AS
OPERAÇÕES TEURGICAS - PARTE 2
Introdução ao estudo da Kabala mística e prática,
e a operatividade de suas Tradições
e seus Símbolos, visando a Teurgia
Robert Ambelain
Robert Ambelain nasceu no dia 2 de setembro de 1907, na cidade
de Paris. No mundo profano, foi historiador, membro da Academia Nacional
de História e da Associação dos Escritores de Língua
Francesa.´ Foi iniciado nos Augustos Mistérios da Maçonaria
em 26 de março (o Dictionnaire des Franc-Maçons Français,
de Michel Gaudart de Soulages e de Hubert Lamant, não diz o ano da
iniciação, apenas o dia e o mês), na Loja La Jérusalem
des Vallés Égyptiennes, do Rito de Memphis-Misraïm. Em
24 de junho de 1941, Robert Ambelain foi elevado ao Grau de Companheiro
e, em seguida, exaltado ao de Mestre. Logo depois, com outros maçons
pertencentes à Resistência, funda a Loja Alexandria do Egito
e o Capítulo respectivo. Para que pudesse manter a Maçonaria
trabalhando durante a Ocupação, Robert Ambelain recebeu todos
os graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, até o 33º, todos
os graus do Rito Escocês Retificado, incluindo o de Cavaleiro Benfeitor
da Cidade Santa e o de Professo, todos os graus do Rito de Memphis-Misraïm
e todos os graus do Rito Sueco, incluindo o de Cavaleiro do Templo. Robert
Ambelain foi, também, Grão-Mestre ad vitam para a França
e Grão-Mestre substituto mundial do Rito de Memphis-Misraïm,
entre os anos de 1942 e 1944. Em 1962, foi alçado ao Grão-Mestrado
mundial do Rito de Memphis-Misraïm. Em 1985, foi promovido a Grão-Mestre
Mundial de Honra do Rito de Memphis-Misraïm. Foi agraciado, ainda,
com os títulos de Grão-Mestre de Honra do Grande Oriente Misto
do Brasil, Grão-Mestre de Honra do antigo Grande Oriente do Chile,
Presidente do Supremo Conselho dos Ritos Confederados para a França,
Grão-Mestre da França - do Rito Escocês Primitivo e
Companheiro ymagier do Tour de France - da Union Compagnonnique dês
Devoirs Unis, onde recebeu o nome de Parisien-la-Liberté.
A
Alma vai poder meditar graças a ciência
a ciência da combinação das Letras santas
ABRAHAM ABULÁFIA
O Treinamento diário sobre os XXII Caminhos
a) O papel do "Schema", ou Prece, no despertar
de Ruach Elohim
O Homem é pois composto quádruplo, constituído a imagem
da grande "Árvore da Vida". Nele, assim feito a imagem
divina, como o precisa o Gênese, se reencontram os quatro Mundos da
Emanação, mas esses Mundos são então de sua
essência, equivalendo a estados de consciência não tendo
mais os mesmos nomes.
Ao mundo de Aziluth, domínio onde só Deus se manifesta, em
sua dez pessoas, essenciais, corresponde o espírito puro do Homem,
que se chama em Kabala Neshamah. É a lama eterna, superior.
Ao mundo de Briah, domínio em que as pessoas divinas se tornam "manifestações"
já individualizadas [Arcanjos reitores das dez Ordens], corresponde
a manifestação momentânea dessa alma superior e eterna.
A primeira sendo em si imperecível, eterna, a centelha divina do
mito adâmicos. A segunda é o aspecto acidental, conseqüência
das vidas precedentes, o resultado momentâneo destas. Ela é
o "ponto" que faz a Alma eterna. Se chama então o meu.
Como ela tira sua manifestação da fração divina
animadora do Universo criado, ela depende pois de Malkuth, a Rainha, último
estado inferior da manifestação divina. É o que os
Kabalistas denominam Ruach. É o "corpo glorioso" dos teólogos.
No mundo de Jesirah, aspecto puramente criador dos "planos" precedentes,
corresponde a nossa vida carnal, feita de todas as almas minúsculas
animando nossas células. Nós já o sabemos , o Arcanjo
de uma Sephirah era a Alma coletiva, e nosso Ruach sendo a nossa alma coletiva
em geral. Portanto, Jesirah sendo as almas particulares saídas do
Arcanjo sephirótico, em nós deve corresponder um outro mundo,
de onde nascem nossas almas celulares, constitutivas de nosso meu presente.
Essa lama inferior é Nephesh.
Por fim, no mundo de Asiah, último aspecto da Criação
divina equivale Gouph. É nosso invólucro carnal, com suas
reações e sua vida subconsciente.
Réplica da "Quliphah", em relação analógica
com a Árvore invertida, uma última centelha flameja em nós.
É o Habal de Garbim, ou seja "o espírito das ossamentas".
Ele reside no seio de nosso esqueleto, e justifica a utilização
dos restos fúnebres em certos ritos de magia inferior [crâneo,
tíbias, etc...] porque ele é a última etapa da centelha
divina emanada de Aziluth, ele é também a última esperança
de nossa sobrevivência. Quando ele mesmo é extinto, é
porque um ser vivo está definitivamente desaparecido na grande noite
de Ain, após ter franqueado todos os degraus da Quliphah, após
ter ultrapassado os três últimos "Vales": do Sono,
da Morte e do Esquecimento.
Deixamos claro
pois que, em nós, Ruach nos põe em contato com Malkuth, porque
estamos em Malkuth a "Mãe", Malkuth está em nós.
Se nos reintegramos em seus aspectos e planos superiores, entramos no vestíbulo
do Divino. Pois que Malkuth está na Dupla Inferior, ela está
no Microprosopo. Assim a Mãe é una com o Pai, e nós
também... Como o Pai é um com o Ancião dos Dias, como
estamos nele, estamos também com o Ancião dos Dias.
Pois se recapitulamos as etapas de nossa Reintegração no divino,
constatamos o processo abaixo:
1°) - O Homem é uma redução do Universo, uma imagem
de Deus. Levamos em nós uma centelha emanada da "MÃE"
[Malkuth]. Se animamos essa centelha, fazemos penetrar em nós mesmos
a essência divina da "MÃE" e a assimilamos. Quando
a "MÃE" está em nós, estamos por via de correspondência
analógica, na Mãe.
2°) - Se a "MÃE" é una com o Filho [ou Pai],
estando na "MÃE" estamos no Filho, e a "MÃE"
estando em nós, o Filho está também...
3°) - Se o FILHO [ou Pai] é uno com o PAI [ou Ancião dos
Dias], quando o FILHO está em nós, o PAI está também
em nós. E si estamos no FILHO, estamos no PAI igualmente...
Esses três postulados emanam da própria concepção
da TRI-UNIDADE divina.
Pois, a chave de toda ascese reside na arte de despertar em nós a
centelha divina emanada da "MÃE". Como ? Essa é
a razão de ser dos capítulos que virão.
Lembremo-nos que em virtude das correspondências dadas no quadro da
Pg. 46, Ruach Elohim é sinônimo de Espírito Santo [Santo
Espírito], e sinônimo da Mãe [Malkuth].
Quando meditamos,
e pensamentos tempestivos emergem ainda do subconsciente, jogando a perturbação
em nossas idéias, é sinal que a purificação
interior deve ser perseguida antes de qualquer coisa.
Pois bem nos concentrando sobre nosso Eloi, ou deidade pessoal, escolhida
entre os múltiplos aspectos da Divindade-Una, nos impregnamos da
afetividade e do conhecimento, porque estabelecemos um ponto de contato
espiritual entre uma fonte afetiva e iniciática em nós.
Ao contrário, se tivéssemos tomado como suporte de meditação
não importa o que no domínio material [uma flor, uma rocha,
etc...] não teríamos chegado tão facilmente, essas
coisa não tem centros energéticos de afetividade e de conhecimento.
Limpar os subterrâneos de nossa individualidade, tal é a tarefa
que incumbe à nossa vida espiritual. E o meio ativo por excelência,
o mais rápido, é sem contradição a meditação.
Como devemos meditar ? Como podemos nos purificar realmente ?
O Schema nos fornece o meio. Ele põe ao nosso alcance uma técnica
aprovada, técnica conhecida no Oriente com o nome de Yoga.
Mas o que é o Schema ? Essa palavra hebraica não designa de
nenhuma maneira um desenho, para dizer a verdade, ainda que [exprimida continuamente
por um Pantáculo], ele possa justificar materialmente esse termo,
sinônimo de desenho.
Mas é antes de tudo a repetição metódica de
uma fórmula sagrada [geralmente versículos das Escrituras
ou dos Salmos] análogo ao mantram asiático, encarado sob essa
palavra hebraica. Precisemos que o schema só é realmente eficaz
se o kabalista praticando esse exercício, tem sempre na memória,
o seu significado.
O religioso católico que move seu rosário, o yogui tibetano
fazendo o mesmo, o sufí que os imita, todos repetem litanias. Em
qualquer dos casos, o objetivo a alcançar permanece o mesmo, se esforçam
sempre por implantar no espírito uma sugestão verídica.
Por essa repetição nós assemelhamos e unificamos todas
as energias independentes que, se contrariando habitualmente, se exercitam
em nosso mental. Criamos assim um ritmo interior capaz de romper as resistências
da parte consciente de nossa individualidade.
O ritmo é tudo. As vezes é suficiente uma fraca modulação,
vindo da rua, para que um objeto de cristal, fechado em um móvel
espesso, se quebre totalmente. Uma ponte de metal ruirá sob o passo
rítmico de um destacamento em marcha. Um ritmo apropriado vence no
final as mais fortes resistências... E o schema produzirá em
nós um efeito similar !
O schema possui
dois valores diferentes. Um é seu valor exotérico, o outro
seu valor esotérico.
O primeiro, o exotérico, repousa sobre o sentido espiritual que desperta
em nós a vibração de um determinado som.
a) - Cada som está intimamente associado a uma idéia que forma
a sua contraparte. Desde que evocamos em nosso mental um certo som, a idéia
que a ele se liga aparece imediatamente. Se mantemos constantemente na consciência
uma mesma idéia espiritual, o mental se desprende pouco a pouco de
suas impurezas, sua natureza se afina e se transmuta pouco a pouco em Fogo,
saído de Malkuth, quer dizer fogo superior. Ruach, a própria
essência da "MÃE" brilha então em todo seu
esplendor. O mental, composto de essências sutis de substâncias
invisíveis, vê agora o Schema restituir aos poucos, à
esses elementos constitutivos, sua pureza primitiva.
b) - O schema estabelece em nós um novo campo de imantação
espiritual. Suscitando o despertar da energia espiritual, quer dizer despertando
em nós a "MÃE" que aí dorme, aceleramos e
dirigimos ao mesmo tempo nossa evolução.
c) - Esse reflexo da "MÃE" que levamos em nós, essa
centelha divina que emana e se situa na extremidade inferior da coluna vertebral,
na região dos órgãos geradores, agrupa em um só
feixe todas as energias diversas [consciente e inconscientes], que agem,
cada uma por sua conta, no mental. Ela lhes faz tomar então uma só
direção.
Um exemplo bem conhecido em física nos precisará a influência
oculta do som. Tomemos o diapasão , cujas vibrações
formam figura geométricas, com o auxílio de grãos de
areia que estão espalhados em um membrana vibrante. Essas linhas
ou desenhos [as vezes muito perto dos célebres "selos planetários"
da magia clássica] levam o nome de linhas nodais.
Pois bem, nosso mental é como a cama leve dessa areia fina. A vibração
constante do versículo sagrado, do "Nome Divino" que repetimos,
deixa sobre ele uma marca tangível. Ela lhe dá uma configuração
particular. É assim que nosso mental se modela insensivelmente sobre
o Eloi, ou "imagem" divina que tivermos tomado por suporte.
Do ponto de vista espiritual, a repetição do schema tem por
efeito provocar em nós uma transformação idêntica.
Quanto ao significado esotérico do mesmo nome schema, ele se fundamenta
sobre a ciência pelo qual o estudante em Kabala toma o segredo de
atiçar a centelha divina adormecida nele, a tirar de seu torpor a
energia cósmica, a Força emanante da "MÃE"
e que comumente reside em todo ser vivo. Essa força , a técnica
oriental chama de Kundalini, o Kabalista : Ruach Elohim, e o cristão
o Espírito Santo.
Abraham Abuláfia nos fala dessa espécie de yoga.
Em efeito,
se sabe que a Árvore da Vida, e seus Dez Sephiroth sustenta todo
o mundo da Emanação, toda a Criação celeste,
todo o Universo material, e todo ser vivo. consequêntemente, a Árvore
de reflete de maneira rigorosamente exata no Homem, "feito a imagem
de DEUS".
Ela se apresenta sob três caminhos diferentes. Um, equivalendo ao
"Pilar do Rigor", tem em si Binah, Geburah, Hod; o segundo equivalendo
ao "Pilar da Misericórdia", tem em si Hochmah, Choesed,
Netzah. O último religa Dath, Tiphereth, Iesod. Nas extremidades
desses três caminhos, Kether e Malkuth marcam o limite extremo desse
peregrinar de Ruach Elohim. Esse pilar tem o nome de "Pilar do Equilíbrio"
ou "Caminho Real".
O verdadeiro despertar de Ruach e da espiritualidade tem lugar quando o
dito Ruach se eleva ao longo da coluna vertebral, passando pelo canal central
dessa coluna fluídica [sem relação com a medula espinhal],
que constitui esse pilar central ou "Pilar do Equilíbrio".
Na maior parte dos seres humanos, essa coluna tem geralmente seu centro
emissor, na base da medula espinhal, adormecido, obturado, uma fraca derivação
dessa Energia MÃE passa, dormida, nos pilares alterais de Or-Hajaschor
e Or-Hachoser. Ela se manifesta aí como força vital compassando
assim o funcionamento normal de nosso organismo psicofisiológico.
Então se diz que as "válvulas" psíquicas
estão fechadas, e nenhum resultado supranormal pode se obtido em
matéria de Teurgia, de Magia, ou mesmo de Vidência ou Audição.
Enquanto a passagem central permanece fechada, Ruach permanece adormecida.
As vezes, portanto, por uma razão qualquer, a Força de Malkuth
se agita em nós, em seu torpor sonolento e ela flui através
de nossos "Sephiroth" interiores. Então, a mais ligeira
expressão dessa força é suficiente para iluminar momentaneamente
a individualidade viva, pois ela determina imediatamente uma elevação
notável de nível de consciência. Mas esse impulso de
"seiva espiritual" no grande vegetal humano desencadeia apenas
um fenômeno acidental e passageiro, pois ele se efetua pelos "Pilares"
laterais da Árvore Sephirótica : Or-Hajaschor a esquerda e
Or-Hachoser a direita, de cada lado do "Pilar" central.
Não contemos pois com esse método para obter grandes resultados
espirituais. O verdadeiro caminho de Ruach Elohim, é o que vai de
Malkuth a Kether, passando por Iesod, Tiphereth e Dath.
Se, ao contrário, a individualidade foi, toda inteira, purificada
por uma estrita disciplina moral, a fórmula sagrada ou schema, age
diretamente, por sua repetição, sobre o canal central que
se abre então por inteiro, e a Energia espiritual da "MÃE",
que estava literalmente bloqueada no centro psíquico mais baixo,
equivalendo a nosso "Malkuth" interior, circula então livremente
de uma extremidade a outra do "Pilar do Equilíbrio".
É então que tem lugar as "Núpcias do REI e da
RAINHA", as Núpcias de Melek e de Malkah, o "Noivado"
do Microprosopo e da Virgem.
E se nos debruçamos sobre os antigos grimórios que tratam
da Alquimia, operativa ou espiritual [Arquimia], constatamos que glossário
utilizado pelos antigos mestres é exatamente aquele dos Kabalistas...
Quando Ruach Elohim, isto é, a Energia divina emanada da MALKUTH
celeste, se põe em movimento pelos diversos pilares, ela se detém
em diferentes etapas dessa ascenção, ilumina ativando o brilho
energético, dos diferentes centros de consciência [ou Sephiroth
humanos] mais e mais elevados.
Quando Ruach se eleva assim nos pilares laterais [e mesmo as vezes aquele
o centro], ela faz geralmente nascer uma sensação de calor,
de cócegas na região espinhal, ou as vezes mesmo audições
e visões subjetivas. Não se deve dar importância a esses
fenômenos, puramente inferiores. Somente devemos reter, aqueles obtidos
nas Operações completas, como as Evocações das
grandes deidades.
Nessas experiências iniciais, é necessário não
ver mais que reações particulares engendradas pela subida
da Energia da "MÃE" subindo através de nossos Sephiroth
interiores e nos dois pilares laterais. Não imaginemos que experiência
espiritual se adquire tão facilmente.
Não é mais que com a continuação de esforços
laboriosos, perseverantes, apoiados por uma disciplina inflexível,
contendo uma castidade completa e uma existência moral muito elevado,
que nossa organização sephirótica interior se tornará
sensível às vibrações sutis do schema, os quais
operarão sobre a "Via Real", de Malkuth a Kether por Iesod
e Tiphereth, e que ela entrará em contato interior isso por correspondência
analógica...
O valor do schema do ponto de vista esotérico, repousa inteiramente
sobre a certeza tradicional que ele é um elemento objetivo que pode
assegurar nosso desenvolvimento espiritual. O que devemos entender por isso
?
Quer o schema seja exprimido por uma palavra, quer seja por uma Pantáculo,
não é outra coisa que o próprio Deus, manifesto de
duas maneiras diferentes. Para um Católico, a Hóstia consagrada
não é um "símbolo", mas o corpo real do Salvador.
Para um Tântrico, o Yantra, a quem ele rende culto de adoração
regido por um minucioso ritual, é igualmente uma efígie divina,
um "veículo". Acontece o mesmo para o Kabalista com o "Nome
Divino" em tanto que palavra, figurada em um Pantáculo, são
"veículos" do Divino. Daí a necessidade de uma consagração
anterior de seu suporte [pergaminho virgem, geralmente] e não posterior
a seu traçado... pois a consagração última está
incluída no próprio fato de nele traçar o Nome Sagrado
[de onde a necessidade de um pureza perfeita do suporte e de um dinamismo
anterior da energia que aí reside naturalmente]. A vitalização
do Pantáculo, é a repetição da fórmula
nele incluída. E o despertar da vida oculta que reside no Nome Divino
que está traçado nele, é uma operação
diferente da consagração do suporte.
Não é depois de seu emprego que se consagra a pena, pergaminho,
ou objeto rituais, mas antes.
Cada um dos
"Eloi" da Árvore Sephirótica tem ma "imagem"
e um "Nome" que lhe são próprios. Esse Nome e essa
Imagem não podem ser desassociados um do outro. O nome é composto
de diferentes signos, que se apresentam conforme uma ordem determinada.
Eles constituem uma verdadeira "cadeia". É por isso que
o Nome e a Imagem formam uma só coisa. Um não é diferente
do outro, e essa associação particular de sílabas chega,
quando ela é sem cessar repetida, a conferir às letras constitutivas
do Nome.
Quando essa transubstanciação se dá, então a
Divindade sephirótica se torna quase objetiva, ela se revela a nós
no estado de vigília, e passa para Asiah, vindo de Aziluth.
É a razão de ser da tradição gnóstica
e egípcia, que quer que a posse de certos nomes ou palavras de passe,
abra ao Iniciado defunto as portas da Eterna Morada.
Ruach Elohim está habitualmente adormecida em nós, e reside
como centelha e possibilidade, na Sephirah inferior, nosso próprio
Malkuth. Está nesse momento no estado causal e não manifesto.
Pela virtude das Orações, das Invocações, do
Schema incansavelmente repetido, e por uma visualização sustentada
conforme e regra de sua "imagem", Ruach se eleva seguindo o "Caminho
Real", o "Pilar do Equilíbrio". Manifestado-se como
uma verdadeira entidade espiritual, e a divindade assume assim a forma de
nosso Ideal pessoal, nosso "Eloi".
Durante sua
ascenção sobre o "Pilar Central", Ruach Elohim invade
os diferentes Sephiroth que estão ao longo desse reflexo da Árvore
da Vida que levamos em nós. Na medida em que ela sobe, para centros
e níveis superiores de consciência, estes se iluminam e se
ascendem. Ruach vai se situando em níveis cada vez mais altos, alcançando
por fim o centro supremo, o Kether humano...
Chegamos agora ao Não Manifestado, que é a base da manifestação,
o suporte do mundo sensível. É então que do ponto de
vista microcósmico, o Grande Arcano se desvela ! Se realiza o substratum
da manifestação ! Quando nosso Ego passa por todas as etapas
da purificação, e termina por se dissolver inteiramente, a
forma do Eloi diretor se funde no Impessoal. A união se realiza no
Sephiroth mais elevado e então micro e macrocosmo passam a ser um
só.
Quando o Kabalista retorna ao plano de Malkuth de Asiah, ele perde o sentimento
do meu, que possuia antes. Desde então, em qualquer Sephiroth interior
que Ruach possa temporariamente se localizar, ele sabe que a manifestação
se reflete aí em parte ou em sua totalidade. Por todas parte, ele
encontra Malkah, a "MÃE" divina, e é ela que se
olha em cada aspecto do Universo.
Se o Kabalista que levar mais longe sua experiência subjetiva, o conjunto
da manifestação, seja o Mundo exterior sob sua forma material,
lhe aparecerá como a própria Energia Cósmica, ou seja
Ruach Elohim, a própria "MÃE".
Pois bem, ele não ignora que a "MÃE" é a
Esposa, a Rainha, a Noiva do REI e do PAI. Ele sabe que ela é una
com Ele, e que ambos são unos com o "Ancião dos Dias".
Para ele, o Mundo não é pois uma ilusão grosseira,
um sonho sem justificativa, com fantasmas nascidos de um erro de compreensão.
Mas sim um aspecto da própria Divindade.
É o erro imperdoável de certas escolas européias, tendo
mal compreendido a tradição Oriental, o Kabalista não
comete ! Por toda parte a Vida canta e manifesta Deus! E agora se justifica
o grito de fé dos Mestres da Kabala: "Escuta, Israel, o ETERNO
TEU DEUS É UM...".
O Oriente em
sua sabedoria, não tem outra escola que essa meditação
adoradora e perseverante. E o Bhagavad Gita é ainda mais generoso
que nós : "È pela meditação que alguns
aspirantes chegam a contemplar o SER UNIVERSAL , dentro deles mesmos e através
do Ser individual. Outros chegam ao mesmo, pelo conhecimento ou pela Ação.
Mas outros ainda, incapazes de seguirem uma dessas três vias, praticam
simplesmente a Religião que lhes foi ensinada. E esses também
vão além da Morte, pois eles tomam com supremo a Divindade
da qual ouviram simplesmente falara..." [Bhagavad gira: XIII, 24,25].
Seríamos incompletos e nosso perigoso, se não assinalássemos
um perigo real no despertar da Energia Mãe, na subida de Ruach Elohim.
Continuamente, apressados para termos uma "experiência pessoal",
a explosão de um sentimento violento nos dá uma ilusão
particularmente nociva. Um fenômeno qualquer se produz, podemos nos
enganar pensando que foi uma realização espiritual que na
realidade não se deu.
Em efeito, enquanto a purificação da efetividade não
for terminada - e isso, só a prática da verdade e da continência
conseguem - devemos sempre temer o perigo de uma elevação
de consciência prematura. Por um incidente fortuito, força
emotiva que se exerce e uma das Sephiroth superiores de nossa Árvore
pessoal pode, como uma avalanche, descer bruscamente sobre um Sephiroth
inferior suscitando aí a excitação anormal de reflexos
animais, e suas "lembranças" biológicas. Para vencer
essa prova, o Kabalista deve apelar para toda sua energia moral e a Providência
Divina.
Geralmente, quando uma iniciação muito potente, ou pela qual
tínhamos uma afinidade particular, desperta em nós o centro
de Tiphereth, ou Kether [iniciações se dando por unções
ou choques sobre o cimo da cabeça, sobre a fronte ou sobre o peito],
somos a seguir submetidos a um período mais ou menos longo de tentações
e de provas morais de toda espécie. Nos imaginamos então vítimas
de toda uma legião de demônios tentadores! [há por outro
lado uma certa verdade oculta nisso...] Essa provas se manifestam geralmente
por três dos principais "pecados capitais", o orgulho, a
cólera e a luxúria. Isso porque Ruach Elohim foi imprudentemente
despertado e ele, por sua vez, acelerou de maneira anormal o "brilho"
de um dos últimas Sephiroth interiores : Iesod.
Esse se liga aos centros sexuais, e estes estão ligados ao orgulho,
[exageração da virilidade], cólera [exageração
da combatividade], e a luxúria [exageração da afetividade].
Alguém familiarizado com a psicologia, um psicanalista, nos compreenderá
melhor que um simples moralista" Que o leitor não despreze esse
aviso; o autor desta páginas conheceu "a passagem estreita"
de que fala aqui ! Ela fala por experiência...
CONTINUA