O
que é Espírito?
Parte 2
Louis Claude de Saint Martin
A emissão perpétua da Unidade Universal, o Ser
Divino.
Além do mais, me parece, não ser infrutífera ou indiferente
a noção que obtemos aqui do caráter deste Fruto Perpétuo
do real engendramento da Unidade Universal, cujos Poderes são, contínua,
necessária e exclusivamente dependentes de si próprios; e se
os observadores assim tivessem considerado esta unidade produtiva, dentro
deste caráter de emissão necessária e real, teriam tirado
grande proveito de suas pesquisas sobre o Ser Divino e Universal, e como resultado,
não teriam tentado examinar, no princípio, a natureza deste
Ser, sem observarem Sua Ação; pois que Sua Ação
é provavelmente Sua total Natureza; a conseqüência de suas
táticas errôneas tem sido que, não só não
encontraram o Ser Divino que buscaram de forma imprópria, mas foram
longe demais ao enganarem a si próprios afirmando que aquilo que não
encontraram, não existe.
Se tivéssemos considerado o Ser Universal, como o fruto real, espiritual
e divino dos poderes da Unidade Eterna, em Seu verdadeiro caráter,
teríamos extraído dali os grandes benefícios que se seguem.
Espírito, o fruto de todos os poderes da Unidade.
Como o fruto de toda geração que temos conhecimento, reproduz
e representa tudo o que constitui os poderes que o engendrou, assim, o que
chamamos Espírito, no ato gerativo da Unidade Eterna, nada mais pode
ser do que a expressão real e manifesta de tudo aquilo, sem exceção,
que pertença a esta Unidade Eterna: desta forma, cabe ao Espírito
Universal nos tornar tal Unidade conhecida, descrevendo-a inteiramente, assim
como o Homem reproduz, temporariamente, todas as propriedades de seu pai e
mãe, de quem é uma imagem viva completa.
Sim, se observarmos atentamente com nossa compreensão, este real e
perpétuo fruto da Unidade Eterna, veremos que, desde que os poderes
desta Unidade são perpétuos, necessários e exclusivamente
dependentes uns dos outros, e o fruto da união destes poderes é
um real engendramento, tão ilimitado quanto infinito, este fruto deve
realmente ser a expressão real e completa desta mútua união;
ele deve conter em si, tudo o que pode servir como fundamento para a atração
mútua destes poderes, uns em direção aos outros, de forma
real e universal.
Assim, é necessário que o fruto deste engendramento e este Ser
Divino, se revele e se apresente a nós, sem cessar, em todos os pontos,
tamanha a abundância e continuidade de amor, vida, força, poder,
beleza, justiça, harmonia, proporção, ordem e todas e
quaisquer outras qualidades das quais, nosso pensamento deve, em todo lugar,
encontrar o efeito vivo de sua plenitude, e nunca deixar de reconhecer a supremacia
de sua unidade universal; acima de tudo, se faz necessário, que este
fruto engendrado pela Essência Divina, da mesma forma, se torne um,
já que deve ter e ser tudo aquilo que esta Unidade contém e
que não se pode admitir nenhum intervalo ou alguma diversidade de graus,
entre o amor destes poderes e o ato de seu engendramento, como também
não é possível perceber qualquer diferença entre
a existência essencial e a natureza constituinte deste fruto.
Só o Espírito pode revelar a si mesmo.
Porém só a esta Essência Universal, a esta real e perpétua
emissão da Unidade Eterna, cabe a transmissão deste conhecimento
a nós, assim como só cabe ao fruto das gerações
naturais, proporcionar o conhecimento dos poderes que os geraram, diante de
nossos olhos.
Assim, aqueles que não têm reconhecido este Ser como necessário,
este fruto real e perpétuo do engendramento a Unidade Eterna, acabam,
naturalmente, não mais reconhecendo a própria Unidade Eterna,
já que absolutamente mais nada além deste fruto real poderia
apresentá-la a eles, com todas as suas qualidades e propriedades constituintes;
da mesma forma, se afastarmos nossos olhos do fruto da terra, perderemos,
rapidamente, o conhecimento das virtuais qualidades gerativas da Natureza;
e se considerássemos o homem, de forma muda e inerte, perderíamos,
rapidamente, a idéia da extraordinária atividade de seu corpo,
e a vasta extensão de seu pensamento e de sua inteligência.
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