"A Queda dos Anjos e do Homem não fazia parte do Plano Divino
da Criação, mas estava prevista, e o remédio de antemão
preparado muito antes que tais acontecimentos tivessem lugar.
No início da Quarta Revolução do Período da Terra,
foi acionado, pelos Mestres da Mente, no ancestral humano, que já possuía
os corpos físico, etérico e astral, o quarto princípio
que lhe faltava - o Ego. Naquela época, o corpo físico encontrava-se
em seu quarto estágio de perfeição, o corpo etérico
no terceiro, o corpo astral no segundo e o Ego estava no início de
sua existência.
Esses três veículos e o Ego, quando foram implantados pelas Hierarquias
Criadoras, eram apenas gérmens ou arquétipos em desenvolvimento
e deveriam passar por vários aperfeiçoamentos no decorrer da
Evolução.
Nos três períodos evolucionários, de Saturno, do Sol e
da Lua, e parte do período da Terra, não existia ainda a Ordem
Temporal. A evolução se desenvolvia na Duração.
O Tempo começou no início da Era Lemuriana, após a Queda
do Homem.
O homem, que evoluía como uma célula na Eternidade, estava em
consonância e harmonizado com o Cosmos.
O homem, que evoluía na Terra como uma célula do Grande Homem
Celeste, era um ser individualizado, com uma tríplice alma, sentimental,
intelectual e consciente.
Sua consciência é um reflexo do que é a Consciência
da Centelha Divina, que se desenvolve no Cosmos livre de qualquer outra influência.
O homem evoluía na Terra, mas em harmonia com o Cosmos e isto devia
continuar, se não houvesse a interferência de uma outra influência.
Sem essa influência, o homem teria se tornado um ser em que seu conteúdo
refletiria sempre o Cosmos, não por sua livre vontade, mas sim como
uma necessidade da Natureza. Porém isto não ocorreu.
Certos seres espirituais, que mais tarde tomariam parte ativa na evolução
da humanidade, tinham assimilado tanto a natureza Lunar que, por ocasião
da separação da Terra da Lua, não puderam participar
desta operação. Foram então excluídos de atividades
que, da Lua, dirigiam sua influência para a Terra. Tais seres retardados,
que conservavam ainda a antiga natureza lunar, foram confinados na Terra,
com seu desenvolvimento irregular. Esses seres são os mesmos que, por
ocasião da separação do Sol da Terra, tinham se rebelado
contra os seres solares. Em sua natureza lunar residia a causa de sua rebelião,
que constituiu a Queda dos Anjos.
Tal rebelião foi benéfica ao homem, pois, mais tarde, permitiu-lhe
ter um estado de consciência independente.
Em consequência ao desenvolvimento peculiar destes seres, durante esta
primeira metade do período da Terra, eles se tornaram inimigos dos
seres que, da Lua, desejavam que a consciência humana continuasse a
ser um Espelho Universal do Conhecimento, sob a compulsão da necessidade.
Aquilo que tinha possibilitado ao homem elevar-se a um estado mais alto, agora
provou estar em oposição com o que devia realizar durante o
período de evolução da Terra.
Esses seres rebeldes tinham trazido com eles, em virtude sua natureza lunar,
a capacidade de atuar sobre o corpo astral do homem, pois o gérmen
do corpo astral foi implantado no homem durante o período da Lua.
Assim, a tais seres foi dado influir no corpo astral do homem a fim de torná-lo
independente. E usaram este poder para modificar o Estado de Consciência
no qual o homem vinha evoluindo.
Assim, ainda, tais seres conseguiram seduzir o homem em benefício de
seus próprios interesses e tal fato teve para o ser humano uma dupla
conseqüência. Sua consciência perdeu o caráter de
mera refletora do Cosmos, porque surgiu a possibilidade, no corpo astral do
homem, de regular e controlar, por intermédio deste veículo,
as imagens que surgiam em sua consciência.
O homem desse modo tornou-se o Senhor de seu Conhecimento(DAATH). De outro
lado, foi justamente o corpo astral o homem que se tornou o ponto de partida
desse controle e o Ego que se encontrava acima do corpo astral tornou-se assim
plenamente dependente dele. Como resultado, o futuro humano ficou adstrito
a uma contínua influência de um elemento inferior de sua constituição(o
corpo astral). Isto fê-lo cair das alturas em que havia sido colocado
pelas entidades espirituais da evolução terrestre, no curso
dos acontecimentos cósmicos.
A influência destes seres lunares já mencionados permaneceu com
o homem durante os subsequentes períodos de tempo. Tais espíritos
lunares são denominados "espíritos luciferinos". Assim
se deu a queda do homem. Esta queda foi lenta e durou até a vinda daquele
que a Cabala chama de Segundo Adão.
Um dos resultados da Queda foi o desmembramento das células do grande
Adão Kadmon, as quais passaram a evoluir separadamente como seres humanos.
Os seres luciferinos possibilitaram ao homem a capacidade de desenvolver uma
atividade livre, mas também tornou-o propenso ao erro e ao mal, por
falta de experiência de um lado, e por outro por causa da forte influência
do corpo astral.
Por causa deste processo, o homem desenvolveu um relacionamento diferente
com os espíritos do Sol.
E por causa deste processo, o homem foi mergulhado mais do que deveria na
matéria.
Originalmente, o corpo do homem continha apenas Fogo e Água. Mas ele
foi mergulhado cada vez mais na materialidade, tornando-se cada vez mais denso.
O ser humano se expôs à influência do mundo exterior, por
suas próprias visualizações, sujeitas a erro, porque
ele vivia sob o impulso do desejo e da paixão, que não permitiam
o controle das impressões espirituais mais elevadas. Daí resultou
a possibilidade de moléstias. Outro efeito da influência luciferina
foi que o homem passou a perceber a passagem de um corpo para outro, e assim
ele conheceu a morte.
E isto nos revela o mistério da conexão entre o corpo astral
e as moléstias e a morte. As paixões desenfreadas e o egoísmo
ardente são as causas de quase todas as moléstias. O corpo astral
é o grande egoísta e seu egoísmo deve ser detectado e
combatido em todos os seus aspectos, isso se queremos trilhar a senda ocultismo.
Para evitar piores conseqüências, as entidades espirituais promoveram
uma separação parcial do corpo etérico do físico,
ficando uma parte dele fora do corpo físico, principalmente na região
da cabeça, a fim de que o corpo etérico não pudesse ser
controlado pelo Ego, passando a pertencer tal controle a seres mais elevados.
E tal separação permaneceu assim até o período
final do período Atlante, voltando, então, a existir plena conexão
entre os veículos.
Se o veículo etérico continuasse ligado ao físico e ao
astral, o homem dominaria as forças supersensíveis para seu
próprio uso, as mesmas que estavam sob seu poder antes da queda. Se
a conexão fosse mantida, também as influências luciferinas
dominariam estas forças. Se isso tivesse acontecido, teria sido a ruína
definitiva do homem, sendo que ele se tornaria para sempre um ser terrestre,
separado eternamente dos espíritos do Sol.
Com relação a isto, podemos verificar tais fatos em Gênesis,
III, 22,23,24). Assim, tendo expulsado Adão, colocou no Oriente do
Jardim do Éden os Querubins e a Lâmina da Espada Flamígera
para impedir o acesso à Árvore da Vida.
Ainda sobre Adão e sua Queda, observamos que a Grande Deusa Eva, tentada
pelos frutos da Árvore do Conhecimento, cujos ramos se projetavam para
cima, para as sete Sephiroth inferiores, mas se inclinavam também para
baixo, para o reino das Sephirot infernais, dirigiu-se para elas, deixando
os dois pilares laterais sem suporte.
Assim, foi destruída a Árvore da Vida, caindo sem sustentáculo,
derrubando consigo o Grande Adão.
O Grande Dragão Vermelho com suas sete cabeças e dez chifres
e o Éden ficou desolado. O Dragão isolou e envolveu Malkuth,
ligando-a às Sephirot infernais. E as cabeças do Dragão
levantaram-se para as sete Sephirot inferiores até o Trono de Deus(até
DAATH), acima Elohim. Assim os 4 rios do Éden foram esgotados e o Dragão
derrubou por sua boca em DAATH as águas inferiores. Este é o
Leviathan, a serpente sinuosa e penetrante. Mas Tetragramaton Elohim colocou
as 4 letras, IHVH, e a espada flamígera entre o devastado reino caído
e o Supremo Éden, a fim de que este não fosse envolvido pela
Queda de Adão.
Assim foi necessário que o Segundo Adão fosse levantado para
restaurar o Sistema, e assim como Adão foi estendido sobre a Cruz de
4 Rios, assim o Segundo Adão também deveria ser Crucificado
sobre os 4 Rios Infernais da Cruz de 4 Braços da Morte. Ele tinha que
descer às regiões infernais, mesmo a Malkuth e ainda nascer
nela.
O Salmo 74, 14, diz: "Tu reduzirás a pedaços a cabeça
de Leviathan". E sobre as cabeças do Dragão estavam os
nomes dos 8 Reis de Edom, porque DAATH, tendo desenvolvido no Dragão
uma nova cabeça, o Dragão de 7 cabeças com 10 chifres,
tornou-se o Dragão de 8 cabeças e 11 chifres(Gênesis XXXVI,
31-43; 1°Crônicas, 43-54).
Os Edomitas eram os descendentes de Esaú, que vendeu seus direitos
de primogênito. Seus reis se tornaram símbolo de forças
ilegais e caóticas.
Antes da Queda, Malkuth ocupava o lugar de DAATH. Com a Queda, Malkuth caiu
e DAATH passou a ocupar o seu lugar. Com a vitória do Segundo Adão,
Malkuth voltará a seu lugar de origem antes da Queda.
A função
do homem, antes da Queda, era espiritualizar tudo pela contemplação
imaginativa e harmoniosa do Cosmos, em perfeita consonância com a
Divindade. O homem assim espiritualizado levantaria consigo todo o Universo,
toda a Criação.
Este estado primordial é representado pela Árvore da Vida
antes da Queda, com Malkuth no lugar hoje ocupado por DAATH- a esfera do
Conhecimento, também chamada de o Quarto Vazio, que o homem terá
de preencher com conhecimento, de que ele não precisava antes, pois
a sabedoria Cósmica era usa meta. Agora necessita conhecimento para
evoluir e voltar ao Éden, do qual foi expulso depois de cair. Nos
termos acima se exprime a Cabala sobre a Queda e a Redenção,
apoiada nos Evangelhos e na Tradição Ocidental.
Com a Queda, o homem caiu lentamente, perdendo progressivamente a noção
dos princípios espirituais e mergulhando cada vez mais na matéria,
até a vinda do
Segundo Adão - o Logos, o Cristo Jesus. Então o homem parou
de cair e cessou no ponto mais baixo de materialidade que lhe foi permitido
atingir.
Na época atual, a humanidade se acha ainda na corrente involutiva.
Muitos já transpuseram o Nadir, que é o ponto divisório
que separa a involução da evolução, porém
a massa da humanidade ainda não transpôs este ponto. A vinda
do Cristo Vivo e Logos Encarnado nos permitiu iniciar nossa viagem de volta
à pátria celeste. Ele veio para nos proporcionar as condições
e os meios para a mesma redenção, através do Mistério
do Gólgota. A redenção não poderia ser efetuada
por um ser humano, mesmo que ele fosse um elevado adepto, , porque todos
nós, mesmo os Grandes Iniciados ainda estamos lutando por nossa Reabilitação,
como seres caídos que somos todos nós. Era necessário
que um Ser, que não tivesse sofrido as conseqüências da
Queda, viesse nos Salvar. E assim o Cristo-Deus, por puro Amor, desceu à
Terra,
mergulhou na matéria, assumiu a condição humana, sujeitando-se
às conseqüências que esta posição Lhe impunha.
E nossa Salvação é individual e nossa evolução
ocorre somente quando seguimos os desígnios do Cristo. Como o homem
é agora completamente livre, basta ele seguir seu caminho rumo à
Salvação em Cristo.
E o caminho do Iniciado é o do conhecimento. Partindo de Malkuth,
segue ele pelos 22 caminhos da Árvore da Vida, ao longo do trajeto
da Serpente da Sabedoria, mas antes de chegar a Deus, em Kether, deverá
transpor o Abismo, em DAATH, e esta constitui a etapa mais perigosa do caminho".
"Do Centro da Terra, através dos Portais me elevei e no Trono
de Saturno me assentei".