AS PRÉ-HISTÓRIAS E AS TRADIÇÕES
Mago Jefá


34 - No ano de 6 700 antes de Cristo, Ram conquistou Ceilão e dominou os negros. Assim começou o domínio dos brancos.
Segundo Saint-Yves de Alveydre, Ram mudou seu nome para Lam, e depois de manter a Ayodhya, como primeiro Kousha da Índia, cuja autoridade temporal se estendia sobre todos os reinos da Ásia Menor e Maior, como China, Japão, Cáucaso, Turan, Egito, Líbia, Etiópia e Ilhas do Mediterrâneo, Ram se fez Rei Espiritual, Soberano Pontífice da região do Tibet, onde formou a Universidade invisível que influi sobre a Terra, e assim Lam, donde provém Lama, organizou a hierarquia contra os governos arbitrários e tirânicos que se estabelecem pelo cisma de Irshon.

35 - O reino do Cordeiro não é um mito, é sim uma iluminação; não é como filosofia que dura pouco tempo nas mentes de poucos seres e desaparece logo com eles. O Budismo e o Cristianismo duram e durarão porque o livro sagrado de toda religião perdurará no mundo espiritual e todo profeta o reencontrará completo e exato no plano divino e nas estrelas. Cada astro é uma letra vivente para o Iniciado. Jesus dizia: 'O céu e a terra passarão, porém, nem um til da Lei passará'.
Aqueles que se dedicam ao estudo das letras poderão compreender que cada letra é o nome de uma divindade, da qual os Magos sabem empregar seu poder, chamado 'VERBO'.

36 - Os livros sagrados foram escritos com caracteres sagrados. De Moisés, Daniel, Esdras e dos Vedas, não possuímos mais do que um simples reflexo da Verdade, porque perdemos os verdadeiros caracteres originais; porém, não é difícil encontrar no mundo inteiro ou na memória da natureza a cópia original, e algum dia virá quem reconstruirá as Escrituras Sagradas de todos os povos. Jesus disse: 'Só o que vem do Alto pode subir ao Alto'. Por isto devemos ser tolerantes em matéria religiosa. Os livros sagrados foram escritos em três planos ou para os três planos, e os homens lutam no terceiro.

37 - Na idade de Ouro, ou no Reino do Cordeiro, todos os brancos submetiam-se a um só pastor espiritual; um dia, porém, chegou em que certos revoltosos não mais quiseram seguir o jugo do dogmatismo, e seguiram o caminho da Razão. Então se descobriu a segunda lei dos livros sagrados, os quais seguem em sua estrutura a regra que rege a construção anatômica do corpo humano. E assim temos a doutrina do coração, a do cérebro e a terrestre, posto que o homem se divide em três partes: cabeça, coração e ventre.

38 - Há três grandes períodos históricos na Índia e em seus livros sagrados: 1.°) O Védico, ou a época de Ram, que dominou a Índia por meio dos Ários, ou os Nobres, até
3 200 ou 3 000 anos antes de Cristo. Foi então quando foram criados os Vedas. 2.°) O Período Bramânico de 3 000 a 2 400 anos antes de Cristo. Certos homens recusaram o dogma da Teocracia do Cordeiro, abandonaram a Índia para implantar pela força, religiões brutais e leis cruéis. Já veremos como os iniciados do Cordeiro procuram deter o avanço desses religiosos rebeldes. 3.°) O Período Búdico. Com esta triplicidade na cabeça, não se pode errar.

39 - Os Vedas são livros históricos importantes, e o que se encontra na Bíblia de história, é copiado deles ou pelos menos se encontra nos mesmos Vedas (palavra esta que significa ciência).
Há quatro Vedas: Rig, Sama, Yadjur e Atharva. É a primeira revelação ou clichê de todos ou outros livros sagrados. Foram dogmas que logo ficaram recusados pelo Bramanismo, o qual por meio da razão queria saber o porquê de tudo.
O Período Védico está caracterizado pela simplicidade de suas cerimônias sagradas. Os Ários tinham um culto sábio; não tinham templos nem altares. Faziam fogo por meio da fricção de duas madeiras para seus altares simples, e o mantinham com manteiga clarificada. Ofereciam a seus deuses bolachas e um licor que desenvolvia certas faculdades no homem, aquele licor preparava-se com a asclépia ácida. Filtrando seu suco num tamiz de lã de ovelhas; deixavam-no fermentar num vaso de madeira e era servido puro ou misturado com água ou leite: este era o 'soma'.
Até hoje em todos os povos são empregadas certas plantas para produzir certos efeitos psíquicos; os civilizados usam o álcool. Antigamente o licor sagrado era paralelo ao sacrifico.

40 - Entre os Ários, ou os da religião do Cordeiro, o Pai oficiava na aurora, ao meio-dia e no ocaso. Logo, alguns dos filhos herdaram o rito dos pais, e assim, pouco a pouco, se formou a casta sacerdotal. Os outros combateram os amarelos e negros do país e assim se formou a casta guerreira. A raça vencida formou outras castas inferiores: os comerciantes e os artesãos. O Bramanismo estava em germe. Desde então, a cabeça servida pelos instintos, esforçou-se em dominar o mundo e as castas se estabeleceram.

41 - Ao lado das revelações dogmáticas se manifestou a reação instintiva. É o ventre da sociedade hindu que causou a transição entre o vedismo e o bramanismo, caracterizado pelos Upanichads, ou comentários metafísicos dos Vedas.
O Bramanismo foi uma época maravilhosa do mundo, que nos deixou muitas obras seletas, literárias, filosóficas e até científicas, como os poemas: Mahabharata, Ramayana e os Puranas. No gênero dramático temos o de Kalidasa de Bhavabhuti e Carro de Argila.
Na poesia lírica: O Maghaduta, o Gita-Govinca e o Pantchatantra, que deu origem às fábulas de Esopo.
Também nos deixou numerosos ensaios de Astronomia e nos transmitiram por meio dos árabes as cifras decimais, a aritmética e a álgebra. Porém, sua maior obra foi o Código de Manu em doze livros. Que abarcou todos os assuntos políticos a religiosos; este Código foi a origem do Código de Minos na Grécia, de Numa, em Roma, de Emm-Manu-El dos Judeus e dos Cristãos.
Todos o Bramanismo nos fala do Vedas ou da Vedanta. É nitidamente religioso e divide-se em duas escolas.

42 - Depois apareceu o sistema materialista de Kapila que nega a Existência de Deus e só crê na imortalidade da alma, na eternidade e na onipotência de uma causa primeira, imperceptível e imutável que se chama Prakriti: a Raiz das Raízes da matéria cuja contraparte é Purusha, o princípio sensível e inteligente. Pantajali, discípulo de Kapila, não se satisfez com a obra de seu mestre e admitiu a realidade de Deus, princípio eterno, neutro e indivisível. Esta escola produziu a Ioga ou a doutrina da União de todos os seres com o Ser Universal.
O Bagavad Gita é um período do Mahabharata ou Krishnaismo.

43 - Então, temos quatro épocas na evolução religiosa:
1.°) Os livros dogmáticos ou revelação pelo coração.
2.°) Comentários humanos destes escritos.
3.°) Negação desta revelação.
4.°) Retorno à revelação pelo coração.
Os discípulos de Kaishara levaram o nome dos Iogues. O Budismo sucedeu ao Ioguismo; é uma espécie de protestantismo hindu, concebido por Gautama, filho do rei Sudhodana. Buda nasceu 650 anos antes de Jesus e completou os ensinamentos bramânicos, tomando o coração humano como a base essencial do sistema. Ensinou aos homens o desprezo do prazer, do sofrimento e da pobreza, predicando a necessidade da perfeição pessoal e o exercício da caridade para com todos os seres. Seus princípios foram: a igualdade dos homens por sua origem e destino; as castas não têm mais do que uma existência relativa e não absoluta. Os brâmanes trataram de arrancar os Budistas da Índia e aniquilá-los. Há muita semelhança entre o Budismo e o Cristianismo.

44 - Krishna tem a mesma história de Jesus pintada ou amoldada ao modo hindu, e isto devido a que a verdade única está escrita no céu desde a Criação da terra. Ao penetrarmos no 'Arqueômetro' de Sant-Yves, podemos observar imparcialmente que Cristo foi a ponte que uniu a Igreja patriarcal e o Cristianismo nascente, e que antes de Cristo encarnado, existiu o Cristianismo há milhares de anos, porque Cristo não é um ser, e sim, um atributo eterno do Absoluto.

45 - No ano de 3 200 antes de Jesus, O Cristo, houve a revolta religiosa científica e social da Índia; e os iniciados ários ou do Cordeiro exilaram os Ionianos ou do princípio feminino. Estes revolucionários guerreiros invadiram em sua conquista, a Ásia Menor até o Egito. Seus reis adotaram a cor vermelha como sinal de poder, a qual lhes deu o nome de Pikshas ou de vermelhos, que foi traduzida na palavra 'fenícios'.
Como o grosso deste exército de sectários estava composto de camponeses, foram designados com o nome de reis pastores. Eles suprimiram os conselhos governamentais sinárquicos e os substituíram pela soberania pessoal, absoluta e despótica. Os Iniciados lutaram contra esse poder por longo tempo, e foram esses Ionianos que dissolveram os colégios dos magos, matando todo Iniciado conhecido.
Irã caiu em seu poder, em seguida Cogdiana, Mervo-Balkh, Nishapur, Hsriva ou Herat moderna, Kabul, Khorassan meridional, Gurgan ou Djordjan árabe, Kandahar, Sedjestar, Ragaia, Charuk, Varena agora Varek, a Índia e Yascartes.
Seu reinado foi o do despotismo e da crueldade, porém fundaram um grande Império, que foi o Assírio, com duas soberbas metrópoles: Nínive e Babilônia.
Nimus fortificou Nínive e perseguiu aos Iniciados durante sua vida. Dominou Armênia, Média e Irã que tomou o nome de Pérsia. Destruiu o resto da Sinarquia que Ram havia estabelecido. Seus numerosos prisioneiros de guerra construíram e estenderam sua capital. Nínive tinha oitenta e sete quilômetros quadrados. Seus muros eram tão largos que sobre eles podiam correr três carros juntos. Tinha mil e quinhentas torres de duzentos pés de altura. Esta cidade foi arrasada por Ciaxares, rei de Média, no ano 625 antes de Cristo.

46 - Semi-Ram-Is significa Luz Intelectual de Ram. Esta mulher, Iniciada pelo Colégio feminino mitráico, dirigido por Simma, esposa de Menonés, grande chanceler do Império de Assíria, depois de Ninus, adotou o trinitarismo de Krishna, e conservando a pomba como signo dos Iniciados Ionianos, trocou a cor vermelha de seus estandartes pela cor branca. Por fim, Semíramis fundou Babilônia com casas de quatro andares, com seus templos, palácios, suas pontes de um quilômetro de comprimento. Seus exércitos cumpriram a lei esotérica: 'O Iniciado mata o Iniciador', atacando a Índia. A imperatriz da Assíria reuniu três milhões de soldados, quinhentos mil cavalos, cem mil camelos e cem mil carros de guerra, porém, perdeu dois milhões e quinhentos mil homens, porque, segundo os historiadores gregos, os hindus os combateram com canhões de bronze e armas de fogo que rechaçaram os conquistadores selvagens.

47 - No entanto, os reis pastores ou Hyksos que vinham da Arábia com seu exército, conquistaram a Ásia Menor, porém, nunca puderam dominar os Celtas ou antigas colônias brancas, as quais preferiram exilar-se ou expatriar-se a sofrer o domínio ioniano. Uns penetraram no deserto e se converteram em Bandhones errantes ou Beduínos, enquanto que outros passaram ao Egito e à Etiópia. Moisés deu a essa massa humana cruel e déspota, o nome de Nemrod, que significa o Reino do Adversário de Jehová ou a encarnação terrenal de Satán.

48 - Os iniciados dos Templos trataram de salvar as artes e as ciências enviando um adepto depois desta destruição selvagem, para reconstruir as bases sólidas da sociedade humana. Como não puderam reaver a unidade destroçada. Estabeleceram em cada região um centro de revelação divina. Daquele momento em diante começaram a trabalhar as diferentes sociedades secretas.
A Irã veio um Iluminado com o nome de Zoroastro, a Toro, Sancho-Niaton. No Egito criaram os Grandes Mistérios; na China apareceu Fo-Hi.

49 - No ano de 2 700 antes de Cristo surgiu o primeiro florescimento de adeptos para o restabelecimento da doutrina de Ram. Mas os tiranos sempre perseguiram as leis dos reformadores. Veio Moisés que constituiu Is-Ra-El ou o Colégio Real de Deus. Orfeu arranca Helade da anarquia. O segundo Zoroastro aparece na Pérsia. Zoroastro teve muitos discípulos; um deles foi Odin ou Frigga que foi à Escandinávia, onde preparou a vitória definitiva dos Celtas sobre os Romanos. Odin compôs a mitologia dos povos nórdicos ou do norte da Europa, sobre o qual Wagner fundou seu teatro lírico. Por isto dizem que Wagner é obra de Zoroastro.

50 - O mazdeismo é a alta escola dos grandes sacerdotes; Zoroastro é o pontífice revelador do Verbo Solar, porque os centros esotéricos ortodoxos haviam considerado o Sol como símbolo masculino, contra os que tomaram a lua ou a pomba como princípio de suas crenças religiosas.
O mazdeismo de Zoroastro salvou a ciência tradicional porque conservou os Livros Sagrados dos povos. Moisés também conservou os Livros Sagrados. Os sacerdotes egípcios os conservaram no Tarot ou Torat, que nos chegou integralmente, passando pelas mãos dos Boêmios ou Ciganos.

51 - Do Avesta não nos chegou mais do que uma só parte dos vinte livros, devido à perseguição do mazdeismo e dos iranianos pelos assírios, os gregos e os Islam. Depois da conquista maometana da Pérsia, milhares de seus habitantes fugiram para o oásis de Yezd e outros penetraram na Índia, onde formaram as colônias de Pársis, tais como as de Baroda, Bombai e Surate.
O Avesta data do século XVIII antes de Cristo. Está escrito em língua Zende, e trata de tudo o que se chama magia. É a Bíblia mazdeista nos vinte e um livros e é muito simples de ser compreendida. Tem sete capítulos sobre o Homem e o Universo, sete sobre as faculdades morais e sete sobre a natureza física.

52 - Zoroastro salvou os iranianos da ruína moral, como Moisés o fez com a Bíblia ou o Gênese, mas, se Moisés voltasse entre nós e visse tantas tolices atribuídas à sua obra, destruiria a Bíblia como o fez simbolicamente com as Taboas da Lei, posto que, como Iniciado, quis somente divulgar os princípios da Iniciação assim resumidos: 'Que Adão-Eva é o verbo universal. Que a alma inteligente e animadora da totalidade dos sistemas solares visíveis e invisíveis estão definidos em três termos: 1) Caim ou o tempo, causa da força centrípeta universal; 2) Abel ou o espaço etéreo, causa da força centrífuga universal e 3) Seth ou o espaço sideral, duplo e sêxtuplo. Noé é o princípio vital de nosso mundo solar; Sem é o espírito elevado e radiante; Cam é a atração ou o princípio do tempo; Jafet é o espaço ocupado com sua divisão equilibrada. Assim também Abrahão significa Ra-Rama ou Brama, Iniciado solar que busca refazer a unidade social e que apresenta à Sa-Rai, sua lei, à Faraó, o mundo etc. todos estes mistérios iniciáticos foram materializados e vestidos com a roupagem da carne e por isso perderam seu poder e beleza entre os homens. De passagem diremos que Is-Ra-El tem o mesmo significado de Adão e Eva; só difere que o feminino está anteposto ao masculino. IS: mãe; RA: pai; EL: o verbo universal.

53 - Somente os Essênios conservaram o verdadeiro sentido do Sefer ou Gênese, até a vinda de Jesus.
Os gregos não foram melhores do que os judeus; até a recordação de Orfeu acha-se desaparecida de suas memórias. Veio Pitágoras e fundou a célebre Fraternidade Iniciática e assim começou novamente a luta entre os políticos e os Iniciados
Ao Cesarismo assírio sucedeu um poder mais perverso ainda: a Loba Romana. A ambição romana declarou guerra ao mundo inteiro. Todos os povos caíram nas garras da Loba. Numa quis imortalizá-la sem a força bruta, porém, seus sucessores ambiciosos e astutos preferiram este caminho.
Já era, pois, tempo, e a Providência Divina interviu diretamente. O Cristo apareceu e lançou seus discípulos ao assalto da fortaleza Nemródica; e... já estamos com o Cristo.

 

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