Como todos sabemos foi em Fevereiro de 1910 que desembarcaram em Buenos Aires , vindos de Paris, Albert Raymond Costet de Mascheville, sua esposa e seu filho, Leo Costet de Mascheville, então com 10 anos. A família Mascheville teve um papél importante na implantação e desenvolvimento do Martinismo na América do Sul.
Albert Raymond , visconde de Mascheville, violinista , dava concertos em
vários teatros conhecidos de Paris , quando em 1892 foi iniciado
na "Ordem Martinista" por Sedir e recebeu naquela ocasião
o nome místico de CEDAIOR e nome esotérico SDR/2H , ou seja
, foi o oitavo discípulo iniciado por Sedir.
Em 1895 já S.I. , foi nomeado por Papus, Delegado Especial do Supremo
Conselho da Ordem Martinista, conhecendo vários personagens importantes
do movimento esotérico da época tais como:Péladan ,
Barlet, Oswald Wirth, Lermina e outros. É enviado no final do século
ao Egito em missão especial da "Ordem Martinista" e da
"Ordre Kabbalistique de La Rose-Croix" para entrar em contato
com certas fraternidades de lá e realizar estudos sobre o simbolismo
e sobre cerimoniais iniciáticos. Percorre desde Damieta e Alexandria
até Karnak, tendo permanecido longo tempo no Cairo , onde sua amizade
com Mariette-Bey , então conservador do museu do Cairo , o serviu
muito. O resultado destes estudos foram analisados por Sedir e Papus , permitindo
melhor documentar certos pontos da antiga estrutura dos Templos e de seus
ensinamentos. Portanto quando chega a Argentina com a família já
trazia uma bagagem de realizações no campo do esoterismo.
Após residir alguns anos na Argentina muda-se na década de
20 para o Brasil fixando residência em Porto Alegre.
No final de 1924 , chega ao Brasil , seu filho Leo Alvarez Costet de Mascheville, após uma estadia de anos na Europa, onde além de prestar serviço militar na França , recebeu do pai a missão de observar o estado da Ordem Martinista e Ordre Kabbalistique de La Rose-Croix na Europa. No final da década de 20 a família muda-se para Curitiba onde Leo, conhecido como "Jehel" nos meios martinistas e mais tarde como Sri Sevânanda Swami, insiste na revivificação da Ordem Martinista.
Então pai e filho, organizam mais amplamente o Martinismo, Em 1936
"Jehel"recebe do pai o cargo de Presidente da Ordem Martinista.
Em 1939, "Jehel" reorganiza a Ordem Martinista da América
do Sul, em Porto Alegre, fundando uma loja central com o nome de CEDAIOR.
Jehel estudou Kabbala, Krishnamurti, aprendeu a magia cerimonial e a Alquimia,
estudou Martinismo, Yoga e era um Astrólogo exímio. O Dom
da palavra lhe fluía elegantemente dos lábios e gostava de
um copo de um bom vinho a conversar, como bom francês que era. Tinha
excelente humor, respeitava as gestantes que, para ele, estavam perto do
Pai, pois doadoras de vida. Mas seus olhos sabiam faiscar, quando necessário.
Em torno de 1932, transferiu-se para o Uruguai, instalando-se em Montevidéu,
onde fundou o GIDEE (Grupo Independente de Estudos Esotéricos), trazendo
junto a Ordem Martinista, da qual era ele o Presidente. Criou também
a revista "La Iniciación", que continha e refletia toda
a abundância dos elevados conceitos e ensinamentos, que, no GIDEE,
se ensinava por um.grupo de colaboradores sob sua direção;
verdadeira universidade esotérica e espiritualista transcendental:
Sufismo, Yoga e Yogaterapia, Kabbala, Cristianismo Esotérico, Ciências
Herméticas, Astrologia e Astrosofia, Filosofia Transcendental, Alimentação,
todas as matérias do Martinismo e da Rosa-Cruz. Curas Místicas
sob a orientação do Mestre Philippe de lyon, Budismo e Gnose.
Foi membro de diversas Ordens e Fraternidades ocultas do Oriente e Ocidente.
Mas, como tudo que é nascido na intensidade, que com o Amor se desgasta
no Amor do coração, o GIDEE se desmorona: tinha chegado o
fim de seu ciclo de existência vital. Logo passou fome ao lado de
sua companheira Louise, com a qual continuou trabalhando após o falecimento
de Lotúsia, à vender apólices de seguros de porta em
porta, nas ruas de Montevidéu...
Pouco tempo depois e em comum acordo, separaram-se e Sri Sevãnanda
passa a trabalhar junto à sua nova companheira, SÁDHANA, mais
apta para sua nova etapa de ação e de iniciador. Encerra as
atividades no GIDEE, liquida o passado, e vendem as posses de Sádhana
para adquirir um trailer e um jipe. Veio um senhor de idade para lhe entregar
um pequeno baú que continha o acervo cerimonial, intelectual e místico
de uma antiga e venerável sociedade dos Himalaias, o Suddha Dharma
Mandalam, pondo-o em contato com seu "Iniciador Externo", o Guru
Subrahmanyananda, de quem recebe a Iniciação e Ordenação
como membro da Ordem dos Swãmis de Sri Sankaracharya, com o nome
de "Sevãnanda". Foi incumbido, pelo mesmo Guru, a assumir
a função de "Iniciador Externo" e de ser seu sucessor
no Suddha Dharma.
Ainda em Montevidéu, fundou a "Associação Mística
Ocidental", sob a direção do Mestre Philippe de lyon,
escola que se tornou um centro de União de Correntes Espirituais:
Essênios, Suddha Dharma Mandalam, Rito Egípcio de Osíres,
Ramakrishna Ashrama, Kriya Yoga, Yoga Ashrama, Comunidade Sufi, Satyauraha
Ashrama, Ordem Martinista, Maitreya Mahasangah, Ordem Cabalística
Rosae Crucis, Departamento do Verbo, Zen Boddhi Dharma, e Igreja Expectante,
com contatos com os representantes de quase todas essas correntes.
Antes de mais um deslocamento, escreveu seu livro “Yo que caminé
por el mundo...", o qual contém a síntese de sua doutrina
pessoal, reeditado em português por seus Discípulos no Brasil.
Em junho de 1952 partem, Sevãnanda e Sádhana, dirigindo o
jipe puxar a "Ermida do Serviço", rumo norte a atravessar
o Uruguai e Brasil, parando em todas as cidades visitadas e dando palestras
públicas a divulgar sob o lema "O sacrifício de Jesus
e de Gandhi nos unem à todos".
Em fins de 1953 chegam à Resende, RJ, onde ganham um terreno de 12
hectares e instalam o "Monastério AMO-PAX". Ashram de Sarva
Yoga e Mosteiro Essênio, inaugurado numa singela cerimônia na
meia noite do dia 19/20 de novembro de 1953, sob insistente chuva, perante
22 presentes e um cachorro, como faz questão de ressaltar seus discípulos.
Os primeiros meses foram difíceis e de intenso trabalho, quase sem
apoio algum, ao instalar uma necessária infra-estrutura material
de sobrevivência. Mas novos Discípulos se apresentam como candidatos
a residentes, e assim a comunidade cresce. A "Associação
Mística Ocidental" serve de Via para a preparação
interior e a correspondência com diversos representantes das correntes
que constituem a associação, do oriente e do Ocidente, se
instala, notadamente com o Mahatma Gandhi, que nomeia Sri Sevãnanda
seu representante para o Brasil, com Discípulos do Mestre Philippe
da Europa e com Paramahansa Yogananda, assim como Lobsang Rampa, que naquele
tempo se encontrava na Inglaterra.
O Ashram se torna conhecido no Brasil inteiro, e visitantes começam
a chegar também do Exterior. Jocosamente o Mestre se refere ao Ashram
como a um "restaurante onde cada um dos residentes recebe o alimento
que lhe agrada..., mas pena que não sabem comer!".
E, no teatro Carlos Gomes, do Rio de Janeiro, Sri Sevãnanda anuncia,
perante mais de 1500 pessoas, convidadas individualmente, a criação
da "Ordem dos Sarva Swãmis", que mais tarde ele mesmo comenta
assim: "O continente latino-americano possivelmente ainda não
percebeu a real importância que há de ter um dia, por todos
esses países, aquela proclamação de Sarva Yoga e da
Ordem dos Sarva Swãmis."
Os dias são longos no Ashram: começam às 4 da madrugada
e terminam, após ininterrupto trabalho, às 21 horas, ou mais
tarde ainda, com o direito a uma hora de sono a mais aos domingos. o aprendizado
é vigoroso sob a atenção de quem sabe o que faz: treinamentos
da Via de Gurdjieff se revezam com as práticas da via do Maltre Philippe
e do Suddha Dharma, com treinamentos e práticas Martinistas e danças
dos derviches Sufis, e exercícios de Budismo Zen.
Com algumas vocações que se destacam, e que constituem a continuação
viva de sua via de ensinamentos, o Ashram de Resende encerra suas atividades
em junho de 1961. Os Residentes se dispersam, e um pequeno grupo segue com
o Mestre para-a cidade de Lajes-SC, onde é fundado o "Retiro
Alba Lucis", em um sítio de Discípulos. Terminada esta
etapa cíclica septenária com a principal missão cumprida:
o prolongamento da Obra por meio de alguns poucos, homens e mulheres por
ele preparados, para prosseguir. Foi em Lajes onde o Mestre escreveu sua
principal obra, "O Mestre Philippe, de Lyon", em quatro volumes,
que hoje é considerado uma obra rara.
Terminada esta tarefa (edição dos quatro volumes), o Mestre
transfere sua vida para a cidade de Belo Horizonte, onde é fechado
o circulo cíclico de sua vida, passando a se ocupar com alguns dos
seus mais próximos e sobrevivendo materialmente com a venda de apólices
de seguro e da importação de objetos ornamentais, trazidos
da Argentina.
A viagem à França, pouco antes da instalação
em Lajes, transformou totalmente e definitivamente seu posicionamento de
Homem e de Iniciado: a influência do Maitre Philippe o conquistara,
impelindo-o a se afastar das tradições orientais.
Numa pequena chácarazinha, a vinte minutos de Belo Horizonte, viveu
seus últimos dois anos, sob os cuidados de sua Enfermeira, Anjo Guardião
e fiel Discípula Sévaki. Sua saúde de alterou rapidamente;
o Mestre não mais recebia visitas, excetuando alguns poucos Discípulos.
As últimas semanas foram de grande sofrimento, a sua doença
avançando rapidamente. Durante este breve tempo, o Mestre fez, certamente,
a síntese de sua vida, se preparando para a partida.