GEMATRIA
ALEISTER CROWLEY
Para falarmos
da Qabalah Esotérica que se encontra nos livros, devemos considera-la
uma
casca do fruto perfeito da Árvore da Vida, depois dos ensinamentos esotéricos
que nela estão incutidos. Com isso, ficaria claro o absurdo e a falsidade
daqueles que não se iniciaram no Verdadeiro Caminho, o puro e razoável
Caminho Oculto. Para o estudante que desconhece os rudimentos da Qabalah, recomendamos
que estudem a introdução da "Qabalah Desvelada" de Knorr
de Rosenroth. A Qabalah literal se encontra dividida em três partes: GMTRIA
(Gematria);
NVTRIQVN (Notaricon); e ThMVRH (Temurá).
Gematria é uma metatesis da palavra grega grammateia. É baseada
no relativo valor numérico das palavras. As palavras de valores numéricos
similares supostamente são interpretadas mutuamente, e esta teoria se
estende as orações e frases completas. Por exemplo, a letra Shin,
Sh, é igual a 300, que é equivalente a soma da palavra RVCh ALHIM,
Ruach Elohim, o Espírito dos Elohim. R=200, V=6, Ch=8, A=1, L=30, H=5,
I=10, M=40; total=300. Similarmente a palavra AchD, Achad, Unidade, Um, e AHBH,
Ahebah, Amor, ambas são iguais a 13. A=1, Ch=8, D=4; A=1, H=5, B=2, H=5;
total comum=13. O nome do Anjo MTTRVN, Metraton e o nome da deidade ShDI, Shadai,
somem 314 cada um, com o que ambas são simbolizadas mutuamente. É
dito que o Anjo Metraton conduziu o povo de Israel pelo deserto, e que dele
Deus disse: "Meu Nome este Nele". Com respeita a Gematria das palavras
IBA ShILH, Yeba Shiloh, "Shiloh Vendra"=358, que é a soma da
palavra MShICh, Messias. Temos outro exemplo da frase do Gênesis, XVII:
2, VHNH ShLSh, Elo Mikael Gabriel Ve Raphael, "Estes eram Miguel, Gabriel
e Rafael"; cada frase soma 701. Creio que estes exemplos são suficientes
para deixar claro a natureza da Gematria.
Notaricon é uma palavra derivada do latim que significa Notario. Do Notaricon
derivam duas formas. Na primeira, cada letra de uma palavra é tomada
como abreviação de outra palavra, assim, com as letras de uma
palavra é construída uma frase. Com cada letra da palavra BRAShITH,
Berashit, se constrói uma frase: BARShITH RAH ALHIM ShIQBLVIShRAL ThVRH,
Berashith Rahi Elohim Sheyequebelo Israel Tora; "No principio os Elohim
perceberam que o povo de Israel aceitava a lei". Neste sentido, lhes darei
seis exemplos de Notaricon formados pela primeira palavra do Gênesis.
BRAShITH, que realizara Salomão Heir Bem Moises, um judeu Qabalista que
se converteu ao cristianismo em 1665, tomando o nome de Próspero Rugere.
Todos eles têm uma tendência cristã, e se supõe que
com eles Próspero converteu outro judeu que até então tinha
sido um fanático detrator do Cristianismo. O primeiro é BN RVCh
AB ShLVShThM IChD ThMIM, Ben Ruach Ab Shaloshetem Yechad Thaubodo: "O Pai,
o Espírito e o Filho são igualmente dignos da Trindade. O terceiro
exemplo é BKVRI RAShVNI AShR ShMV IShVO ThOBDVDV, Bekori Rashuni Asher
Shamo Yeshuah Thaubodo: "Adoreis a meu primogênito cujo nome é
Jesus". O quinto é BThVLH RAVIH ABChR ShThLD ISh VO ThAShRVH, Bethulth
Raviah Abachar Shethaled Yeshuah Thashroa: "Escolheis uma virgem digna
para que dê a vida a Jesus e a chame de bendita". O sexto é
BOVGTh RTzPIM ASThThR ShVGPI IShVO ThAKLV, Beaugoth Ratzephim Asattar Shegopi
Yeshuah Thakelo: "Guardes meu corpo em uma oblea e nela comerei o corpo
de Jesus". A importância Qabalística destas frases, no que
concerne a doutrina cristã, pode ser averiguada.
A segunda forma do Notaricon é exatamente o contrário da primeira.
Qualquer das letras que formam uma frase podem dar origem a uma palavra ou a
outra frase, por exemplo, a Qabalah chama-se ChKMH NSThRH, Chokhmah Nesethrah,
"A Sabedoria Secreta"; e se tomamos as iniciais de ambas, Ch e N,
com as quais se formam a palavra ChN, Chen, "Graça". Similarmente,
das iniciais e das finais das palavras MI IOLH LNV HShMIMH, MI Iaulah Leno Ha-Shamayimah:
"Quem subirá aos Céus conosco?" (Deut. XXX: 12), formam
a palavra MILH, Milah, "circuncisão", ou seja, que IHVH ordenou
a circuncisão como caminho para se chega ao céu.
Temurá é a permutação. De acordo com certas regras
uma letra pode ser substituída por outra que a anteceda ou que a preceda
no alfabeto, e desta maneira dar forma a uma nova palavra. Por exemplo, se dividirmos
o alfabeto hebraico em duas partes iguais, e pusermos uma parte sobre a outra,
e então trocarmos alternativamente, a primeira, ou as primeiras duas
letras no princípio da segunda linha, é produzido 22 comutações.
Este processo é chamado de "Tabela de Combinações
de TzIRVP (Tziruph)". Por exemplo, ponhamos a mostra o método ALBTh,
Albath:
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
K I T Ch Z V H D G B A
M N S O P Tz Q R Sh Th L
Cada método toma seu nome dos dois primeiros pares de letras que se compõem;
o sistema baseia seu trabalho nas letras compostas, e cada letra do par e substituída
por outra. Por exemplo, pelo método Albath de Ruach, RVCh, se forma Detzau,
DTzO; AGDTh; ADBG;
AHBD; AVBH; AZBV; AChBZ; ATBCh; AIBT; AKBI; ALBK; AMBL; ANBM; ASBN;
AOBS; APBO; ATzBP; AQSTz; ARBQ; ASHB; e AThBSh. A estes devem ser somados ABGD
e ALBM. Após isso vem a "Tabela Racional de Tziruph", com outras
22 combinações. Existem outras três "Tabelas de Comutações"
conhecidas respectivamente como a Reta, a Inversa e a Irregular. Para se desenvolver
um trabalho com qualquer uma delas deve-se primeiro elaborar uma tabela de 484
quadrados para se escrever as letras. Para a "Tabela Reta" deve-se
escrever o alfabeto da direita para esquerda na primeira linha. Na segunda linha
deve-se fazer o mesmo, todavia, começando com a letra B e terminando
com a letra A; na terceira se começa com a letra G e se termina com a
B, e assim sucessivamente. Para a "Tabela Inversa", escreve-se o alfabeto
da direita para esquerda mas no sentido contrário, começando com
a letra Th e terminando com a letra A; na segunda linha se começa com
a Sh e se termina com a Th, e assim sucessivamente. A "Tabela Irregular"
é muito longa e portanto, impossível de ser descrita aqui. Ao
mesmo tempo, existe outra maneira chamada ThShRQ, Thasharq, em que, simplesmente,
as palavras são escritas no sentido contrário. Contudo, não
existe método mais importante do que o chamado "Qabalah dos Nove
Quadros" ou AIQ BKR, Aiq Bekar, que se forma da seguinte maneira:
Coloquei a numeração de cada letra para mostrar a finalidade das
que ocupam cada quadro. As vezes são utilizadas como uma cifra, colocando
um ponto para a primeira letra, dois para a segunda, etc., assim o quadro superior
da direita formado por AIQ nos mostra a letra Q com três pontos. E o quadro
central HNK final, toma precisamente o K final para poder-lhe destinar os três
pontos. A "Qabalah dos Nove Quadros" é utilizada para diversas
funções, mas aqui não tenho espaço para explica-las.
Somente mencionarei um exemplo, que opera a modo de Temurá e que se chama
AThBSh transformando a palavra ShShK (Jeremias XXX:26), Sheshakh, em BBL, Babel.
Nas regras, existe um significado oculto no corpo das letras hebraicas; uma
letra tem uma forma particular quando termina uma palavra e outra forma quando
é denominada a letra final. Nesta ultima forma, rara é a vez em
que ela é colocada no meio de uma palavra. Quando uma letra é
escrita de maneira diferente ou inclinada em uma palavra ou frase, indica uma
variação na pronuncia. Algumas letras, inclusive, são escritas
com cabeça; ao ler certas palavras nos encontramos com uma letra que
se repete, na mesma palavra, sem necessidade aparente. Outra das peculiaridades
é esconder pontos, espaços, acentos, linhas de união inferiores
ou superiores, para ressaltar ou redundar uma idéia. Por exemplo, o corpo
da letra Aleph, A simboliza Vau, V, entre Yod, I, e Daleth, D; e que esta letra
representa por si mesma a palavra IVD, Yod. Similarmente, o corpo da letra He,
H, representa Daleth, D, com uma I, Yod, mostrada na parte inferior esquerda.
Em Isaias, IX: 6, 7, a palavra LMRBH, Lemarbah, "multiplicação",
aparece escrita com uma M final no meio da palavra. A conseqüência
disso é a alteração da soma numérica da palavra
e de 30+40+200+2+5=277, temos 30+600+200+2+5=837= por Gematria ThTh ZL, Tet
Zal, o Doador Profuso. Sem a M final neste lugar, o significado Qabalístico
da palavra é completamente distinto.
Pode-se destacar que as três primeiras letras das primeira palavra da
Bíblia, BRAShITH, ou seja, BRA, são as iniciais dos nomes que
constituem a Trindade: BN, Bem, o Filho; RVCh, Ruach, o Espírito e AB,
Ab, o Pai. Mas ainda, a primeira letra do Antigo Testamento é B, inicial
de BRKH, Berakhah, bendição, e não A, que é a inicial
de ARR, Arar, condena. O valor numérico da palavra Berashith, em sua
máxima expressão, nos indica os anos de medida entre a Criação
e o Nascimento de Cristo: B=2000, R=200, A=1000, Sh=300, I=10, Th=400, total=3910
anos em números redondos. Picus de Mirandola fez o seguinte trabalho
com Berashith: unindo a terceira letra A, com a primeira B, obteve AB, Ab, o
Pai. A primeira letra repetida B, mais a segunda R, dão BBR, Bebar, Através
do Filho. Tomando-se todas as letras, tirando a primeira, temos RAShITH, Rashith,
o Princípio. Conectando a lera Sh com a primeira B e a última
Th, temos ShBTh, Shebeth, o Fim ou o Resto. Com as três primeiras obtemos
BRA, Bera, Criado. Omitindo a primeira e pegando as três seguintes temos
RASh, Rash, Cabeça. Se omitimos as duas primeiras e tomamos apenas as
duas seguintes temos Ash, Ash, Fogo. Tomando a quarta e a última temos
ShTh, Sheth, fundação. Pegando a segunda e colocando-a anteposta
a primeira temos RB, Rab, Grande. Colocando antes da terceira colocamos a quinta
e a quarta, temos AISh, Aish, Homem. Juntando as duas primeiras com as duas
últimas temos ThB, Theb, que comumente é utilizada como TVB, Thob,
Bom.
Existem três véus Qabalísticos da existência negativa,
e neles são formulados as idéias ocultas dos Sephiroth que estão
contidos em Kether sem se manifestar nos seres, ou seja, em Malkuth das idéias
ocultas dos Sephiroth. Explicarei o conceito. O primeiro véu da existência
negativa é AIN, Ain, Negatividade. O segundo véu é AIN
SVP, Ain Soph, a Limitação. As seis letras são as correspondências
veladas dos seis números, ou seja, os primeiros seis Sephiroth. O terceiro
véu é o AIN SVP AVR, Ain Soph Aur, a Luz Ilimitada. Querdizer,
as nove letras correspondem as idéias ocultas dos primeiros nove Sephiroth.
Quando se chega ao número nove não é possível maior
avanço além do retrocesso a Unidade, porque o número dez
é a repetição da Unidade derivada do negativo, o que podemos
encontrar olhando os números arábicos, onde o zero "0"
é o círculo, que representa a Negatividade e o um "1"
é a Unidade. O Ilimitado oceano de Luz Negativa não procede de
um centro, porque não tem centro, mas se encontra em um centro, que é
o número Um, Kether, a Coroa, a primeira Sephira. "Kether está
em Malkuth assim como Malkuth está em Kether". Ou como apontou Thomas
Vaughan (conhecido como Eugenius Philalethes, autor de textos alquímicos),
aparentemente baseando-se em Próculo: "O Céu está
na Terra, mas de uma maneira terrestre, assim como a Terra está no Céu,
mas de uma maneira celestial". Ainda que a existência negativa se
escape das definições, pode-se demonstrar que ela se encontra
atrás da Unidade, como assim eu digo e os Qabalistas consideram, que
freqüentemente aplicam indiscriminadamente os mesmos termos para qualquer
das existências. Por exemplo, "O Conciliado do Conciliado",
"O Ancião dos Anciões Unos", "A mais Sagrada e
Antiga Unidade" e etc...
Sephira quer dizer número, e Sephiroth é simplesmente sua forma
plural, ou seja, números ou cifras. A maior interpretação
da palavra seria "emanação numérica". Existem
dez Sephiroth, que são a forma abstrata dos dez números da escala
decimal: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, e 10. Nos altos cálculos matemáticos
os números são racionados de maneira abstrata; o mesmo é
feito na Qabalah, aonde racionamos a Deidade em sua forma abstrata e numérica,
precisamente pelos Sephiroth, SPIRVTh. Desta antiga idéia orientel, Pitágoras
derivou seus simbolismos numéricos.
Dentro dos Sephiroth encontramos as atribuições e personalidades
de Deus. Algumas são masculinas, outras são femininas. Por razões
que somente devem ser conhecidas pelos tradutores da Bíblia, as referencias
e as características femininas e masculinas da deidade foram eliminadas
das escrituras. Traduziram um feminino plural em um masculino singular como
no caso da palavra Elohim. Não é possível negar que eles
não sabiam que a palavra era um plural, já que no Gênesis
IV: 26 encontramos: "E Elohim disse, façamos o homem". E como
podiam criar o "homem e mulher a sua imagem e semelhança" se
os Elohim não fossem homens e mulheres! A palavra Elohim vem da raiz
singular ALH, Eloh, a que foi adicionada IM, que determina o plural masculino,
o que indica que os ALHIM tinham uma potência feminina de expressão
masculina, ou seja, a capacidade de regeneração e reprodução.
Ouvimos muito o Pai e o Filho nas religiões atuais, mas é muito
inconstante ouvirmos algo da Mãe. Mas na Qabalah vemos que o Ancião
dos Dias conforma em si mesmo o Pai e a Mãe, assim se obtém o
Filho. Bem, esta Mãe é Elohim. Vez ou outra ouvimos que o Espírito
Santo é masculino, mas a palavra RVCh, Ruach, Espírito é
feminina, como aparece na passagem de Sepher Yetzirah: "AChTh RVCh ALHIM
ChIIM, Achath (feminino, não como Achad, masculino) Ruach Elohim Chiim:
"Una é o espíritos dos Elohim da vida".
Vemos também que antes que a Deidade se conformasse em masculino e feminino,
os mundos do Universo não podiam subsistir, segundo Gênesis, antes
disso, "a Terra se encontrava sem forma e vazia". Estes primeiros
mundos são simbolizados pelos "Reis que reinaram em Edom antes que
Israel fosse reinada por um Rei", por isso a Qabalah toca no assunto se
referindo a eles como "Reis Edomitas". Este termo será usado
com freqüência ao longo deste trabalho.
Consideremos agora a primeira Sephira, o Número Um, a Monada de Pitágoras.
Neste número se encontra latente os nove restantes. Não se pode
multiplicar e nem dividir; quando é multiplicado ou dividido por si mesmo
permanecem inalterável, por isso ele representa o Pai de Tudo e de Todos.
O um tem dois sentidos de desenvolvimento, o positivo e o negativo. Em sua imutável
unidade somente pode ser considerado um número, mas em sua propriedade
e capacidade de ação é reconhecido como o primeiro de uma
série numérica. Enquanto que o zero é, inclusive, incapaz
de ação, por isso se converte em existência negativa. E
se o um não pode dividir-se e nem multiplicar-se, de onde nasceu o dois?
Por reflexo de Si Mesmo. O zero é indefinível, mas o um é
perfeitamente definível. E o efeito de uma definição é
o formar de um Eidolon, um paragon, que duplique a imagem da definição.
Assim obtemos uma dyad composta do um e seu reflexo. Agora temos o começo
de uma vibração estabelecida, porque o um vibra alternadamente
entre a definição e a indefinição. Por isso o Um
é o pai de todos os números e uma exata representação
do Pai de todas as coisas.
O nome da primeira Sephira é Kether, KThR, a Coroa. O Nome Divino atribuído
a esta primeira Sephira é aquele que é outorgado ao Pai no Êxodo,
III: 4, AHIH, Eheieh, Eu Sou. Que significa existência.
A primeira Sephira contém as outras nove, e as produz na seguinte sucessão:
O número 2 ou a Dyad. O nome da segunda Sephira é ChKMH, Chokmah,
Sabedoria, uma potência masculina, reflexo de Kether. Obviamente, está
Sephira faz o trabalho do Pai, que se une a Mãe, o número 3. Esta
segunda Sephira está representada pelos Nomes Divinos IH, Yah, e IHVH,
Yehovah, e as hostes angelicais AVPNIM, Auphanim, as Rodas (Ezek. I). Também
é chamada de AB, Ab, o Pai.
A terceira Sephira ou Triada, é uma potência passiva e feminina
chamada BINH, Binah, o Entendimento, na mesma altura que Chokmah. Chokmah é
como duas linhas paralelas que nunca se tocam no espaço, e carece de
valor até que com o 3 forme um triângulo. Portanto, com a terceira
Sephira se forma a Trindade Superior. Ela é chamada de AMA, Ama, Mãe,
e AIMA, Aima, a Grande Mãe Produtiva que se encontra eternamente unida
ao Pai, AB, para manter o Universo em ordem. Ela é a forma mais evidente
pela qual podemos conhecer o Pai, e merece toda dignidade e honra. É
a Mãe Suprema, na mesma altura que Chokmah, a grande forma feminina de
Deus, os Elohim, cuja imagem e semelhança os homens e mulheres foram
criados, de acordo com os ensinamentos da Qabalah, iguais ante Deus. A mulher
é igual ao homem, nunca inferior, apesar dos cristão dizerem que
sim. Aima é a mulher descrita no Apocalipse (cap. XII). Esta terceira
Sephira também tem o nome de Grande Mar. A ela são atribuídos
os Nomes Divinos ALHIM, Elohim, e IHVH ALHIM, Yehovah Elohim, e a ordem angélica
ARALIM, Aralim, os Tronos. Ela é a Mãe Suprema, e nunca deve ser
confundida com Malkuth, a Mãe Inferior, a Esposa, a Rainha.
O número 4. A união da segunda e terceira Sephiroth produzem ChSD,
Chesed, Misericórdia ou Amor, também chamado de GDVLH, Gedulah,
Grandeza ou Magnificência. Uma potência masculina representada pelo
Nome Divino de AL, El, O Poderoso Um e pelos nome angélicos ChShMLIM,
Chashmalim, as Flamas Cintilantes (Ezek. IV: 4).
O número 5. Deste é emanada a potência feminina GBVRH, Geburah,
Força, ou DIN, Deen, Justiça. É representada pelos Nomes
Divinos ALHIM GBVR, Elohim Gibor, e ALH, Eloh, e pelos nomes angélicos
ShRPIM, Seraphim (Isa. VI: 6). Esta Sephira também é chamada de
PChD, Pachad, o Temor.
O número 6. E destas duas nasce a unificante Sephira ThPARTh, Tiphareth,
Beleza ou Ternura, representada pelo Nome Divino de ALVH VDOTh, Eloah Va Daath,
e pelos nomes angélicos de ShNANIM (Salm. LXVIII: 18), ou MLKIM, Melakim,
Reis. Pela união da Justiça e da Misericórdia obtemos a
beleza e a Clemência, completando a segunda Trindade dos Sephiroth. Esta
sexta Sephira, unida aos Sephiroth quatro, cinco, sétima, oitava e nona,
formam o ZOIR ANPIN, Zauir Anpin, o Semblante Menor, o Microprosopus, a antítese
do Macroprosopus, o Semblante Maior, que é um dos nomes dados a Kether,
a primeira Sephira. Os seis Sephiroth que compõem o Zauir Anpin, são
os membros de Kether. Esta sexta Sephira também é conhecida pelo
nome de MLK, Melekh, o Rei. O número 7. A sétima Sephira é
NTzCh, Netzach, a Firmeza ou a Vitória, correspondendo ao Nome Divino
IHVH TzBAVTh, Yehovah Tzabaoth, o Senhor dos Exércitos, e aos nomes angélicos
ALHIM, Elohim, e ThRShIShIM, Tharshishim, o Mais Brilhante (Dan. X: 6).
O número 8. Aqui temos a potência feminina HVD, Hod, o Esplendor,
e corresponde ao Nome Divino de ALHIM TzBAVTh, Elohim Tzabaoth, o Deus dos Exércitos,
e entre os Anjos a BNI ALHIM, Beni Elohim, os Filhos dos Deuses (Gen. VI: 4).
O número 9. Netzach e Hod produzem ISVD, Yesod, a Fundação,
Fundamento ou simplesmente a Base, sendo representado por AL ChI, El Chai, o
Uno Poderoso e Vivente, e por ShDI, Shadai; e entre os Anjos por AshIM, Aishim,
as Flamas (Sal. CIV: 4), formando a terceira Trindade dos Sephiroth.
O número 10. Da nona vem a décima e última Sephira. Ela
chama-se MLVTh, Malkuth, o Reino e também a Rainha, a Matrona, a Mãe
Inferior, a esposa do Microprosopus. ShKNH, Shekinah, representada pelo Nome
Divino de ADNI, Adonai, e pelas hostes angelicais dos Kerubins, KRVBIM. Cada
um dos Sephiroth possui uma certa graduação de androginismo, porque
cada um recebe o que a Sephira anterior lhe transmite. A que transmite é
masculina e a que recebe é feminina. Mas nem Malkuth e nem Kether tem
uma Sephira de conexão. Por esta razão, Chokmah tem algo de feminino,
apesar de ser uma Sephira masculina. A conexão é realizada através
do Ruach, o Espírito, por todos os Sephiroth, como Mezcla, a influência
oculta.
Gostaria de fazer algumas notas sobre o significado Qabalístico de MThQLA,
Metheqla, o Balance. Em cada Trindade dos Sephiroth existe uma dyad de sexos
opostos, com uma influência de inteligência como resultado. Na tríade
as potências masculina e femininas são como duas escadas de balance,
e a Sephira que as une, como fruto de sua união. Ou seja, o término
do balance está representado pela Trindade na Unidade, e a Unidade como
ponto central de união da tríade. Na Árvore da Vida existem
três Trindades: a Superior, a Média e a Inferior. A Superior está
representada por Kether, a Coroa; a Média está representada pelo
Rei e a Inferior pela Rainha, conformando, por sua vez, uma grandiosa Trindade.
E as correspondências terrestres desta serão as mobilidades primárias,
o Sol e a Lua. Então aqui encontramos um simbolismo alquímico.
Os Sephiroth encontram-se divididos em três pilares. O Direito é
o Pilar da Misericórdia, com os Sephiroth Chokmah, Chesed e Netzach.
O Esquerdo é o Pilar da Justiça, com os Sephiroth Binah, Geburah
e Hod. O do Meio é o Pilar do Equilíbrio, com os Sephiroth Kether,
Tiphareth, Yesod e Malkuth.
Em seu conjunto e completa unidade os dez Sephiroth representam o ADM QDMVN,
Adam Qadmon, o Proto-homem. Evidentemente, a primeira tríade de Sephiroth
representam, no homem, o intelecto. Esta tríade recebe o nome de AVLM
MVShKL, Olahm Mevshekal, mundo intelectual. A segunda tríade constitui
o mundo moral, o AVLM MVRGSh, Olahm Morgash. A terceira tríade representa
o poder e a estabilidade, ou seja, o mundo material, OLVM HMVThBO, Olahm Ha-Mevethau.
A estes três aspectos chamamos ANPIN, Anpin. Está é a Árvore
da Vida, Otz ChIIM, Otz Chaiin, totalmente formada. A primeira tríade
repousa sobre a segunda que por sua vez repousa sobre a terceira, de tal maneira
que os Sephiroth masculinos encontrem-se na direita, os femininos na esquerda
e os quatro Sephiroth de equilíbrio no meio. Esta é a Árvore
da Vida Qabalística, de que todas as coisas dependem. Existe uma enorme
analogia entre está e a Árvore Yggdrasil dos escandinavos. Eu
ressaltei que há uma Trindade que compreende toda a Árvore da
Vida e que consiste na Coroa, Rei e Rainha. A partir desta tríade o mundo
se formou ou, na lingágem Qabalística, o Universo foi criado pela
união do Rei com a Rainha sob a Coroa. De acordo com a Qabalah, antes
que o homem celestial (os dez Sephiroth) houvesse sido completado, foram criados
alguns mundos primordiais que não puderam subsistir, porque o equilíbrio
de seu balance não era perfeito porque foram desequilibrados pelo antagonismo
de suas forças, o que posteriormente os levou a destruição.
Estes mundos primordiais foram conhecidos como os "Reis do Tempo"
e como os "Reis de Edom que reinaram antes dos monarcas de Israel".
Neste sentido, Edom é o mundo da força desequilibrada e Israel
é o mundo equilibrado dos dez Sephiroth (Gen. XXXVI: 31). Este importante
fato é repetido várias vezes no Zohar.
Os Sephiroth também são conhecidos com Mundo das Emanações,
Mundo Arquetípico ou OVLM ATzLVTH, Olahm Atziluth ou Mundo Atziluth.
Deste mundo nasceram mais três mundos que, assim como este primeiro, também
continham os dez Sephiroth, porém, na gradual descida da Luz.
O segundo mundo é o que chamamos de Briático, OVLM HBRIAH, Olahm
Ha-Briah, o Mundo da Criação que conhecemos também como
KVRSIA, Kursia, o Trono. Este mundo é a emanação imediata
do anterior, Atziluth. Seus dez Sephiroth são um reflexo dos primeiros
dez e, portanto, são mais limitados, apesar de, ainda, não existir
matéria para se mesclar com eles e assim, restaurar-lhes a pureza.
O terceiro mundo é o Yetzirático, OVLM HITzRH, Olahm Ha-Yetzirah,
o Mundo da Formação e dos Anjos, que procede de Briah como uma
substância menos refinada, mas ainda sem matéria. Neste mundo habitam
os Anjos, as Entidades e as Inteligências Incorpóreas de luminosas
vestimentas e que adquirem forma ao aparecerem para os homens. O quarto mundo
é o Assiático, OVLM HOShIH, Olahm Ha-Asiah, o Mundo da Ação
que, igualmente, é chamado de o Mundo dos Cascões, OVLM HQLIPVTh,
Olahm Ha-Qliphoth, que é o mundo material, feito dos elementos mais grosseiros
dos três mundos anteriores. Neste mundo habitam, além dos homens,
os espíritos Maléficos que na Qabalah são chamados de Qliphoth,
ou seja, cascões materiais. Os demônios encontram-se classificados
em dez classes, possuem suas habitações e suas correspondências.
(Veja as tabelas de 777).
Os Demônios são as formas mais grosseiras e deficientes. Possuem
dez graus em resposta aos dez Sephiroth, mas de maneira inversa, acrescentando
a escuridão e as impurezas a medida que se desce. Os dois primeiros não
são mais que a ausência de forma e organização. O
terceiro é a habitação da escuridão. Os sete restantes,
são a representação dos vícios da humanidade, que
são os mesmos que os elevam a vida terrestre. Seu príncipe é
Samael, SMAL, o Anjo do Veneno e da Morte. Sua mulher é a prostituta
AShTh ZNVNIM, Isheth Zenunim. Sua união é conhecida com A Besta,
CHIVA, Chioa. A Trindade Infernal se completa com uma caricatura do Supremo
Um Criativo. Samael é considerado como sendo idêntico a Satã.
O nome da deidade que chamamos de Jehovah, em hebraico é um nome de quatro
letras: IHVH. Sua verdadeira pronúncia é apenas conhecida por
alguns. Pessoalmente conheço algumas de suas pronúncias, todavia,
sua verdadeira pronúncia é o Arcano dos Arcanos, o Segredo dos
Segredos. "Aquele que lograr pronunciar este nome fará com que a
Terra e os Céus tremam, porque este nome é o que movimenta o Universo".
É por este motivo que um judeu piedoso quando lê as escrituras
dá uma pequena pausa ou substitui o nome por ADNI, Adonai, Senhor. O
significado radical da palavra é "Ser". É dito que cada
uma das transposições rege um signo do zodíaco. Estas são
as "doze banderas do Poderoso Nome": IHVH; IHHV; IVHH; HVHI; HVIH;
HHIV; VHHI; VIHH; VHIH; HIHV; HIVH;
HHVI. Existem outros nome tetragramáticos: AHIH, Eheieh, existência;
ADNI, Adonai, Senhor; e AGLA, está ultima não é uma palavra
propriamente dita, é um Notaricon da sentença AthH GBVR LOVLM
ADNI, Ateh-Gibor Lê-Olahm Adonai, "Tu é poderoso para sempre
meu Senhor". Uma breve explicação de AGLA seria: A, o Um,
o Primeiro; A, o Um, o Ultimo; G, a Trindade na Unidade; e L, o cumprimento
da Grande Obra. IHVH, Jehovah, o Tetragrammaton, contém todos os Sephiroth,
com exceção de Kether, e representa especialmente ao Microprosopus,
o semblante menos da Grande Trindade da Árvore da Vida e ao Filho em
sua encarnação humana. O Filho revela o Pai, ou seja, IHVH, Jehovah
revela AHIH, Eheieh. E ADNI, Adonai é a Rainha, a única pela qual
o Tetragrammaton pode chamar, sua exaltação é em Binah,
correspondendo a assunção cristã da Virgem Maria.
O Tetragrammaton, IHVH, encontra-se referido aos Sephiroth. O ponto superior
da letra I, Yod, é referido a Kether; contudo, a letra I representa em
si mesma Chokmah, o Pai do Microprosopus. A letra H, He, é referia da
Binah, a Mãe suprema; por este motivo é conhecido como o H superior.
A letra V, Vau, representa os outros seis Sephiroth conhecidos como os membros
do Microprosopus. Finalmente, a letra H, He, ou H inferior, representa Malkuth,
a décima Sephira ou a esposa do Microprosopus.