabalho, etc.

O que pretendemos, no entanto, é aplicar essa mesma chave das nossas conquistas em direção dos valores íntimos. Para isso perguntemos em primeiro lugar se estamos realmente dispostos e suficientemente interessados nesses valores. Tem dúvida? É natural, a vida é tão boa, as diversões nos agradam muito, o comodismo é indiferente ao esforço de se melhorar intimamente.

O interesse em reformar-se pode nos ter surgido de um impulso momentâneo e, então formulamos um propósito de aperfeiçoamento, mas na maioria das vezes ainda é como um devaneio, um sonho pouco sólido, nem sabemos o que nos aguarda.

No primeiro confronto com os testes de verificação, que naturalmente aparecem em nossa vida diária, vem aquela indisposição sorrateira e deixamos para depois, a vontade "sucumbe". O que nos falta neste caso? Força? Persistência? Interesse?.

A nossa meta, no entanto, é de longo alcance; para atingirmos o nosso progresso moral será necessário automatizar o nosso comportamento dentro dos padrões cristãos, isto é, reagirmos sempre, em quaisquer condições e situações, sem ódios, violências, como o Mestre nos exemplificou. É uma empreitada paciente e contínua, requer esforços e ... muito tempo.

VONTADE: SOMA DE FATORES DINÂMICOS

IMPULSO:- Aspiração, desejo que pode ser de variada intensidade. Esta determina a profundidade, a carga emocional, o conteúdo, o grau de interesse que se relaciona com a permanência dentro de nós, ou seja, diz respeito ao afinco, à firmeza, à duração e à persistência. Do impulso que surge deveríamos começar a fazer a elaboração mental, articulando pensamentos, plasmando idéias, ponderando possibilidades, prevendo obstáculos, balanceando impedimentos, avaliando nossa própria capacidade de realização. É bem verdade que muitas vezes as aspirações ou os impulsos não são conscientizados e nem mentalmente elaborados; ocorrendo apenas na superfície e por isso mais fugazes. Essa elaboração, trazendo os bons impulsos para a consciência, deve ser intensificado, pois contribui grandemente para fundamentarmos com base nas importantes aspirações.

AUTODOMÍNIO: Combater os momentos de desânimo, exercendo domínio progressivo sobre nossas paixões e apegos, vencendo os obstáculos criados pelas nossas próprias fraquezas, limitações psicológicas, receios e incertezas. Dessa forma, desenvolvemos nosso autodomínio, ou seja nosso próprio domínio nessa fase de combate dentro de nós mesmos, no silêncio operoso em que vamos firmando os bons propósitos, concretizando-os conscientemente.

DELIBERAÇÃO:- O domínio reflete na deliberação. Analisando conscientemente, observando e avaliando os acontecimentos da vida diária. As indecisões representam a nossa falta de exame e de ponderação das situações vividas. Discernimos aferindo resultados. Daí escolhemos os rumos, deliberamos o que fazer. Esse procedimento analítico, podemos cultivá-lo, até mesmo sem grande esforço, é um hábito que nos agrada muito, coloca nossa imaginação e a nossa criatividade em ação.

DETERMINAÇÃO:- Do conhecimento obtido, decidimos. E agora ? Passamos para a execução, ou seja o que fazer, as ações a serem executadas, a disposição de empreender, de cumprir as deliberações. A determinação é um primeiro ato da ação. Nessa fase programamos no tempo as ações a serem tomadas, relacionamos os passos a seguir e nos empenhamos em cumpri-los, um por um,, com rigor e firmeza, com energia e coragem.

AÇÃO:- A ação é a conclusão de toda a seqüência encadeada, é a prova das nossas intenções, é a manifestação viva, palpável, a concretização daqueles impulsos que foram articulados na esfera dos nossos pensamentos. É a própria idéia condensada, materializada numa realização.

EM RESUMO: A VONTADE É SEMELHANTE A UM PROJÉTIL:- .Os impulsos e pensamentos são emissões de energia que direcionamos para um certo alvo, as ações são as expressões concretas, dessas formulações, visíveis pelos seus efeitos. A "vontade", como vimos, não estaciona no impulso, prossegue no autodomínio, se firma na deliberação, começa a tomar forma na determinação e se conscientiza nas ações. É um complexo dinâmico de fatores ativos que gera energia transformadora a partir dos impulsos, emitindo ondas indutoras, que se fortalecem pela intensidade na concentração dos pensamentos, constituindo nos campos mentais as conquistas, vencendo e bombardeando os princípios mentais cristalizados que se contrapõem àqueles impulsos renovadores.

MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DA VONTADE:- Analisar os interesses que há por trás. Assim devemos iniciar o questionamento de como, para o quê, por quê, o que há, o que propomos, que desejamos, é seguro o que queremos? E sermos honestos nas respostas.

Partindo dessas respostas, iniciar técnicas:
Sentados e relaxados, ambiente silencioso e respirando regularmente e profundamente, forme a idéia completa, impregnando-a com todo o nosso potencial emocional, sentindo-a profundamente, desejando que seus efeitos sejam realizados. Faça isso todas as vezes que puder. (auto-sugestão). À medida que vamos fazendo isso, mais forte a energia dessa afirmação se torna. Mesmo ao deitar, atenha-se a esta idéia como último pensamento, antes de dormir. Percebe-se que está dando certo, quando o pensamento vem à tona sem provocá-lo.

O passo seguinte, é a transformação em ação daqueles impulsos. O que tivermos que fazer, mesmo em assuntos corriqueiros e simples, a presença dessa vontade inicia-se e percebemos que inconscientemente estamos agindo de acordo com aquilo que nos propomos a fazer.

Estes passos servem para qualquer decisão que quisermos tomar. Seja para deixar de fumar, beber, falar indevidamente, conter a agressividade, ser mais tolerante, amoroso, paciente, etc.