A HABITUAL INFLUÊNCIA DO
HOMEM NA NATUREZA
Por Saint Martin o Filos.: Desc.:
O que é isto que o Homem, de fato, habitualmente faz na terra? Quando
o ar puro chega até nós, e encontra uma passagem em nossas
moradas, será que isto ocorre meramente para nos trazer um novo instrumento
de vida? Não poderia ser também para receber de nós
sua própria liberdade, e a liberação da ação
corrosiva a qual tem estado sujeito desde o primeiro crime?
E nós, através de nossas pútridas exalações
e miasmas venenosas, e ainda mais através da infeção
de nossos pensamentos, contribuímos para a sua corrupção
e destrutividade.
A terra sobre a qual caminhamos abre a nós todos os seus poros, como
se fossem muitas e muitas bocas, chamando por um bálsamo que cure
suas feridas, e, ao invés de oferecer-lhe o repouso e uma vida nova,
o que oferecemos para matar sua sede, é o sangue dos homens, que
derramamos em nossas violentas e fanáticas guerras, e que depositado
no seio da terra, evaporando com a ira e a fúria dos homens, só
pode agravar as dores da terra.
Como uma Deusa, sob os pés de quem crescem flores no Monte Ida, nós
também podemos encher nossos jardins com belas plantas e árvores
magníficas; mas, ao invés de restabelecer a elas a vida das
árvores e plantas do Éden, somos uma multidão negligente
que caminha dentre elas.
Preenchemos a atmosfera circundante, com estéreis, ou senão
mortificantes palavras; interceptamos as poderosas influências da
Natureza; e, para evitar, até mesmo que as belas árvores que
constituem o principal ornamento destes jardins, e que quase reproduzem
na Natureza, o Eliseu dos poetas, preserve seu vigor por muito tempo, as
queimamos até as suas raízes, com o que há de mais
corrosivo, sem alguma vez refletir se algum olhar puro e modesto pudesse
estar por perto, para se envergonhar diante de nossas imorais e revoltantes
indecências.
Meu Deus! Oh homem depravado! Na desordem, delirando consigo mesmo, sob
a sombra hospitaleiras destes jardins públicos, onde dificilmente
permanece algum olhar puro e modesto, para se envergonhar diante de sua
imoralidade. A morte presente em sua moral, tem tomado também a moral
daqueles pródigos, cujo número você vem aumentar.
Com nossos instrumentos astronômicos, penetramos as vastas profundidades
do céu; ali, continuamente descobrimos novas maravilhas que nos enche
de admiração; e quando parecia que aquelas poderosas fontes
que animam todos aqueles corpos celestes, e o espaço em que se encontram,
estão reveladas a nós, somente para que possamos, enquanto
permanecem em nós, restituir-lhes aquelas ainda mais poderosas fontes
das quais estão separadas, o que fazemos?
Ao invés de demonstrarmos ardor, em restaurar a aliança dos
homens como antigamente, aumentamos sua melancolia, ao dizer que eles não
tem outro estado a aspirar; que neste momento desfrutam de todo o repouso
que podem esperar, e que é em vão que evocam outro poder senão
o seu próprio; em resumo, quando eles nos pedem para trace-los mais
perto daquela Existência, que está tão acima de sua
morada, e sem a qual nenhuma criatura desfruta de paz, nossa profunda sapiência
preenche nosso majestoso firmamento onde pairam os corpos celestes, junto
a nossas blasfêmias, e nós proclamamos, debaixo dos portais
celestes: Não há nenhum Deus!
É a estes homens, em tal aberração moral e intelectual,
a quem podemos estar falando sobre o verdadeiro ministério do Homem
na Natureza? Serão eles capazes de realizá-lo? Eles não
entenderiam uma só palavra de qualquer coisa relacionada a este importante
ministério, e toda instrução oferecida a eles, somente
os irritariam e exaltariam seu desprezo e desrespeito.
Mas para aqueles que saíram da torrente, irei falar sobre este importante
assunto com convicção, e irei emitir minha opinião
sobre noções e crenças que temos em comum.