OS PODERES OCULTOS NO HOMEM
Por Saint Martin o Filos.: Desc.:
Somente ao
fazer uso daqueles poderes ocultos tanto na existência corporal do
homem como em todas as criaturas na natureza; é que o homem, sendo
um extrato do divino, do espiritual, e das regiões naturais, fará
com que as sete formas ou poderes, que são as bases de todas as coisas,
comecem a agir nele, embora de diferentes formas e níveis, de acordo
com sua existência natural, espiritual e divina ou divinizada.
Mas, para agirem em alguma das ordens constituintes do homem, estes poderes
devem ser restaurados nele, em toda a sua liberdade original.
Ora, quando o homem olha para si mesmo, sob este aspecto, quando ele leva
em consideração a que estado de desordem, desarmonia, debilidade
e dependência, a que estes poderes estão reduzidos, em todo
o seu ser, a aflição, a vergonha e a tristeza toma conta deste
homem, a tal ponto, que todo o seu ser lamenta, e todas as suas essências
transformam-se em torrentes de lágrimas.
Nesta enchente de lágrimas, representada, materialmente, pelas chuvas
terrestres, o Sol da Vida irradia seus raios vivificantes, e, através
da união de Seus poderes, com os germes do nosso próprio poder,
manifestam ao nosso ser interior, o sinal do pacto que Ele vem fazer conosco.
Então, OH Homem, você se torna capaz de sentir as dores da
Terra, e aquelas de tudo o que compõe o universo; então, por
virtude da enorme diferença que há entre o débil estado
dos sete poderes, ocultos na terra, e os próprios poderes restaurados
do homem, este pode aliviar o sofrimento da terra, porque o homem poderá
fazer para ela, o que acabou de ser feito por ele. Em resumo, somente quando
o homem apreciar o seu próprio sabat, ou seu próprio repouso,
é que poderá ajudar a terra a guardar, por sua vez, o seu
sabat.
Só assim, o homem se tornará realmente mestre da Natureza,
e será capaz de ajudá-la a manifestar os tesouros encerrados
em seu seio, e todos aquelas prodigiosas e maravilhosas obras, com as quais
as mitologias e tradições, sagradas e profanas, estão
repletas, algumas das quais são atribuídas a Deuses imaginários,
mas outras, aos verdadeiros direitos do Homem, quando restaurado em suas
faculdades pelo princípio que lhe deu existência.
Desta forma, o homem pode, de certo modo, subjugar os elementos ao seu critério,
dispor, à vontade, das propriedades da Natureza, e reter com seus
limites, todos os poderes que as compõem, para que possam agir com
harmonia.
A ação das propriedades em seu estado de desordem e desarmonia,
gera a produção daquelas monstruosidades encontradas nos diferentes
reinos da Natureza; assim como aquelas imagens de bestas, e vozes de animais
que são vistas e ouvidas, algumas vezes, nas tormentas e tempestades,
e que são, a final, necessariamente atribuíveis à aparições
ou intervenção dos Espíritos, como está apta
a fazer a crença popular.
Mas, se por um lado, a superstição exagera neste ponto; a
ignorância e a precipitação filosófica, por outro
lado, condenam este tipo de fato muito desdenhosamente. Quando os poderes
da natureza estão em harmonia, eles controlam uns aos outros. Em
tempo de tempestades, a moderação destes poderes é
quebrado; e como eles produzem em si próprios os germes e princípios
de todas as formas, especialmente o Som ou Mercúrio, não é
de se surpreender, que alguns deles, reagindo mais do que os outros, manifestem,
aos nossos olhos, imagens definidas, castelos no ar, e aos nossos ouvidos,
vozes de animais.
Tampouco é de se surpreender, que estas vozes e figuras tenham existência
tão efêmera; elas não podem ter nem vida, nem as qualidades
substanciais que resultam da união harmoniosa de todos os poderes
generativos.
É claro que eu, de modo algum, excluo a geral colaboração
de um Poder Superior, que pode e freqüentemente agrega sua ação
àquelas dos poderes da natureza, de acordo com os projetos de sua
Sabedoria. No entanto, se este Poder Superior pode intervir nas grandes
cenas, das quais o Espaço é o teatro, e nós as testemunhas,
não deixa de ser verdade que os poderes elementares estão
geralmente sob suas próprias leis neste mundo, e, estando sempre
prontos a entrar em ação, de acordo com a reação
que recebem, eles são suscetíveis a qualquer figura, som,
ou outro sinal, análogas a esta reação.
Também é verdade, que, quando o Supremo, age com os poderes
elementares, Ele então toma o Homem, mais particularmente, para Seu
objetivo, tanto para estimulá-lo e instruí-lo, se for culpado,
como para empregá-lo como mediador, se for um dos trabalhadores do
Senhor; pois o Ministério Espiritual do Homem restaurado, estende-se
a todos os fenômenos que possa ser manifestado na Natureza.
Como poderia ser de outra forma? Como poderia o Ministério do Homem
Espírito, erigido para uma nova vida, não se estender sobre
todos os fenômenos possíveis na Natureza, uma vez que nossa
regeneração consiste na restauração de nosso
ser aos nossos direitos primordiais, e os direitos Primordiais do Homem
o chamaram para ser o Agente intermediário e representante da Divindade
no Universo.