A manifestação em Jacob Boehme
Pelo Amado irmão Frater Zelator ( S:::I:::) (S:::I:::I:::)
Após
o processo de revelação, os atributos divinos que estavam
como que misturados caoticamente na Unidade Eterna, se transformam em atributos
das Pessoas da Tri-unidade Divina. Assim, a Mente passa a ser um atributo
do Pai. Aí na mente acham-se a Imaginação, a Sabedoria
(que não recebeu ainda a Luz do Filho), Percepção,
Memória, Pensamento, Inteligência, etc. Isso aí não
é mais o caos, mas é tenebroso, é a matéria
prima do inferno, é o Pai furioso. É daí que brota
a Vontade, provocada pelo Desejo, o que faz provocar as qualidades adstringente
(feminina restritiva, mãe, matriz), amarga (masculina expansiva),
angustia (equilibrante das duas anteriores) e o fogo (proveniente das tensões
provocadas pelo processo equilibrante). Esta é a fase em que JACOB
BOEHME diz que Deus morre, uma das razões porque foi considerado
herege.
Nesse momento estamos no processo que chamaria de manifestação,
portanto aparecem as duas fases da Energia, o que BOEHME chama de substâncias.
A primeira substância (elemento puro) é elemento, feminina,
restritiva, o yin do taoistas, a substância propriamente dita, inteligente,
traz em si a Sofia, por isso é inteligente; por isso tem similitude
com o Filho da Tri-unidade. A segunda (limbus) é espírito,
masculino, expansivo, o yang dos taoistas, não tem inteligência;
por isso tem similitude com o Espírito Santo da Tri-unidade. Essas
duas substâncias estão presentes na Energia independentemente
das qualidades que também estão. Estas em doses variadas de
cada uma, dependendo de cada personalidade ou coisa. Tudo isso junto é
o que BOEHME chama de tintura.
Nesse mesmo momento é criado o Mundo Interior (Mysterium Magnum),
onde ainda estão misturados o bem e o mal. A criação
espiritual começa aqui e então surgem os líderes das
personalidades, que agora têm auto-consciência e ficam livres
para escolher a quem aderir. Lucifer aparece então liderando a rebelião
daqueles que não desejam receber a Luz do Filho, ou seja, não
acatam a Autoridade Divina. Preferem continuar na exaltação
nas 4 primeiras qualidades divinas, no ambiente colérico, na esperança
de que Lucifer assuma a liderança do Universo. Aparece então
a discriminação no Mundo Interior onde são apresentadas
duas opções Paraíso (Céu ou Segundo Princípio)
ou Trevas (Inferno ou Primeiro Princípio) às criaturas, caso
elas queiram ou não se banhar nessa Luz do Filho, ou seja, caso queiram
obedecer ou não as Leis Divinas.
Uma das confusões que BOEHME provoca é chamar também
o Pai de Primeiro Princípio e o Filho de Segundo. É preciso
ter cuidado, observar bem no contexto, ao que ele está se referindo:
ao Pai ou às Trevas, ao Filho ou ao Paraíso.
Nesse ponto ocorre o que BOEHME chama o Fiat da Vida: o Filho é parido
para jogar Luz (água, ou Amor) nessa fogueira. Isto é uma
interferência do Espírito Santo que aparentemente está
fora da hora: a Terceira Pessoa agindo antes da Segunda, mas o Espírito
Santo, como agente de mobilização, pode interferir a qualquer
momento do processo, desde que seja necessário.
Seguindo o processo criativo, o Filho traz com Ele a Sabedoria Divina, agora
banhada com Sua Luz, o que dá Força ou Poder para que haja
o segundo Fiat, que ele chama de Fiat Celeste. Aqui o obstetra celeste,
o Espírito Santo, age novamente para parir a Natureza. A sexta qualidade
se faz presente para dar harmonia. Vimos que num primeiro momento de combate
entre a adstringência e o amargor, apareceu a angústia para
equilibrar, mas a tensão permaneceu e por isso apareceu o fogo. Aqui
não acontece apenas o equilíbrio, mas também a harmonia,
que é consequência do Amor do Filho. Tudo está pronto
para o surgimento da sétima qualidade, a tangibilidade, matéria
prima que dará origem à natureza naturada. Existem no momento
apenas dois mundos, que BOEHME chama de Internos (são eternos): o
Céu e o Inferno. Mas para que o Ternário Eterno se manifestasse
aqui também, isto é, para que a Unidade adquirisse auto-expressão,
foi necessário um terceiro mundo, que JACOB BOEHME chamou de exterior
(é deteriorável ou passageiro), composto do astral e do material.
Portanto não é um mudo de provação, sacrifícios
ou penas, mas um mundo de equilíbrio ou reconciliação,
nós (Adão) é que o transformamos em um mundo de penas
ao nos afastarmos do Paraíso e nos aproximarmos das Trevas.