Definição de ÉTER:
Meio elástico hipotético em que se propagam as ondas Eletromagnéticas,
e cuja existência contradiz os resultados de inúmeras experiências
físicas, não sendo por isso aceita sua existência pela
ciência. É composto pela parte mais sutil do elemento fogo.
Definição de ETÉREO:
Relativo a natureza do ÉTER, ou seja, sublime, puro, elevado, celeste,
celestial.
Os fenômenos terrestres e os fenômenos celestes obedecem às
mesmas leis.
O movimento natural dos corpos sublunares é um movimento retilíneo
acelerado. Ao contrário, o movimento espontâneo dos corpos
celestes é um movimento circular uniforme.
Existem portanto, dois mecanismos distintos: a mecânica celeste sujeita
ao princípio da circularidade do movimento dos astros e a mecânica
terrestre fundamentada sobre a retilineidade do movimento local. Ambas teorias
estão fundamentadas nas descobertas de Kepler e o plano inclinado
de Galileu.
A dualidade da mecânica celeste e da mecânica terrestre corresponde
a oposição substancial entre o mundo celeste e o mundo sublunar,
isto é, entre a parte do mundo compreendida na concavidade da órbita
da Lua e a parte do mundo que se estende da órbita da Lua até
os mundos superiores.
Os corpos sublunares são formados pela mistura, em proporções
variáveis, dos quatro elementos: terra, água, ar e fogo. As
misturas dos corpos sublunares estão sujeitas a transformações
de toda espécie: geração, mutação e destruição.
Os corpos situados acima da Lua, formados pelo fogo puro, ou mesmo de uma
quintessência ou éter; ao contrário, não estão
sujeitos a nenhuma transformação.
Como na substância de cada um destes corpos não há mistura
de elementos diversos, a não ser o elemento fogo, não havendo
razão para alterações ou mudanças, portanto
eles permanecem imutáveis e incorruptíveis. O que torna os
corpos celestes de natureza eterna.
Abaixo da Lua, nada existe que não seja mortal e perecível,
com exceção das almas dadas à raça humana. Acima
da Lua tudo é eterno.
Em essência toda alma é imortal, sendo imortal tudo aquilo
que está sempre em movimento. Sendo assim, toda alma que é
aprisionada numa existência de penalidade dentro do cone de sombras,
não possui movimento e isto pode levá-la a sua extinção.
Todo corpo que é movido por um impulso exterior é desprovido
de alma. Todo corpo que tira de dentro de si, seu próprio movimento
possui uma alma. As almas evoluídas, as racionais e as serenas tem
um movimento em torno de um eixo interior, semelhante ao movimento de uma
esfera, enquanto que as almas novas, as desequilibradas ou as irracionais
tem um movimento desordenado. Este movimento, mais as ondas coloridas dos
sentimentos e dos pensamentos dão origem a Aura.
A alma é constituída da mesma substância que os astros,
o éter, animada de um movimento circular perpétuo, ao contrário
dos elementos terrestres que se movem retilineamente. O movimento circular,
assegurador da imortalidade, é próprio da alma porque é
próprio do éter. Sendo as almas da mesma essência que
os astros, seu desejo inconsciente é o de voltar a eles, daqui a
vontade pelas coisas do alto, pelas coisas divinas.
As almas e os astros têm no éter um parentesco comum, que se
pode deduzir da semelhança de seus movimentos. Este é o princípio
que impulsiona as almas durante os Equinócios e os Solstícios.
A subida e a descida das almas do céu para o mundo sublunar e vice-versa
se faz através das portas do céu. Estas são os dois
pólos opostos pelos quais a Via Láctea corta o zodíaco
e que são igualmente os dois pontos extremos que limitam o curso
do sol: o Trópico de Inverno sob o signo de Capricórnio e
o Trópico de verão sob o signo de Câncer. Pela porta
de Câncer, Fundo do Céu, chamada "Porta dos Homens",
se faz o descenso das almas sobre a terra; pela porta de Capricórnio,
Meio do Céu, chamada "Porta dos Deuses", se faz o retorno
das almas ao plano divino.
Atraída pelo ciclo reencarnatório, a alma, desce pelo Trópico
de Câncer para a constelação de Leão. Entre Câncer
e Leão ela bebe da Taça do Esquecimento. Corre ao longo do
Zodíaco até as esferas planetárias inferiores. De cada
uma das órbitas planetárias ela empresta uma vestimenta etérea
e as faculdades correspondentes, tanto positivas como negativas para atender
as experiências da próxima encarnação.
Como vimos acima, a órbita da Lua marca o limite entre o mundo celeste
e o mundo sublunar, entre o mundo da eternidade e o mundo das provações.
Assim, entre a terra e a órbita da Lua, estendem-se na atmosfera
três zonas sucessivas:
o AR, região onde se formam e sopram
os ventos;
a ÁGUA, região das chuvas, do
granizo e da neve;
o FOGO, parte superior do ar inflamado pelos
raios do sol.
Estas três zonas atmosféricas constituem para a alma insuficientemente
purificada um verdadeiro purgatório; assim, a alma para ter acesso
as regiões celestes deverá ser purificada pelo elemento AR,
pela ÁGUA e pelo FOGO.
E é nesta região que ficam os 4 rios:
Aqueronte: designa o ar agitado pelo vento.
Estige : designa a chuva e a neve.
Tártaro e Piriflegeton: designa as zonas do fogo.
É na confluência destes 4 rios que surge um quinto, o rio Letes,
no qual as almas se banham em seus vapores, tanto na descida como na subida
e é aqui que surge o esquecimento tanto das vidas passadas como das
experiências que deverá ter nesta encarnação.
Como vimos acima, a alma tem sua origem no éter, mesma substância
da qual são formados os planetas, mas a medida que elas descem nas
camadas mais densas da natureza elas são governadas pelo elemento
ar, e como o elemento ar contém o bem e o mal, a alma esta sob sob
os influxos da ira que domina a natureza.
Sobre a criação da alma do homem, Jacob Böehme diz: "O
corpo humano é o livro do ser de todos os seres, pois Deus insuflou
no homem o ar que lhe deu vida, como a verdadeira vida racional da Palavra
do poder divino; insuflou nele, do mágico mundo: fogo ou centro da
natureza, a verdadeira alma: fogo da criatura; insuflou nele o mundo luz
ou o reino do poder de Deus, e insuflou nele, sem o espírito do mundo,
a alma ar. Assim, a plena Palavra falada insuflou-se na plena natureza humana
com o tempo e a eternidade. A alma do homem está no centro da cruz
onde é gerado o Verbo Eterno, compreendida pelo espírito de
Deus. Ali, o espírito compreendeu os três princípios
e os trouxe para um corpo."
A formação trina da alma, segue os três princípios
da manifestação divina: O primeiro, conforme a natureza eterna,
com a propriedade do fogo. O segundo, conforme a propriedade da luz eterna
ou luz divina, e o terceiro, conforme a propriedade do mundo exterior.
A alma tem em sua essência o intenso e incessante desejo da luz divina
ou seja, a virtude espiritual com o fim de manter e preservar sua vida de
fogo.
A alma se nutre com alimento espiritual, de acordo com seu temperamento,
é a maneira que tem de acender seu próprio fogo, cujo combustível
deve ser seu próprio temperamento ou alguma substância que
lhe advenha de Deus. A alma é dirigida e governada de acordo com
o que a nutrir. Se ela se evade de seu próprio temperamento para
as coisas divinas, ela se nutre da substância celestial; então,
a alma obtém uma vontade divina e obriga o corpo a fazer aquilo que
não faria, de acordo com sua natural inclinação ou
temperamento. Neste estado, não é o temperamento que governa
a alma, mas sim a alma que exerce domínio sobre o corpo exterior.
Quando a alma trava uma luta com o temperamento para ver quem exerce o maior
domínio, a pessoa sente-se perturbada e se atormenta porque não
consegue abrir, com seus desejos, as virtudes que possui em seu interior,
lamenta-se e teme que Deus a tenha abandonado a sua própria sorte.
Sobre este ponto Jacob Böheme afirma: "Percorri um longo e doloroso
caminho antes de receber a "nobre grinalda". Foi, então,
quando aprendi que Deus não reside no coração exterior,
carnal, mas no centro da alma, no "Si Mesmo", em seu próprio
princípio. Percebi, então, pela primeira vez, em meu espírito
interior, que foi o próprio Deus que me atraiu para Ele, pelo desejo,
o que eu não fora capaz de compreender antes, porque imaginava que
o bem desejo procedia de mim e que Deus estava muito distante de nós,
os homens. Escrevo este fato como um exemplo e uma advertência para
que não se desesperem se o Criador tardar em chegar".