Reencarnação
dos Princípios Astrais
Papus
As influências astrológicas A reencarnação dos princípios astrais devia ser precedida de um estudo astrológico, ou melhor, ainda, astrosófico (ver Papus: "As Artes Divinatórias"). São, com efeito, as relações entre a terra e o plano das forças astrais que devemos de estudar agora. Era preciso, para fazer completamente este estudo, toda a ciência dos antigos Egípcios ou dos modernos iniciados, para bem descrever estas imensas correntes de força que vêm se fixar no útero humano. Vamos, todavia, esforçarmo-nos para descrever da melhor forma possível os elementos do problema, no caso de não poder resolver o problema em sua totalidade.
Na sua bela peça iniciática chamada "O Pássaro Azul", Maeterlinck mostra, numa de suas cenas, o país das Almas que vão se encarnar. Cada uma destas almas tem uma missão, boa ou má, e é para realizar esta missão que a alma vem a terra. É esta a reencarnação do princípio espiritual. Mas, durante a estada no plano invisível, o espírito elabora seu corpo futuro por meio das forças astrais. Durante a gestação, ou seja, durante os nove meses que se processa a elaboração do corpo físico, quais são os fenômenos astronômicos? Este é o primeiro ponto que devemos resolver.
Cada 24 horas, a terra se apresenta ante cada um dos doze signos Zodiacais
o ponto onde se encontra encarnado o corpo físico; a Lua realiza
a cada mês sua revolução diante do pequeno corpo físico
em formação, tão bem que é preciso no mínimo
7 revoluções lunares ou, normalmente, 9 revoluções
lunares, para conseguir a plena formação deste corpo físico.
Todo horóscopo de um ser humano, horóscopo do dia do nascimento,
para ser exato, devia ser precedido pelo horóscopo do dia de concepção.
Alberto o Grande, em seu tratado de magia - que se tornou o grande Alberto
dos feiticeiros - explica que cada um dos sete planetas age sobre o corpo
em formação: As forças de Saturno vêm constituir
a estrutura geral do ser humano, durante o primeiro mês; as forças
de Júpiter agem sobre os humores, no segundo mês; as forças
de Marte sobre o sangue, no terceiro mês, e a criança começa
a mover-se. O Sol vem iluminar com seu calor e sua vida o ser humano assim
formado. Vênus, enfim, lhe dá a beleza dos envoltórios
exteriores; Mercúrio age sobre todos os movimentos e o sistema nervoso;
e por fim a Lua vem aperfeiçoar, por sua influência maternal,
a obra realizada.
Neste momento a criança pode nascer e, com muitos cuidados, poderá
viver; realizou os sete meses de gestação. Mas, em geral,
Saturno vem aperfeiçoar todos os ossos e todas as fibras, Júpiter
vem por sua vez dar a força necessária a todos os elementos
vitais, e a criança pode nascer em melhores condições.
Vê-se, pois, que durante a gestação, a mãe se
comporta como uma verdadeira pilha astral, concentrando ao redor de si todas
as forças misteriosas que circulam na atmosfera invisível
da terra.
É durante este momento que forças astrais conscientes, vindas
de uma das portas zodiacais pelas quais o espírito passou para encarnar-se,
se fixam nos centros invisíveis do corpo que se forma. Há,
no astral de cada ser humano, entes que aparecem ao espírito sob
uma forma muito cruel, e que são os executores das ordens de cima.
A estas influencias os Cristãos dão os nomes de anjos bons
e maus. Sejam quais forem seus nomes, elas existem e agem. Eis a criança
que nasce. Por sua primeira inspiração, abandona as influências
astrais de sua mãe e fixa em seus pulmões o astral terrestre,
ligando-se pela respiração à atmosfera de nosso planeta,
que está em relação direta com os raios solares. O
astral que circula no ser humano durante sua vida, põe este ser humano
em relação com todas as forças astrais da natureza.
O centro destes seres astrais é fisicamente no plexo cardíaco.
O ponto de contato dos princípios astrais e dos princípios
espirituais é fisicamente em baixo do cerebelo, no que os anatomistas
chamam - "a base do quarto ventrículo", exteriormente no
parte da nuca.
Os Egípcios, que conheciam estes mistérios, chamavam "Sa"
à magnetização da nuca para agir sobre os clichês
astrais. Durante a vida, o problema moral consistirá unicamente em
saber se as forças astrais de que dispõe o ser humano serão
postas mais ao serviço do instinto ou ao serviço do espírito.
Há, aí, uma evolução ou uma involução
das influências astrais pela vida física, da qual resulta a
criação dos envoltórios astrais que agirão após
a morte. Para falar como os místicos, criamos nosso "carro da
alma", tal como o denominava Pitágoras e o designa claramente
São Paulo. Se pusermos ao serviço da satisfação
dos nossos instintos todas as nossas forças; se, para fazer dela
um emprego exclusivamente pessoal, recusando fazer aproveitarem os menos
felizes que nós, então nosso "carro da alma" não
tem mais substância astral para sua criação e, ainda
que sejamos ricos na terra, seremos pobres no astral. Sei muito bem que
pretenderam que todas estas ideias foram inventadas pelos sacerdotes para
exploração da miséria humana e para criar a resignação;
mas os sacerdotes egípcios eram operativos e videntes, que verificavam
no invisível todo o seu ensino no visível; e, como todos os
filósofos, e também o resto dos seres humanos, devem passar
pelas portas da morte, verão que o chamado conto dos iniciados era
da mais escrupulosa exatidão.
Assim, é durante a vida que criamos, pelo manejo das forças astrais postas à nossa disposição, criamos todas as tendências evolutivas e involutivas da nossa astralidade futura.
Deixemos, pois, de lado a evolução das forças astrais
durante a vida; este é o domínio do Destino de Fabre d'Olivet,
do "Karma" dos Hindus e do "Fatum" dos astrólogos
da Idade Média. O poder do Pai se manifesta, os seres invisíveis
que rodeavam a pessoa humana agiram, o homem foi morto, sacrificado na hora
marcada pelo destino; os seres astrais realizaram sua missão; a morte
física tem chegado. É neste momento que o astral se divide
em duas seções: uma parte deste astral, constituindo a imagem
(imago), o ídolo (eidolon) do ser humano, sua forma astral, fica
unida às células físicas das quais constitui a vitalidade,
presidindo à migração e evolução delas;
uma outra parte deste astral fica unida ao princípio espiritual de
que forma envoltório, que permitirá a este espírito
atravessar as regiões astrais. Nas sessões espíritas,
se for o duplo, a forma astral, que é evocada, em caso de materialização,
o ser aparece com hábitos terrestres; se, pelo contrário,
for a parte superior do ser humano que é materializada, o ser aparece
envolto de fluído branco que apresenta a forma de gaze. 19 Pelo fenômeno
da morte, o astral evoluciona, pois, em dois planos. Sem dúvida que
foram os Egípcios, os seres que mais estudaram, teórica e
praticamente esta vida astral do duplo.
Os Egípcios pretendiam que, durante a vida, o espírito dirigisse todos os atos do corpo por meio das forças emanadas da região do céu em que se acha a estrela polar; eis aí porque a entrada das Pirâmides está sempre matematicamente dirigida para a estrela polar. Depois da morte, os Egípcios conservavam, primeiramente salgando-o durante três meses, depois injetando-o com aromas, o corpo físico; impediam assim a dispersão das células físicas pela mumificação e fixavam ao redor do corpo a força astral que teria presidido à decomposição destas células físicas. Iam mais longe: por meio de uma cerimônia mágica muito complicada, evocavam as forças astrais que giram ao redor da estrela polar, infundiam-nas no duplo da múmia reencarnada nesta espécie de existência astral, e encarnavam este duplo, quer na própria múmia, quer em pequenas estatuetas de madeira ou de barro cozido colocadas ao redor da múmia. Os Egípcios tinham, pois, constituído verdadeiras cidades subterrâneas de astrais vivos, e puderam assim agir primeiramente sobre o astral terrestre, fixando por muito tempo o polo de civilização sobre seu país, e, atrasar também a reencarnação dos seres humanos, lutando, pela ciência contra as forças do destino. Ficaremos estupefatos mais tarde, quando conhecermos, sob sua verdadeira luz, a ciência dó antigo Egito.
Porém deixemos estas exceções, voltemos de novo à
morte normal, e lembremo-nos que neste momento o astral se divide em duas
seções: uma seção que forma o "carro da
alma" e que envolve o espírito, e outra seção
que forma a força astral e envolve o corpo físico que vai
decompor-se. Se o ser humano constitui bem seu "carro da alma",
se os clichês de bondade e de devotamento formam as estrelas luminosas
desta massa astral, então a evolução do futuro corpo
astral será certa.