O
sangue e as palavras dos profetas levou o povo hebreu apenas até
as vias do templo da região divina, porque não havia chegado
o tempo em que o Homem podia adentrar ao templo propriamente dito. Muitos
profetas foram empregados nesta obra preparatória, e a mão
que os guiou no deserto lhes traçou diferentes caminhos pelos quais
nunca haviam passado. Por esta razão, cada profeta, percorrendo
seu próprio caminho particular, nem sempre sabia o termo final
para o qual suas profecias apontavam.
O povo, que não havia reconhecido a lei do Espírito nas
cerimônias Levíticas, apesar de lá estar presente,
tampouco reconheceu a lei divina contida na lei do Espírito, ou
as profecias; além do mais, continuaram a caminhar nas trevas e
assim chegaram à época da libertação universal,
que nunca deixou de ser anunciada pelos profetas, de acordo com o conhecimento
de cada um; a época da libertação universal também
é citada nos livros de Moisés, particularmente nas bênçãos
que Jacó proferiu a seus filhos; se o povo tivesse feito um cuidadoso
estudo destes livros, teria encontrado algo que prenderia suas atenções,
a passagem do poder temporal de Judá para as mãos de Herodes!
A união secreta de todas as leis divinas.
A íntima união de todas estas leis é um dos mais
sublimes segredos da Santa Sabedoria, que se mostra, assim, ser sempre
uma, apesar da diversidade e dos intervalos de suas operações.
O povo judeu era demasiadamente bruto para penetrar esta simples e profunda
verdade. Onerado, sobretudo, por todas as iniqüidades cometidas ao
negligenciar as leis e recomendações de Moisés e
pelo derramamento do sangue dos profetas, o povo judeu viu que a lei da
graça, cujo o tempo havia chegado para toda a humanidade, recaiu
sobre este como reprovação, já que falhou no seu
papel de representante desta lei; ao invés de eliminarem seus crimes
através da fé na nova vítima, que veio para oferecer-se
a si próprio, eles o colocaram ainda mais longe ao libertarem sua
mente; não o conduziram àquela sublime idéia de um
sacrifício submisso e voluntário, encontrado no conhecimento
do abismo ao qual nosso sangue nos retém e na viva esperança
de nossa libertação absoluta quando este sacrifício
é feito sob os olhos da Luz e no verdadeiro movimento de nossa
natureza eterna.
Assim, uma outra vítima foi requisitada, alguém que reunisse
em si as propriedades das vítimas precedentes e que ensinasse o
Homem, através do preceito e exemplos, o verdadeiro sacrifício
que ele ainda tinha que fazer para cumprir completamente o espírito
da lei.
Esta vítima deveria ensinar ao Homem que, para alcançar
o objetivo essencial do sacrifício, não é suficiente
que ele morra como carneiros e touros, sem a participação
do espírito de que estavam privados; ensinar que, ainda não
é suficiente que morra corporalmente, como os profetas, mortos
injustamente pelas paixões do povo para o qual pregavam a verdade,
pois acreditavam que pudessem escapar deste erro, assim como Elyah, sem
falharem em sua missão.
Era preciso ensinar ao Homem que era necessário, por sua própria
vontade, conscientemente e em perfeita serenidade, entrar em sacrifício
de seu ser físico e animal, assim como o único que poderia
separá-lo do abismo no qual está confinado pelo seu sangue,
que, para o Homem é o órgão e ministro do pecado;
em resumo, é preciso ensinar ao Homem a encontrar a morte como
um triunfo, que o eleva da posição de escravo e criminoso
e lhe dá posse de sua própria herança.
Estas condições se cumpriram no derramar do sangue
do Redentor.
Este era o segredo sublime que o Redentor veio revelar aos mortais; esta
era a luz luminosa que ele permitiu que os homens descobrissem em suas
próprias almas, ao sacrificar-se voluntariamente por eles, deixando-se
capturar por aqueles a quem veio derrotar através do sopro de seu
verbo; orando por aqueles que mataram seu corpo, o derramamento de seu
sangue realizou todas estas maravilhas, porque, ao mergulhar em nosso
abismo de trevas, o Redentor seguiu todas as leis de transposição
pelas quais esta região é constituída e governada.
De fato, o derramar do sangue de uma vítima deve operar de acordo
com a posição e propriedades das vítimas; se o sangue
de animais podia apenas libertar as correntes corporais do pecado no Homem,
que são todas elementares, se o sangue dos profetas libertaram
as correntes do espírito do Homem, ao permitirem que este discernisse
os raios da estrela de Jacó, o derramamento do sangue do Redentor
serviu para libertar as correntes de nossa alma divina, já que
o Redentor era o próprio princípio da alma humana, ele abriu
os olhos desta alma divina o suficiente para ver a exata fonte de sua
existência, e sentir que é unicamente através do sacrifício
voluntário interno de tudo aquilo o que está ou pertence
ao nosso sangue, é que podemos algum dia satisfazer o desejo e
a vontade essencial que sentimos de nos reunir com nossa fonte divina.
O Homem Espírito pode atingir sua regeneração
ainda neste mundo.
Não é de se surpreender que uma revelação
como esta abolisse todos os outros sacrifícios e vítimas,
uma vez que agora o Homem é colocado exatamente na sua posição:
assim, de agora em diante, o Homem Espírito é elevado à
posição de um verdadeiro sacrificador e aguarda o momento
de reentrar nos caminhos da regeneração e atingir, pelo
menos através de sua compreensão, sua plena realização
ainda neste mundo, basta unir a si mesmo em coração, mente
e obra com aquele que abriu o caminho e atas coisas.