A BENEMERÊNCIA E O ACASO
Grupo Hermanubis
Conta-se uma história sobre um Martinista Francês que, todos os anos na véspera de Natal , iniciava uma longa viagem a pé para passar esta data junto a seus Irmãos de uma Loja Martinista Russa e desta forma começar seu ano com as esperanças renovadas.
Ora, isso não era fácil, porque o tempo nessa época do ano a Europa era geralmente congelante e havia muita neve. Tornava-se cada vez mais difícil a cada ano, quando nosso irmão adquiria mais idade, mas ele manteve o costume.
Até que finalmente, certo ano, em uma estrada solitária em meio a uma floresta repleta de neve, de repente suas pernas simplesmente não conseguia dar mais nenhum passo, o cansaço havia dominado seu corpo e ele já pressentia o final de sua vida terrena, sem sequer pensar que o Criador pudesse haver se esquecido dele, começou a pensar que somente um milagre o salvaria.
"Bem disse ele, pelo menos estou morrendo a caminho dos meus amados Irmãos " consolou-se ele. "Espero apenas ser enterrado junto com minha família, e que os animais não me devorem." Estava à beira de cair sobre a neve quando de repente escutou alguma coisa à distância.
Era uma carroça! O som parecia distante, mas era inconfundível: rodas rangendo na neve e o passo laborioso de cavalos. De tempos em tempos, o vento levava até ele algumas notas da canção que o carroceiro estava cantando. Não demorou muito até que chegasse: era uma carroça repleta de enormes barris, e parou defronte do nosso irmão que já estava quase congelado.
"Ei, senhor " gritou o condutor. "Ei! Quer uma carona? Se conseguir achar um cantinho, pode subir!" e estendeu a mão.
Com força renovada, o caminhante agradecidamente agarrou a mão, ergueu-se até a carroça, dali até os barris, e finalmente acomodou-se entre eles quando o veículo começava a mover-se.
Mas sua gratidão não podia mantê-lo aquecido. Após uns poucos minutos espremido entre os barris, lembrou-se abruptamente que estava congelando, e ser incapaz de mover-se não ajudava em nada.
Foi então que percebeu uma torneirinha que saía de um dos barris.
"Talvez seja vinho, ou vinagre, ou algo mais" pensou de si para consigo. "mas, poderia ser..."
Com a mão trêmula, virou a manivela da torneira. Não, não era vinho ou azeite, nem vinagre ou qualquer outra coisa, era... vodca!
"Ivan," gritou para o condutor, "preciso de um pouquinho de sua mercadoria, estou congelando! Eu prometo pagar. Posso pegar um copinho?" "É claro, meu amigo" gritou o carroceiro por sobre o ombro. "Este é o resultado de todo um ano de trabalho, e irá garantir o sustento meu e da minha família por mais um inverno, mas a sua urgência é maior que a minha e dos meus...pegue quanto precisar! Com certeza está muito frio aqui, e um ou dois copos não irão quem sabe salvar a sua vida!"
O segundo copo estava melhor que o primeiro, e em um minuto estava aquecido. Ficou feliz! Estava indo para ver meus Irmão na Rússia, e o Grande Arquiteto do Universo lhe fizera um milagre! Começou a cantar. Em pouco tempo o condutor estava cantando com ele, e desnecessário dizer, as horas da viagem passaram como se fossem minutos.
Antes de se dar conta, haviam chegado a Moscou. O homem ajudou-o a descer, e antes das despedidas o nosso Amado Irmão agradeceu dando glórias a Yeschouá pelo que havia ocorrido.
O Carroceiro, reconhecendo ser aquele andarilho um verdadeiro e amado irmão Martinista, deu-lhe uma grande abraço e um ósculo na face como é costume entre amados irmãos, aquele era um sinal inequívoco que comprovava que Ivan aquele humilde carroceiro, era também uma amado Irmão de nossa corrente astral e que mesmo sem saber desta condição havia salvo além de um homem um verdadeiro buscador.
Logo depois se separaram calorosamente. A grande lição desta história diz respeito à sempre ajudarmos ao próximo, nunca negar aos necessitados um pouco de comida, bebida ou mesmo uma moeda, pois não saberemos o que o pedinte fará com nosso dinheiro, mas a sua consciência ficará tranqüila em ter podido, pelo menos em potencialidade, ter saciado a fome, a sede ou as necessidades mais prementes de um necessitado. Hoje você é o benfeitor, amanhã poderá ser o beneficiário.
A caridade antes de ser uma atitude de compaixão é uma obrigação de todos, principalmente daqueles que tem a pretensão de um dia serem chamado de Martinista.