A
MÉTRICA DE SAINT-MARTIN
Louis Claude de Saint Martin
Entre os legados literários de Saint-Martin estão
"Phanos: Um Poema sobre Poesia" e uma diversidade de versos espalhados.
Ele também publicou durante sua vida, um livreto métrico chamado
"O Cemitério de Amboise", enquanto que em suas Obras Póstumas
há um ensaio, em prosa: "Poesia Profética, Épica
e Lírica".
Saint-Martin via a poesia profética como pertencente à primeira
ordem, porque era derivada do primeiro princípio da inspiração
e emoção. Para ele, o verdadeiro tema da poesia é a lei
divina em todas as categorias às quais ela se aplica e não o
amor humano e ainda menos a natureza material, como queriam muitos poetas
e artistas de sua época.
Portanto, ele encarava a maioria da poesia épica e lírica como
uma impertinência, um desvio. A respeito da métrica dos versos,
ele postula um axioma que é muito característico, pois, como
muitas opiniões de Saint-Martin, nunca haviam passado pela concepção
de outros homens. "A música suprema não tem métrica
e a poesia pertence a esta classe." (Obras Póstumas). O que é
muito mais do que dizer simplesmente que, a poesia deveria ser avaliada mais
pelo seu conteúdo, do que pela sua forma. Estas duas perspectivas são,
em certo sentido, impossíveis de coexistirem, ou pelo menos, incompatíveis.
Pelo menos naquela época, onde se afirmava que a palavra divina deveria
tomar uma forma divina, para ser válida e merecedora de adoração.
A definição de Saint-Martin é a melhor daquelas duas,
porque não utiliza o raciocínio lógico, mas sim metáforas.
A outra é uma falácia comum. A poesia perfeita é um espírito
(idéia) perfeito, casada com uma forma da mesma qualidade. Quando as
duas (idéia e forma) não estão muito bem associadas,
então já não estamos falando de poesia. Assim como o
espírito do homem não é humano se não tiver a
forma (o corpo) de um homem.
No entanto, não há motivos para nos estendermos sobre um argumento
a respeito do qual ninguém discute. A respeito da concepção
de que os exercícios de métrica dos versos de Saint-Martin não
são poesia, há algo neste tema que compromete o assunto com
aqueles que o admiram. Tentar dar uma versão de seus versos, versão
esta que deveria ser compreendida pelo ponto de vista de que uma tradução
do francês para o português não tem o mesmo apelo (estético,
literário e semântico) daqueles versos concebidos em sua língua
original, estaria portanto fora de uma análise correta a tentativa
de análise da métrica de Saint-Martin em nosso idioma