O
SELO DO REI SALOMÃO
Selo de Salomão em uma pedra de um arco de uma sinagoga do séc.
III-IV na Galiléia
Tradução do Amado Ir. Marte, S.:I.: (TOM)
O Rei Salomão, filho do Rei David, estabeleceu Jerusalém como a cidade da Justiça e da paz. Seu nome reflete o nome original da cidade, Shalem. Salomão é chamado de “aquele a quem foram dados sabedoria e conhecimento”, este é significado comumente usado para indicar seu governo sábio, a habilidade de distinguir entre o moralmente bom e mau, e através de uma compreensão do universo. “Eis que fiz segundo as tuas palavras, eis que te dei um coração sábio e entendido, que antes de ti teu igual não houve, e depois de ti teu igual não se levantará” (Reis I, 3:12).
A lenda do Selo do Rei Salomão, do sinete de madeira que ele recebeu dos céus, é comum ao Judaísmo, ao Cristianismo e ao islamismo. O Selo do Rei Salomão, cuja base está no chão e cujas bordas alcançam o céu, simboliza a harmonia dos opostos, cujo significado é múltiplo tanto quanto multicultural. Reflete a ordem cósmica, os céus, o movimento das estrelas em suas esferas, e o fluxo perpétuo entre céu e terra, entre os elementos do ar e do fogo. O Selo simboliza a sabedoria e as regras supra-humanas da Divina Graça.
Selo de Salomão em uma placa de concreto de uma Igreja Bizantina,
Khirbel Sufa, Negev do Norte
Em 1536 D.C., o Sultão Suleiman, o Magnífico, ordenou extensivas restaurações no Monte do templo e converteu a Igreja que tinha sido construída no Monte Sião durante as cruzadas em um mosteiro. Pela construção deste mosteiro, Suleiman ligou-se a Salomão o filho de David e o David Messiânico que, de acordo com a crença Cristã, é Jesus. Foi a consciência messiânica de Suleiman que levou-o a desenvolver a ligação entre ele e o Rei Salomão. Nas paredes que circundam Jerusalém estão decorações de pedra que formam dois triângulos entrelaçados. São estrelas de David, conhecidas pelos Muçulmanos como Khatam Suleiman e pelos judeus como Khatam Shlomo (Selo do Rei Salomão) cuja função é proteger a cidade. O símbolo do hexagrama, a figura estrelada formada pelos dois triângulos, tem muitas conotações, especialmente quando é enclausurada por um círculo; poderes sobrenaturais têm sido atribuídos a este símbolo em muitas partes do mundo desde tempos ancestrais.
Moeda de prata da “dinastia Ayyubid” Aleppo, Síria, 1212-13
Além das associações nacionais Judaicas que têm
sido adicionadas ao símbolo nas últimas centenas de anos,
o elemento abstrato da figura (que está conectado às estrelas
celestiais), e sua completitude geométrica fazem-no um símbolo
universal. Junto com a estrela de cinco pontas (o Pentagrama, que é
de origem muito mais recente) o hexagrama representa o desenvolvimento da
matemática e geometria pelos Gregos e seus sucessores ao longo do
Mediterrâneo.
Através da geometria, na qual os Pitagóricos e seus seguidores
viam simbolismos cósmicos, o hexagrama e o pentagrama tornaram-se
uma expressão do céu e sua reflexão na terra, o Divino
e sua reflexão na criação e a conexão entre
o céu e a terra, entre o macrocosmos e o microcosmos, e entre espírito
e matéria.
Jarra e copo, Mogul India, século XVIII e XIX
A civilização Islâmica teve uma vibrante encruzilhada cultural através da qual as aquisições do mundo antigo que fluíram para a Europa moderna, através destas informações passadas do Leste para o Oeste e de lá para cá novamente, nas quais vários grupos étnicos de diferentes linguagens e religiões viveram lado a lado e contribuíram para o avanço cultural.
Potes de cerâmica, Ásia central ou Leste do Irã, século
X
O Selo do Rei Salomão combina Força e Beleza, simbolismo e
qualidade ilustrativa e tudo isso dentro de uma figura geométrica,
a característica mais importante da arte Islâmica. O amor dos
artistas Muçulmanos pela geometria permitiu a verdadeira essência
do Selo do Rei Salomão como um símbolo de conexão entre
ciência, beleza e metafísica, com elementos de medicina e magia,
astronomia e astrologia, a arte da irrigação e sua influência
no jardim, e a simbólica conexão entre jardins de prazer e
Jardins do Éden, entre o céu e domos arquitetônicos
e também cosmologia tradicional e sua conexão com a religião.
Tigelas médicas “mágicas”, Irã século
XVII-XIX
Hoje, o hexagrama é conhecido como “Estrela de David” e é visto como o símbolo definitivo do Judaísmo. O termo é também usado em países Islâmicos. Existe um grau de confusão sobre suas origens, nomes e associações. Na Europa, o pentagrama é igualmente conhecido como Selo do Rei Salomão, enquanto o hexagrama como Estrela de David, e é comumente assumido que foi sempre assim. Entretanto, há pontos de evidência sobre a evolução gradual do hexagrama de um símbolo cosmológico Romano para um símbolo religioso e mágico que não está necessariamente associado a uma religião ou povo. Pesquisas sugerem que ambos temas foram usados por diferentes religiões e o significado mais claro do hexagrama é associado com técnicas mágicas para proteger contra forças do mal. O Professor Gershom Scholem, um notável estudioso de Kabbalah estudou a função protetiva do hexagrama e seu ingresso no Judaísmo a partir de tradições Islâmicas. Em uma série de artigos sobre a Estrela de David e sua história, Scholem fez as seguintes afirmações:
Gorro de veludo e roupa ornada com moedas usadas por garotos Judeus, Marrocos,
início do século XX
Primeira: O hexagrama é um símbolo universal, cujas associações Judaicas foram desenvolvidas gradualmente. Começou como um símbolo da comunidade Judia em Praga, provavelmente no século XIV, embora possa ter sido no século XVII. Ele foi reconhecido como símbolo dos Judeus como um todo no século XIX.
Pingente-amuleto feminino com Selo de Salomão, Argélia, século
XIX
Segundo:
Muitos exemplos Judaicos e Cristãos do hexagrama e outros temas decorativos,
existem do período antigo e posteriores na arte Islâmica no
século XIII, o tema passou de cópias da Bíblia, que
tinhas sido transcrita em países Islâmicos, para manuscritos
Hebreus na Alemanha e Espanha. Na Espanha, até o século XIII,
o hexagrama era conhecido como Selo do Rei Salomão pelos Judeus,
do século XIII ao século XV, ambos os nomes foram usados simultaneamente.
Foi apenas mais tarde que o termo Estrela de David gradualmente tornou-se
dominante nas comunidades Ashkenazi, enquanto o Selo do Rei Salomão
tornou-se identificado com o pentagrama.
Terceiro: O hexagrama ou pentagrama, aparece primeiro em mezuzot “mágicos”
(pergaminhos colocados no umbral da porta, comuns entre os Judeus) e posteriormente
em vários talismãs na literatura. Os desenhos mágicos
do hexagrama e o pentagrama eram conhecidos como selos, na manutenção
da idéia de que uma pessoa “estampa a si mesma” com estes
signos no sentido de proteger a si mesmas de espíritos daninhos.
Este termo é conectado à lenda do Rei Salomão que controlava
demônios por meio de um anel-sinete especial no qual estava gravado
o Tetragrammaton. O selo apenas tinha poder para uma coisa, prover proteção
contra forças malévolas.
Selo de Salomão do An'am Sharif, um livro de orações
e excertos do Corão, 1761-2
É possível que o hexagrama serviu como um símbolo do Templo em um estágio inicial de desenvolvimento. Um desenho Judeu do século X é o exemplo mais antigo de conexão entre os dois símbolos; nós não sabemos se suas origens na tradição Judaicas são mais antigas, ou se elas refletem uma conexão com a arte Islâmica. Na Espanha, iniciando no século XIII, livros religiosos Judaicos eram decorados com Estrelas de David, algumas vezes como colófono em livros escritos em micrografia. O hexagrama apareceu anteriormente como uma decoração usada para preencher espaços ou para mostrar as divisões em capítulos em manuscritos Hebreus e Árabes. Em alguns manuscritos Hebreus da Espanha, diversas Estrelas de David têm sido desenhadas próximas a versos que falam do longo retorno a Sião.
Selo de Salomão no verso de um espelho, Mesopotâmia, século
XII
Moedas de cobre e prata das dinastias 'Umayyad and 'Ayyubid, séculos
VIII-XIII; do período Malmeluk, século XIV, e do perído
Mongol, Tbilisi, Georgia, século XIII.
Traduzido do artigo ”The King Solomon´s Seal, 16 Fev 1999”,
contido no site do Ministério Israelense de Relações
Exteriores. Acessado em Out 2005.