O Homem De Fundo E O Homem De Forma
Na sociedade,
vivemos e convivemos com duas espécies de profitentes divergentes,
pelo modo de ser e de proceder, e que poderiam ser intituladas: homens de
fundo e homens de forma. Os homens de fundo são reconhecidos pela transformação
moral e pelos esforços empreendidos para dominarem suas inclinações
infelizes. São eles que arrastam pelos exemplos, por aliar palavras
aos próprios atos, enquanto que o homem de forma recua perante a obrigação
de fazer a reforma intima através de mudanças comporta mentais.
O primeiro procura corrigir a si mesmo os defeitos e hábitos infelizes
que observa nos outros, ao passo que o segundo procura destacar os defeitos
alheios, esquecidos da advertência de Sócrates: "Homem,
conhece-te a ti mesmo".
O homem de fundo conhece suas limitações, e por isso mesmo,
não dá aquilo que não possui, não receita para
os outros aquilo que ele próprio não aplica a si mesmo, enquanto
que o homem de forma, por desconhecer suas limitações, se propõe
a fazer de tudo sem a menor noção de ridículo.
Sem formação e informação, seremos cegos conduzindo outros cegos. O primeiro é rigoroso consigo mesmo, porém, indulgente e tolerante com as fraquezas alheias, respeita as convicções sinceras dos outros, ao passo que o segundo, é intolerante e intransigente com aqueles que não pensam como ele.
O homem de fundo
é desligado do verbalismo sem obras, enquanto o homem de forma passa
a existência indagando, sonhando, planejando, observando e censurando
sem produzir nada de positivo para si mesmo ou em benefício dos semelhantes.
O primeiro é uma pedra bem ajustada na sociedade, colabora em tarefas
de acordo com suas possibilidades e aptidões, com freqüência
e assiduidade, ao passo que o segundo é uma pedra de tropeço,
um teste de paciência para os dirigentes, porque ele se situa na condição
de simples observador e franco atirador.
O homem verdadeiro renasce com idéias inatas de suas convicções, possui uma fé só lida e esclarecida, enquanto que o homem de forma vive cercado de dúvidas e incertezas e, por isso mesmo, mais apegado às convenções do que às convicções.
O primeiro evita
ambiente de ostentações e exibições, não
só pesados a ninguém, isto é, não vivem às
custas alheias, como nos aconselha o Apóstolo Paulo, ao passo que o
segundo admite ostentações e exibições e em muitas
circunstâncias, aceita contribuições para suas viagens
e despesas, cujas doações deveriam ser aplicadas no bem comum,
mesmo porque devemos pregar e exemplificar no meio em que vivemos e convivemos,
pois a verdade chegará mais cedo ou mais tarde, com homens, sem homens
ou apesar dos homens.
O verdadeiro Martinista encontra satisfação nos benefícios
que espalha, nos serviços que presta, nas lágrimas que estanca
e nas consolações que concede aos aflitos, ao passo que o homem
de forma, por ser egoísta, calcula os proventos e os prejuízos
de qualquer ação generosa. Se as palavras edificam, o exemplo
arrasta, porque a virtude não é uma voz que fala, e sim um poder
que irradia.