A Árvore dos Siphirots

Nos atrevemos tratar esse assunto, fundamental no estudo da Cabala, com a boa intenção de facilitar sua compreensão a todo estudante sério, e evitar a perda de tempo entre as contradições que houvera observado no conteúdo de muitas das obras que fazem referência a questão, como à nós foi passado.

Já sabemos que o estudo do ocultismo leva consigo um ensinamento gradual e que, portanto, jamais se dará toda a verdade de uma só vez. Porém nas obras entregues à imprensa e, em conseqüência, ao grande público, tem uma maneira de dissimular o fundo das coisas; e introduzindo-se erros. Se este método é usado com prudência e discrição, é um bom sistema didático, pois obriga o aluno a um trabalho pessoal, sempre imprescindível para seguir a via racional, basta despertar a necessária intuição, a qual permite ver as coisas claras. É o que sempre tem usado os autênticos mestres. Mas, quando os autores não tem esta categoria, se limitam a reproduzir as coisas como as vem as mãos, sem se esforçar em compreender previamente, a vender livros que sempre encontrarão leitores mais ignorante que eles. Em outros casos, dissimulam seu conhecimento, alegando que não podem dizer mais porque os obriga o respeito de um juramento secreto.

Nós que não atuamos com pedantismo, fazemos nossos os lemas de que "A Ciência Secreta se guarda por si só", e de "Não há Religião superior a Verdade". Ademais nosso escudo leva a divisa "Ducere ut Docere", e a ela estamos atento. E que Deus e o leitor, cada um em seu terreno, nos julguem, que aceitamos humildemente seu veredicto.
Como referência tomaremos a Árvore Sephirotico, que figura na obra tão conhecida de P. Kircher, "O Edipus Egyptiacus", e magnificamente reproduzida no livro monumental de Pedro Telemarianus e, também, na obra de Papus "La Cabbale".

Não é nossa intenção corrigir a P.Kircher S.I. pois reconhecemos sua autoridade e a reverenciamos, porém temos em conta que era ajudado na redação de sua obra por um grupo de amanuenses, que naquela época não se conhecia os planetas Urano, Netuno e Plutão.

Metafísica

Na parte superior da Árvore Sephirótico, e como elemento independente deste, Kircher localiza um círculo dividido, horizontalmente , em duas zonas: branca acima e negra abaixo. Sobre este dito círculo, que quer representar a Deus, as palavras hebréias AIN- SOPH. No nível do diâmetro que divide o círculo, os vocábulos latinos HORIZON AETERNITATIS.

O símbolo é muito engenhoso pois, por si só, o círculo já é a representação do infinito, o principal atributo de Deus. Mas como a Árvore é, primordialmente, um esquema de Involução, o primeiro passo fazia esta Involução e a aparição das três hipóteses Divinas, sem sair de sua essência. São os três elementos contidos no círculo, a zona branca, a negra e a linha diametral que as separam. Esta linha, que como tal não existe, pois geometricamente é uma pura abstração, separa, ou une, os dois semi círculos em que está dividido o círculo. Assim que podemos considera-la como formando uma parte da natureza do Pai (Filho espiritual), ou da natureza do Espirito Santo (Filho carnal).

As denominações corrente que damos as Três Pessoas da Trindade, correspondem na metafísica oriental as da idéia de Parabrahman, Brahman e Brahma. Se perguntarmos à um oriental culto, o que ele entendo por Parabrahman, nos dirá que é indefinível, ou seja inefável. Só nos dará negações de qualidades; sua expressão repetida será: não é isso; não é aquilo; etc. etc. E o mesmo se verá obrigado a fazer um teólogo sensato diante de idêntica pergunta. É que nossa pobre inteligência humana é em absoluto incapaz de penetrar neste mistério dos mistérios. Só os grandes místicos são capazes de pressenti-los. O resto dos mortais nos encontramos em uma treva total. A própria religião se abstém de render à Deus Pai um culto especial, enquanto tem inúmeras cerimônias para o Filho, e mesmo invocando o Espírito Santo para que ilumine nossa inteligência. Ademais, cada um em particular pode chegar a sentir a presença destas Duas Pessoas. Para a primeira, no fundo de nossa própria consciência e, para a Segunda, admirando a profunda sabedoria que toda a Natureza põem em evidência à aqueles que são aptos para compreende-la. Tudo o que era treva intelectual, no primeiro caso, se converte em luz deslumbrante nos outros Dois. Tanto é assim que muitas vezes, desviamos covardemente os olhos, assustados por sua magnificência.

Os comentários reduzidos que acabamos de presentear, nos fazem crer que este símbolo deve estar invertido; assim, com o semicírculo negro acima e o branco abaixo. Ademais, sobre o setor negro escreveremos a palavra AYN, nome da letra hebréia, correspondente ao signo saturniano de Capricórnio(1), o signo em que os dias são mais curtos e as noites tenebrosas mais longas. Ao nível da fronteira entre as trevas e a luz, as palavras AYN SOPH, o Alento da Eternidade, o Alento que recebeu Adão, para anima-lo e faze-lo espiritualmente imortal. E, finalmente, abaixo do setor branco as palavras AYN SOPH AUR "A Luz Vazia e sem limites"(2)
(1) Recordemos que segundo a Mitologia clássica, os deuses engendrados por Saturno-Kronos, eram devorados por seu próprio pai, ou seja, que os deuses, filhos do tempo, eram aniquilados pelo mesmo tempo que os engendrou. As religiões desaparecidas são comprovações da realidade deste mito.
(2) Veja as inspiradoras explicações que Robert Ambelain o faz, em sua obra "La Kabbale Pratique", pg.48 até 50.

Relações Astrológicas

Como na época de Kircher não se conhecia mais que sete planetas básicos, e o número de centro sephiróticos na Árvore são dez, faltavam três espaços para serem preenchidos. Kircher, ocultista intuitivo, bom astrólogo, parece que pressentiu a existência das oitavas superiores nas influências astrológicas e não duvida em imaginar para todos os planetas - excetuando-se as luminárias - e atribuindo aos três centros superiores, três de sua creação. Assim coloca dez, mas lhes sobram dois, que situou junto a representação das Táboas da Lei, que figuram em seu esquema. Para diferenciar estas oitavas superiores dos planetas básicos, utilizou os mesmos signos adornados pelo sub index n. A coisa não estava de todo mas pois, assim contava com doze signos planetários, um para cada signo zodiacal, e cobria os que poderiam ser descobertos, uma vez que resolvia o problema das regência. Alguns autores modernos (3), que tem reproduzido mais ou menos Árvore de Kircher, tem optado, prudentemente, por suprimir suas fantasias. Mas, quem sabe se entretanto será preciso reconhecer que tinha um certo ponto de razão. O francês Neroman e o inglês Maurice Wemys dão como realidade a existência de planetas hipotéticos.

Mas atendo-se a realidade dos descobrimentos modernos, resulta que hoje já temos os dez planetas - luminárias compreendidos - que faltavam a Kircher.

Assim atribuiremos a primeira Sephira, o planeta Plutão; a Segunda o planeta Netuno; a terceira ao planeta Urano. Se vê imediatamente que se cumpre a ordem cronológica de seus descobrimentos; como em ordem de suas distâncias do astro central, o Sol. Temo-os situados sobre os três Centros superiores, porque este pertencem ao nível superior espiritualmente. Os sete planetas clássicos pertencem ao que poderíamos chamar campos de forças físicas do Sistema, enquanto que os transaturnianos tem melhores efeitos sobre o que poderíamos chamar de aura do Sistema Solar. Todos sabemos como os sete planetas, os signos por eles regidos, determinam o tipo físico das pessoas, em cujos horóscopos figuram no ascendente, enquanto que, se o ascendente tem alguns dos planetas transaturnianos, o tipo físico fica completamente obscurecido. Não é em vão que o planeta Saturno rege a pele, limite físico dos seres vivos. Assim, também, limita os efeitos físicos do Sistema.

A atribuição de Plutão com a primeira Sephira, se deduz da sua analogia mitológica como deus dos infernos, ou seja, o reino dos inferior, as nove Sephiras restantes, que de emanação em emanação, chegaram em seu processo descendente, a consolidar-se como Terra. Os que freqüentam a Sinagoga observaram que no lugar preferido do Templo, o que representa o Altar Maior, como o esoterismo judeu não tem imagens, figuras um tapete, mais ou menos adornado de bordados, que tem em seu centro, como lugar máximo de honra, o nome KETHER, que em hebreu se escreve K, TH, R, equivalente a E A G segundo a Cabala.

Netuno tem que ser assinalado na Segunda Sephira a qual corresponde pela natureza simples. Netuno é o deusa das águas, especialmente o mar, origem de toda a vida. O próprio Kircher indica para o canal que vai da Segunda Sephira para a Sexta, a letra HE, símbolo da Vida Universal e, como se fosse pouco, escreve sobre o dito canal, a indicação de "AQUARIUM DIVINAE".

Urano vem descrito na Terceira Sephira. Urano na mitologia clássica é o Céu. O canal que liga a Terceira Sephira com a Sexta Sephira, Kircher o denomina de "IGNUM DIVINAE". Este fogo do céu não é fogo físico, mas sim a energia Universal; é o Fohat da filosofia oriental, cuja última manifestação no nosso mundo é a eletricidade.

Efetivamente a Física moderna está reconhecendo que toda manifestação física de nosso ilusório mundo, não é mais que fenômenos elétricos, percebidos através de nossos limitadíssimos sentidos e criando a aparência de coisas tangíveis. É bem conhecida a regência Astrológicas de Urano, sobre todo fenômeno elétrico. E recordemos a imagem de Júpiter com um feixe de raios na mão. O antes citado canal vem regido com a letra hebréia ZAIN e, será por pura casualidade que na tipografia moderna de todos os países civilizados a letra Z tem a figura ideal para o relâmpago.

Outra observação a fazer é que Marte e Vênus aparecem trocados de lugar na Árvore de Kircher, pois Vênus corresponde a NETZAH e Marte a HOD. É evidente que a deusa da Fortuna leva consigo a Vitória, e é bem conhecida a íntima relação que sempre há nos assuntos amorosos e econômicos. Por outro lado, todo militar deve Ter bem claro que somente a Honra pode lhe dar a Glória a que legitimamente aspira. Um militar sem honra será sempre um ser desprezível.

Finalmente vemos que Kircher situa a Lua, debaixo da última Sephira. Em princípio a coisa está bem. Porém a Lua, astro insignificante dentro do Sistema Solar, seria um fim bem mesquinho para um processo de emanações sucessivas, cuja origem se encontra na mesma Divindade. A Lua tem, realmente, muita influência sobre a vida humana e terrestre, porém muito pouco do ponto de vista cósmico. Em sentido figurado poderíamos dizer que a Lua é a antena da Terra, como coletora de todas as classes de vibração, que transmite nosso planeta. Como forma com este um sistema solidário, nos repugna separá-los e, portanto situaremos do lado esquerdo de MALKUTH, o símbolo da Lua e a direito o da Terra. Ademais o receber sobre a Terra as influências dos outros planetas, não recebemos conjuntamente com as do astro principal, as de seus satélites?
3) Papus - "La Cabbale", pg. 36 e Ambalain "La Kabbale Pratique", pg 46.


O Grande Teatro do Mundo

Para melhor afixar as idéias que representam a Árvore Siphirótico, ou Árvore da Vida, que com as denominações é conhecida pelos cabalistas, nos valeremos da Lei Universal da Analogia, porem desta vez levando-a até os seus mais baixos escalões. Personificaremos seus centros com as figuras mais típicas da farsa teatral. Nos perdoe se com isto cometemos pecado de irreverência, porem um artigo um artigo destinado a ir para mãos de um grande público, e nem todos estão preparados para compreender as questões metafísicas.

Imaginemo-nos em um teatro antes de entrar o público. Da cortina para dentro pode haver uma certa atividade, enquanto os atores se maquiam-se devidamente para desempenhar seus respectivos papéis. Porém a sala de espetáculos está escura e em silencio. Estamos em AYN. Um tempo antes da hora anunciada para a apresentação, se abrem as portas do teatro, e começa a entrar o público. A sala está somente a meia luz. Estamos em AYN - SOPH, a um ponto de empezar. De pronto se acende as luzes diante das cortinas. A sala se inunda de luz. A orquestra inicia um prelúdio e se propaga pelo ambiente as vibrações acústicas dos temas principais da obra. O público emudece absorto com a emoção produzida, cheio de curiosidade pelo que vai ser realizado no cenário. Sobem as cortinas. Finaliza AYN - SOPH - AUR.

O pensamento do espectador consciente deriva hacia três pessoas que não aparecem em cena, senão para recolher os últimos aplausos. O primeiro deles é o empresário, graças a cuyas cabais e acertadas as disposições foi possível montar a peça. Ele firmou os contratos de quantos participariam da mesma, de tal maneira que todas as atualizações dos mesmos, emanam de suas ordens, e todos se movem pensando na retribuição que deverão ser percebidas pelo dito empresário. A missão deste é análoga a primeira SEPHIRA na Árvore da Vida. A Segunda pessoa é o Maestro Compositor, que soube captar as vibrações musicais precisas para obter a expressão abstrata, em linguagem musical, das emoções convenientes a obra a ser representada I. Finalmente na terceira temos o autor da letra, graças à seu engenho foi possível expressar em linguagem humana tudo quanto os autores teriam que dizer para dar uma aparência de realidade a seus respectivos papéis. Não menos inspirado que seu companheiro, o compositor, em muitas ocasiões terá suas recitações em versos que, se tem a devida qualidade, serão a mais alta expressão do verbo humano.

Outras duas personagens intervirão também no desenvolvimento perfeito da farsa: um o apontador, o grande benéfico F que resolve os momentos difíceis que se crê, quando algum dos atores não se recorda o que tem que dizer, coisa muito freqüente nas grandes recitações de uma comédia. Como boa pessoa e humilde, e este não se mostra nunca na presença do público; o outro é o Diretor de Orquestra que, com a indicação de sua imperiosa batuta, vai marcando os músicos e os atores nos momentos precisos G para sua entrada, em função e ritmo a ser seguido.

Agora vamos comentar os protagonistas da representação. Tomaremos por tais, as personagens do teatro mais clássico e mundialmente conhecido; a farsa italiana antiga. Primeiro encontraremos o Sr. Polichinelo, homem importante pelo dinheiro que tem, ridículo de aparência, porém ricamente vestido de sedas multicoloridas, pontos e bordados de ouro fino (A). Todos os demais personagens giram ao seu redor, adulando-o e cantando suas falsas virtudes, deslumbrados pela possibilidades econômicas, das quais esperam sempre recolher alguma migalha.

Outra figurante é a "Dona Sereia", mulher com grande aparência de grande dama, protetora da ingênua Colombina. Sabe guardar as mais esquisitas formas externas. Se bem que tem uma extensa experiência na "lutas amorosas", porém não dissimila muito bem (C) e, se isso pode favorece-la, também fará discretas missões de alcagüete. De acordo com seu caráter, se adorna com chamativas jóias falsas.

Complementando a "Dona Sereia", temos o galhardo "Capitão", fanfarrão, pendeciero, espadachim, que fala sempre com palavras altissonantes de sua honra, (E), porém está a todo momento disposto a por sua espada a serviço de quem melhor lhe pagar. Freqüentemente faz-se de guarda espadas do Sr. Polichinelo. Leva plumas no chapéu e varre com elas o chão, quando quer saudar cerimoniosamente, como se fosse um autentico cavalheiro.

Outro papel importante corresponde ao simpático "Arlequim", que vestido com um traje estapafúrdio e justo, composto de remendos de todas as cores, acusa sua condição de personagem de "pouca roupa", ágil, (B), bailarino e amigo de todos, por sua simpatia, porém capaz de enredar a quem quer que seja, se isto lhe trouxer algum benefício, poeta, adulador e satírico, linguarudo que sabe arrematar com uma pirueta suas críticas. Tem uma repugnância instintiva para trabalhar. Muito apto para levar mensagens confidenciais amorosas. Bom colaborador de "Dona Sereia".

E, finalmente, temos "la pareja" mais humano: "Pierrô", filho da Lua, o romântico enamorado; sonhador, ingênuo como uma criança, alma branca como o traje que usa, e com expressão em seu rosto de grande tristeza, vítima de todos os enganos que os demais comparsas o preparam com suas picardia. Vive suspirando e canta à Lua, pensando sempre em seu amor, a bela "Colombina", filha da Terra, a que com sentido mais positivo, apesar de sua juventude, duvida dos concelhos de "Dona Sereia" e a natural atração pelo "Pierrô". Enquanto vai se engraçando com todos, satisfeita de ver as homenagens masculinas e as envidias femininas que seus encantos juvenis comportam. O próprio "Sr. Polichinelo" não permanece indiferente diante de tanta beleza. Dentro de seu vestido branco, todavia, vai sorteando os perigos que o mundo lhe apresenta e que sua juventude não permite captar em toda sua importância, ainda que em certos momentos sua intuição feminina já à faz entrever.

Deixamos a boa compressão do leitor, fazer as analogias convenientes, para dar ao todos estes personagens simbólicos, seus verdadeiros valores, dentro da forma bem humorada que estamos expressando.


Os Centros

Todo estudante sério conhece os diversos Nomes de Deus, atribuídos aos diferentes Centros e que, na Árvore de Kircher aparecem escritos em letras hebraicas. São também qualificadas de Palavras de Poder. Na realidade são palavras hebraicas designando qualidades específicas das sucessivas emanações da Divindade no mundo espiritual o Olam Atzilut.

Na Árvore de Kircher notamos uma anomalia, cuja correção nos atrevemos a propor aos interessados nestas questões, na espera de que autoridades qualificadas o confirmem. Se trata de que consideremos trocados os Nomes atribuídos as Séphiras terceira e quarta, de tal maneira que EL permaneça no centro III e IAVE ELOHIM no IV. Muitas razões apoiam esta troca de lugar: 1°, EL e IAH estão a um mesmo nível, contraposto um ao outro, equilibrando-se mutuamente nos dois extremos do canal n°4; 2° IAH dá origem as 32 Vias da Sabedoria, enquanto que EL anima as 50 Portas da "Razão". 3° Estas duas sílabas formam as terminações dos nomes das Shemanphoras, tão usadas em Magia Prática. IAH figura com tal terminação, 32 vezes, e EL, 40, que podem ser 50 se se tem em conta as terminações dos nomes angélicos que correspondem aos Centros no mundo de Briah (1).

O centro da Árvore pode-se considerar ordenados em três colunas ou pilares denominados: pilar central e que vem situado no centro da figura; pilar da misericórdia, o que vem situado a direita do leitor; e pilar do rigor, o que vem situado a esquerda. Se fazermos a troca indicada antes, teremos que a coluna da misericórdia vem iniciada com o vocábulo IAH e a rigor por EL. Estas duas palavras não dão as raízes dos nomes que seguirão em sua penetração na matéria ( os nomes exotéricos do Tetragramatom Sagrado é IAVE, como se expressam muitos autores). Assim teremos:

Esquerda
Direita
EL
IAH
ELOHIM
IAVE ELOHIM
ELOHIM TZEBAOTH
IAVE TZEBAOTH

(1) Veja "La Kabbale Pratique". De R. Ambelain, pg 81.

Como podemos ver, corresponde ao pilar do rigor, os planetas e nomes que, desde o ponto de vista da personalidade, consideramos maléfico; o pilar da misericórdia, os planetas e os nomes que, desde o mesmo ponto de vista, se consideram benéficos. O pilar do rigor é o da lei do Carma ou do Destino rigoroso, cego, implacável e inevitável, como todas as Leis da Natureza. O pilar da misericórdia é o da Providência que nos beneficia, aplacando os rigores do Destino, segundo nossas possibilidades e conveniências. Entre os dois pilares se levanta, cheio de promessas, o pilar central, da Vontade humana (1).
(1) Veja: Fabre de Olivet, "Histoire Philosophique de Genre Humain" - pg.44 e seguinte.

Involução

Se considerarmos os Centros por sua ordenação horizontal, vemos em seguida que este vem dispostos segundo três triângulos; o superior com o vértice para cima e os seguintes com os vértices para baixo. Finalmente, temos o solitário Centro inferior sobre o que incidem todas as influências que emanam dos outros centros.

O triângulo superior, por sua disposição, já indica que seus Centros não descendem a manifestação inferior, mas sim permanece no nível da pura espiritualidade. Em seu interior figuram umas pequenas cabeças aladas de Anjos, desprovidos de corpos, confirmando o que acabamos de dizer. Estamos em OLAM ATZILUTH. É o mundo dos Princípios.

Os dois triângulos inferiores, são denominados "Seis Sephirots de Construção". Seu enlace com o superior são as duas Tábuas da Lei, contendo uma os três mandamentos que se refere a Deus, e a outra, os sete que se refere ao homem.

O Triângulo superior de "Los Seis de Construção", corresponde ao mundo das causas, o Olam Briah, e o inferior a Olam Ietzirah, o mundo das Leis. Entre os dois, vemos desenhado na Tábua dos dois Pães da Proposição a esquerda, e o Candelabro de sete braços a direita, símbolos, respectivamente, das 12 forças zodiacais que atuam sobre o homem de maneira fatal; são 12 fronteiras do Universo que este não pode traspassar nem modificar, e as sete forças conversível, que o homem tem por missão transformar de más para ótimas. Os símbolos vem situados ao nível do vértice do dito triângulo superior, correspondente ao SOL, a estrela governante de nosso sistema, o grande doador de Vida, imagem a mais exata da Divindade, tomada por Divindade mesmo por aqueles que não sabem ver mais além. É o Adão Kadmon da Cabala.

O nível do vértice do triângulo inferior tem outros símbolos baixo de forma de pedra cúbica, sobre a qual queima-se perfumes especiais. O aroma das resinas se inclina a esquerda em um, e a direita no outro. São as oferendas feitas em nome do egoísmo ou na virtude do Amor.

São as oferendas de Caín e Abel, para unir a Terra com o Astral através do perfume etérico. Todos sabemos o resultado.
Outra observação a fazer sobre a Arvore de Kircher é a disposição dos nomes das dez Séfiras, ao redor de cada uma delas. Vem situadas em forma radial, como uma aureola de cada Centro e guardando entre si uma distância angular de 36° - os semi-quintiles que estudam a Astrologia - porem em todos os Centros vem situado na parte superior, o nome de IESOD, o que dá respeito ao conjunto uma impressão de coisa estática. Ou seja, cada Séphira é uma emanação da que precede, entendemos que em cada uma teria que ocupar um lugar preferencial, o superior, o nome próprio, ou seja, que a primeira Séphira deve estar situado no lugar mais elevado o nome de Kether; a Segunda de Chokmah, e assim sucessivamente, para expressar um conceito dinâmico muito mais de acordo com o processo de sucessivas emanações, reconhecido por todos os cabalistas.

O mesmo Kircher, verdadeira autoridade na matéria, apesar das correções que propomos concretamente para o esquema da Árvore, que figura na obra monumental, antes citada, tem uma frase decisiva que copia Papus em seu livro "La Cabale", pg 199, VI, que diz: "Todos os Sephirots ou números, são uma só e mesma força modificada diferentemente, segundo meio que atravessa". Isto confirma que o raio creador (1), que saindo de Kether, vai atravessando toda a Árvore, seguindo a ordem numérica dos Centros, até finalizar em Malkuth, o mundo material, de onde aparece como eletricidade. Então cremos que a rotação sucessiva dos nomes que formam a aureola de cada Centro, se impõe.

Os canais

Complemento indispensável da disposição dos Centros, são os canais que religam, segundo um sistema que acusa um conteúdo de sabedoria, que deixa estupefato o estudante sincero. Cada Canal se relaciona com uma das 22 letras hebraicas e, portanto, com o Arcano Maior do Taro que o corresponde.
Há um pequeno erro no esquema de Kircher. O canal que une os Centros VII e VIII tem atribuídas as letras SAMEK e PHE, quando a letra PHE corresponde ao canal que conecta os Centros VI e IX.
Outra correção a se fazer é no canal entre as Séphiras VIII e IX, ao que corresponde o número 19, e a letra QOPH. O canal número 20 deve passar a unir os Centros VII e X.
O conjunto dos 22 canais e os 10 Centros, total de 32, são os 32 caminhos da Sabedoria, chave imprescindível para abrir as 50m portas da razão. Em outra ocasião daremos um primeiro procedimento para utilizar a Árvore Sephirótica, com um esquema prático de um sistema adivinhatório. Isso não quer dizer que a dita Árvore não tenha outras aplicações muito mais importante que o domínio racional e metafísico.

Adjunto aos canais 3, 10, 12, Kircher cita as 72 potestades média, da direita e da esquerda. São as conhecidas Shemanphores ou gênios, que em um sentido restrito, regem a vida do homem (1). "Segundo o testemunho do Zohar, isto é a escada que Jacob viu em sonhos, formada por 72 degraus, cuja extremidade, situada sobre os rais do Sol e da Lua, ia perder-se na imensidão das residências da Divindade".

"È por esta escada das influências de Deus, descendem e se comunicam a todas as ordens das hierarquias celestes e a todas as criaturas do Universo.
(1) Veja: LENAIN - La Science Cabalistique, pg. 20 e seguintes.


Evolução

O esquema da Árvore não dá só uma idéia do processo creador, que vem finalizado na materialização da TERRA, senão que é também um indicador preciso das etapas da evolução, que devem seguir o ser humano para conseguir sua reintegração às fontes Divinas, de onde procede a "liberação" das ilusões que nos oferece a teatral e fictícia creação objetiva.

O Centro inferior da Árvore temos Malkuth, o domínio da Lua-Terra. É o mundo onde vive a imensa maioria da humanidade atual.

A satisfação dos apetites materiais, junto com um pouco de fantasiosa imaginação, é todo o conteúdo de sua alma, que não tem impulsos superiores a os que podem dar o desejo ou a emoção. Com tão miserável motor, passarão muitas vidas perambulando pelo mundo, como sonâmbulos, sem entender nada que os rodeiam, nem tão só sentir uma curiosidade para compreende-lo. São seres extravagantes, muito próximo de uma etapa animal.

Temos visto muitas vezes passando milhares de pessoas diante da catedral de Notre-Dame de Paris, sem sentir o menor interesse em entrar ao interior do Templo por qualquer uma das três portas de sua fachada. Formam o mundo profano, em todo o sentido etimológico desta palavra. É a pobre descendência de Pierrô e Colombina.

Mas de vez em quando, algum destes extravagantes sente que desperta em seu interior, que toma forma segundo seu próprio temperamento e, então, se atreve a entreabrir alguma das três portas da catedral simbólica. Caso decida a penetrar sua alma fica enfocada em um dos três caminhos, bem definidos pela antiga filosofia oculta; o da ação, o do conhecimento e da mística. O primeiro - Karma Yoga - levará o discípulo dotado de um espírito reformador a chocar e a combater com todo o seu instinto e, se a sorte não o acompanha, é bem possível que o exija o sacrifício da própria vida, mas, graças ao sacrifício do Herói, a humanidade avança mais um passo. Um exemplo típico é o da vida militar, que se vivida com Honra, pode proporcionar a Glória, apesar de que Ter sido um homicida em defesa da pátria e de seus interesses. O segundo - Gnani Yoga - será seguido por aquele que, havendo visto, ou experimentado , a tragédia da vida, canal 22, letra THAU, a cruz, caminho do Calvário, levado por seu temperamento mental, busca ansiosamente encontrar uma razão para a existência; primeiro na análise científica; depois no árido estudo dos ocultistas; finalmente o descobrimento das Leis que regem toda a natureza, lhe proporciona uma visão sintetizada da Vida por iluminação interior: então encontra o fundamento de todas as coisas: : passa pela erudição e conhecimento. O terceiro - Bakti Yoga - fará de seu seguidor, geralmente de espírito tímido, emotivo, concentrado, um devoto, vitalizado em grau superlativo pela fé e, sua emoção amorosa se generalizara e se inclinará até a caridade, e seu temperamento concentrado pode leva-lo a vida de claustro.
Mas em todo caso, os Centros de HOD e NETZAH devem estar equilibrados por IESOD através dos canais 19 e 18, para evitar os exageros desorbitados. Isso impedirá que a combatividade pode se converter em crueldade, ou que a fé pode derivar em fanatismo.

E agora nos encontramos diante do primeiro canal horizontal que nos fecha o passo. Situado entre os antagonistas Y e X, correspondendo a letra SAMEK e o canal n° 15, sua identificação com o Arcano XV do Taro, o Diabo, é indubitável. A mútua reação de X e Y , cria todas as más paixões na alma do homem, pois quando um se desorbita, o outro também ( por exemplo: nunca houve tantas violações, em tempo de guerra, nem cometidos tantos crimes, como por motivos passionais ou com finalidades de lucros ). Não há o que dizer para seguir adiante se temos que vencer os obstáculos que o Diabo "siembra" em nossa psique.

O processo de IESOD pela via intelectual, encontra o obstáculo de frente e pelo meio, de maneira que o choque é de máxima intensidade. Esta se apresenta debaixo da forma de orgulho, a qualidade tipicamente satânica, e tanto mais grave, quanto o que chegou a este centro, tem muitos motivos para sentir-se superior a seus semelhantes. Somente uma qualidade espiritual pode evitar este perigo e manter uma ardente esperança - Arcano XVII, canal 17, letra PHE - como uma longínqua Estrela que brilha no firmamento como um ideal inatingível.

Tal é o mundo dos iniciados, ou seja, aqueles que se empenharam a tomar por si mesmo as rédeas do seu destino. Enquanto continuam seu aperfeiçoamento interno, se encontram submetidos a provas de toda classe, mas cada ilusão vencida é um passo a mais na realidade transcendente, intuída porém não compreendida. As tentações das forças do mal tomam uma intensidade desconhecida pelos profanos, custando lágrimas de sangue desmascara-las e vence-las, porém se a decisão de seguir adiante é firme, a vitória é certa. Obtidos os últimos êxitos no mundo, o Iniciado chega ao fundo do simbólico Templo de Jerusalém (1), justo na entrada do Santuário. Só lhe falta passar pela Pia de Abluções e pelo Mar de Bronze, para que as Portas do lugar Santo se abram de par em par. As ditas portas são os canais n°16 e 14 - A Torre Fulminada, que fará conhecer a última humilhação e a Transvasação de Fluidos, que o levará a abertura dos sentidos psíquicos.
(1) Veja: Ambelain, La Cabbala Pratique, pg. 73.

Eis aqui o nosso iniciado que terminou as iniciações virtuais, permanece disposto a receber a primeira Grande Iniciação, Iniciação Solar ou Iniciação Real, que lhe situará no mundo dos Mestres. Quando esta tiver lugar, tomará posição do Centro de Thipheret, ponto central do conjunto da Árvore. Seu caminho é o do Raja Yoga ou Yoga Real.
Se no uso de sua sacro santa liberdade se sente inclinado a seguir suas preferências temperamentais, pode tomar o pilar do rigor se é homem de ação, ou seguir o pilar da misericórdia se quer continuar o caminho da religião. Pelo caminho da ação, continuará combatendo com energia decisão e violência, se convém, pelos seus ideais, cada vez mais elevados, até conquistar os lugares de comando político ou militar mais eficientes. Para seu pais, o grupo étnico cairá instituído como Poder Temporal.

Desgraçadamente, o canal n° 13, corresponde ao Arcano XIII, a Morte, e, com efeito, sua ascensão implica sempre uma grande série de vitimas, procedente de guerras, atentados ou sentenças judiciais que o Poder Temporal deve sancionar, em muitas ocasiões, ele mesmo é a vítima escolhida por Deus.

Se, retornando ao pilar da misericórdia, chega ao Centro da Chesed, o domínio de F , haverá conseguido o mais alto grau sacerdotal, com todas as atribuições de um autêntico KADOSH (Santo). Em oposição ao Poder Temporal, ele será Autoridade Espiritual. Esta oposição é, na realidade, complemento sobre os dois braços do canal horizontal n° 9, a Segunda Cruzou segundo obstáculo. Efetivamente, se entre os dois Poderes, Temporal e Espiritual, há a devida harmonia, esta deverá ser de muito respeito e levada com prudência (Arcano XI), para não dar motivo a critica profana, a falar com escândalo da aliança interessante entre a espada e o altar. O ponto difícil de manter, e a história nos mostra, quantas vezes se tem esquecido este preceito, ou seja para cair em uma conturbação de interesses, ou em uma guerra encetada por estes dois pensamentos. Sempre o resultado tem sido nefasto para o povo, que tem que suportar estas calamidades. Tudo o que a primeira Cruz representava com caráter individual, aqui a temos reproduzido com conseqüências coletivas.

Os Centros de GEBURAH e CHESED, devem estar perfeitamente equilibrado sobre THIPHERETH, o primeiro pelo canal 12 (Arcano do Sacrifício), e número correspondente ao círculo do destino, representado pelos 12 Signos e as 12 F do Universo. O segundo pelo canal n° 10, letra IOD, símbolo da eternidade e da vida. Renovável na forma mais perene em sua essencial como a Religião, e que se apresenta em diferentes modalidades, segundo os tempos, porem que permanece imutável em seus princípios e mistérios através de sucessivas civilizações. O sacrifício ou as oferendas vem simbolizados pelos 12 pães da proposição, enquanto que a Vida vem representada pelas sete chamas do candelabro de sete braços, que o Grande Sacerdote empunhava nas principais solenidades do Templo de Jerusalém no interior do lugar Santo.

Mais acima do mundo dos Mestres, encontramos as outras regiões onde atuam os Adeptos. Tentaremos uma breve explicação, apesar de que nossos idiomas vulgar estejam faltando palavras adequadas para expressar coisa tão fora do corrente, Que a intuição do leitor supra nossa incapacidade.

Voltemos para o pilar do Rigor, pelo canal n°8, a justiça, letra CHET. Vemos em seguida que o exercício do Poder Temporal só pode exercer sua magnitude, pela prática da Justiça Inteligente, que não é precisamente a aplicação de castigos, mas sim a promulgação de Leis, que tendo presente a condição psicológica do povo, ou da raça a que deve aplicar-se, facilitem o desenvolvimento desta, dentro das possibilidades. É óbvio que dispor o justo sobre o que é, ou que deverá ser, uma coletividade submetida a um processo evolutivo que pode durar séculos, é uma tarefa que sobrepõe muito, as possibilidades humanas correntes. Só um Adepto muito seguro de suas faculdades saberá faze-lo com o devido acerto. Então a iluminação que receberá do Sol, através do Arcano VII, A Vitória, o consolidará na alma de seu povo, como Instrutor da raça. Haverá nascido um novo Manú.

Subindo pelo pilar da misericórdia, chegaremos ao Centro da SEPHIRAH II, A DA "Summa Sapiência", que não pode ser outra que a da Ciência Sagrada. Situado ao mesmo nível do Poder Temporal, estudado anteriormente, sua missão será análoga ao primeiro, porém realizada sobre o campo religioso. Assim fundará sua nova forma religiosa que deverá servir de base à egrégora da nova raça ou nova civilização. Seus contatos espirituais o autorizam a considerar a forma de estabelecer como uma autêntica revelação. Sobre a função complementar destes dois Adeptos, fundou-se todas as civilizações do passado, pois não houve nenhuma que não tenha repousado sobre um fundamento religioso, nem que não tenha tido uma legislação . Esta efetiva Autoridade Espiritual retirará sua Sabedoria pelo canal 6, os dos caminhos, Arcano VI, intuição da diferença do bem e do mal. Ademais a intuição recebida das forças ocultas, o permitirá dar nomes, formulações e rituais adequados. Pelo canal n° 5, letra HE, terá a visão das essências da Vida.

Estes altos graus de evolução espiritual, somente são acessíveis depois de haver passado o Abismo, que representam as Tábuas da Lei, cujo cumprimento estrito é imprescindível para poder levantar o Véu do "Sancta Santorum" do Templo. Os adeptos vem personificados pelos Querubins que suportam a Arca da Aliança, depositária de todos os Mistérios contidos na I Séphira.

O canal transversal n° 4, é a terceira e última Cruz que se encontra no curso ascensional da alma humana. Pela terceira vez, as forças diabólicas querem intentar obstruir os passos aos níveis espirituais superiores, desviando seu dever. Recordemos a última tentação de Jesus por Satanás, oferecendo-lhe o reino do Mundo, o do quaternário (letra DALET), se rendia pleitesía e a sóbria contestação do Mestre. É o último obstáculo que tem a subir pelo canal central n° 3, que encontra de frente, o que provem diretamente pelo pilar central, o da Vontade Humana. Só lhe falta um passo mais para conquistar o estado glorioso da União Mística com a Realidade Absoluta, enquanto seus braços estendidos se abrem sobre os dois pilares laterais. Conquistou o Mistério da Cruz depois de haver subido a custas o Calvário, a existência objetiva, e a Ressurreição e a Ascensão aos Céus são imediatas.
Há os que provem do pilar do Rigor, necessitam, todavia, resolver ao problema da dualidade ( canal n°2), dos pares opostos ou dos paradoxos da Vida. E se se trata dos que vem pela Misericórdia das alturas de "vértigo" destes estados, deverão experimentar a visão da Unidade Suprema (canal n° 1). Finalmente os três caminhos de saída vem a fundir-se em um só ponto, a conquista da Coroa, comportando a afirmação que seu reino "não é deste mundo".

Adendo

Kircher situa aos dados do Esquema da Árvore, ao nível do triângulo central, o mundo dos Mestres, quatro lemas apresentados em forma de pergaminhos enrolados, dois ao lado do pilar do Rigor e dois do lado do pilar da Misericórdia. Dizem os seguinte: os do lado do Rigor; 35 Príncipes a Severitate Origenem Ducentes e 365 Praecepta Legis Negativa: os do lado da Misericórdia; 35 Principes a Misericordia Origenem Ducentes e 248 Praecepta Legis Afirmativa.

Estas denominações são um pouco arbitrária e intencional para despistar. O importante são os números que as encabeçam, já que eles nos dão a chave das combinações a fazer, para utiliza-las com fins práticos, o Esquema que, como já temos dito, não só um esquema metafísico, senão um instrumento de trabalho. Não podemos dentro do limites que temos fixados, dar detalhes de sua utilização. Portanto, nos eduziremos a apresentar umas idéias sugestivas. Não esqueçamos que o trabalho pessoal é imprescindível para o que quer chegar a ser um "BAALSCHEM", ou aquele que possui "o nome".

Exemplos: Lado do Rigor; 35 = 5 x 7. Os sete olanetas básicos em suas cinco condições de entronizados, desterrados, exaltados, caídos e peregrino. Uma aplicação: a astrologia onomântica ou cabalista para fixar a qualidade das letra duplas, às quais os ditos planetas são assimilados.

365 = 72 x 4 + 50 + 27. As 72 potestades, em cada um dos quatro mundo da Cabala, combinadas com as 50 portas e as 27 letras do "Alephato". A Magia. A compreensão das "50 portas da razão" (1), ou "da Luz".

Lado da Misericórdia; 35 = 3 + 10 + 22. As três condições de AIN, AIN-SOPH e AIN-SOPH-AUR combinadas com as dez Séphiras e as 22 letras. Aplicação Jogada de Taro sobre a Árvore Sephirotica.

248 = 72 x 3 + 32. As 72 potestades em suas três condições de direita, média e esquerda,
combinada com as 32 Vias da Sabedoria.

Aplicação; As contemplações da Fé com Razão.

Kircher diz que o estudo destas Vias e Portas, exige um esforço considerável e longos anos de meditações. Só então, os homens reputadamente santos, marcados por Deus, são iluminados pela Luz emanada do Centro.

(1) Veja: Enel - Rota, pg. 68 e 69, Manuel de Cabbala Pratique, pg. 78 e seguintes. 1° edição.
Para resolver possíveis dúvidas dos leitores, reproduzimos uns fragmentos do prólogo que Papus fez para a edição da obra de Lenain, "La Sacience Cabalistique". Disse assim:
"Como todo trabalho realmente iniciático, este pequeno volume é o ponto de partida de frutuosas meditações.
"A Cabala, com efeito, não pode estudar-se abaixo de duplo método. Os livros e os manuscritos não servem mais que de ponto de partida e a meditação, ajudada pela assistência do plano invisível, podem somente fazer o restante ... Mas eu não repetirei nunca o bastante que, sem a assistência do plano invisível, nenhum progresso real pode ser conseguido nestes estudos" - Dr. Papus, Grande Mestre da Ordem Cabalistica da Rosa Cruz.