A TOLERÂNCIA
Pelo Irmão Monte Cristo SI
Recentemente, pudemos acompanhar um debate bastante acalorado sobre um assunto importante que requer dissertação.
Um Amado Irmão noticiou com entusiasmo o revivamento no Brasil de uma Ordem Martinista voltada à tradição esotérica Islâmica. O que a principio era uma informação auspiciosa, tornou-se um debate ácido sobre a possibilidade da existência de uma Ordem Martinista não Cristã.
Alguns afirmavam ser esta uma invenção, uma existência por si só impossível, dado aos fundamentos do Martinismo desde a sua formação como Ordem organizada por Papus e Chamboseau.
Poucos realmente sabem que já em 1911 o Dr. Gerard Encausse (Papus), estabeleceu contato e aliança com várias Ordens e Fraternidades Iniciáticas do Oriente. Uma delas foi a Confraria iraniana dos Babiyya, fundada pelo Místico Sufi Shaykh Ali- Muhammad Al-Shirazi. Em 1928 O Grão- Mestre Jean Bricaud, faz um tratado de aliança e amizade com o Grão- Mestre da Ordem Sufi Alawita da Argélia, Shaykh Ahmad Al- Alawi. E a partir daí estabeleceu-se um Círculo Martinista com o objetivo de estudar a Tradição Mística Sufi, sustentados pela Aliança Martinista Sufi de Bricaud e Alawi. Portanto nada de excepcional há na existência de uma Ordem Martinista não Cristã, a própria história mostra a sua viabilidade.
Mas no fundo de toda esta polemica há um fato mais importante, agora de conteúdo filosófico e não religioso. Os Martinistas sempre defenderam a compreensão que o Homem primordial pelo seu Livre Arbítrio, desejou um aprimoramento além do que conseguiria em seu estado de intermediário da Divindade. Porém algumas experiências somente são possíveis no mundo material, por conseguinte fez-se necessário à queda como forma de multiplicar sua existência até então única, em diferentes células de um grande corpo, estamos excluindo deste debate às alegorias e as teses primárias.
Estas células teriam a oportunidade de individualmente aprenderem pela diversidade e chegado a um determinado estado, se reagruparem ou se reunirem novamente em seu estado inicial, agora com mais experiência, com mais conhecimento e com mais força, chamamos a isto reintegração.
Também é notório que o corpo reintegrado deveria ser completo, portanto pressupõe-se que todos as células se reintegrariam. Conseqüentemente a Reintegração não pode ser feita de forma individual, mas sim coletiva, advém daí a máxima Martinista : "quando um indivíduo se eleva toda a humanidade se eleva com ele".
Há ainda outra concordância Martinista importante, aquela que entende que só há um Criador, e portanto não pode haver a existência de um segundo e como antes do "Um" nada pode ser contado, o Deus de todas as religiões é e sempre será o mesmo, porém para que determinada sociedade pudesse entender melhor os decretos do Altíssimo, certas adaptações sociais foram necessárias. Portanto um verdadeiro Martinista respeita todas as religiões, sem exceção, defende com fervor a existência pacifica de diferentes Fé, prega e pugna pela unificação das religiões não num mesmo organismo, mas mediante a tolerância e a liberdade. Imaginem o quanto progrediríamos se todas as Religiões percebessem que o seu Deus é o mesmo Deus de todas as outras religiões. Logicamente o Martinismo não prega uma religião única, pois isto iria contra o principio da diversidade.
Por conseguinte, podemos concluir sem erro que o Martinismo é sim uma corrente de pensamento Cristão não religioso, mas devemos entender que os princípios Martinistas estão abertos a todos os corações, a todas as almas e a todas as religiões. Não podemos de forma alguma imaginar que somente os cristãos serão reintegrados ou alguém em sã consciência realmente acredita nisto?
Bem vindos os Martinistas do Islã, bem vindos os Martinistas de Buda, Bem vindos os Martinistas Hindus, bem vindos os Martinistas de Israel, Bem vindos os Martinistas sejam eles quem forem, desde que venham com o coração inundado de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, como sempre quis nosso Venerável mestre o Filósofo Desconhecido.
Nós Martinistas temos uma responsabilidade maior que aqueles que erram pelo desconhecimento e pela ignorância, nós sabemos, ou deveríamos saber das conseqüências de nossos atos, de nossa responsabilidade espiritual e de nossa herança fraterna.
Não se deve julgar um Irmão pelo berço que o embalou.
Sempre e Sempre para a Glória de Yeschouá o grande Arquiteto do Universo.