A essência divina
Pelo Amado irmão Frater Zelator ( S:::I:::) (S:::I:::I:::)
Essas qualidades, embora conflitantes na manifestação, na Unidade vivem em perfeita harmonia. Esta é a Lei que trazem em seu bojo, por isso cabe a nós procurar essa unidade, essa harmonia, que em última análise é o cumprimento da Lei. Somos como um barco nessa tempestade da manifestação. Considero o bem como a harmonia entre essas forças, o que demanda um alto grau de esforço de nossa parte, no sentido de controlá-las, de cumprir a lei. O mal seria a desarmonia entre elas. Daí vem os dois estados em que podemos nos colocar: o paradisíaco quando conseguimos o equilíbrio e o infernal, caso contrário. Céu e Inferno não são locais, mas estados em que nos colocamos, que podem ser coincidentes com estados em que se colocam seres de outros planos. É por isso que BOEHME fala no duplo impulso no § 4, que se apresenta em todos os planos da manifestação. Os anjos e demônios permanecem em seus respectivos estados, uma vez que optaram definitivamente por eles. O Sol sutil que pode ser representado pelo Sol que vemos no céu, o Demiurgo, o Criador, o Cristo, o Ser que organizou o Misterium Magnum para que Deus se manifestasse.
Para entende-lo temos que estar sempre com a sentença básica do hermetismo na memória - "o que está em cima é como o que está em baixo..." Ou seja, temos que estar banhados pela Luz, harmonizados, com nossas forças em equilíbrio. Esse Sol e essas estrelas de que fala nos §s seguintes são as próprias qualidades divinas. A sua circunscrição não está na Trindade Santa. Sim, porque a Trindade Santa não é manifesta, apenas revelou-se. Essas qualidades existem Nela apenas de forma latente. Mas sua essência está não só nas estrelas como em tudo, (a universalidade divina).
No cap. 2 da obra "Aurora Nascente" JACOB BOEHME faz uma comparação do corpo do homem com o Universo, mas usando sempre a palavra "representa". Isso é uma fonte riquíssima de temas para meditação. É quando a gente tenta decifrar esses enigmas que conseguimos alcançar altas esferas de consciência. Se nos reportarmos à "Chave" veremos que a água é referenciada ao o que ele chama de Mercúrio, ou seja, a essência de Deus na matéria (espiritual, astral e física). É aquele Mercúrio que traz em si o Espírito Santo e que transforma a si próprio em Mercúrio Ígneo e Aquoso (1º e 2º dias da Criação). Na Bíblia isto está no Gênesis 1, 7-8 (Deus fez o firmamento, que separava as águas que estão sob o firmamento das águas que estão acima do firmamento, e Deus chamou o firmamento de céu). Por isso ele diz que o céu é o coração da água e a água é o coração de tudo que existe. Sim, Mercúrio está em tudo (assim também como o enxofre e o sal, embora aqui não venha ao caso) e nele o ES, seu coração. Se compararmos isto com os procedimentos alquímicos, veremos que a Criação é uma alquimia divina.
BOEHME compara o homem ao universo, pois diz que a cabeça é como o céu e os sentidos seriam as estrelas. Daí até o final ele continua abordando aquele tema que já repeti antes, ou seja, a equilíbrio das forças no estado de revelação (Tri-Unidade Divina) e o desequilíbrio necessário para a manifestação.