Templo de Satã - Stanistas de Guaita
Resumo da obra
O Templo de
Satã foi publicado em 1891; esse livro aborda as sete primeiras lâminas
do Tarô, focalizando a história física do ocultismo
inferior e os procedimentos da baixa magia. Examina as obras características
de Satã, a magia negra, os malefícios, os enfeitiçamentos,
descreve o Sabat e a Justiça dos
homens (processos célebres de feitiçaria e de acusações
injustas a esse respeito). O diabo, que significa obstáculo a vencer,
caracteriza a feiúra, o egoísmo e o erro. O diabo da Idade
Média lembra-nos a inquisição, os feiticeiros, a fogueira,
os possuídos, o anticristo. "É necessário",
escreve Guaita, "saber até que ponto pode projetar-se a nefasta
influência do Feiticeiro... conscientizar-se exatamente das
práticas familiares aos necromantes, trazer à luz do dia as
trevas da Magia Negra, estabelecendo o que é lenda e história,
imaginação e realidade, apreciar de maneira sadia as ações
celebradas e a besteira desses exploradores da credulidade pública."
Não
se pode negar a existência do mal (em sua essência é
bem diferente). Sua manifestação no Universo é indubitável,
tanto quanto o frio no inverno ou a escuridão à noite. Mas
vem a luz e a sombra se vai, vem o calor e passa o frio: porque a sombra
e o frio não são dotados senão com uma existência
privativa; pois sendo negações, falta-lhes essência
própria. Assim acontece com o mal, transitório, acidental,
contingente. "Dar essência ao Mal é recusar a essência
do bem; sustentar o princípio do Mal é contestar o princípio
do Bem; afirmar a existência própria do diabo, como o absoluto
do Mal, é negar a Deus. Sustentar, enfim, a coexistência de
dois absolutos contraditórios é proferir uma blasfêmia
em
religião e um absurdo em filosofia. O que revolta a consciência,
o que ultraja a razão, não é tanto a personificação
simbólica das influências nefastas em ídolos na maioria
das vezes odiosos e grotescos: é a deificação do mal,
disfarçado em princípio absoluto sob uma figura mitológica
e, como tal, oposta ao princípio do bem, igualmente divinizado.
Para esclarecer
o sentido figurado, Guaita elaborou A Chave da Magia Negra. Nahash, a Luz
Astral, é o agente tanto de obras boas como de obras más.
Seu domínio fornece a chave da Magia Negra, permitindo analisar as
causas e os efeitos dos ritos e dos fenômenos descritos em O Templo
de Satã. Com essa obra, procurou estabelecer uma teoria geral para
o Hermetismo. A Magia Negra é definida como a manipulação
das forças ocultas da Natureza para satisfazer as paixões
humanas; enquanto a Alta e Divina Magia, praticada pelo homem isento de
paixão, é a coagulação e projeção
do fluido universal, com conhecimento de causa, visando um fim altruísta,
que é o aperfeiçoamento espiritual do operador.
Este misterioso agente possui inúmeras denominações.
É, segundo os Cabalistas, a serpente fluídica de Asiah. Os
velhos platônicos viam nela a alma física do mundo, que englobava
a semente de todos os seres, e os Gnósticos Valentinos personificavam-na
como o Demiurgo, "o operário inconsciente dos mundos de baixo".
Na opinião dos Hermetistas, é a Quintessência dos elementos,
o Azoto dos sábios.
É, para
os magos, o intermediário das duas naturezas; é o Mediador
conversível, indiferente ao Bem e ao Mal, que uma vontade firme pode
utilizar para um e para outro fim. É o Diabo, se quiserem, isto é,
a Força substancial que os feiticeiros manipulam para seus malefícios.
Potência inconsciente por si mesma, mas apta a refletir todos os pensamentos;
Potência impessoal, mas suscetível de revestir todas as personalidades;
Potência invasora e dominadora, que entretanto o adepto pode penetrar,
constranger e subjugar - e isso, em uma medida mais estupefaciente ainda
do que imaginaria o popular supersticioso, no bom tempo dos Lancra e dos
Michaelis; é, em uma palavra, A LUZ ASTRAL, ou Mediador Plástico
Universal.