Nasceu em 1486, em Colônia, Alemanha e morreu em Grenoble no dia 18 de fevereiro de 1535. Filho de antiga família nobre, estudou na Universidade de Colônia, foi mé-dico, jurista, filósofo, cabalista e estudou também a alquimia. Aos vinte anos de idade já havia estudado a magia e a cabala; sabia oito línguas, dentre as quais, o hebreu, foi um grande re-belde da Renascença.
Sua vida acidentada foi uma sucessão de honras e de infortúnios, durante muito tempo atuou em missões diplomáticas e militares a serviço de diversos soberanos.
Como erudito, correspondeu-se com os grandes humanistas da época tais como: Melâncton, Erasmo, Cardeal Lourenço Campegi e Tritemo que foi seu amigo e mestre e que o influenciou a escrever sobre seus conhecimentos do oculto.
Do Humanismo e do Aristotelismo da Idade Média, sucedeu-se o Pitagorismo e o neoplatonismo, que na época começara a florescer, em seus estudos estavam: Plotino, Jâm-blico, Porfírio e Pitágoras. Agrippa mergulhou no sobrenatural e no oculto a tal ponto, que o seu entusiasmo por tais filósofos, suplantou o seu sentido crítico de erudito.
Por seu espírito aberto à todas as correntes do pensamento oculto, Agrippa tentou conciliar as diversas doutrinas ocultas e unir a filosofia à cabala.
Em 1507, Agrippa desloca-se à Paris numa missão a serviço do imperador Ma-ximiliano, aproveita para avistar-se com alguns jovens aristocratas com os quais forma uma sociedade secreta chamada Sodalitium (Comunidade), em conjunto elaboraram um plano místico para um mundo reformado e também um compromisso parta uma ajuda mútua.
Em 1509, Agrippa chega a Dole, cidade em que Margarida da Áustria, filha de Maximiliano, era a soberana, através de um amigo, obteve autorização para lecionar literatura sagrada (Cabala) na Universidade. Iniciou pelo estudo do tratado cabalístico de Reuchlin: A Palavra Mirífica, também fez um estudo comparado das religiões.
Embora afirma-se que a religião católica era a melhor, dizia que era necessário guardar em relação a ela, a liberdade de analise.
Desejando agradar Margarida, escreveu: A Nobreza do sexo feminino e a supe-rioridade das mulheres, com argumentos extraídos da Bíblia, de padres e da filosofia; ele elogia o sexo feminino em termos exaltados, dedica a obra à "divina Margarida, augusta e clemente princesa". Por tudo isso, seus inimigos não tardaram a aparecer, especialmente do clero que viam na sua simpatia pela cabala judaica, uma perigosa heresia.
Em Ghent, na Holanda, onde Margarida residia, o franciscano Catilenet, profe-riu um sermão perante a princesa contra esse cabalista ímpio, Agrippa foi impedido pelos seus adversários de publicar a sua obra de elogio às mulheres e teve de abandonar a cidade.
Em 1510 vai
a Londres onde também formou um grupo da Sodalitium, em ra-zão
disso, tornou-se suspeito de ser um organizador da Fraternidade Rosa Cruz.
Em Londres escreveu seus comentários às Epístolas de
São Paulo. No ano seguinte foi para Colônia lecio-nar.
Em 1515, Agrippa integra-se ao exército de Maximiliano que ia para
a Itália, segue como cavaleiro dourado no campo de batalha. Pouco
depois, o Cardeal de Santa Cruz envia-o a Pisa como representante junto
ao Concílio, esta foi a sua última oportunidade de justificar
a sua posição perante a Igreja e de agradar ao Papa Leão
X,, porém, o Concílio foi dissolvido e as assembléias
interrompidas.
Deixando sua carreira militar, Agrippa foi lecionar na Universidade de Pavia e depois na de Turim onde divulgou ensinamentos de Hermes Trismegistos, lá ficou até que a guerra o obrigou a partir, esteve sete anos na Itália.
Graças
ao apoio do marquês de Montferrat, Agrippa torna-se em 1518, síndico,
advogado e orador da cidade de Metz, neste cargo ficou mais ou menos dois
anos quando se demitiu após uma disputa com o inquisidor dominicano:
Nicolas Savini. Mais uma vez atrai a cólera dos monges, por salvar
da fogueira uma inocente camponesa de Woippy, injustamente acusada de bruxaria
com base no testemunho de oito camponeses ébrios. Agrippa introduz
uma petição junto ao bispo de Metz, faz libertar a mulher
e pune com pesada multa os seus difamadores.
Este acontecimento torna em breve, a situação de Agrippa insustentável
e obriga-o a abandonar a região com sua mulher e filho.
Volta a lecionar em Colônia e também em Genebra, em 1523 vai para Friburgo onde exerce a medicina, sua fama incita o bispo de Bazas: Synphorieu Bullioud a fazê-lo re-gressar à França e apresenta-o à corte. Em 1524 Agrippa é nomeado médico da duquesa Luíza de Sabóia, mãe do soberano Francisco I e passa a receber uma pensão.
A duquesa pretendia que Agrippa também fosse seu astrólogo, o que ele recusa, pois acha que seus talentos mereciam ocupação mais importante. Quando a duquesa vai em-bora de Lyon, Agrippa ficou e seu nome foi excluído da lista de pensões.
Sua sorte voltou em 1528 quando foi convocado por quatro protetores: Henri-que VIII, da Inglaterra, o chanceler do imperador alemão, um marquês Italiano e Margarida de Áustria, governadora dos Países Baixos, eles o nomearam historiador imperial.
Nesta época escreveu: Da Incerteza e da Vaidade das Ciências e das Artes, onde afirma, antes de Rousseau, que as ciências e as Artes são prejudiciais ao homem, denun-cia os abusos das profissões liberais do seu tempo em 103 capítulos, nas quais ataca ao mesmo tempo, os gramáticos, os músicos, os médicos e outros.
Esta obra que teve duas edições em três meses, foi apreendida e queimada por ordem da Faculdade de Teologia de Paris, em janeiro de 1531. Agrippa estava em Anvers como conselheiro e historiador, a serviço do imperador Carlos V, seus amigos: o legado apos-tólico, cardeal Campegi e o bispo de Liege, cardeal de La Mark, tentaram defende-lo de seus inimigos, mas Agrippa perdeu seu cargo de historiador imperial e como ficasse impossibilitado de pagar suas dívidas, foi preso em Bruxelas, mas foi posto em liberdade um ano mais tarde.
Dirigiu-se
em 1532 para Bona onde tentou publicar a sua obra: Da Filosofia Oculta,
verdadeira enciclopédia sobre magia, escrita em 1510 e que a havia
submetido à crítica do seu mestre Tritemo, que após
examiná-la, disse-lhe: "Tenho apenas mais uma advertência
a fazer-vos, nunca esqueceis: ao vulgo falai somente coisas vulgares, reservai
para vossos ami-gos todos os segredos de categoria superior, dai feno aos
bois e açúcar ao papagaio. Compre-endei o que quero dizer
para que não sejais espezinhado pelos bois, o que freqüentemente
acontece."
Os trabalhos de impressão desta obra em três volumes foram
interrompidos em 1533 por um pedido da inquisição ao Senado
de Colônia mas Agrippa protesta por carta aos magistrados e consegue
publicá-la em julho do mesmo ano, em Antuérpia.
Agrippa declarava que para ocupar-se da Magia, era necessário conhecer
perfei-tamente a física, a matemática e a teologia, para ele,
a magia é uma faculdade poderosa, plena de mistério e que
encerra um conhecimento profundo das coisas mais secretas da natureza, substâncias
e efeitos, também suas relações e antagonismos.
A física é terrestre, através dela conhecemos a natureza das coisas, a matemá-tica é celeste, através dela aprendemos as dimensões e tamanho e podemos calcular o movi-mento dos corpos celestes; a teologia reporta-se ao mundo dos arquétipos, por ela atingimos o conhecimento de Deus, anjos, demônios, alma, inteligência e pensamento.
No primeiro volume, sobre a Magia Natural, desenvolve a teoria dos três mun-dos: o elementar, o intelectual e o celeste; cada um sendo governado pelo seu superior e rece-bendo as suas influências. Analisa as virtudes ocultas das coisas, o modo como elas provêm das idéias, da alma, do cosmos e dos influxos planetários; quais as atrações e que repulsas suscitam nas espécies animais, vegetais e minerais. No 2º volume sobre os números, pesos e medidas, os segredos da harmonia universal, signos. No 3º volume ele trata o efeito dos nomes divinos, da hierarquia angélica, dos espíritos planetários, das nove classes de espíritos maus, dos ritos, conjurações, pontículos sagrados, dos hieróglifos cabalísticos; tudo isso no intuito de instruir o mago; dizia: "Embora o homem não seja um ser imortal como o é o Universo, ele não deixa de ser dotado de razão e com sua inteligência, sua imaginação e a sua alma, é capaz de influenciar e transformar o mundo inteiro".
Agrippa defende a necessidade de religião em todo o cerimonial mágico, ele diz: "A religião é a coisa mais misteriosa e sobre ela devemos guardar segredo, pois é Trismegistro que afirma que constituiria ofensa à religião, divulgá-la à turba profana". Na sua concepção, a religião é uma mescla de cristianismo, neoplatonismo e cabala.
O seu tratado é uma síntese dos ensinamentos de Moisés, de Cristo, de Orfeu, de Demócrito de Pitágoras e de Plotino.
Agrippa leu e tentou conciliar as Escrituras com os textos sagrados das outras religiões, sobre as citações extraídas de autores estrangeiros, diz: "Eu não dou-as como ver-dade, é preciso ter a perspicácia para extrair o bem de todo o mal e reduzir a uma linha direita todas as coisas oblíquas. Concebeu a natureza como um conjunto vivificado em todas as suas partes por uma alma universal ou espírito do mundo que governa os elementos (Quintaessência) das leituras que lhes eram proibidas.
Cimentou a idéia da magia primitiva sobre bases novas fazendo evoluir seu con-ceito em direção à ciência experimental com o estabelecimento da chamada magia natural, da qual foi o mais alto expoente juntamente com Paracelso.
Alguns padres
leram com entusiasmo "Da Filosofia Oculta", outros evitaram-na
com horror, porque viam nela a quintaessência das leituras que lhes
eram proibidas.
Em 1535 deixou Bona e regressa a Lyon, imediatamente Francisco I manda prendê-lo
por ter usado afirmações satíricas: contra sua mãe,
mas amigos seus conseguiram libertá-lo e ele buscou refúgio
em Grenoble, na casa de François de Vachon, que era presidente no
Parlamento do Delfin. Agrippa Morreu no dia 18/02/1535, enterraram-no na
Igreja dos Irmãos da Oração. Foi sem dúvida,
o ocultista mais importante da sua época, fundador da filo-sofia
oculta, deixou a fama de "príncipe dos mágicos"
que demorou muito tempo para desapa-recer.
Sobre uma de suas singularidades, conta Paul Jove: Agrippa estava sempre
acompa-nhado por um grande cão negro, o qual chamava-se : Monsieur,
era certamente o diabo..." esqueceu-se que Agrippa tinha também
uma cadela com o nome de Mademoiselle. Assim as pequenas coisas de um autor
anticonformista são viradas contra ele.